A Herdeira dos Black II escrita por Akanny Reedus


Capítulo 16
A dor de um Não




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Na hora eu gelei, simplesmente gelei e coloquei a mão na boca para amenizar a respiração assim que Malfoy se levantou da cama. Ficando cara a cara comigo, mas não saberia dizer se ele me via. Cheguei até suspeitar que tinha algo meu para fora da capa. 

Malfoy olhava bem atento para onde estava. E então ele fechou novamente os olhos, e puxou a respiração. 

— Como assim tem alguém aqui? — questionou Zabini ao lado da cama de Malfoy.

— Está sentindo esse cheiro? — perguntou Malfoy.

— Que cheiro? — Zabini franziu o cenho e se aproximou de Malfoy. E agora ele que estava perto de mim. 

Dei alguns passos para trás, tentando me afastar dos dois.

— Esse — insistiu Malfoy. — Está bem do lado da minha cama.

— Você bebeu uísque de fogo escondido? — debochou Zabini.

— Vá se ferrar — disse Malfoy. — Eu não estou brincando.

Zabini revirou os olhos e disse:

— Eu não estou sentindo nenhum cheiro. Exceto o cheiro que vem do Crabbe e Goyle.

— Não é cheiro do Crabbe e Goyle — retrucou Malfoy. — É cheiro de mulher, perfume de mulher.

Cheirei o meu uniforme e senti o cheiro do meu perfume, mas será que está tão forte a ponto do Malfoy senti-lo? 

Antes de pensar em mais alguma coisa, ouvi Zabini rir alto e olhando a cara do Malfoy.

— Que isso Draco está tão ligado assim na Bla...

— Será que dá para ficarem quietos! — exclamou uma voz de algum canto do quarto. — Caso não perceberam estou tentando dormir.

— Foi mal estragar o seu soninho, Theozinho — debochou Zabini em tom alto. 

Malfoy tinha desviado o olhar para a cama onde estava Theo.

— Draco, anda logo, acho melhor você ir tomar banho e esquecer essa loucura de cheiro feminino — diz Zabini voltando para sua cama.

— Que seja — resmungou Malfoy, olhando uma última vez onde estava e balançou a cabeça. E seguindo seu caminho para o banheiro.

Suspirei aliviada. E olhei em volta do quarto, tinha que colocar as formigas em prática agora. Aproveitei que Zabini estava distraído colocando a camisa branca do uniforme. Aproximei da cama de Malfoy, agachei pegado os dois sapatos e abri o frasco com as formigas. Fiz duas irem para cada par de sapatos e sobrou apenas uma no frasco; pensei onde iria colocar, assim que vi a blusa do uniforme decidi onde colocar a última formiga.

Nesse meio tempo Theodore tinha acordado e ao contrário do Malfoy, ele dormiu de camisa, mas conseguia ver perfeitamente os braços fortes dele. Um tanto fora do normal de alguém da idade dele. Novamente minhas bochechas esquentaram. Só de pensar se os braços dele são assim, fui já imaginando como era o resto e isso me deixou mais sem graça. 

Balancei a cabeça para desviar esses pensamentos insanos. E sem pensar, abri a porta do quarto e sai. Nem me importei pelo fato de algum deles suspeitarem de alguém, mas eu precisei sair de lá; voltar para comunal e passar outro perfume. Não quero que o Malfoy acabe achando que as suspeitas de alguém lá corta sejam verdadeiras.

— Onde é que você esteve? — perguntou Hermione desesperada assim que entrei no dormitório feminino. Ela e as outras garotas já tinham levantado e me olhavam, acho que estavam estranhando eu ter acordado cedo. — Não me vai dizer que ficou a noite toda fora?

— Claro que não, Mione — respondi passando por ela e indo até minha cama, jogando a capa e o mapa na cama. — Eu voltei ontem a noite da detenção. Acontece que você estava já dormindo e não percebeu.

— Então acabou madrugando? — Dessa vez quem perguntou foi Parvati arrumando a gravata do uniforme.

— Não — disse. — Apenas perdi o sono, então para não ficar sem o que fazer na cama ficou andando pelo castelo.

Hermione me olhava suspeita.

— Conto tudo depois — sibilei para Hermione sem que Parvati reparasse.

Ela só assentiu se virando para terminar de se arrumar.

Suspirei pensativa e me sentei na minha cama, pensando se a minha vingança já deu efeito. Será? 

Tirei minha blusa de linho do uniforme e peguei outra que não tem botões na frente. E quando vi Hermione passando o perfume dela, pedi para que ela me emprestasse.

— Achei que você não curtisse meu perfume — comentou ela, me passando o vidrinho do perfume. — Lembro que você disse que ele é muito doce.

— Ele é muito doce, mas quero mudar um pouco — digo. — Estou enjoando do meu.

Terminando de passar o perfume e reforça a maquiagem. Guardei a capa do Harry e o Mapa do Maroto debaixo do cobertor. Quando Hermione terminou de se arrumar, descemos junto com Lilá e Parvati conversando sobre assuntos variados. Nós separamos delas duas, assim que chegamos à sala encontramos com Harry e Rony descendo as escadas dos dormitórios dos meninos.

Durante o caminho contei aos meus amigos sobre o que fiz. E contei melhor a história para Hermione onde estava antes. 

— Malfoy ainda não apareceu — comentou Rony assim que nos sentamos na mesa da Grifinória observando a mesa da Sonserina.

Dei uma olhada e não vi nenhum sinal da Madame.

— Será que a sua vingança deu certo? — disse Harry ao meu lado.

— Não sei, mas espero que não, pois a vingança ficaria melhor se ele começasse a se coçar em público — falo com um sorriso malicioso.

— Sinceramente eu não aprovo esse seu plano — começou Hermione com seu sermão. — Você por acaso já pensou na possibilidade dele ser...

— Ele chegou — diz Rony cortando o que Hermione iria dizer. 

Olhei para a porta do salão e de lá apareceu Malfoy com Crabbe e Goyle. Com o olhar, segui-o até a mesa da Sonserina e foi até onde Jéssica estava sentada. Não aconteceu nada desde o momento que ele se sentou, durante o café todo não aconteceu nada e fiquei pensando se as formigas tinham fugido. Só que me enganei quando terminei o café da manhã e me levantava.

Malfoy se levantou praticamente em um salto da cadeira. 

— Draco o que aconteceu? — ouvi Jéssica perguntando, mas a Madame não disse nada e começou a coçar as pernas. 

Das pernas foi para as costas, depois para a barriga e novamente nas pernas.

Malfoy não parava de se coçar, até tirou a capa da Sonserina e continuou se coçando. Ouvi alguns alunos no salão segurando o riso, Rony que estava ao meu lado começou a rir e quando o vi coçando no meio das pernas, eu não me aguentei e comecei acompanhar Rony; Harry não demorou a acompanhar.

Via Jéssica, Zabini e alguns outros alunos da Sonserina indo ajudá-lo. Malfoy resmungava algumas coisas que não dava para entender. De repente Jéssica soltou um grito agudo. Ela não disse nada apenas apontava para o chão e quando Zabini olhou para o chão, logo foi socorrer Malfoy levando fora do Salão Principal junto com outros alunos da Sonserina. 

Ainda ria feito uma louca. Lembrando da cena do Malfoy se coçando todo, e tirando quase toda a roupa por causa das cócegas eu não conseguia parar de rir, durante a ida para a sala da Profª McGonagall conseguia ouvir várias risadas e comentários sobre o que aconteceu. Hermione foi a única que ficou de cara fechada e me olhava com reprovação. 

— Será que dá para você mudar essa cara? — pedi para Hermione assim que nos sentamos na primeira carteira da fileira do meio.

— Não vou mudar — disse ela baixinho. — Eu não aprovo...

— Bom dia alunos — cumprimentou a Profª McGonagall cortando Hermione.

Cumprimentamos a professora e Hermione voltou a dizer:

— Por mais que não curta o Malfoy, não aprovo o que você fez com ele.

— Qual é Hermione, não foi nada demais — disse enquanto tirava o livro de Transfiguração. — Só foi umas formiguinhas que a Madame Pomfrey vai cuidar facilmente. 

— Pode até ser — murmurou Hermione —, mas você por acaso pensou na possibilidade de ele ser alérgico?

Por um momento encarei Hermione com as sobrancelhas levantadas. Com aquele ar de sabe-tudo que só ela tinha. Mas o importante agora não é o fato de a Hermione ser uma sabe-tudo ou qualquer outra coisa do gênero e sim o que ela disse.

— Alérgico? — repeti sentindo meu coração acelerar.

Não esperei ela me responder, levantei em um alto e me preparei para correr.

— Srta. Black aonde pensa que vai?

Parei. Não tinha nem saído perto da carteira, quando a Profª McGonagall me questionou.

— Professora é urgente! Eu preciso dar uma saidinha — digo tentando conter meu desespero.

Sim, eu estava desesperada. Aquilo que Hermione me disse, foi algo que não parei para pensar. Malfoy alérgico, como eu não pensei nisso, droga! 

— E eu posso saber o motivo dessa urgência toda? — perguntou a professora.

— É... hum... ah, professora é muito sério mesmo — supliquei. — Professora é muito urgente. Eu preciso sair e já volto. 

A professora ergueu as sobrancelhas como se não estivesse acreditando em nada.

Caramba, eu não estou mentindo. Estou dizendo a verdade sobre a urgência. É urgente! Será que ela não pode perceber o tamanho da urgência?

— Eu preciso ir ao banheiro — disse a primeira desculpa que veio na cabeça.

Óbvio que ela não caiu nessa desculpa esfarrapada. 

— Volte para o seu lugar, Srta. Black — disse a professora referindo com o braço o lugar vazio do lado de Hermione.

— Mas eu...

— Nada mais senhorita — cortou a professora severamente o que iria dizer. — Sente-se.

Pelo jeito não ia conseguir sair de lá, então o único jeito era ficar e esperar até o final da aula. Voltei a me sentar, agora percebendo que fui o ícone de atenção. Todos os alunos não só os da Grifinória como os da Corvinal – já que a aula era com eles – me olhavam. Harry e Rony que estava na carteira ao lado me olhavam do tipo “qual era o meu problema?”.

Fiz apenas um gesto com os dedos que ia contar depois. Eles apenas assentiram e voltaram a prestar atenção na aula, mas ainda receosos. Hermione não disse nada a aula toda, também não disse nada, mas confesso que não prestei atenção no que a Profª McGonagall dizia. Por mais que ame as aulas dela e tivesse sentido falta das aulas de Transfiguração, não consegui me focar já que o foco era totalmente na Madame.

Infelizmente não consegui arrumar um jeito de ir para a enfermaria depois da aula de Transfiguração. Agora seria Runas Antigas e Hermione me impediu de matar aula ou até chegar alguns minutos atrasada.

— Professa Babbling odeia atrasos! — completou minha amiga me segurando pelo braço e me puxando para aula.

Assim como na aula de Transfiguração, não consegui prestar atenção em nada na aula de Runas Antigas, Hermione sempre me dava uma cutucada, mas não demorava muito para pensar no Malfoy. Confesso que estava preocupada com ele, muito preocupada e não ia conseguir ficar calma até saber como ele está. Preciso dar uma passadinha na ala hospitalar na hora do almoço, nem que seja só uma olhadinha para ver se ele está bem. Só assim poderia ficar mais tranquila.

Alérgico! Como não pensou nisso, Susana!

— Eu preciso ir — disse pela milésima vez para Hermione. — Preciso saber como ele está!

— Susana se controla — pediu Hermione me puxando pelo braço até o Salão Principal. — Depois você vai ver como ele está. Juro que estou começando a suspeitar dessa sua preocupação toda.

— Não tem nada de suspeito, Mione — digo.

— Tudo bem que ele pode estar mal ou não — dizia Hermione enquanto descemos as escadas até o hall. — Malfoy realmente merece tanta preocupação assim? Outra coisa se você for, o que vai dizer para a prima dele ou para os outros Sonserinos que estiverem perto dele? Ou até mesmo o Malfoy, o que vai dizer para ele?

— Ok, você venceu — resmunguei.

— Espera, apenas espere que notícia ruim chega rápido.

— É, talvez tenha razão, então… Davis!

Assim que desci as escadas, vi Tracy Davis entrando no salão com outra garota que desconheço. Era bem magra, rosto fino, cabelo loiro escuro e liso. Não parecia ser do quarto ou algum ano mais velha que eu. Enfim, não me importei com ela, queria mesmo era conversa com Davis.

— Davis! — chamei a mais uma vez que parou e me encarou sorrindo. 

Já a outra que estava com ela desfez o sorriso no rosto e fechou a cara. E vi-a fazendo uma cara de nojo quando Hermione se aproximou. Por mais que ache Davis diferente, ela também não deixou de olhar Hermione com desconforto.

— Oi Susana — falou Tracy com sua voz tranquila.

— Queria te fazer uma pergunta — digo.

— Tudo bem — ela se virou para a outra e disse: — Astoria vai indo na frente. Depois eu me encontro com você.

A tal de Astoria não disse nada, apenas assentiu e deu uma última olhada em mim, antes de se retirar. 

— Qual a pergunta? — disse Tracy.

Parei para pensar um pouco, Hermione segurava meu braço e puxava a blusa, sabia o que ela queria dizer com isso, provavelmente queria saber o que estava aprontando e antes de aprontar sair daqui. Acabei a ignorando e me focando na pergunta sobre o Malfoy.

— Bem... hum... queria saber como está o Malfoy? — Davis franziu o cenho. — Soube do acesso de cócegas dele. E estou curiosa para saber como ele está.

— Ah, o Draco está bem sim — respondeu ela não parecendo muito convencida.

— É mesmo?

— Bom eu ainda não fui vê-lo, mas a Daphne me disse que ele está bem. 

— Que bom — digo com um sorriso amarelo. — Isso quer dizer que não deu reação alérgica as picadas da formiga — murmurei.

— Como é que você sabe que foram formigas que picou ele? — perguntou Tracy, me olhando curiosa e com a sobrancelha franzida. 

Engoli em seco. Ok, Susana, pensou muito alto.

— Su, eu estou morrendo de fome, porque não vamos logo — disse Hermione de repente colocando a mão na barriga. — Harry e Rony já devem estar nos esperando.

— Pois é eles devem estar mesmo nos esperando — concordei fingindo preocupação e batendo a mão na testa. — Também estou com muita fome. Era só isso mesmo que eu queria saber, obrigada por responder Tracy. Bye!

Hermione me puxou pelo pulso e entramos apressadas no salão, indo até a mesa da Grifinória. 

— Você me safo dessa — murmurei agradecida.

— De nada — disse ela balançando a cabeça. — Só não entendo por que falou com tanta intimidade com ela. Até a chamou pelo nome. Vocês já se conheciam?

— Até que enfim as duas apareceram — comentou Rony com a boca cheia.

— Tinha muita coisa para fazer na aula de Runas? — perguntou Harry.

— Não, a aula foi tranquila — respondeu Hermione enquanto a gente se sentava de frente aos garotos. — É que ficamos apenas conversando e perdemos a noção do tempo.

As aulas de Feitiços e História da Magia foram mais tranquilas do que as aulas de manhã. Consegui prestar melhor atenção, até mesmo na aula de História da Magia com o Prof. Binns falando sobre a Revolta dos Duendes no século XVII. Confesso que fiquei muito mais tranquila quando ouvi Tracy dizer que Malfoy estava bem, mas ainda assim queria vê-lo, não vi nenhum sinal dele na mesa da Sonserina no jantar. Apenas o que vi foi Theodore conversando com Zabini. 

— Não me diga que você vai também para a biblioteca? — perguntou Rony me olhando incrédulo quando me levantei e peguei minha bolsa para colocar no ombro. 

— Biblioteca? — repeti. — Claro que não, Rony.

— Aonde você vai? 

— Fazer uma coisinha, mas não é nada demais — respondi. — Vejo vocês na sala comunal.

Acenei e me retirei do salão. Voltei correndo para a sala comunal para pegar o Mapa do Maroto. Eu precisava saber onde o Malfoy estava, queria muito vê-lo, quero comprovar com os meus próprios olhos que ele está bem.

Meus pensamentos estavam focando tanto em uma única pessoa que nem prestei atenção enquanto subia as escadas de mármores. Toda essa minha distração me fez trombar com alguém.

— Aí... — Fiquei sem o que dizer ao ver o Malfoy na minha frente, mesmo com o uniforme, conseguia ver algumas manchas vermelhas no pescoço. Acho que é o resultado das picadas das formigas.

Dei mais uma olhada nele para ver se não via mais nada, me senti tão aliviada em vê-lo na minha frente, isso quer dizer que ele saiu da enfermaria e mesmo com alguns ferimentos, parece que ele está ótimo. Depois de olhar tudo, eu meio que sem reação quando encarei seus olhos azul-acinzentados que combinava tão bem com ele. 

— Vai ficar aí parada ou vai sair da minha frente? 

A voz fria dele me fez acordar e ver o que estava fazendo.

— Parece que você está ótimo — comentei dando passagem para ele. — Passo o ataque de cócegas?

— Não é da sua conta — resmungou ele, vi-o ficando vermelho acho que lembrando do mico que passou.

Malfoy não me disse mais nada, desceu as escadas e depois parou no degrau abaixo do meu. 

— O que... — Ele me puxou com força pelo braço, tirou meu cabelo do pescoço e se aproximou parece que para me cheirar. 

Meu coração acelerou e meu corpo tremeu quando senti a respiração dele tão perto.

— Por que está me cheirando? — pergunto em voz baixa, o encarando tão próximo mais tão próximo do meu rosto quando ele desviou do meu pescoço. 

— Foi você não é mesmo — diz Malfoy, agora pegando um pouco do meu cabelo e cheirando. — Esse cheiro! 

— Que cheiro? — exclamei agora irritada. — Que foi agora deu uma de ficar cheirando o pescoço e cabelo dos outros. Se gostou do cheiro do meu shampoo então eu te falo o nome, mas...

— Era você que estava ao lado da minha cama hoje de manhã!

Na hora eu gelei, devo ter ficado com uma cara de taxo que deve ter me ferrado mais ainda, engoli em seco e forcei uma risada.

— Do que está rindo? — perguntou Malfoy irritado. 

— De você — respondi ainda rindo.

Obviamente que eu não iria me entregar assim de bandeja para ele. 

— De mim? — disse ele soltando uma risada sarcástica. — Eu que deveria rir da sua cara de idiota de agora pouco.

Parei de rir. 

— Acho melhor você voltar para a ala hospitalar — disse. — Madame Pomfrey errou feio quando lhe deu alta, você deve estar bem ruim da cabeça por vim me culpar por algo sem escrúpulos. De onde você tirou essa ideia que eu entrei no dormitório masculino da Sonserina?

— Não se faça de idiota — exclamou Malfoy. — Eu sei que você, esse maldito cheiro... eu o senti do lado da minha cama. E agora passando por você, pude apenas comprovar minha dúvida e comprovar o que a Tracy me disse.

— E o que a Davis te disse?

— Digamos que ela deixou apenas escapar que você sabia das formigas e que provavelmente você foi as colocou na minha roupa. 

— É mentira dela.

— Não é mentira porque a Tracy nunca menti — diz Malfoy.

— Bom existe a primeira vez para tudo — rebati com um sorriso cínico.

— Acontece que a Tracy não é mentirosa, a conheço perfeitamente e posso afirmar que ela não é mentirosa! 

Malfoy me olhava furioso. 

— Suponhamos que você tenha sentido mesmo o cheiro do meu shampoo — disse. — Só que tem um, porém, Malfoy.

— Qual?

— Eu não sou a única que usa esse shampoo. Várias garotas devem usar a mesma marca que o meu. Por exemplo, a Hermione, ela e eu dividimos o mesmo shampoo — agora eu menti.

Digamos que o meu shampoo é único, pois ele tem um toque especialmente para o meu cabelo e claro que a Hermione não dividi comigo. Já que o dela também é especial. Na verdade, todas as garotas lá do dormitório têm o seu shampoo e condicionador.

— Acha mesmo que vou cair nessa?

— Se quiser eu te empurro agora mesmo da escada e então você vai mesmo cair.

Encarando-o, me veio a pergunta de como ele sentiu o cheiro do meu cabelo tão facilmente? Sendo que está no final da tarde e eu lavei o cabelo só de manhãzinha, o cheiro não deve estar mais tão forte como de manhã. Inclusive, o cheiro do meu shampoo não é tão forte assim.

— Agora eu quero saber — falei, cruzando os braços na altura do seio. — Como é que você sentiu tão facilmente o cheiro do meu shampoo? Por acaso aquilo que o Theodore disse ontem é verdade.

— Que merda você está falando?

— É verdade que você gosta de mim?

Sem explicação meu coração voltou a bater forte. Malfoy gostando de mim. Essa era a única explicação, só pode, ou ele tem um ótimo olfato.

Do nada Malfoy começa a rir e eu fico olhando-o sem entender.

— Agora é eu que te pergunto do que você está rindo?

Ele parou e me olhou com um sorriso malicioso.

— Black, pelo amor não vai dizer que acreditou naquilo que o idiota do Theodore disse? — Malfoy me olhava com deboche e eu senti como se uma adaga tivesse me acertado precisamente no peito. — É claro que não é verdade. Até parece que eu, Draco Malfoy, ia me apaixonar por uma traidora de sangue.

Meu coração doía mais do tudo, parecia até que recebi mais de uma facada no peito, ardia muito.

— Eu nunca iria me apaixonar por você, Black — diz ele não rispidamente. 

Parecia até que ele estava me mordendo feito uma cobra e jorrava veneno no meu corpo aos poucos. Eu nunca tinha me sentindo daquele jeito, aquelas palavras estava me machucando e muito.

— Qual é — disse ele com sarcasmo. — Vai me dizer que você está apaixonada por mim?

— C-claro que não — retruquei com a voz trêmula, não sei o que estava dando, mas sentia uma vontade imensa de chorar. — Nunca me apaixonaria por você, eu não tenho mal gosto.

Virei para subir as escadas, mas parei no caminho e me virei para olhá-lo pela última vez.

— Você é um imbecil — digo. 

Voltei a subir as escadas correndo com o meu coração ainda dolorido e parecia que ele queria sair pela boca.

Um lado meu queria ter ouvido muito um sim. Queria escutar que ele gostava de mim, mas acabou que não foi nada disso e sem imaginar me senti machucada.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?