A Herdeira dos Black II escrita por Akanny Reedus


Capítulo 11
Primeiro de Setembro




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Com o passar dos dias as saídas frequentes do Sr. Weasley e Percy dava para se entender que as coisas no ministério não andavam nada bem. Os dois eram sempre os primeiros a se levantar e quando acordamos, eles já haviam saído e só voltavam na parte da noite, bem depois do jantar.

Parece que a aparição da Marca das Trevas fez mudar muita coisa na rotina do ministério.

Além dessas complicações, teve outras comigo e uma talvez não tão séria. Fazia dias que não recebia nenhuma resposta do meu pai, e por mais que tentasse tranquilizar Harry, eu mesma estava quase me tranquilizando para não ficar quem nem o meu amigo. Será que ele estava bem? Via todos os dias o Profeta Diário no café-da-manhã para ver se tinha algo sobre ele, felizmente não se tinha nada, nem que o pegaram ou que tenha acontecido algo pior.

Com Harry deixando muitas vezes a ansiedade pela resposta do meu pai, ele acabou contando para Hermione e Rony sobre o sonho e a cicatriz.

— Foi só um sonho — disse Rony tentando tranquilizar Harry, e acho que a si mesmo também, já que ele estava branco como papel. — Só um pesadelo.

— Será mesmo que foi apenas um sonho? — disse Harry com as sobrancelhas arqueadas. 

Hermione foi a que mais palpitou sobre tudo, inclusive dando sugestões de diversos livros.

Assim como eu fiquei surpresa com Hermione e Rony não foi diferente.

O outro problema que surgiu durante esses dias, que poderia ser classificado como algo mais sério e que me deixou furiosa. Não só eu como Fred e Jorge também é o culpado disso tudo era de Ludo Bagman.

— Não acredito que aquele idiota pagou a gente com galeões de Leprechauns! — exclamei furiosa, me sentando na em uma das camas no quarto dos gêmeos. — Juro, se vê-lo na minha frente, eu acabo com ele.

— Será que ele não se confundiu? — disse Jorge sentado ao meu lado. — Mesmo eu acho isso difícil. Ou não!

— Claro que ele não se confundiu — disse Fred. — Ele sabia o que estava fazendo e nos pagou com galeões de Leprechauns! 

— Você também acha isso, Susana?

— Acho — digo em tom seco. — É como o Fred disse, ele sabia o que estava fazendo e droga, eu nem percebi.

— E nem daria para perceber — falou Fred. — Galeões de Leprechauns e os nossos são iguais, só percebemos quando é de Leprechauns quando os galeões desaparecem.

— E foi assim que descobrimos ser galões de Leprechauns — resmunguei irritada. — Não vamos deixar isso quieto, ele está com nosso dinheiro, e fez uma aposta com a gente. Vocês ficaram sem nada por culpa dele, eu vou dar o dinheiro da aposta para ajudar vocês com as Gemialidades, mas o idiota do Bagman está com tudo.

E não deixamos quieto mesmo. Não enrolamos e enviamos uma carta para o Sr. Ludo Bagman reclamando do que ele fez com a gente. Engano? Tenho certeza de que não era. E acho melhor aquele idiota não fazer papel bobo com a gente, pois não somos bobos.

 

(...)

 

Os dias na A Toca foram ótimos, mesmo com alguns ocorridos foram bons e na última semana antes do primeiro dia, a chuva decidiu ficar. Não teve um dia que não choveu, passamos a maior parte do tempo dentro de casa, mas até que estava bom. Ficava conversando com quase todo mundo, além de jogar bastante xadrez de bruxo com Gina, Rony ou até mesmo com o Gui. Ele e Carlinhos eram maravilhosos, já me dava super bem com ambos, só com o Percy que não mudou nada. Minha relação com ele continuava a mesma. 

Meus materiais chegaram um dia antes das aulas começarem pelo meu padrinho. Eram poucos livros, meu padrinho mandou alguns tinteiros e penas, mas o que pesou mais foi a bolsa de galeões e por causa disso tudo foi entregue por duas corujas grandes.

— Para você — disse Gina do nada, quando estava com ela no quarto dela contando meu ouro e colocando uma quantidade na minha bolsinha de veludo. 

Olhei com curiosidade a ruiva, que estava com o braço esticado segurando um embrulho, ele era comprido, mas fino. Eu meio que boiei na hora e olhei Gina sem entender, que sorria e insistia para eu pegar o embrulho.

— O que é isso? — perguntei olhando-a desconfiada.

— Está desconfiando de mim? — disse ela fingindo estar ofendida.

— Não, claro que não — ironizei. — A última vez que recebi um presente assim do nada, foi da minha prima, e ela tinha me dado um bonequinho que peida a cada três minutos.

Gina gargalhou.

— Lembro que meu quarto ficou infestado com o cheiro podre, precisei dormir por um tempão na sala para o cheiro passar. Se não tivesse me livrado rápido daquele bonequinho, a casa toda ia ficar empestada com o cheiro até hoje.

Revirei os olhos e ri ao me lembrar desses momentos cômicos.

— Não se preocupe — disse Gina depois que se acalmou do ataque de risos. — Não é nada que solta pum, ou faça alguma pegadinha. Acredite que você vai gostar. Eu pedi para a mamãe comprar isso hoje no Beco Diagonal.

— Hum... Então é um presente, espero que não seja nenhuma pegadinha, se não sua perna de noite Gina Weasley.

— Pode confiar — diz ela rindo.

Já com o embrulho em mãos, eu abria e olhei e dei um pulo da cama fazendo minha bolsinha com os outros cair no chão e se espalhando, mas nem liguei, no momento aquele presente era minha prioridade.

— Gostou?

— Claro que gostei — digo de boca aberta abrindo o enorme pôster da As Esquisitonas, era grande como o pôster da Gina, só que com uma imagem diferente. 

No meu pôster eles estavam tocando seus respectivos instrumentos.

— Eu amei esse pôster, nossa, muito obrigada, Gina — digo com um grande sorriso e abraçando-a.

— Considere isso como um presente de Natal — falou ela.

— Pode deixar, esse já é o melhor presente de Natal que ganhei esse ano — falei ainda admirando o pôster. 

Todos estavam tão lindos: Heathcote, Gideon, Kirley, Merton, Orsino, Donaphan, Herman e claro, Myron, lindo como sempre.

Depois desse maravilhoso presente, fiquei a noite toda conversando com Gina sobre a banda e por mais que já tivéssemos conversado muito já na minha primeira noite na A Toca, mais assunto sobre eles surgiram. E não demorou muito para Hermione entrar no assunto assim que apareceu no quarto para arrumar o material.

(...)

 

Enfim, chegou o dia que tanto aguardava, primeiro de setembro.

O dia já começou com a chuva, estava uma chuva chata do lado de fora, parece até que não parou de chover desde a hora que fui dormir. Espero que pare antes de chegarmos em Hogwarts, pensei. Não estou a fim de tomar chuva e sei que Taran estava implorando mentalmente para Merlin parar com essa chuva.

Como o tempo estava gelado, vesti uma blusa, calça preta e deixei separado minha jaqueta preta. E calcei meu tênis que ganhei de aniversário do meu padrinho, ele era lindo, preto com alguns detalhes de dourado e tinha a imagem de um gato com uma coroa. Obviamente que era Taran, já que o meu gato é um rei, ele é o rei dos gatos, dono de tudo só falta a coroa. Ainda não achei uma para ele, mas ele já tem uma correntinha de ouro com um pingente de peixe com pedrinhas brilhantes e com o seu nome. Taran já estava com a correntinha e eu coloquei a minha correntinha que ganhei do meu pai, a corrente que pertenceu a minha mãe. 

Fiz uma maquiagem simples, usando apenas lápis em torno dos olhos. Deixei o cabelo solto e por fim, vendo que não faltava mais nada, guardei minha varinha no bolso da calça e desci com as garotas para tomar café. Com as nossas bagagens. Antes mesmo de chegar na cozinha ouvia a voz do Sr. Weasley parecia estar conversando com alguém. Quando entramos na cozinha o vi na lareira, segurando um pergaminho e uma pena, anotando alguma coisa.

Antes de sentar-se, olhei para ver quem era e logo fechei a cara, ao ver que se tratava de Amos Diggory. Ainda não esqueci o papel que ele fez naquela noite da Copa e acredite, não vou esquecer isso muito rápido.

Não tinha a mínima ideia do que eles estavam se tratando, só sei que mencionaram sobre alguém, só que nem prestei atenção e fiquei apenas na minha torrada. Mesmo não tendo a mínima ideia do que se tratava deveria ser algo sério, quando o Sr. Weasley saiu da cozinha percebi que ele estava com a roupa do lado ao contrário – a parte da camisa que ficava nas costas, estava na frente e... estava tudo errado. 

Assim que Amos Diggory foi embora depois de aceitar uma torrada, o Sr. Weasley voltou aparecer e dessa vez as vestes do lado certo e passava um pente nos cabelos.

— É melhor eu me apressar... um bom ano letivo para vocês — disse o Sr. Weasley para os garotos que já estavam aqui e para Hermione, Gina e eu, puxando uma capa por cima dos ombros e se preparando para desaparatar. — Molly, você acha que dá conta de levar os meninos até King’s Cross?

— Claro que sim. Se preocupe com Olho-Tonto que nós cuidamos do resto.

Ao ouvir aquele nome, parece que uma luz se acendeu na minha cabeça, e logo perguntei curiosa quando Gui e Carlinhos entraram na cozinha, assim que o Sr. Weasley desapareceu.

— Olho-Tonto Moody? — perguntei, enquanto tomava um gole de suco. — É dele que estavam falando?

— É dele mesmo, querida — respondeu a Sra. Weasley.

— E o que ele andou fazendo agora? — perguntou Gui para mãe.

— Diz que alguém tentou entrar na casa dele na noite passada.

— Olho-Tonto Moody? — indagou Jorge pensativo, na cadeira ao meu lado, passando geleia na torrada. — Não é aquele biruta...

— Seu pai tem uma excelente opinião sobre Olho-Tonto Moody — disse a Sra. Weasley severamente.

— É, tudo bem, papai coleciona tomadas, não é mesmo? — disse Fred baixinho quando a Sra. Weasley saiu da cozinha. — Cada qual com o seu igual...

— Ora, eu já ouvi muita história sobre o Olho-Tonto Moody e uma delas é que ele anda meio biruta hoje em dia — comentei pegando um pedaço de torrada. — Fred me passa a geleia, por favor... Obrigada.

— Ah, mas Moody já foi um grande bruxo, Susana — disse Gui.

— Ele é um velho amigo do Dumbledore, não é? — perguntou Carlinhos.

— Mas o Dumbledore não é bem o que a gente chamaria de normal, não é — comentou Fred. — Quero dizer, eu sei que ele é um gênio e tudo o mais...

— Quem é Olho-Tonto? — perguntou Harry.

— Está aposentado, mas costumava trabalhar no Ministério — falou Carlinhos. — Vi ele uma vez quando papai me levou ao trabalho. Ele foi Auror... um dos melhores...

— Captores de bruxos das trevas — expliquei ao Harry, assim que vi o olhar atônito dele. — Dizem que Azkaban está lotada, graças a ele. É verdade? — Olhei Carlinhos que me retribuiu o olhar.

— É verdade, sim — respondeu ele. — Olho-Tonto encheu metade das celas de Azkaban. Mas fez uma pá de inimigos... principalmente as famílias das pessoas que ele prendeu... e ouvi falar que Moody está ficando realmente paranoico na velhice. Não confia em ninguém. Vê bruxos das trevas por todo o lado.

Gui e Carlinhos resolveram acompanhar a gente ao embarque na estação de King’s Cross, mas Percy se desculpou profundamente e disse que precisava de fato ir trabalhar. Segundo ele, parece que o Sr. Crouch está começando a confiar nele. 

— Ah é, sabe de uma coisa, Percy? — disse Jorge sério. — Acho que não demora muito, ele vai aprender o seu nome.

Nem preciso mencionar que acabei rindo, na verdade tentei rir, só que acabei engasgando-se com o suco e como alívio recebi batida nas costas de Jorge.

Íamos de táxi trouxa até a estação de King’s Cross. Foi um inferno ir até o táxi, além do aperto por causa das bagagens, a Sra. Weasley pediu três táxis e pela cara deles não parecia feliz, mas quem se importa. Eu apenas me pergunto como os trouxas conseguem viver sem magia? 

A chuva continuou até a nossa chegada na estação, e parecia que ela piorou durante esse tempo, entrei na estação molhada, já que foi preciso atravessar a rua movimentada para entrar na estação. Passamos pela passagem, claro que discretamente para não chamar atenção dos trouxas. Fomos em grupo, primeiro Harry, Rony, Hermione e eu, que éramos os mais visíveis, por causa de Pichitinho, Edwiges, Bichento e Taran. Encostamos descontraidamente na barreira, conversando despreocupados e deslizamos de lado por ela... e, ao ser feito isso, chegamos à Plataforma 9¾.

Senti um alívio tão grande quando vi o Expresso de Hogwarts, era ótimo a sensação de estar de volta. Pichitinho não parou quieto, enquanto procurávamos uma cabine para guardar as bagagens, ele ficava fazendo barulho em resposta ao pio das outras corujas. Não demorou muito para encontrar uma cabine, e assim que guardamos a bagagem fomos nos despedir da Sra. Weasley, de Gui e de Carlinhos.

— Talvez eu volte a ver vocês mais cedo do que pensam — disse Carlinhos, rindo, ao dar um abraço de despedida em Gina.

— Por quê? — perguntou Fred interessado.

— Você verá — respondeu Carlinhos. — Só não diga a Percy que eu falei isso... “porque afinal é informação privilegiada, até o Ministério resolveu divulgá-la”.

Não só Carlinhos, como Gui também entrou nesse papo, me deixando curiosa. Só não perguntei mais por causa do apito e tivemos que entrar.

— Obrigada por nos convidar, Sra. Weasley — disse Hermione, depois que embarcamos, fecharam a porta e ficamos debruços na janela do corredor para conversa com ela.

— É obrigada por tudo, Sra. Weasley — disse Harry.

— Obrigada, Sra. Weasley pelo convite, foi ótimo passar esses dias com vocês — falei em seguida.

— Ah, o prazer foi meu, queridos — respondeu ela. — Eu os convidaria para o Natal, mas... bem, imagino que vocês vão querer ficar em Hogwarts, por causa... de uma coisa ou outra.

— Mamãe! — exclamou Rony irritado. — Que é que vocês três sabem que nós não sabemos?

— Vocês vão descobrir hoje à noite — disse a Sra. Weasley sorrindo. — Vai ser muito excitado, reparem bem, estou muito contente que tenham mudado as regras...

Que regras? Perguntei-me mentalmente, mas nem tivemos respostas, pois não demorou muito para a imagem dos Weasley ficarem mais afastados e logo os vi desaparatando.

— Bagman queria nos dizer o que ia acontecer em Hogwarts — disse Rony mal-humorado, colocando alguma coisa em cima da gaiola de Pichitinho, não conseguia definir o que era. Parecia ser roupa, alguma veste, mas nem quis perguntar e fiquei na minha. — Na Copa Mundial, lembra? — disse ele sentando-se ao lado de Harry. — Mas nem a minha própria mãe quer contar. Que será...

— Psiu! — sussurrou Hermione de repente, levando o indicador aos lábios e apontando para a cabine ao lado. Harry, Rony e eu prestamos atenção, foi ai que ouvi a voz da pessoa que menos queria ver agora.

— ...papai, na realidade, pensou em me mandar para Durmstrang em lugar de Hogwarts, sabem. Ele conhece o diretor lá, entendem. Bom, vocês sabem qual é a opinião dele sobre Dumbledore... o cara gosta muito de sangues ruins e Durmstrang não admite esse tipo de ralé. Mas mamãe não gostou da ideia de eu ir para uma escola tão longe. Durmstrang tem uma política muito mais certa que Hogwarts com relação às Artes das Trevas. Os alunos de lá até aprendem essa matéria, não é só essas bobagens de defesa que a gente aprende...

Sem o pingo de paciência, me levantei e fechei a porta, abafando a voz da Madame.

— Que se mudasse, Durmstrang — digo furiosa, voltando a me sentar ao lado de Hermione —, faria um grande ato de agradecimento à Hogwarts. 

Bufei nervosa, tirando Taran da cesta que logo foi ao lado de Bichento, ambos tinham se tornado até que ótimos amigos. 

— Durmstrang é outra escola de bruxaria? — perguntou Harry.

— É — respondeu —, e tem uma péssima reputação. Se quer saber, não me admira que a escola ensina de fato Artes das Trevas e não Defesa contra as Artes das Trevas.

— Eu vi no livro Uma avaliação da educação em magia na Europa, que a escola enfatiza as Artes das Trevas — disse Hermione.

— Acho que já ouvi falar nisso — disse Rony vagamente. — Onde fica? Em que país?

— Ora, ninguém sabe, não é mesmo? — respondeu Hermione, erguendo as sobrancelhas.

— Hum... por que não? — quis saber Harry.

— Tradicionalmente há uma forte rivalidade entre as escolas de magia. Durmstrang e Beauxbatons gostam de esconder onde ficam para ninguém poder roubar os segredos delas — disse Hermione simplesmente.

— Corta essa! — exclamou Rony, começando a rir. — Durmstrang tem que ser mais ou menos do tamanho de Hogwarts, como é que alguém vai esconder um castelão encardido?

— Mas Hogwarts é escondida — retruquei, olhando Rony surpresa —, todo mundo sabe disso... bom pelo menos todo mundo que leu Hogwarts: uma história. Vocês nunca leram?

— Achei que era só a Mione que tinha lido esse livro, mas parece que não — falou Rony, rindo e me olhando com deboche. — Então, já que só vocês duas leram esse livro, podem dizendo, como é que se esconde um lugar como Hogwarts?

— Encantado ele — respondi como se fosse óbvio. — Se um trouxa olha, só o que vai ver é uma velha ruína embolorada com um letreiro na entrada PERIGO, NÃO ENTRE, ARRISCADO.

— Então Durmstrang também vai aparecer uma ruína a um estranho?

— Talvez — dessa vez foi Hermione que respondeu, encolhendo os ombros —, ou talvez tenha feitiços antitrouxas, como o estádio da Copa Mundial. E para impedir bruxos estrangeiros de encontrá-lo, devem ter tornado ele impossível de mapear...

— Como é?

— É provável que de para enfeitiçar um prédio para tornar impossível a pessoa o localizar em um mapa. Não pode?

— Acho que sim — disse Hermione para mim, quando a olhei em dúvida.

— Enfim, pelo que sei no uniforme da Durmstrang eles usam capas de peles, então isso quer dizer que a escola se localiza em algum lugar bem ao norte — digo pensativa. — Deve ser um lugar muito frio.

— Ah, pensem só nas possibilidades — disse Rony sonhando. — Teria sido muito mais fácil empurrar Malfoy de uma geleira e fazer parecer acidente... pena que a mãe gosta dele....

— Só a mãe mesmo para gostar dele — digo bufando e olhando o lado de fora, tentando, pois a chuva estava mais forte e foi piorando com o decorrer do caminho.

O tempo estava muito ruim, céu escuro e a chuva cada vez mais forte. Ficamos conversando sobre várias coisas, até de assuntos idiotas, só Hermione que às vezes revirava os olhos e provavelmente achando os assuntos muito idiotas, mas sempre tentava tirar uma risadinha dela. O que funcionava. A senhorinha dos lanches não demorou a aparecer, e eu comprei muitos doces e Harry uma montanha de bolos de caldeirão para a gente dividir.

Durante a tarde muita gente foram aparecendo, além da Amanda toda contente falando sobre as suas férias e perguntando sobre a Copa, não demorou muito e ela logo saiu já que uma de suas amigas apareceu. Assim que Amanda se retirou, Simas, Dino e Neville apareceram e ficaram mais de meia hora conversando sobre o quadribol. O que fez tanto Hermione como eu ficar grudadas em algum livro. Ela e eu ficamos lendo e palpitando sobre alguns feitiços do O livro padrão de feitiços, 4ª série. 

Ouvia os garotos falando sobre a Copa Mundial, eu acho, foi isso que deu a entender o que Rony dizia:

— Ficamos no camarote de honra...

— Pela primeira e última vez na vida, Weasley.

A pessoa que menos queria ver estava nesse exato momento na porta com seus ogros. 

— Uau, não sabia que a Madame gostava de ouvir a conversa dos outros — comentei com deboche, fechando o livro de Feitiços.

— A culpa não é minha se deixaram a porta aberta, Black — disse ele friamente e podia sentir o olhar dele em mim.

Decidi encará-lo e confirmei a minha sensação. Ele estava realmente me olhando com aqueles olhos azul-acinzentados. Logo a Madame desviou o olhar e vi que parou para perto de Rony, e vi um sorriso maldoso que se forma nos olhos dele.

— Weasley... que é isso? — perguntou Malfoy, apontando para a gaiola de Pichitinho. Agora que eu via se tratar de uma veste, uma das mangas estava pendura, e balançava com o movimento do treme e poderia ver o punho de renda.

Rony tinha feito menção de esconder as vestes, mas Malfoy foi mais rápido; agarrou a manga e puxou.

— Olhem só para isso! — disse o idiota em êxtase, segurando as vestes de Rony e mostrando-as a Crabbe e Goyle. — Weasley, você não andou pensando em usar isso, andou? Quer dizer, isso esteve em moda aí por 1890...

— Vai lamber sabão, Malfoy! — xingou Rony, vermelho, da mesma cor que as vestes puxando-as de volta. E os idiotas riam, fazendo o meu sangue ferve. Ninguém tira sarro dos meus amigos. Ninguém!

— Então... vai entrar, Weasley? Vai tentar trazer alguma glória para o nome da família? E tem dinheiro também, sabe... você vai poder comprar umas vestes decentes se ganhar...

— Do que é que você está falando? — retorquiu Rony.

Você vai entrar? — repetiu Malfoy. — Suponho que você vá, Potter? Você nunca perde uma chance de se exibir, não é?

— Ou você explica a que está se referindo ou vai embora, Malfoy — disse Hermione, impaciente, por cima da borda do livro.

Um sorriso satisfeito se formou no rosto pálido da Madame.

— Não me diga que você não sabe? Você tem um pai e um irmão no Ministério e nem ao menos sabe? Nossa, meu pai me contou há séculos... soube pelo Cornélido Fudge. Mas papai sempre convive com o primeiro escalão do Ministério... talvez seu pai seja insignificante demais para ter sabido, Weasley... é... provavelmente não falam coisas importantes na frente dele... Ai!

— Susana! — exclamou Hermione em tom de censura, após ter tacado o livro na cara da Madame.

Levantei com varinha na mão e olhando Malfoy seria. Ele estava com a mão no nariz que deveria estar machucadinho, apenas via um vermelhão.

— Ora sua...

— Vai falar mais merda, diz que dessa vez vou chutar suas bolas — digo furiosa apontando a varinha para cara dele. — Diga!

Ele não me fez nada, tirou a mão da cara e me segurou pelo braço, me puxando.

— Larga... — Não deixei Harry terminar e fiz sinal para ele ficar quieto.

— Você está mexendo com fogo, garota, não sabe com que está mexendo.

— Sei sim — retruquei. — Estou mexendo com um mauricinho mesquinho que está tentando fazer papel de bonzão, mas não passa de um idiota! Vá para merda.

Com a mão que estava com a varinha, apontei para o amiguinho dele e lancei um pequeno jato de luz, fazendo-o me soltar na hora e se curva de dor.

— Agora vão todos vocês embora daqui — gritei empurrando Malfoy com tudo para fora e apontando a varinha para Crabbe e Goyle me olhando assustados. — Saiam daqui seus merdas de trasgo. Senão eu azaro os dois!

Eles não enrolam mais, ajudaram Malfoy que resmungava:

— Você me paga, Black, eu juro que você me paga!

Sorri vitoriosa, revirando os olhos e fechando a porta, virei só logo depois voltei abrir a porta e apontei a varinha para o trio no corredor.

Atordous Stomacus!

Não sei quem foi atingido, pois entrei antes de ver e com um sorriso vitorioso. 

— Eu não acredito que você fez isso — disse Hermione me olhando abismada. — Você azarou mesmo?

— Azarei e não me arrependo — digo me sentando no meu lugar ao lado de Neville, me olhando assustado.

— Você não deveria ter feito isso — Hermione me reprovou.

— Claro que ela deveria — disse Rony nervoso. — Susana arrasou, mesmo achando que aquele idiota merecia mais.

— Rony!

Quê? Eu não disse nenhuma mentira — e Rony emburrou a cara. — Papai sempre convive com o primeiro escalão do Ministério... Papai poderia ter recebido uma promoção a qualquer tempo... mas ele gosta do cargo que ocupa...

— Claro que gosta — diz Hermione baixinho. — Não deixa o Malfoy chatear você, Rony... 

— Ele! Me chatear! Como se pudesse! — retrucou Rony, apanhando um dos bolos de caldeirão e amassando-o todo.

— Não se preocupe, Rony, minha vingança com o Malfoy não acabou — digo.

— Se eu fosse você não insistia — falou Hermione. — Você pode acabar ganhando uma detenção antes mesmo de entrar em Hogwarts por ter feito um daqueles três passar o dia todo no banheiro. Se eles acabaram contando para alguém. Por causa disso, não acabe pedindo por mais detenções.

— Como se detenções fosse me impedir de azarar o grupinho do Malfoy — revirei os olhos. — Não tenho medo de receber detenções, estou já acostumada. 

Hermione não me disse nada, apenas voltou sua atenção ao livro e não disse nada o resto do caminho todo. Apenas Simas que disse algo, fazendo os outros garotos e eu rirem.

— Susana, me lembre de nunca querer arrumar briga com você. 


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?