Noite de lembranças escrita por Cary Monteiro


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Notas no final.



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Após correrem durante algum tempo, a agora muito reduzida tropa do Doutor chegou à um grande tubo vertical tranparente que atravessava do ponto mais alto do palacio até o nivel mais profundos onde ficavam os motores. Agora vinha o problema: para ser usado esse elevador, sim é logicamente um elevador, ele depende de uma plataforma de líquido ferroso semi solidificado que flutua numa camara eletromagnética.

– Okay…, como vamos subir? Escadas? Não. Sistemas principais? Desligados. Energia reserva…. Pode dar certo.

Um esboço de um plano começava a se formar na cabeça do senhor do tempo. Mas ele estava sendo incomodado pelo fato que Bast’ak não havia se comunicado. E também tinha o soldado que se lacrou para trás…

– Senhores. Temos que religar a energia reserva, chegar a ponte de comando e encontrar a Clara. Primeiro: estamos sem energia pra dar a partida nos sistemas reservas. Dois: Nossas forças estão muito divididas. C: nós não temos como chegar na ponte de comando sem a energia pra esta plataforma. E quarto, ou aqueles IVs que usam em livros: Onde está o terceiro soldado?

Todos olharam em volta, pois apenas nessa hora se tocaram que faltava um judoon. Então viram várias sombras humanóides vindo de um corredor. Pareciam coisas tiradas de filmes de zumbis à primeira olhada, mas eram robos de manutenção. Vários com soldas de plasmas, grandes chaves de fenda e um até com um martelo fenomenal.

– Posicões de defesa! Estamos sobre ataque. Recuem em direção às portas de entrada.

– Por que as portas, senhor? - perguntou um dos judoons ja sacando seu rifle e colocando no automático, ao ver o Doutor tirando sua chave-de-fenda sônica do palitó.

– Porque no outro lado delas está minha TARDIS. Lá podemos resolver três de nossos quatro problemas.

– Sim, senhor.- Respondeu o muito pequeno esquadrão em unisono começando a recuar em direção à entrada principal.

Clara ainda se passava no duto de ventilação. Toda vez que ela tentava uma saída, começava a ouvir amassos nas paredes e recuava de volta à procura de outra. Quem quer que estivesse controlando isso, estava se divertindo. Ela se limitava apenas em procurar uma saída e em encontrar o Doutor. Lembrar que ela havia deixado G’lib para trás lhe era frustrante. Clara imaginava como o Doutor devia se sentir quando alguém dava a vida por ele. Pelo menos o seu velho Doutor que ela conhecia tão bem não só ficava mal como demonstrava isso quase que instantâneamente. Com esse Doutor, mais inflexível, isso era algo tremendamente raro de se ver ou de se esperar, muitas vezes ele parecia não ligar nem um pouco e até mesmo fazer parecer que não haviam escolhas, ou que não haviam feito nada mais nobre em suas vidas senão terem morrido por ele. Clara tentava não pensar dessa maneira, ele dizia ser o mesmo homem, mesmo agindo de forma tão diferente.

Ela virou mais uma esquina, já com as costas doendo devido à posição, os joelhos um tanto ralados pela exposição, sua meia-calça não servia de nada nesse momento. Ela devia se preparar melhor nessas saídas com o Doutor. Usar umas roupas mais no estilo de explorador, mas ela simplesmente não conseguia largar suas saias e o estilo “Lara Croft” não condizia muito com o dela. Foi tanto tempo perdido pensando nisso que ela mal pode perceber o erro que tinha cometido e então deslizado tubo abaixo, sem tempo para se segurar, até o que parecia ser a saída final.

Um tubo de ar não está acostumado com a intrusão de dejetos maiores que parafusos em seu interior, logo a grade não aguentou o peso de Clara e caiu junto dela num container cheio de fiapos e semanas acumuladas de poeira. Ela levou mais do que alguns segundos para sair de lá. Já tentou nadar num container de poeira? E quando finalmente saiu, descobriu que tinha entrado poeira em lugares do seu corpo que ela até então desconhecia.

– Eu estou sem saber como isto pode piorar, sinceramente. - ela admitiu para si mesma e andou lentamente pelo cômodo escuro, iluminado pela luz azulada que vinha do lado de fora. Espera, o lado de fora? Clara correu, tateando as paredes, procurando por uma porta. encontrou uma e a empurrou, visto que não havia uma maçaneta.

– Que bela droga ter tudo automatizado se nem mesmo durante um apagão as portas funcionam, huh?! - ela desistiu da porta e se virou para a janela, de onde erradiava toda a luz. Onde ela se encontrava poderia ser uma das casas de força, visto que haviam maquinários estranhíssimos, presos do teto até o chão. Ela avistou uma pilha de caixotes no canto, sendo banhados pela luz e deu toda a sua atenção a eles. Foi mudando-os de lugar silenciosamente para perto da janela, formando uma escada, que ela esperava aguentar seu peso, até a abertura.Com tudo pronto, Clara escalou lentamente até a clarabóia, esperando que conseguisse sair por lá, mas o que ela avistou muito antes disso fez-lhe mudar de ideia. Havia uma grande nave, formosa e moderna do lado de fora, de onde emanava toda aquela luz azul. ela sobrevoava silenciosamente o palácio (afinal, é o espaço), descendo e subindo no mesmo local lentamente.

– O que o Doutor não daria por uma vista dessas… Pelo jeito eu não vou sair daqui tão cedo. - ela tentou descer cautelosamente dos caixotes sem muito sucesso, caindo no final e recebendo uma enchurrada de caixas de papelão em cima dela logo em seguida. Clara imaginou se faria muito mal ficar aterrada em baixo das caixas até tudo acabar. - Não, eu preciso contar ao Doutor! - ela se levantou abruptamente e partiu à procura de uma nova saída, dessa vez para o encontro com o senhor do tempo.

O Doutor tinha outros obstáculos para resolver. Ele e seus dois últimos soldados judoons corriam pelo corredor escuro, iluminado rapidamente apenas pelas lanternas dos grandes rinocerontes e uma chave-de-fenda sônica, à caminho do desconhecido. O senhor do tempo precisava agora, não só encontrar Clara e descobrir o que estava havendo, como resolver o problema dos andróides que haviam cismado com eles, querendo vê-los mortos, como se eles fossem a matriz de todos os problemas. Era tudo muito difícil de se lidar quando as portas simplesmente não queriam abrir, sua chave-de-fenda sônica nunca se mostrou tão inútil quanto agora. Ele corria e ia lendo as placas metalizadas, tentando descobrir que porta os levariam até a salão de entrada. Isso resolveria muitas coisas no momento. Foi quando o Doutor se deu conta de outra coisa.

– Janelas! - ele gritou. Como ele não tinha percebido isso antes? - Se as portas não funcionam, vamos criar uma! Judoon, atire na janela! - O soldado obedeceu na mesma hora, - Muito bem, agora me atire pela janela! - Os judoons se entreolharam. - Estão esperando o quê? Um convite formal? Atirem-me logo!

Os droids chegavam nos três quando o Doutor era preparado para ser lançado até a janela quebrada.

– Se vocês errarem, estamos mortos. Eu só queria avisar. - E os judoons o lançaram. Ele se segurou o quanto pode nas bordas, ignorando os cortes que se formavam em suas mãos por conta dos estilhaços. Ele deu uma última olhada para trás e avistou os judoons atirando e lutando até o último suspiro com os droids. Ele deu um impulso com os braços e pos o pé na borda da janela. Felizmente do outro lado, apesar da altura, (o Doutor estimou uns cinco metros até o chão) haviam muitos arbustos encostados na parede.

– Só espero que não sejam venenosos! - E pulou, sumindo meio as folhas. - Espinhos! Bem melhor que veneno! - ele se levantou rápido, levando mais arranhões no percurso.

O senhor do tempo observou os arredores tentando descobrir em que área do palácio ele estava. Sem chegar a conclusão nenhuma, resolveu correr numa direção aleatória na ideia que alguma coisa iria indicar onde estava.

Ele não estava errado. Ele logo reconheceu o caminho que ele havia entrado e, refazendo seus passos quando chegou, encontrou a caixa de madeira azul que mais amava em todo o universo. Não perdeu tempo, com um estalar de dedos enquanto corria, passou pelas portas que se abriam e se fechavam atras dele.

– Certo, central de controle…

Ele começou a revirar as alavancas da TARDIS que agora decolava em direção à torre mais alta onde ficavam os comandos principais. E enquanto a pequena nave subia, seu unico passageiro olhava furiosamente nos escanners tentando descobrir o que havia acontecido com Bast’ak. Então com um grande barulho de vidro quebrado, adentrou a sala de comando.

Antes de ser invadida por uma caixa azul de madeira, a sala era enorme tendo vários níveis de controles todos interligados por pequenas plataformas em trilhos circulares e no cento um pedestal com o que deveria ser o módulo principal. As paredes eram feitas de altos arcos góticos dourados, com grandes vitrais azuis como o céu. Esse mesmo vitrais agora se encontravam espalhados por todo o chão da sala.

O Doutor saiu da TARDIS com um enorme cabo do tamanho de uma mangueira de bombeiro e ficou procurando um terminal para conectá-lo. Com alguns segundos sobre a luz verde de sua chave-de-fenda sônica, ele conectou o cabo na estação. Houve um momento de silencio como se todos estivessem prendendo a respiração, então um por um, todos os paineis começaram a se iluminar. Assim como o grande globo flutuante se acendeu.

– Primeiro cabo, agora, Clara. - Disse o senhor do tempo subindo por um pequeno lance de escada até chegar no centro de todos os paineis, onde ficava uma “ilha” mestra. Com algum cliques no teclado, um grande esquema de toda a estação se abriu num dos vitrais diretamente em frente a ele. No esquema haviam 3 pontos vermelhos num canto e um outro numa área bem afastada dos níveis inferiores, assim como um grande ponto verde no centro de tudo onde estava o Doutor.

– Bast’ak.- chamou no comunicador.- Está me ouvindo?

– Sim, Doutor. - Barulhos de tiros conseguiam ser ouvidos ao fundo.- Não encontramos a humana, mas vários droids de manutenção que nos cercaram. Estamos atualmente lacrados num armário de vassouras.

– Certo. Saiam daí e sigam de volta para o salão principal. Não continuem esse caminho, voltem por onde vieram. A porta deve estar funcional agora.

– E o droids? - Perguntou o judoon.

– Vocês são judoons, alguns droids não vão te impedir de cumprir uma ordem. - E com esse comentário desligou o comunicador. Ele desceu e retirou o grande cabo de onde estava, levando de volta para a TARDIS. Correu para o painel e colocou a nave para voar mais uma vez.

Com outro grande barulho, a caixa destruiu outro vitral, mas agora do outro lado do salão, enquanto seguia para onde estava Clara.

Depois de se desfazer dos caixotes, Clara usou a iluminação vinda da estranha nave para descobrir o que podia sobre o lugar que se encontrava. Ela podia ouvir alguns sons abafados vindos de perto, sem saber o que significavam. Ela focou em encontrar outra saída, nem que fosse novamente pela ventilação, esperando que as paredes tivessem parado de amassarem.

Clara se movia na direção da parede com uma espécie de abertura gradeada quando uma fissura lhe fez parar. A parede então explodiu, obrigando-a a se jogar para o lado. Quando a poeira acentou, ela viu a ultima coisa que esperava, uma grande caixa azul irrandiando luz. E logo em seguida a porta se abriu e de lá saiu o Doutor exclamando:

– CLARA!!

– Você é maluco?! - gritou ela enraivecida.

– Eu vim te salvar!

– E quem vai me salvar de você?! Quase me acertou!!

– Mas não acertei.

– E o que você fez com a nave lá fora?

– Que nave lá fora?

– A que está vindo pra cá agora. - Disse Clara enquanto ambos se viravam para a mais nova porta feita pela TARDIS.

– Ah, essa nave.


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Notas finais do capítulo

Killing spree de judoons IM SO SORRY



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