Noite de lembranças escrita por Cary Monteiro


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

O que era para ser uma one-shot acabou virando uma história muito louca e divertida. Por favor, não pare neste capítulo, ainda tem muita coisa por vir. Sei que vai adorar! Boa leitura e não esqueça de comentar sua opinião, obrigada!



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Clara sentia-se confortável e quentinha. “Ah, como é bom estar na minha cama outra vez” ela pensou. Se ela podia concluir algo das saídas loucas com o Doutor, era que sua cama se tornava um lugar cada vez mais celestial para um longo, precioso e merecido descanso.

Ela ainda não queria abrir os olhos, estava se lembrando do último sonho que teve antes de acordar. Este era muito escuro, com silhuetas que pareciam dançar em câmera lenta. Ela podia jurar que era uma das sombras, mas não sabia qual exatamente. Era quase como se ela pudesse vê-la dançar pelo ponto de vista de outro ser e, oh, era esplêndido. A música estava perfeita, a lentidão do sonho tornava tudo mágico. Mesmo em tamanha preguiça, Clara sabia que teria de levantar em algum ponto. Esperava que fosse final de semana e pudesse ficar um pouco mais na cama, assistindo ao noticiário, ou a qualquer coisa que a distanciasse da vida aventureira e estressante ao lado do Doutor por, pelo menos, algumas horas...

Então ela abriu os olhos e deu de cara com um escocês de sobrancelhas e cabelos grisalhos! Clara pos a mão na boca para não gritar e afastou o corpo, aliás, ela afastou tanto que era pouco corpo na cama e muito à caminho do chão. O barulho da Clara caída acordou o sonolento Doutor que observou uma confusa humana no chão encarando-o com aqueles olhos esbugalhados que ela tinha. Ele virou para o outro lado e voltou a dormir.

- Como é que é?! - Clara perguntou irritada, levantando-se num pulo. - O que está havendo aqui?

- Como você é barulhenta. Não está vendo que estou tentando dormir? Não tem o menor respeito. - O Doutor resmungou do seu lado da cama.

- Eu é quem digo isso! O que está fazendo na minha cama? - Clara tinha as mãos na cintura e aguardava respostas.

- Você quem insistiu nisso e me pergunta? - O Doutor comentou sem virar o rosto. A Clara foi mudando a irritação para desespero. Ela não conseguia se lembrar de ter insistido em nada. Na verdade, parando para pensar melhor sobre, ela não conseguia se lembrar de absolutamente NADA.

E lá estava ela, apenas numa fina camisola, as mãos ainda na cintura, observando as costas de um Doutor sem o paletó. Encarando o vermelho do colete dele. Ela nem mesmo sabia que o colete era vermelho atrás. E o que diabos tinha acontecido?

- Doutor.. – Ela chamou-o em um tom preocupado. Ele levantou a cabeça e olhou-a.

- Sim?

- Doutor... O que foi que aconteceu? – ela engoliu em seco. Ele semicerrou os olhos para ela e lentamente sentou-se na cama de pernas cruzadas.

- Caiu tão forte no chão ainda agora ou sua cabeça é fina assim?

- Doutor, isso é sério! O que foi que aconteceu? – Clara perguntou em um tom desesperado. O Doutor observou-a muito confuso, quase virando a cabeça de lado como um cão faria.– Eu não lembro de nada! – a sentença fez o Doutor abrir um sorriso de tubarão.

- Não se lembra de nada?

- Não. O que tem de engraçado nisso?

- Muita coisa. Nem sei como explicar! – ele se levantou rápido e saiu do quarto deixando Clara sozinha em pensamentos e um descer dos ombros, sem acreditar nesse estúpido alienígena. Será que eles tinham... Uh, não. É claro que não! Ela lembraria... Não lembraria? Ela botou as pantufas nos pés e o seguiu até a cozinha. Ele estava preparando um chá.

- Doutor! Diz logo o que aconteceu, estou ficando nervosa. - Clara admitiu.

- Deixa disso, vai se sentir melhor depois de uma xícara de chá!

- Certo…. - Clara tentou se acalmar enquanto esperava a água ferver. Ambos ficaram em silêncio em pé na pequena cozinha. O Doutor estava de olhos fechados e braços cruzados e Clara observava-o curiosa. Teriam eles… Será que… Não, eles não teriam.... Esse pensamento de novo? Ela coçou a cabeça. Fez força para se lembrar do dia anterior, mas nada além das lembranças do sonho pareciam vir.

O Doutor lhe ofereceu a xícara com chá. Ela não estava surpresa por ele saber o gosto dela quanto à isso. E talvez ele estivesse certo, depois de uma boa dose de suco de folha quente ela se lembraria de fato dos acontecidos.

- A dança! - Clara gritou.

- O que?

- Quero dizer… A festa. Era uma festa! Você me levou a um baile de gala, não foi? - O Doutor respondeu com um pequeno sorriso.

- Vejo que começamos a fazer progresso.

Clara sacudiu os braços em êxtase por ter acertado. Ela tentou forçar a mente mais uma vez e se deparou com um problema.

- Ah não… Ah não…. - ela pousou a xícara na mesa e sentou ao lado, olhando para o chão de forma distante. O Doutor voltou a olhá-la de forma curiosa, as sobrancelhas quase dando oi à sua franja e pondo a mão no queixo. - Eu bebi demais não foi? Droga. As vezes eu faço isso.

- Hum, isso aconteceu sim.

- Certo… E você como bom senhor do tempo, cavalheiro como é, me trouxe sã e salva até em casa, não?

- Sã e salva sim, mas não foi somente isso.

- Como assim? DOUTOR! - Ela começou a dizer, angustiada e ressentida. - Se você sabe muito bem o que aconteceu por que não conta logo?!

- Eu devo admitir que é mais divertido vê-la desesperada. - ele respondeu num sorriso que deixaria o Gato Chershire invejado, tomando outro gole de seu chá, deixando cair um bocado quando recebeu de repente um tapão no ombro vindo de Clara.

- Acha meu desespero engraçado?!

- Isso doeu. Não precisa usar violência. - ele comentou, pousando a xícara na pia e massageando o local atingido. - E sim, eu acho divertido. Eu disse divertido, não engraçado. Tem um abismo de diferença. Não vejo motivos para tamanha preocupação, mas você está aí procurando forças para se lembrar de uma festa boba que participamos.

- Eu acordo e te encontro deitado na minha cama, sem seu paletó e eu só de camisola, sem lembrar absolutamente nada do dia anterior. Com a certeza de que eu exagerei na bebida e precisei ser arrastada até em casa por você. Não quer que eu me preocupe?

- Como assim “só de camisola”? Não é assim que você normalmente dorme?

- Sim, mas… - Clara não queria tocar nesse assunto. Ela tinha tentado pensar em outras coisas, ela jurava, mas não tinha jeito. - Doutor, nós, uh… Fizemos algo alem de dormir ontem?

- O que teria para se fazer numa cama além de dormir e assitir TV?

- Doutor, não banque o idiota comigo justo agora!

- O que está se passando nesse seu cérebro de pudim? - ele cutucou a testa de Clara com os nós do punho, como se batendo numa porta.

Clara colocou calmamente sua xícara na pia. Virou-se para encarar o Doutor. E, em um único movimento, deu-lhe um tapa na cara.

-Me diga agora mesmo o que aconteceu ontem. Em detalhes. E SEM PULAR NADA. - Clara vociferou, apontando o indicador a um Doutor atordoado que pousava a mão no novo local afetado, massageando a bochecha. Ele estava boquiaberto, ele não conseguia prever e muito menos entender as ações dessa garota.

- Clara, você me acompanhou ao Baile do Mexafondo Axêndio. O evento de que comemora a fundação da Federação Axêndio, que unificou a Galaxia Gonderbargetyr. O que raios você pensou que tivéssemos feito?! Ido comer sushi?

- Ohhh…. - ela cantou finalmente entendendo.

- Certo que uma porção de coisas aconteceram e nem mesmo eu sou capaz de lembrar de cada uma delas. Mas tenho certeza de que na sua casa o que fizemos foi deitar na sua cama e dormir. Bem, você dormiu. Eu fiquei acordado a maior parte do tempo.

- Ufa, finalmente podia tirar aquele pensamento da cabeça...

- Que seria…?

- Erm, eu achei que nós tivéssemos feito sexo.

- Uh! Não! Por que achou isso? Por que você acharia isso?!

- Um monte de coisas e eu já falei a maior parte delas!

- E afinal, por que você me bateu?

- Não ficou claro?

- Não! Ainda estou confuso. Odeio esse sentimento. É como aquela coceirinha no meio das costas que não há maneira de alcançar.

- Quer saber? Deixa pra lá. Eu vou voltar para a minha cama. - Clara foi andando de volta para o quarto com o Doutor logo atrás.

- Não, não! Você disse que está desmemoriada. Não quer saber o que aconteceu ontem?

- Claro, mas mais tarde. Já estou bastante envergonhada por saber que você me presenciou bêbada.

- Não há problemas nisso. Conheci bêbados bem mais irritantes. Você só acha graça de tudo e faz perguntas estupidas. Nada muito longe do normal. - Clara virou para encará-lo um tanto irritada, mas nada falou. - Vamos, vamos! Para a TARDIS! Eu preciso descobrir o porquê dessa sua falta de memória.

- Oras, álcool demais faz isso acontecer.

- Nah, você não bebeu o bastante para isso. Tem algo a mais, com certeza!

- Você desejou que tivesse algo a mais.

- Eu? Não, nada disso. Eu precisei trazê-la em casa por conta do seu estado, mas ainda precisamos voltar lá e prestar depoimento.

- Depoimento? O que houve durante festa? - Clara perguntou curiosa, o Doutor lhe abriu um sorriso grande. Ela sabia que ele estava animado para contar.

- Um assassinato! - ele disse eufórico. Clara soltou um suspiro.

- Só você fica feliz com isso…

- Vamos. TARDIS. Agora!

- Trocar. Roupa. Primeiro!

- Faça isso na TARDIS, e por que está falando assim? - ele falou ao longe, andando até o quarto para pegar o paletó e na volta já vestindo-o e empurrando gentilmente Clara para dentro da TARDIS estacionada no meio da sala.

- Oras, você quem começou.


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Notas finais do capítulo

Vou mentir e dizer que não foi nada divertido escrever esse capítulo xp Obrigada por ler, comente se puder!



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