Felino e Ferino escrita por ConstançaAconstante


Capítulo 1
Feridos


Notas iniciais do capítulo

♫ Nós, gatos, já nascemos pobres! ♫ Porém, já nascemos livres! ♫ Senhor, senhora, senhorio... ♫ Felinos, não reconhecerás! ♫

E eu pensava nessa música toda hora que escrevia essa fic.
No final, acho que o final ficou muito abrupto. Precisaria de mais 3k palavras para fazer tudo bonitinho..

obs: irori = uma espécie de lareira japonesa também usada para cozinhar.

Aqui uma imagem pra imaginação de vocês ficar mais fluída: http://www.oldphotosjapan.com/images/27.jpg

Espero que gostem!
@MexericaBlue



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Eu sou um gato. Meu nome não importa agora. Afinal, a história não é sobre mim. É sobre o senhor, leitor – na verdade, sobre sua raça: a humana. Sei que lhe parece uma inconsistência um felino falar sobre humanos, mas asseguro-lhe, sei bastante de seus sentimentos e motivações para entender-lhes. Mais do que um gato deveria, admito.

Sim! Compreendo-os mais que os senhores a si mesmos. Por quê? Porque procurei fazê-lo. Humanos não querem entender uns aos outros, por isso tantas divergências na organização que os senhores chamam de sociedade. As regras felinas são mais simples. Como todo outro animal, somos regidos pela Natureza. Quer algo? Consiga-o.

Não me tome por crítico demais, por favor. É essa característica das pessoas que as tornam tão interessantes para mim! Como disse, entendo-os mais do que deveria. A maioria de nós vivem suas vidas com indiferença e cautela, considerando-lhes apenas instrumentos para obter abrigo e alimento. Eu não. Tornei-me emotivo e muito sensível às chamadas “emoções”. Não as básicas e animalescas como medo, surpresa e alegria. Não! Essas são inerentes até a felinos. Falo de coisas como ciúmes, soberba, vergonha, compaixão.

Sim! Sou emotivo demais para um felídeo. Talvez emotivo demais para humanos também – porque humanos realmente conseguem ser insensíveis quando querem. Portanto, alerto-lhe desde já: não se assuste com a minha dor, ou melhor, minhas reações a ela.

Claro, isso não quer dizer que romancearei a história que estou prestes a contar. Não. Muito pelo contrário. O eufemismo não é uma de minhas características. Tampouco de qualquer outro gato. A verdade é ferina, e assim nós somos também. Leu bem o que eu disse? Leia novamente. A verdade é ferina. A verdade é felina. Não terei pena do senhor, leitor. Afinal, os humanos parecem ter nascido para sofrer.

No final, a morte é a única libertação das regras que criaram para si mesmos.

Algo de que não precisamos. Da morte, digo. Nós, gatos, já nascemos livres. Não a tememos. Quando ela chegar, chegou. Não possuímos motivações profundas que nos levem a ela. Os senhores têm a morte por doença, desgosto, homicídio, acidente... As possibilidades são infindáveis.

Há o suicídio também. O suicídio é... Curioso, penso. Porque há muitos motivos pelos quais uma pessoa chega a ele. Gatos não o entendem direito porque têm sete vidas, e tampouco o senhor, leitor, porque é ocidental. Para o senhor suicídio é consequência de intensa depressão e anomia. Para os japoneses – porque sou um felídeo japonês –, pode ser absoluta demonstração da honra de um homem (Qualquer que seja o significado disso).

Uma vez presenciei um suicídio.

Só me apercebi de que os suicidas haviam se matado quando deixei de ouvir o ressonar de suas narinas e o batimento de seus corações. Nunca senti um misto tão grande de emoções sofisticadas – as exclusivamente humanas.

Cheguei aos suicidas porque sou curioso. Isso mesmo, curioso. E se o senhor pensa que a curiosidade matou o gato, mude o provérbio para “a curiosidade permitiu que o gato visse a morte”.

Rá!

Eu sei, a piada não teve graça

(Não era para ter também).

Enfim! Adicionemos mais uma informação, sim? Sou um gato cujo nome não importa, capaz de sentir emoções de gente, não temente a morte, proprietário de sete vidas, desprovido de eufemismo e: agrada-me passear. Óbvio! Sou um gato. Imagino que todo gato vivo goste de vagabundear pelas ruas. Não apenas porque elas têm muitos outros gatos, e sim porque têm muitas pessoas. É divertido escutar conversas entre anônimos e anônimas por onde passo. Os vendedores, os viajantes, as prostitutas, os militares, os cozinheiros, os estudantes, as crianças. Os ricos e os pobres. Por que acham que sei tanto sobre sua “sociedade”? Consigo até ler um pouco, espiei umas aulas de alfabetização numa escola algumas vezes.

O fato é que zanzo por aí com uma frequência considerável. Já até me aventurei a uma cidade vizinha que é cinco vezes mais movimentada que a minha. Vi os moradores chamarem-na de “capital” ou Quioto, que parece ser importante para eles – e para o resto do Japão. E como pessoas gostam de estar próximas a algo importante, há também muita gente vivendo onde moro. Só não é mais populoso pois há aqui uma característica chamada “declividade”, que quando muita, impede a construção de moradias humanas. Essa cidade tem um solo... “íngreme” demais, o que faz com que seus arredores sejam repletos de bosques e clareiras inabitados.

Meus lugares favoritos de se explorar, admito. Os melhores ratos que já comi tinham tocas sob essas árvores.

Aliás, o suicídio ao qual assisti ocorreu em um deles. Humanos gostam de morrer onde não serão observados (menos os narcisistas, que adoram chamar atenção até na morte). O curioso é que nesse dia nem havia ido lá propositadamente. O inverno acabara de chegar e a neve já dava indícios de despencar. Num segundo, caminhava por entre crianças serelepes no meio da rua, no outro – quando me distraí –, o chão sob mim era fofo e mais úmido, sobre o qual o tenro sol de inverno quase não batia, devido aos galhos desnudos e as folhagens remanescentes das árvores. Ainda havia muita folhagem para se cair. Aquelas árvores eram especialmente resistentes.

Como nunca explorara o lugar num clima tão gélido, resolvi que aquela seria a primeira vez. Havia menos vida que o normal. Nenhuma presa para caçar, poucos arbustos para se abrigar. O ar era seco e o aroma de orvalho morrera. E apenas aí descobri que sentia frio – estava alheio ao tempo antes. Era um pouco solitário. A natureza parecia melancólica.

O ambiente perfeito para morrer.

Ponderei seriamente em voltar. Tomaria uma boa tigela de leite e me aconchegaria no colo de minha Humana, enquanto minha pelagem seria afagada sob suas mãos delicadas e quentes. Dormiria tranquilo de cabeça vazia e barriga cheia.

Mas bem sabem que sou curioso, não? A curiosidade só nos mata porque temos sete vidas para utilizar. Pois então, não preciso dizer que, sim, continuei. Talvez meu sexto sentido realmente me dissesse que presenciaria algo inusitado.

Pata ante pata, aprofundei-me por entre a secura das árvores e o gelo dos córregos, a terra era opaca, como se dissesse que dali nada nasceria. E não nasceria mesmo. Era inverno, inverno! Mais uma vez lembrei da proposição de um morador qualquer da cidade: em breve nevaria.

Meu coração bate um pouco mais rápido apenas por lembrar o que se seguiria a partir daí. Cheguei a uma clareira pequena de cuja a existência em não fazia ideia. Uma nova descoberta! E ainda mais conveniente porque numa de suas extremidades havia uma cabana pequena e decadente e... Fogo? Delgados filetes de fumaça escapuliam pelas janelinhas quebradas. Não havia um fumeiro – claro que não, a cabana era pobre – e a primeira coisa que me surgiu à mente foi em como haviam conseguido atear fogo controlado dentro de uma estrutura de madeira sem recursos.

Quando já contava em me valer de minhas incríveis habilidades felinas para adentrar a casinha, descobri um buraco rente ao chão pelo qual meu corpo passaria. Provavelmente feito por uma ratazana ou um roedor de maior. Enfiar-me ali foi um pouco apertado e incômodo, contudo em questão de segundos já estava sob um teto de madeira, mais perto da fonte do fogo do que achei que estaria.

Era uma pequena fogueira, uma espécie de irori improvisado – o piso desprovido de madeira isolado por um círculo de pedras que impedia as chamas de se alastrarem. Claro, tudo isso que lhes estou descrevendo vi depois, porque no segundo em que entrei, os humanos que ali se abrigavam completamente tomaram minha atenção. Sugaram-na, roubaram-na. Porque nunca havia visto cena tal qual aquela.

Minha primeira reação foi incredulidade, bem à minha frente jaziam dois homens – homens, homens! – no auge da copulação. Recordo-me que pensei que esse termo era errado já que daquilo nenhuma criança seria concebida. E se não faziam aquilo por uma gravidez, certamente faziam-no por outro motivo. Em meu inconsciente, mudei a denominação para “sexo”, e muito antes disso já estava impressionado pela cena.

Já havia visto pessoas transarem antes. Várias vezes. Principalmente porque caminho muito à noite e a noite e a hora da cópula, dos bêbados e dos assassinatos. Mas dessa vez eram dois homens, e embora soubesse que o coito humano desse mais... Deleite que o felino, desconhecia o fato de que podia sê-lo entre dois homens também.

Reconheço que sempre havia achado o sexo humano nojento. Os senhores fazem de frente! Encarando um ao outro com rostos suados, fazendo caretas feias e um barulho estranho. Não apenas isso, mas como também colocam suas bocas e mãos em lugares inimagináveis. Diria até que a coisa que mais diferencia os humanos dos demais animais são seus polegares opositores, suas emoções sofisticadas e a maneira como fazem sexo. Os senhores realmente inovaram nisso.

Justo quando ia miar de desgosto, os movimentos de seus corpos chamaram-me a atenção. Não sei bem explicar. Como disse, já me deparara com o coito humano inúmeras vezes na cidade, porém havia alguma discrepância entre aqueles casais e esse à minha frente. Eles não pareciam fazer aquilo pelo simples prazer do ato, e muito menos pela concepção de uma criança. O que me deixou um tanto quanto confuso: havia motivos para o sexo além desses dois?

Quer dizer, dedos sem dono agarravam-se a pele e cabelo como se quisessem arrancá-los – ou melhor, como se a ideia de separação fosse inconcebível. Os lábios ora beijavam-se, ora roçavam-se apenas, mas nunca abandonavam-se – e embora soubesse que a boca, para os senhores, humanos, é apetrecho importante no coito, aqueles dois pareciam dar mais importância a ela, como se fosse o ponto que os unisse num só, e não as genitálias.

Eu sei, não estou me fazendo claro o bastante. Mas entenda! É difícil reproduzir a emoção que senti naquele momento. Nesse então não havia me apercebido, porém era a primeira vez que tive contato com o amor. Amor verdadeiro. Não o amor entre prostitutas e soldados, primos ricos, camponeses. Falo aqui de algo absoluto (e não tente entender o que isso significa).

E beijavam-se. Beijavam-se muito, muito. O senhor gosta de beijos? Ou melhor, acha-os importantes? Saiba que os senhores, leitor, são os únicos animais com uma prática assim – embora não ache que entendam realmente sua significância.

Não os culpo, também não sabia até ali, até ver a maneira como seus lábios se tocavam. Já falei. Pareciam mais importantes que a fricção de suas genitálias. Não se apartavam. Não raro os orbes de ambos mantinham-se abertos, observando-se. E mais uma vez, sentimentos que à época não pude compreender.

A quem estou querendo enganar? Não os compreendo ainda hoje!

Aqueles dois pares de íries pareciam estar ocos e cheios concomitantemente, tristes e felizes, pacientes e disparatados, agressivos e mansos. Covardes e destemidos. Sentimentos contraditórios, antitéticos. Eram esses segundos em que se observavam que sentia que realmente não existia. Não digo apenas de mim, mas daquela choupana, da neve lá fora, da cidade, do Japão, do mundo. Do universo!

Entende?

Óbvio que não!

Sabe o que me custou o entendimento também? O que se decorreu alguns minutos depois. Poucos.

Ouvi pequenas lamúrias vindas de lugar nenhum. Mentira. O som provinha daqueles dois humanos – humanos como o senhor –. Como se fosse possível, busquei atentar-me mais a eles. As lamúrias eram choro, de início apenas de um dos rapazes, mas que logo contagiou o outro. Lágrimas, pranto mesmo. Em meio ao sexo!

Digo, já vi havia visto muitas mulheres chorarem de prazer – ou de dor – em meio ao coito. Mas prazer não era a origem daquelas lágrimas. Pelo menos, não a única. E o curioso é que a partir daí, tudo ficou mais intenso. As investidas, os gemidos, os soluços, os abraços, os arranhos, as mordidas. Os beijos.

Os olhares.

E eu vi que tremiam, tremiam muito. De frio, de êxtase. De dor. De catarse. De medo e coragem. Covardes e destemidos. Eles sabiam o que estava por vir (eu não, não ainda).

E então, os lábios se separaram por mais de cinco segundos pela primeira vez. O jovem deitado virou a cabeça em direção ao crepitar do fogo – ou melhor, em minha direção. E enquanto o outro desatou mordidas e beijos sobre seu maxilar, pescoço e clavícula, de repente, fui notado. Uma centelha de compreensão muito fugaz passou por seus orbes plúmbeos – já que a situação alheava-o de qualquer coisa que não fosse a pessoa sobre si. Senti como se nos encarássemos, mas na verdade ele observava um ponto além de mim: o nada.

Eu vi perfeitamente as expressões que fazia, e aquilo me causou um mal estar ferino. Aquilo era ser humano? Aquela mistura de dores e prazeres aterradores, originados de sua racionalidade superior? Leia bem o que digo, leitor, racional é a natureza, não os senhores. Os senhores são movidos pelos mais pessoais impulsos. Aquilo que eu via não era racional, e sim a perfeita exemplificação do que é ser humano. Um epítome de tudo. E algo que nunca serei.

Sim, invejei os senhores. Por sua enorme gama de emoções e capacidade de senti-las com tanta intensidade. Foi a partir daí que me dediquei completamente à arte de lhes observar. E de nomear o que vejo. Apenas por isso sou capaz de hoje narrar o que vi. Ou crê que pensara tudo isso ainda naquela instância?

O além de mim saiu do campo de visão do humano, que, junto de seu par, voltaram a se beijar. O pranto continha-se um pouco mais agora, embora os olhos permanecessem inchados. Uma última estacada completou o ato. O que os senhores chamam de clímax.

Não pude vê-lo bem. Apenas ouvi grunhidos lânguidos de duas bocas coladas, e o relaxamento de ambos os corpos, um sobre o outro. E assim permaneceram. Por um bom tempo. Acarinhando-se e trocando palavras de amor e trivialidade como se tivessem todo o tempo do mundo. E tinham, de certa forma.

Julguei que aquele era meu momento de partir, já que não haveria nada mais para ver, porém quando ouvi a palavra “gato” ser pronunciada, dei a volta e apurei minha audição.

Um gato? Aqui?

É. E o vi no canto um tempo atrás. Mas agora não sei onde es-... Ali, ó! Veja!

E havia sido descoberto. Não que me importasse. Bateram de leve na madeira e sibilaram baixinho para me atrair – humanos são tolos nesse aspecto –, e a duras penas (deles), decidi por fim me aproximar.

Tem dono, olhe a coleira. Como um gato da cidade veio parar aqui?

Não estamos tão dentro do bosque. Talvez tenha se perdido.

Mas gatos não se perdem, creio.

E a conversa discorreu – sobre “o gato”. Referiam-se a mim em terceira pessoa com se não estivesse ali – outro aspecto tolo dos senhores – e, antes que percebessem, já estava completamente sobre o colo de um, sendo acariciado por ambos. Era bom, até ronronava, e perdi a conta de quanto tempo passamos ali. Sei apenas que foi o bastante para um dos dois recostar-se ao futon improvisado e adormecer. O outro prosseguiu agradando-me, embora tivesse sono e bocejasse frequentemente.

A certa instância ele suspirou, carregando o ar de melancolia. Falou vou contar-lhe um segredo. Porque aquilo era muita coisa para apenas ele e seu amante – o dormente – guardarem.

Alguém precisava saber o que acontecia. E por um acaso, esse alguém seria eu.

E ele me contou. Não revelarei tudo porque fiz a mim mesmo uma promessa de não ultrapassar três mil palavras, e dispondo do conhecimento da vida de ambos, um verdadeiro livro poderia ser escrito.

Eram amigos de infância, ambos de famílias ricas. Haviam-se apaixonado anos antes, no limiar entre a imaturidade e a vida adulta. Vida adulta. O país estava bem econômica e politicamente. Pouca inflação. Muita industrialização. O Japão finalmente havia sido reconhecido pela comunidade ocidental.

Estabilidade.

Estabilidade.

Casamento.

Era o que suas famílias lhes exigiam.

Foi ali que realmente me apercebi que a relação daquele casal era ilícita entre os humanos. Dois homens não poderiam se amar. Não nesse mundo. Apenei-me deles. Ambos já possuíam noivas e nunca poderiam dizer ao mundo o quanto se amavam.

Seria demais suportar aquilo.

E por isso haviam tomado “uma decisão”, que não me foi explicitado, e apenas algumas horas depois descobri o que era. Nem desconfiei...

Foi nossa vez de dormir.

Ao acordarmos, o par conversou mais, comeu e bebeu do que haviam trago numa bolsa.

Fizeram... amor mais uma vez.

Não voltaram a adormecer.

Ao anoitecer, foi tirado da bolsa um frasco com líquido de aparência espessa e coloração vermelho arroxeada. O primeiro a beber dele foi o maior, entregando-o ao menor, que viria a repetir o processo.

Está com medo?

Esse mundo ainda nos pode oferecer alguma coisa? O outro negou. Era... verdade, embora ferisse. Como aquele mundo. Foi o que pensei. Não preciso mais dele. E você?

Também não. Eu te amo.

Eu também.

Demorou pouco para que dormissem. Abraçados. Colados. Inseparáveis. Inquebrantáveis. E quer queira quer não, juro, foi uma das mais belas cenas que presenciei. Dormindo juntos com tal serenidade que nem parecia que sentiam-se tão abandonados pela vida.

(ou seria eles que a abandonaram?)

Apenas quando seus corpos ficaram gélidos percebi que estavam mortos. Apavorei-me. Era veneno! Não sabia como proceder. Não tinha forças para enterrá-los, e no final, pude apenas observar. Não voltei para casa. De madrugada a neve caiu ininterruptamente, adentrando a casa e fazendo sobre o chão – e eles – um branco tapete de gelo.

Entristeci-me.

Angustiei-me.

Enlutei-me.

Eram bons humanos, aqueles. Desejei que o mundo não lhes fosse tão cruel. Que pudessem ser livres como os felinos e “racionais” como os humanos. Seria bom se renascessem como gatos, ou num tempo em que um amor tão intenso quanto o deles seja permitido.

...Não creio realmente que os senhores entenderam o que quis dizer com tudo isso.

Bem, não importa no final.

Os corpos só começaram a apodrecer de verdade quando o frio do inverno deu mostras de amenizar.

Mais uma primavera.

(não quero mais falar sobre isso).


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Notas finais do capítulo

Malditas 3k palavras!
Quando vi que não daria pra colocar tudo o que tinha planejado, tentei resumir da melhor maneira possível sem deixar pontas soltas...
Queria proporcionar com essa fic a mesma sensação que "O Corpo do Violino" passa, mas o limite de palavras e a minha dificuldade em escrever em 1ª pessoa me atrapalharam...
Bem, espero que tenha sido uma boa leitura mesmo assim.

Gostaria muito, muito que me deixassem suas impressões da história. Sei que há muitas inconsistências, então gostaria de saber a opinião de vocês.
Obrigada por ter lido até aqui,
@MexericaBlue