Verde-gris escrita por Marie


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para a Ana, porque isso não seria possível sem ela.



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Talvez, só talvez, você estivesse bobamente apaixonada por ele desde os treze. Mas a culpa não era sua.

No início ele fora apenas presença constante nos jantares em família. Apenas mais um entre tantos Black, Malfoy, Rosier, Lestrange... Nunca nem sequer tinham sentado à mesa do jantar em cadeiras próximas.

Tudo assumindo uma perspectiva quase cálida de tão gentil quando chegou a sua vez de se submeter ao Chapéu Seletor e, naturalmente foi mandada para a Sonserina; Lúcio – já no segundo ano – erguendo a mão, solícito, e lhe sorrindo de leve num pedido mudo para que se sentasse ao lado dele. Um gesto polido perfeitamente aceitável, quase esperado. Sangue puro. Sonserina. Família.

E você logo se tornou a favorita do professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, sua mãe ficando tão orgulhosa..., seu pai sorrindo todo esperto. Mas o narciso ficou calado, não ficou, Ciça? Gostava tanto de se olhar no espelho que, travessa, preferiu manter segredo. A melhor oclumente do mundo, alcançado esse feito aos quinze e manifestando tal dom logo na primeira semana em Hogwarts. Um acidente. Grifinórios delituosos do sétimo ano a usando como cobaia em legilimência e você pensando que estaria salva, que todos eles seriam expulsos, mas tudo o que o professor fizera fora lhe dar aulas avançadas. E isso a manteria incólume anos depois, não é? Porque nem o Lorde das Trevas conseguiria lê-la.

Só que ele sempre preferira aos livros.

Quantas vezes não se sentou na biblioteca para estudar um feitiço de defesa atrás do outro e ele estava lá, todo absorto e com um livro novo a cada, no máximo, dois dias? E você faria questão de não se esquecer do primeiro riso sucedido pelo “olá, Ciça” mais lindo do mundo quando ele lhe olhou por cima de um dos livros. Havia se sentado um tanto quanto distante dele na mesa larga, contudo, estavam só os dois ali. Os outros sonserinos se atendo a qualquer outro ponto do castelo.

Porque você só seria a Ciça para três pessoas no mundo, e as amaria muito e para sempre. Bella, Lúcio e o pequeno Severo.

Abril.

Maio.

Junho.

A primeira carta veio inesperadamente e, quando você já tinha se decidido por se deliciar com aquela letra tanto quanto havia se sentido surpresa por tê-la recebido, as palavras ali a fizeram esquecer-se de quem era. Não que Lúcio fosse insensato e houvesse lhe escrito algo propositalmente carinhoso. Naquela época você era, ainda, apenas a Ciça. Apenas Sonserina; família. Mas o vocabulário dele era tão bonito, quase ritmado. E Lúcio só estava propondo que falassem sobre amenidades, que se tornassem amigos.

E, então, a euforia começou.

E você queria logo que ele lhe escrevesse de novo e mais uma vez. Suas respostas apenas não sendo escritas totalmente às pressas porque não queria dar garranchos a alguém que lhe brindava com esboços.

Dias. Semanas. Meses.

Outono.

Inverno.

Primavera.

Verão.

Terceiro ano em Hogwarts.

E você se sentou perto dele na biblioteca no primeiro dia. E ele deixou o livro de lado por um momento para lhe perguntar como havia sido o seu dia.

E você fez o mesmo no segundo, não foi, menina travessa? E Lúcio sorriu e lhe deu horas inteiras de atenção.

E, no terceiro, você ia repetir a dose quando notou que o rapaz continuava com o mesmo volume de antes. Se resignou, como a boa menina que, no fundo, era, e sentou-se caladinha junto dele. Lúcio a olhou por cima do livro, uma sobrancelha arqueada, mas não a importunou com perguntas.

No quarto dia, considerou lhe dar espaço e sentou-se um tanto quanto longe.

Não pôde evitar o calafrio que lhe percorreu a espinha quando foi obrigada a ler aquilo que os lobisomens faziam com as mocinhas, não é? O ultraje era tamanho que só o notou quando sentiu a mão repousada em seu ombro. “Incomodo a senhorita?” ele havia perguntado antes de puxar a cadeira ao lado da sua para trás, mas você pôde ver em seu rosto que a intenção não era cortesia. Lúcio quase que a acusava, por bem pouco não ávido por saber o porquê de ter imposto a si mesma aquele distanciamento. E você notou, maravilhada, que ele a queria por perto.

Inverno. Jantar em família. Mesmo Bella de vestido branco – ainda que de corte simples, mangas aos cotovelos e saia lisa. Cabelos em cachos maciços e sorriso de anjo-caído. Você a amava tanto e a achava tão linda... – Verde-gris. Sangue puro. Sonserina. Como todas, você trajava branco e, quando Lúcio chegou e espalmou uma mão em suas costas, a senhora Malfoy não pôde evitar pôr em relevo o fato de a blusa de gola alta por baixo do terno que ele usava ser verde. E você nunca lhe havia beijado a face, mas sabia que poderia fazê-lo porque seu pai comentou algo sobre crianças e sangue puro e a mãe dele perguntou se Lúcio não queria aproveitar que já estava com a mão ali, na sua cintura, e dançar com você.

Um ano.

Dois.

Sete.

E ele a pediu para poder chamá-la de minha com um pouquinho mais de regalia que um namorado. Uma mão pousada pouco acima do seu ventre e palavras sussurradas sopradas em sua nuca.

Um ano.

Três.

E finalmente ele segurou a sua mão e vocês dois ouviram que eram um do outro. Lúcio te beijou. Era seu. Para sempre.

Uma semana.

Duas.

Onze meses.

Draco.

Sangue puro. Sonserina. Família.

 

 

Ciça e Lúcio


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Notas finais do capítulo

Esse link que aparece no fim do texto vai levar vocês a um presente muito especial que Verde-gris ganhou da themuggleriddle ♥