Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 22
Decisão Final


Notas iniciais do capítulo

Hey! Desculpem o pequeno atraso. Eu sei que geralmente posto em dias alternados e ontem era dia de postar o capítulo, mas surgiu alguns imprevistos e eu não consegui escrever ontem. Mas hoje, aqui está.
Queria deixar aqui o meu muitíssimo obrigada à Iza pela recomendação dela. Fiquei super feliz, viu hahahaha
Enfim, aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/612645/chapter/22

As amarras em meu pulso estavam queimando.

Já faziam umas duas horas que Oliver e eu tínhamos conversado brevemente por telefone – sim, eu estava contando o tempo, não havia muito mais que eu pudesse fazer –. Esperava ter algum sinal deles em breve. Eu não queria que eles chamassem a polícia, – isso provavelmente destruiria toda a investigação, e eu sabia que aquilo era importante para Oliver –. Mas eu não conseguia parar de me perguntar como exatamente ele e Diggle conseguiriam me salvar. Isso me deixava apreensiva, e então eu ficava me remexendo na cadeira, o que fazia com que a corda que prendia meu pulso parecesse cravar ainda mais seus fios ásperos em minha pele. Estava machucando, e muito.

Tentei me concentrar em outra coisa.

O local em que eu estava era extremamente escuro, mas eu sabia que estava em algum tipo de galpão. O cheiro de ferrugem e o barulho de pingos fazendo eco pela sala me dizia que o lugar era amplo e abandonado. Eu não sentia a presença de ninguém ali, mas sabia que do outro lado da porta de metal, havia alguém vigiando-me; eu já o ouvira conversar com os outros, mas nada que eu pudesse entender.

Minha cabeça ainda latejava por conta do clorofórmio que usaram para me fazer desmaiar.

Quando acordei depois de ser pega, já estava aqui. O pânico tomou conta de mim quando abri meus olhos e não consegui enxergar absolutamente nada. Era como se eu estivesse imersa em um mundo de escuridão e medo. Levei um bom tempo até conseguir acalmar os batimentos de meu coração.

Meu corpo doía; tanto por estar há horas na mesma posição, quanto por estar exausta. Minha barriga reclamava toda vez que eu a comprimia involuntariamente, lembrando-me do soco que tomei antes de desmaiar. Meu peito doía muito, minha respiração também estava entrecortada e eu lutava para não fazer esforço.

Não consegui dormir nada durante as horas seguintes, mesmo sabendo que uma parte de mim queria se render ao mundo dos sonhos, muita coisa agitava-se em minha mente.

Eu não sabia quem eram aqueles homens, mas sabia que eles queriam o livro. Fiquei o tempo todo me perguntando como eles chegariam até Oliver, se ele entregaria o livro por mim, se chamaria a polícia...

De repente começo a ouvir ao longe alguns estrondos; minha mente está desperta e meus ouvidos tentam absorver todos os barulhos possíveis. Alguns minutos se passam até que os estrondos retornam, mais altos, o que claramente indicava que estavam mais próximos. Quando os estrondos finalmente aproximam-se da porta, eu realmente tenho certeza de que são tiros, alguns gritos masculinos, gemidos e mais tiros, e então, o silêncio.

A porta geme em protesto quando tentam mexer nela, ela se abre e a luz que vem de fora me cega completamente. Meus olhos estão lacrimejando.

– Felicity! – ouço a voz baixa de Oliver se aproximar de mim.

Nesse momento meus olhos param de lacrimejar e eu começo a chorar de alívio.

– Está tudo bem, está tudo bem. Você está à salvo. – Oliver entoa para mim enquanto remove as cordas em meu pulso, eu choro ainda mais com a dor lancinante que elas provocam.

Não consigo dizer nada. Quero falar tantas coisas, mas acho que estou em estado de choque, o silêncio me afoga, prende minhas palavras como se fosse o ar em meus pulmões.

Tento me levantar mas minhas pernas estão fracas, minha cabeça está pesada e eu estou perdendo a consciência.

– Ela está muito ferida? – ouço a voz de Diggle se aproximar – Precisamos ir rápido, podem haver outros.

Sinto o chão sumir de baixo dos meus pés, leva alguns minutos para eu perceber vagamente que estou sendo carregada, o perfume de Oliver embriaga meus sentidos, meus olhos estão fechados, eu encosto minha cabeça em seu peito e deixo que a escuridão enfim tome posse de minha mente.

***

Acordei do sono como se tivesse sido trazida de volta à vida.

Reconheci logo de cara que estava em meu quarto. As cortinas estavam fechadas e estava bastante escuro ali, então não demorei muito para adaptar meus olhos. De primeira, não me movi, apenas tentei assimilar tudo o que havia acontecido comigo em um único fim de semana. Eu tinha muito o que processar.
Tentei me sentar na cama, mas senti meu corpo rígido.

– Não se mova.

A voz de Oliver me dá um susto. Não havia percebido que ele estava ali, sentado em um canto do quarto. Ele se aproxima com um sorriso leve no rosto, mas seus olhos estão escuros, sem brilho. Observo que ele está usando uma camisa branca com as mangas levantadas até os cotovelos, uma calça preta e social.

– Como está se sentindo? – pergunta ele ao sentar-se na beirada da cama.

– Como se tivesse sido atropelada por um caminhão depois de uma noite de ressaca. – falei, minha garganta estava seca e o gosto em minha boca era horrível, parecia que eu não escovava os dentes há um mês. – Por quantas horas eu apaguei? – perguntei à ele.

– Dois dias. – ele respondeu, a voz tão baixa que eu mal a ouvi.

– Dois dias?? – gritei, incrédula.

Oliver assentiu.

– Você estava muito cansada.

Assenti, era mesmo verdade.

– O que aconteceu depois que saímos de lá? – perguntei.

– Nós te trouxemos para cá. Eu chamei o Dr. Fitzgibors e ele te examinou. Você fraturou o esterno – Oliver falou em um sussurro. Senti um arrepio quando me lembrei do soco daquele homem –, ele te enfaixou e disse que você só precisava de repouso, que não havia mais nada a fazer.

Então era por isso que doía tanto para respirar.

– Eu nunca quebrei nenhum osso. – falei, tentando sorrir e deixar o ambiente mais leve. Oliver não me acompanhou.

– Não tem graça. – falou ele, olhando-me seriamente.

Meu sorriso sumiu. Oliver suspirou e então levantou-se.

– Está com sede? – perguntou ele, eu assenti – Vou pegar um copo d'água.

Logo que Oliver saiu, ouvi sua voz e a voz de mais alguém conversarem, não demorou muito para eu saber quem estava ali.

– Toc, toc. – Diggle diz na entrada do quarto, um sorriso de alívio em seu rosto.

– Oi. – eu digo, sorrindo também.

– Como você está? – pergunta ele, aproximando-se da cama.

– Bem. – eu digo – Só um pouco mole por dormir demais.

Ele riu.

– Você precisava se recarregar. – comentou ele.

Concordei com a cabeça e suspirei. Diggle percebeu minha reação.

– O que foi? – perguntou.

– Oliver – falei – ele não parece muito feliz.

John assentiu, seu sorriso desaparecendo também.

– Digamos que ele não aceitou muito bem o que aconteceu com você. – falou ele, sem encarar meus olhos – Ele se sente responsável.

Franzi meu cenho.

– Como assim? – perguntei – Isso não faz sentido. Eu sabia dos riscos.

– Ele não vê dessa forma.

É claro que não, penso.

Oliver entra no quarto novamente, antes que eu possa responder.

– Aqui está. – ele me entrega o copo.

Bebo tudo com vontade enquanto sou observada pelos dois. Assim que termino, Diggle dá a palavra.

– Bom, eu preciso ir para casa. Só passei para ver se você já tinha acordado. – ele sorriu para mim.

– Tudo bem. – falei, ele se aproximou e me abraçou levemente – Obrigada. – sussurrei em seu ouvido, ele assentiu quando se afastou.

Oliver acompanhou Diggle até a porta e depois voltou.

Suspirei com o silêncio entre nós, as coisas estavam meio estranhas ultimamente, mas eu queria deixar aquilo para trás.

– Obrigada. – falei, Oliver me encarou, parecendo surpreso.

– Por ter te colocado em perigo? – perguntou ele em um tom sarcástico.

Neguei com a cabeça.

– Não foi sua culpa. – falei, ele me olhou ainda mais incrédulo, mas eu não parei – Não foi mesmo. Eu sabia dos riscos, sabia do perigo. Eu fiz minha escolha.

Oliver estava lívido de raiva com minhas palavras.

– Não. – rosnou ele, passando as mãos pelos cabelos – Não mais.

Eu não estava entendendo.

– Oliver? – chamei enquanto o via tentar se concentrar, ele realmente parecia fora de si – O que quer dizer?

Ele respirou profundamente algumas vezes, eu estava começando a ficar nervosa, ele evitava contato visual comigo. Levou alguns minutos para que ele erguesse a cabeça e me encarasse. Senti um arrepio ao observar sua expressão dura, os olhos sem foco.

– Você não vai mais trabalhar para mim, Felicity.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora? Será que o Oliver tá tomando a decisão certa? Como vocês acham que a Felicity vai reagir com essa notícia? Comentem!
Gente, queria deixar aqui avisado que eu não tô conseguindo responder os comentários de vocês, mas assim que eu conseguir resolver esse problema, vou responder à todos viu, desde já eu agradeço pelas opiniões e pela compreensão de vocês.
Beijos e até o próximo capítulo!