Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 18
Consequências


Notas iniciais do capítulo

Ufa! Quase pensei que o nyah não ia voltar ao ar hoje kkkkkkkkk
Aqui está mais um capítulo. Gostaria de agradecer pelos comentários lindos de vocês à respeito do capítulo anterior, eu ri demais, vocês são os melhores leitores!
Também quero deixar registrado aqui a minha imensa alegria pela recomendação que a Quel fez. Abrir o site e dar de cara com isso é bom demais. Muito obrigada, flor!
Enfim, vamos ao capítulo.
ps: preparem-se porque a coisa vai acabar de um jeito... bom, leiam e vocês saberão. hahahah



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Eu tive um sonho estranho. Mais um para a lista.

Sonhei que tinha ido viajar com Oliver, que estávamos em uma missão secreta atrás de um livro misterioso. Que depois de termos concluído a missão, tínhamos saído para jantar e comemorar. E o sonho só ficava mais estranho, pois eu bebia doses de tequila como se estivesse tomando água. Dançava como uma maluca descontrolada e então, Oliver se aproximava e me tirava o fôlego com o beijo mais quente que eu nunca teria.

Foi aí que minha consciência voltou à superfície. Ao menos parcialmente.

Eu não fazia ideia de que horas eram, mas a claridade de meu quarto era bastante evidente. Minha mãe devia ter aberto as cortinas...

Abri os olhos, mesmo que à contra gosto; não conseguia ver um palmo à minha frente, meus olhos ardiam como o inferno e em minha cabeça parecia estar acontecendo um carnaval completo, o sangue pulsando em meu cérebro como se estivesse acompanhando as batidas de um tambor.

Meu rádio-relógio não tinha ligado automaticamente, então eu não devia estar atrasada.

Quando enfim meus olhos se adaptam à luz, meu coração para. Eu não estou em meu quarto, não estou sequer em meu apartamento.

Uma onda de lembranças invade meus pensamentos como um tsunami. A viagem, o leilão, o jantar, a festa, as doses de tequila... O beijo.

Passo a mão por meus cabelos, sem acreditar que tudo aquilo tinha acontecido de verdade. Mas o pior ainda está por vir, porque quando sento-me na cama e olho para o lado, encontro Oliver dormindo sereno e sem camisa.

Reprimo um grito enquanto pulo da cama, quase caindo de costas no chão.

– Meu Deus, meu Deus, minha nossa! – começo a falar coisas sem sentido para mim mesma enquanto continuo olhando para um Oliver capotado.

Não sei o que fazer. A vergonha está além do meu alcance. Devo estar em estado de choque, porque consigo me manter acordada, ao invés de desmaiar ou tentar me jogar da sacada do quarto, como eu sempre imaginei que faria se algum dia eu acordasse de ressaca e descobrisse que tinha um homem dividindo a cama comigo.

Oliver revirou-se na cama, o braço esquerdo passando por onde eu estava um minuto antes. Ele pareceu se dar conta de que não tinha mais companhia e abriu os olhos. Eu queria desaparecer dali, e me amaldiçoei internamente por não ter tentado escapar enquanto ele ainda estava dormindo.

– Hey. – Oliver falou quando me viu, um sorriso torto em seu rosto.

Não consegui responder. Eu ainda estava lutando para me manter sã.

Ele notou que eu não disse nada, e então me encarou mais sério.

– Está tudo bem? – perguntou ele, como se termos feito sexo na noite anterior não fosse nada demais.

Aquilo foi o que me despertou.

– Se está tudo bem? – repito, indignada – Você é louco? Você me arrasta até uma boate, me enche de tequila e me leva pra sua cama e ainda vem me perguntar se está tudo bem? Pois adivinhe, não está! – grito para ele.

Eu sabia que era meio hipócrita culpar ele por tudo, mas eu não estava em meu momento mais racional.

Oliver me encara surpreso, talvez até com medo de mim. Ele senta-se na cama sem falar nada; mas alguns segundos depois ele ri.

– Felicity, nós não transamos ontem à noite. – Oliver falou – Eu posso ser um canalha, mas nunca levei ninguém praticamente em coma alcoólico para a cama. Gosto de mulheres acordadas para se fazer esse tipo de coisa... – ele lança-me um sorriso malicioso.

Não tenho tempo para ficar vermelha. Só consigo me dar conta de que aquilo era verdade mesmo, eu ainda estava usando o vestido vermelho da noite anterior. Respirei fundo em alívio, tentando absorver o fato de que eu não tinha feito nada estúpido que pudesse me arrepender depois...

Aliás, eu não estava completamente certa. Oliver e eu podíamos não ter passado do ponto, mas ele tinha me beijado, com avidez, e eu tinha retribuído, com um desejo que eu não tinha percebido estar dentro de mim, mas que agora, depois do ocorrido, não desapareceria tão fácil.

Engoli em seco enquanto observava Oliver sair da cama. Ele usava apenas uma calça de moletom cinza, que caía perfeitamente nele, revelando a famosa curva que demarcava o início do caminho da alegria. Eu não conseguia parar de olhar para o abdômen dele, e meu rosto estava queimando por conta disso.

Desviei o olhar com muito esforço, minhas bochechas formigavam de vergonha, mas ele não parecia estar muito incomodado.

– Como eu vim parar na sua cama? – perguntei, tentando quebrar o silêncio constrangedor.

Graças aos céus Oliver colocou uma camisa, mas infelizmente ela era branca e modelava-se em seu corpo. Não fez muita diferença.

– Não me lembro bem... – diz ele – Mas acho que você estava muito bêbada, quase vomitando e eu não conseguia achar as chaves do seu quarto dentro da sua bolsa, então nós entramos no meu. Você correu para o banheiro e depois desmaiou na cama. – ele riu, os olhos perdidos na lembrança da cena – Eu também não estava no meu melhor estado para ir dormir no sofá, então usei o outro lado. – ele apontou para o seu lado da cama.

Alguns lapsos começaram a bombardear minha mente, coisas que eu preferia que a bebida tivesse me feito esquecer, mas estavam voltando à tona.

– Você não se lembra de nada? – pergunta ele, o olhar curioso.

Senti um arrepio ao me lembrar do beijo. Oliver não tocou no assunto, talvez ele não se lembre, e essa é minha deixa, minha chance de fingir que aquilo não havia acontecido.

– Não. – respondo, colocando minha melhor expressão de inocência – A última coisa de que me lembro é de você pedindo a conta no restaurante.

Oliver concorda com a cabeça, mas seus olhos estão desfocados, ele está pensando em outras coisas, a expressão séria. Demora alguns segundos, mas então ele volta a si e sorri, um sorriso divertido e genuíno.

– Eu também. – diz ele – me lembro mais de como chegamos na boate e saímos, o tempo lá dentro é um completo apagão na minha cabeça.

Sinto uma pequena pontada no peito ao ver que ele não se lembrava de ter me agarrado e me beijado. Uma parte de mim queria que ele soubesse, mas a outra parte só conseguia pensar que era melhor assim, que não tinha significado nada para ele e que eu deveria esquecer aquilo também.

Suspiro e lanço-lhe um sorriso leve.

– Acho melhor eu ir para o meu quarto. – digo, enquanto caço meus sapatos e minha bolsa.

Ele concorda, também sorrindo.

– Que horas partiremos? – pergunto.

– No fim da tarde. Pode descansar, eu aviso o horário certo depois.

– Tudo bem. Até mais. – digo e então saio pela porta.

Estou morrendo de medo de que a porta do quarto de Diggle se abra e ele me encontre naquele estado. Eu podia sentir que meus cabelos deveriam estar parecendo um ninho de pássaros. Por isso procuro rapidamente minha chaves na pequena bolsa, retiro-a, destranco a porta e entro rapidamente fechando-a logo em seguida.

Solto um suspiro enquanto me recosto na porta. Meu coração ainda está em um ritmo descompassado, e eu sei que é por conta de toda a noite anterior, não só pelo medo de ser vista por alguém.

Olho no relógio ao lado da minha cama perfeitamente arrumada; são 10:27 da manhã.

Corro para o banheiro afim de avaliar minha situação. E constato que não está tão ruim quanto eu imaginava.

Meu cabelo realmente está parecendo um ninho, os cachos embolados em um nó que iria me custar uns bons minutos para desfazer. Minha cara estava toda amassada, eu parecia uma muda de roupa velha que havia sido desenterrada do armário depois de anos. Pude ver meu reflexo ficar quase roxo de vergonha ao me dar conta de que Oliver tinha me visto naquele estado.

Tirei o vestido e a lingerie e deixei a água morna do chuveiro levar o cheiro de álcool embora. Era realmente uma pena que essa água também não levasse as memórias que eu não conseguia fazer sumirem de meus pensamentos.

As mãos de Oliver agarrando minha cintura, apertando-me contra ele, sua língua explorando a minha com uma fome e ânsia tão grande, tão selvagem e carnal. Minhas mãos que passearam por seus cabelos e seus braços enquanto eu o sentia em todos os lugares.

Eu estava sem fôlego só de lembrar. Mas então me dei conta de que só eu me lembrava daquilo. Oliver não. Não tinha significado nada para ele, era só mais um beijo.

Tentei me concentrar no banho, lavei meus cabelos duas vezes e então vesti um roupão macio que estava ao lado do box de vidro. Eram quase onze e meia quando saí do banheiro. Sabia que deveria pedir algo para comer, mas só a menção à algo em meu estômago o fazia revirar.

Escovei meus dentes e o cabelo, vesti a camisola rosa que minha mãe tinha insistido que eu levasse no lugar de meus pijamas de bichinhos; eu consegui levar um, mas prometi que usaria a camisola também. Bebi alguns copos de água para me manter hidratada e fui para a cama, mesmo com os cabelos molhados, não demorei a adormecer.

Acordei com algumas batidas insistentes na porta, fui até ela, esfregando os olhos para ver se acordava, e a abri.

Era Oliver.

– Oi. – eu disse, mas ele não respondeu.

Foquei meus olhos em seu rosto e então vi que ele estava olhando para minhas pernas. Que merda, eu estava de camisola. Eu nunca usava camisola, por isso não me dei conta de que estava seminua e não deveria atender à porta daquela maneira. Tentei me esconder parcialmente atrás da porta.

Oliver pigarreou, colocou os braços para trás e sorriu.

– Sairemos em uma hora. – avisa ele.

– Tudo bem. – digo com um sorriso.

Ele não diz mais nada, apenas acena e volta para o seu quarto.

Solto a respiração que eu nem havia percebido que estava prendendo. Fui até minha mala e vesti uma calça jeans, uma blusinha de alças e uma jaqueta preta, nos pés, coloquei a mesma sapatilha do dia anterior. Meus cabelos ainda estavam um pouco úmidos, então resolvi deixá-los soltos.

Ainda tinha muito tempo antes sairmos do hotel. Pedi uma salada de frutas, mesmo não estando com fome, a viagem seria longa então eu precisava me alimentar. Assisti à um episódio de House que estava passando em um canal nacional, agradecendo por existir a opção de idioma original. E depois terminei de arrumar minha pequena mala.

Eu não fazia ideia de que horas eram, procurei por meu celular na mala e na bolsa, mas não o encontrei. Comecei a entrar em pânico, imaginando que eu o havia perdido durante minha noite de bebedeira.

– Respire fundo. – falei para mim mesma.

Minha última esperança era que ele estivesse no quarto de Oliver, então fui até ele para ter certeza. Bati na porta duas vezes, achei que ele tinha saído e já estava voltando para meu quarto quando ele veio atender.

– Felicity? – chamou ele.

Voltei. Oliver estava sem camisa novamente, imaginei que ele estava se arrumando para sairmos.

– Oi – eu disse, meio sem jeito – acho que deixei meu celular no seu quarto, não consigo encontrá-lo...

Deixei o restante da frase inacabada quando vi que ele não estava sozinho.

Uma morena linda e esbelta apareceu ao seu lado, usando a camisa branca dele e o abraçando por trás.

– Quem é essa? – perguntou ela, os cabelos bagunçados no melhor estilo pós-foda.

Oliver parecia não saber o que dizer.

– Ninguém. – eu disse, com um sorriso bastante difícil de manter no rosto.

Não consegui esperar pela resposta de nenhum dos dois, voltei para o meu quarto com um aperto esmagador no peito, e o pior: sem meu celular.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai... Vocês não acharam que seria tão fácil, não é? kkkkkkkkkkk desculpa gente, mas esse otp é sofredor mesmo.
Vou postar o próximo como pov do Oliver de novo, pra explicar os motivos dele ter feito essa burrada no final...
Até quarta-feira!