Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 14
Sangue Frio


Notas iniciais do capítulo

Pra deixar as coisas um pouco mais leves, nesse capítulo teremos mais alguns momentos do Oliver ciumento que a gente adora. kkkkkkk
Aproveitem a leitura!



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Ser convidada pelo seu chefe para fazer parte de uma equipe investigativa que poderia colocar sua vida em perigo parece um bom enredo para um romance policial, que futuramente poderia ser adaptado para os cinemas. Eu podia até já imaginar a capa, os atores, tudo. Eu só teria que colocar muito mais ação à história do que na realidade era.

Se eu pensei que seria ação e adrenalina 24 horas por dia? Sim, eu pensei.

Foi ação e adrenalina 24 horas por dia? Nem de longe. A não ser pelos sustos que tomei quando não vi Sara se aproximar da minha mesa algumas vezes. Ela pareceu desconfiar, mas de cara achou que o motivo era algum namorado.

Duas semanas haviam se passado e nós mal conseguimos descobrir algo novo. O que claramente estava deixando Oliver cada vez mais irritadiço. Eu não podia culpá-lo, mas também não iria ser seu bode expiatório, então procurei me manter o mais longe possível de algum contato desnecessário com ele.

Claro que isso era um problema, porque agora estávamos trabalhando até depois do expediente. Exatamente como hoje.

– Ei, acho que consegui um nome. – Oliver diz, aproximando-se com alguns papéis.

Estávamos reunidos em seu escritório. Bem, eu e ele estávamos. Diggle teve que ir para casa por causa de uma emergência familiar.

– Abdam Erlack? – pergunto – Isso é árabe?

Tento me concentrar no que Oliver está tentando me mostrar, mas a verdade é que ele está tão próximo que eu consigo sentir o cheiro de seu perfume, que obviamente é muito bom, porque mesmo já estando noite, ainda era bastante marcante.

– Provavelmente. Mas veja – ele aponta para os nomes numa lista – a empresa que aparentemente faz a lavagem de dinheiro pode estar no nome dele.

– Mas você disse que aquela empresa havia desaparecido.

– Sim, mas ainda restam outros nomes da lista que eu havia feito, e esse cara aparece conectado com pelo menos três delas.

– Certo. – falei enquanto começava a teclar em meu computador.

– O que está fazendo? – Oliver perguntou enquanto olhava para a tela de meu notebook, ficando ainda mais próximo. Aquilo estava me desconcentrando mais do que eu queria admitir.

– Ahn... Vou colocar um firewall que rastreará qualquer documento, comentário ou citação que tiver sobre ele na internet. Se ele tiver uma foto marcada no facebook, eu vou saber.

Era tão bom estar de volta às minhas raízes de hacker. Me sentia em minha própria natureza novamente. Apenas um pouco desconfortável com a proximidade de Oliver.

– Quanto tempo isso pode demorar?

– Algumas horas... – falei.

Oliver suspirou e levantou-se, indo em direção à sua mesa.

– Bem, então acho melhor deixarmos o seu firewall fazer o trabalho sujo enquanto nós vamos para casa dormir um pouco.

Olhei em meu relógio. Eram 21:07 da noite.

– Posso fazer uma pergunta? – questiono, enquanto Oliver começa a vestir seu casaco e eu me levanto.

– Claro.

– Isso não vai contar como hora extra, vai?

Oliver ri.

– Não se preocupe, não vou explorá-la de graça.

Suspirei aliviada, o que só fez Oliver rir ainda mais. Pelo visto a pequena pista que ele havia descoberto era o bastante para deixá-lo mais leve.

Desliguei o computador da empresa, arrumei minhas coisas, vesti meu casaco, preparando-me para o frio lá fora.

Oliver e eu saímos na mesma hora. Não havia mais ninguém no 22º andar, então eu agradeci aos céus por ter a sua presença.

O elevador chegou e nós entramos. Tentei pensar em algo interessante para manter o silêncio distante e consequentemente não deixar o clima desconfortável.

– Então... – falei – eu estava pensando, e acho que talvez a gente deva guardar as informações em algum lugar seguro. Você sabe, algum lugar que ninguém desconfie e que nós possamos ficar. Porque com certeza em algum momento alguém pode se perguntar o motivo de estarmos fazendo hora extra quase todo dia.

Oliver parou por um segundo, pensando no assunto.

– Sim, é verdade, acho que você tem razão. Não tinha pensado sobre isso, mas é uma ótima ideia. Vou procurar por algo nos próximos dias.

Sorri com a receptividade que tive dele. Oliver pareceu querer iniciar outro assunto quando o elevador se abriu novamente, revelando um rosto amigável.

– Felicity!

Barry Allen entrou no elevador sorrindo ao me ver. Não pude deixar de sorrir na mesma proporção.

– Olá, Barry.

O elevador volta a descer.

– Fazendo hora extra também? – pergunta ele.

– É.

– Esses chefes não são nada fáceis. Eu tecnicamente não tenho um, mas imagino que pra você deve ser bem mais complicado, tendo que aguentar o todo poderoso...

Não sei por quê estou ficando vermelha, provavelmente é por saber onde aquela conversa vai parar.

Ouço Oliver pigarrear ao meu lado.

– Ei, acho que não fomos apresentados ainda. – Oliver interrompe Barry e estende a mão na minha frente, em cumprimento. Ele sorri, mas eu já o conheço muito bem e sei que aquele sorriso é uma máscara para a irritação que eu sei que ele está sentindo por dentro. – Sou Oliver Queen.

De repente o silêncio é tão grande que consigo ouvir cada engrenagem dos cabos de aço do elevador funcionando.

Olho para o rosto de Barry, que primeiro está branco como giz, depois, quando ele volta a falar, começa a ficar tão vermelho que eu me pergunto se não deveria procurar abrigo em algum lugar, pois imagino que ele está prestes à explodir de embaraço.

– Senhor Q-queen. É claro, claro, desculpe, eu não tinha visto o Senhor. – Barry o cumprimentou, e pelo visto teve a mão quase esmagada, pela maneira como ele flexionou os dedos depois de soltar a mão de Oliver. – Meu nome é Barry Allen.

– Prazer, Senhor Allen.

Finalmente o elevador chegou ao térreo. Eu estava prestes à sair quando Barry me parou.

– Ei, eu estou de carro... talvez você queira uma carona...?

Sorrio. Penso por um minuto; Barry não me parece ser um psicopata, aliás, sua personalidade é tão parecida com a minha que eu consigo quase sentir que ele está até nervoso, esperando por minha resposta.

– Na verdade, ela já tem carona. – Oliver intromete-se mais uma vez. Um sorriso malicioso.

Eu tenho?

Barry olha de Oliver para mim e novamente para Oliver.

– Ah, tudo bem. – ele diz.

Olho de cara feia para Oliver, mas ele não nota, aperta o botão para o estacionamento subterrâneo.

Penso em desmentir o que ele disse e aceitar a carona de Barry, mas então percebo que só vou deixar a situação mais estranha do que já está.

Finalmente o elevador para. Saímos os três.

– Então... eu vou para cá. – Barry apontou para a esquerda. – Acho que nos vemos por aí.

Sorri para ele.

– Sim, claro.

– Até mais. – falou ele – Até mais Senhor Queen, desculpe pelo mal entendido de antes...

– Tudo bem, Senhor Allen. – Oliver o respondeu sem muitos rodeios enquanto já ia em direção ao seu carro, alguns metros à frente.

Barry acenou e começou a andar, mas como na primeira vez que nos vimos, ele pareceu repensar e voltou.

– Ei, se você quiser sair qualquer dia desses...

Sorri.

– Claro, é, seria legal. – respondi, tão nervosa quanto ele.

Barry pareceu meio surpreso com a minha resposta. Mas logo travou uma pequena batalha para encontrar seu celular e entregá-lo à mim para que eu pudesse anotar meu telefone nele.

– Aí está. – falei, entregando-lhe o aparelho novamente.

– Certo. Então eu te ligo. – falou ele, rindo nervosamente.

Olhei para trás e vi Oliver observando-nos já dentro de seu Audi. Suspirei.

– Certo. Até mais, Barry. – acenei enquanto ia em direção ao carro preto.

– Até, Felicity.

***

– Por que você se ofereceu para me dar carona? – perguntei assim que Oliver estacionou em frente ao meu prédio.

– Porque eu não queria que você pegasse carona com aquele cara. – falou ele – Quer dizer, você nem o conhece direito, ele poderia muito bem ser um psicopata. Além do mais, eu prometi que não deixaria nada perigoso lhe acontecer.

Graças à Deus estava escuro o bastante ali para que Oliver não notasse o quanto eu estava vermelha.

– Barry não é um psicopata, mas eu agradeço a sua preocupação. – falei, enquanto revirava os olhos e tirava o cinto de segurança. – Bem, obrigada pela carona.

– Disponha. – Oliver sorriu. – Boa noite.

– Boa noite. – respondi.

Meu prédio era bonito e bem conservado, ficava bem localizado perto do centro principal de Starling, mas não era alto e moderno como a maioria dos prédios residenciais da região. Era pequeno e tinha 10 andares. Infelizmente eu morava no terceiro andar, e mais infelizmente ainda: não havia elevador.

Estava tão cansada que ter que subir os três lances de escada até meu apartamento pareciam uma tortura. Quando finalmente consegui chegar ao meu destino, meu coração, que estava pulando por causa do exercício, parou em um instante e depois retomou um ritmo mais acelerado, e não era por causa das escadas.

Era medo.

Um arrepio desceu por minha coluna. O pavor se alojou em meu estômago como uma bola, provocando uma sensação sufocante.

Olhei para a luz que vinha de dentro do meu apartamento; uma luz que eu tenho certeza de que não deixei ligada, já que saí de casa logo de manhã cedo e não retornei. Aproximei-me silenciosamente da porta e vi que ela estava entreaberta.

De repente uma sombra passou do outro lado. Senti o sangue fugir de meu rosto.

Alguém tinha entrado em meu apartamento, e ainda estava lá.


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Notas finais do capítulo

Quem será que está no apartamento da Fe? Será que é O Inimigo? Isso vocês saberão no próximo capítulo. :D
Gostaram do Oliver com ciúmes do Barry? kkkkkkk parece que algo está começando a nascer entre o nosso casal...
Próximo capítulo: domingo. Até lá!