Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 12
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Hey! Mais um capítulo postado! Espero que esteja à altura.



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A lápide de pedra parecia estranha com aquele nome nela. O sobrenome Queen tinha um peso tão grande e passava uma mensagem de poder tão alto por Starling City, que era estranho vê-lo gravado em uma pedra para demarcar o lugar onde um membro da família descansava em paz.

Eu observava Thea enquanto ela colocava um pequeno vaso de flores na frente da lápide. Ela permaneceu ali por alguns instantes e então se levantou e veio em minha direção. Seus olhos estavam inchados e seu nariz estava vermelho por conta do choro. O que era totalmente compreensível tendo em vista tudo pelo que ela passou nas últimas semanas.

– Obrigada por ter vindo me acompanhar, Felicity. – ela disse com um sorriso amável.

– Sem problemas. – respondi, esperei que ela se recompusesse e então perguntei: – Podemos ir?

Thea concordou com a cabeça.

Demos meia volta e fomos em direção à Diggle, que estava nos esperando ao lado do Mercedes.

Entramos no carro e seguimos em direção ao centro da cidade.

Não posso dizer que foi fácil entrar no Starling General Hospital com a quantia de repórteres, fotógrafos e câmeras que estavam postados ali. Os seguranças fizeram o possível para manter a barreira, mas era sufocante ser levada pela massa de pessoas chovendo perguntas insensíveis para Thea. Foi Diggle quem conseguiu controlar melhor a situação e nos salvou de sermos esmagadas por todos que estavam na entrada do prédio.

Seguimos para o 4º andar, as enfermeiras já estavam acostumadas com nossos rostos, assim como nós estávamos familiarizadas com o procedimento: passar pelos repórteres, sobreviver, entrar no prédio, pegar o elevador até o 4º andar, pegar o corredor à direita, quarto 320.

Thea abriu a porta já com um sorriso no rosto, a face desamparada que ela tinha no cemitério havia sumido.

Eu estava planejando ficar ali fora com Diggle, mas Thea me puxou pelo braço enquanto ordenava que John entrasse conosco.

Então entramos os três, Moira já estava lá, discutindo enquanto tentava convencer o paciente cabeça-dura à sair dali na cadeira de rodas.

– Eu levei um tiro, não quebrei as pernas. – Oliver falou, meio resmungão, mas então ele nos viu entrando e sorriu.

– Claramente ele está perfeito outra vez, já está reclamando como se tivesse 10 anos. – Thea falou enquanto dava um beijo em Oliver.

– Hey, Speedy. – Oliver falou, abraçando-a. – Onde estava? Pensei que não viria na minha festinha de despedida do Hospital.

Thea riu.

– Aproveitei que Felicity foi me buscar, e a arrastei para o cemitério. – disse ela em um tom leve, mas então baixou a voz e explicou – Fui visitar o túmulo do papai.

Oliver assentiu, era claro em seu rosto que ele ainda não conseguia falar da morte do pai.

– Obrigado. – Oliver falou para Diggle e para mim.

– Sério, Ollie, acho que você deveria dar um bom aumento para estes dois.

Todos riram, inclusive Moira, que permanecia calada.

– Parece que as Indústrias Queen não precisam mais se preocupar, o presidente deles é o Homem de Aço. – comenta uma voz da entrada do quarto.

Todos dirigem o olhar para o novo membro do grupo.

– Desculpe interromper, a porta estava entreaberta. – Tommy falou, parecia levemente envergonhado por ter a atenção de todos.

– Imagine, não é incômodo algum, Tommy. – Moira falou.

– Seria mais fácil se eu fosse mesmo o Homem de Aço. – comentou Oliver – Mas na verdade eu só sou um sortudo do cacete.

– Oliver! – Moira o repreendeu, todos riram.

Tommy aproximou-se e abraçou Oliver, que fez uma careta, fingindo dor, só para deixar o amigo nervoso, pois logo em seguida voltou à rir.

– Definitivamente ele está melhor. – Thea comentou.

– É claro que estou. Finalmente vou embora desse lugar.

12 semanas foi o tempo em que ele ficou no Hospital. Logo depois do ocorrido, todos achavam que mais um membro da família Queen estava prestes à ganhar um funeral. Mas Oliver foi forte, e estava certo, ele tinha mesmo uma tremenda sorte.

A bala passou à exatos 4 centímetros de seu coração e atravessou seu peito. Os médicos disseram que isso geralmente não acontecia, ainda mais com um tiro no tórax. Ele teve muita sorte de ela ter saído, pois impediu que houvesse hemorragia interna.

Ainda assim, a cirurgia durou duas horas, pois mesmo a bala tendo atravessado seu corpo, ela havia feito bastante estrago por onde havia passado.

A recuperação foi lenta e angustiante. Eu acompanhei tudo de perto, principalmente porque Moira havia assumido a Presidência temporariamente, mas se recusava a passar muito tempo no escritório, então ela me pedia para levar os papéis mais importantes para que ela assinasse lá mesmo, no Hospital.

Foi incrível ver como Moira e Thea lidaram com tudo de uma maneira tão forte. E quando Oliver acordou do coma induzido, as coisas melhoraram rapidamente.

E aqui está ele.

Nós já tínhamos tudo preparado. Criamos um esquema de seguranças que Moira exigiu ser muito bem treinado. Oliver e sua família sairiam pelos fundos em um SUV enquanto a Mercedes sairia pela frente, apenas para despistar os curiosos que aguardavam a saída dele.

Eu não tinha muito mais o que fazer ali. Oliver iria para casa passar algum tempo com a família, sem data prevista para retornar ao trabalho. Mas eu ainda iria voltar para a empresa.

– Vocês poderiam me dar um minuto? Preciso falar com minha assistente. – Oliver falou para todos.

Fiquei curiosa. O que será que ele iria falar?

Assim que todos saíram, o sorriso de Oliver instantaneamente transformou-se em uma expressão muito séria, ele aproximou-se tanto de mim que eu conseguia ver os pontinhos acinzentados de seus olhos, que foram direto aos meus, senti um nó no estômago, sua voz era apenas um sussurro quente.

– Felicity, preciso que você me traga todos os relatórios e documentos que eu tenho em um cofre no meu escritório. Eu vou te dar a senha, mas preciso que você mantenha isso em segredo. – falou ele, me encarando para ver se eu estava entendendo-o.

Na verdade eu não estava.

– Oliver, o que você...

– Shhhh, fale baixo. – ele aproximou-se ainda mais, eu podia sentir o calor de seu corpo tão bem quanto ouvia meu coração disparado. Aquilo era estranho. – Apenas faça o que eu estou pedindo, por favor. – disfarçadamente ele me entrega um papel dobrado, eu o escondo no bolso da jaqueta que estou usando.

– Ollie, nós estamos... – Thea entra no quarto novamente, pegando Oliver e eu próximos demais para uma conversa normal. Tentamos nos afastar, mas não há mais tempo. Ela sorri, desconfortável, sinto meu rosto queimar de vergonha enquanto Oliver apenas sorri descaradamente. – Ahn, desculpe, eu não...

– Não, não. Tudo bem. – falei enquanto me afastava ainda mais. – Eu já estava... de saída. Então eu vou sair, ir lá para fora, quer dizer, se eu vou sair eu vou ir lá para fora, não é, então... Estou indo.

Thea e Oliver apenas me observavam, claramente tentando não rir enquanto eu andava de costas em direção à porta, com o rosto provavelmente entrando em combustão e me atrapalhando com a palavras, como sempre.

Quando finalmente fechei a porta do quarto, consegui voltar à respirar.

– Está tudo bem, Felicity? – Tommy perguntou.

– O que? Ah sim, tudo bem. – falei, ainda nervosa – Desculpe, eu tenho que ir. – falei para ele e então fui em direção ao Diggle. – Preciso que você me leve para as Indústrias Queen no Mercedes.

Diggle concordou. Já que ele ia ter que usar o carro para despistar os fotógrafos, ao menos poderia aproveitar e me levar em algum lugar, certo?

Eu estava bastante curiosa para saber sobre o que aqueles papéis se tratavam, mas quando estava com eles em mãos, sentada no banco de trás do carro enquanto Diggle dirigia por uma rota alternativa para a Mansão Queen, não tive coragem de espiá-los. Me senti desconfortável com a ideia de tentar fuçar nas coisas privadas de Oliver, então eu não fiz nada, e quando cheguei em sua casa, apenas entreguei-lhe os papéis e fui embora.

Ele também não parecia muito propenso em me dizer sobre o quê tudo aquilo se tratava, então eu não insisti, mas fui para casa com a sensação de que, por sua expressão preocupada, os problemas poderiam ser um pouco grandes demais para que Oliver pudesse carregá-los sozinho.

***

– O que... Mas o que você está fazendo aqui? – perguntei, não conseguia acreditar que ele estava ali.

Encarei Oliver, incrédula. Estávamos na sala dele, eu havia acabado de chegar para trabalhar quando ouvi vozes vindas do local. Imaginei que pudesse ser Moira ou até algum acionista meio perdido. Mas ao invés disso, dei de cara com Oliver e Diggle, que estava ao seu lado, de braços cruzados; pensei em cumprimentá-lo, mas imaginei que isso pudesse destruir meu tom de voz "não acredito que você está fazendo isso".

– Eu trabalho aqui. – falou ele com sarcasmo na voz – Aliás, acho que sou seu chefe.

– Eu sei quem você é, não precisa me lembrar. – falei, internamente eu estava me perguntando como eu ousava falar assim com meu chefe, Oliver arqueou as sobrancelhas, claramente em surpresa, quase ri, porque foi praticamente cronometrado com a mesma expressão que Diggle fez. Mas ao invés disso, suspirei. – O que eu estou querendo dizer, é: o que você está fazendo aqui, uma semana depois de receber alta do Hospital? Você deveria estar descansando em casa!

– Lembra quando eu te dei aqueles dois dias de folga e você mal aguentou usar um deles? Então, a mesma coisa aconteceu comigo.

– Não, não aconteceu. – falei – Aquilo foi muito diferente. Eu não levei um tiro, não foi nem sequer o enterro de um parente meu, e eu não tinha uma mãe e uma irmã querendo passar um tempo comigo em casa.

– Você podia ter ido viajar e encontrar sua mãe e sua irmã ou irmão. – retrucou ele, a voz aumentando algumas oitavas.

– Eu sou filha única. – respondi, também nervosa.

– Certo, certo pessoal, vamos acalmar os ânimos... – Diggle entrepôs-se entre Oliver e eu.

Não havia percebido quão próximos estávamos, pelo visto nem ele havia notado.

Pigarreei.

– Sério, Oliver, você não deveria voltar assim, do nada.

– Nada é exatamente a palavra que eu usaria pra descrever o que eu ando fazendo todos os dias em casa. – reclamou ele – Aliás, Felicity, eu não estou pedindo permissão. Há 8 meses atrás eu jamais passaria mais do que dez minutos neste prédio, e hoje eu sei que preciso estar aqui. Tentaram me matar pra que eu não conseguisse voltar a esse lugar, e eu não vou deixar que tentem novamente sem que eu saiba quem é que está querendo acabar comigo.

– Espere... o que você está dizendo? Acha que pode descobrir o mandante da sua tentativa de assassinato? – Diggle perguntou.

– Você acha que alguém de dentro das Indústrias Queen pagou alguém pra te matar? – perguntei.

Oliver suspirou, pareceu ponderar sobre algo e depois finalmente falou.

– Eu jurei que iria fazer isso sozinho... Mas acho que não consigo mais enganar à mim mesmo. – disse ele, encarando tanto Diggle quanto a mim – Preciso da ajuda de vocês.


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Notas finais do capítulo

E assim nasce o Team Original: Oliver Diggle e Felicity! (uhuuuuul) kkkkkkkkk estão cheios de perguntas? No próximo capítulo vou poder responder algumas pra vocês...
Espero que tenham gostado do cap, não esqueçam de deixar um comentário, vou adorar saber como vocês estão reagindo à história.
ps: alguém aí entendeu a referência do número do quarto do Oliver? kkkkkkkkkk
Beijos e até quarta!