Trapaça escrita por Sara Carneles


Capítulo 1
Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Hey! Espero que vocês gostem desse primeiro capítulo. Ele vai ser um teste pra eu saber se devo continuar com a história ou não, então, se vocês gostarem, me deixem saber ok?Beijos e aproveitem a leitura!



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Tudo chegou contigo – noite tão gloriosa,
a que não se destinam os nossos sonhos; deixa-me partilhar do teu violento, longínquo encantamento uma parte da tempestade e de ti mesma, noite!

Ah, como resplandece o lago, um fosfórico mar,
e a chuva é impelida e abate-se sobre a terra!
Mais uma vez tudo é escuridão – e, agora, a alegria
das colinas sonoras freme com todo o excesso
que delas nasce como se fosse um novo cataclismo.

A Tempestade, Lord Byron

A assistente que fez a ligação para o meu número dois dias antes havia dito que a entrevista seria às 8 em ponto e que eu deveria tratar na recepção sobre os maiores detalhes do local.

Senti-me confortável na hora, na verdade, me senti totalmente confiante de que essa era minha oportunidade tão aguardada: uma chance de conseguir um bom emprego em uma grande Companhia.

Como tudo em minha vida, fiz meus devidos preparos para que nada pudesse impedir que eu chegasse atrasada à entrevista. Cronometrei cada minuto desde o instante em que meu celular despertou, exatamente às 6 horas da manhã.

Tomei um banho para me despertar por completo. Coloquei um vestido que eu já havia escolhido há dois dias, de corte reto, lilás e consideravelmente social para a ocasião.

Depois, pus uma fatia de pão na torradeira e esperei que ela chegasse ao ponto enquanto enchia um belo copo de suco para acompanhar, tomei meu café tranquilamente, e exatamente às 7 horas, estava saindo de meu apartamento rumo às Industrias Queen.

Era aí que começava o porém da história.

Depois que tirei meu pé para fora de meu apartamento, a única coisa que faltou acontecer foi eu encontrar, literalmente, uma tempestade no meio do caminho.

Bem, e de certa forma eu a encontrei.

Perdi o metrô que me levaria até – praticamente – a porta da empresa; então tive que ir de táxi, o que fez com que eu gastasse meus últimos trocados para pagar o motorista, que só conseguiu me levar até metade do caminho pois o trânsito na 59 com a 15 estava caótico, sem condições de que pudéssemos pegar um atalho à tempo de escapar dos outros carros que vinham logo atrás de nós.

No restante do trajeto, tive que ir a pé, desviando das massas que vinham em minha direção visando o sentido contrário ao que eu ia. Desejei que tivesse prendido meu cabelo como geralmente faço, pois já o sentia grudando em minha nuca por conta de meus passos apressados.

Graças à Deus já estava avistando a imponente fachada das Indústrias Queen do outro lado da avenida. Esperei que o sinal de pedestres ficasse verde e avancei.
Foi quando eu estava exatamente chegando ao outro lado que surgiu um Audi Preto e imponente freando bruscamente bem em cima de mim. Meu susto foi tanto que fiquei por um segundo sem sentir meu coração batendo; foi a voz enfurecida do motorista que me despertou.

– Olhe por ande anda, loirinha! – gritou ele enquanto saía do carro.

Por um momento pensei que ele estava descendo para querer alguma espécie de confrontamento, mas na verdade ele havia estacionado ali, exatamente em cima da faixa de pedestres, à 5 centímetros da minha perna direita. Ele deu a volta no carro e abriu a porta para uma morena que sorria feito hiena para os flertes dele. Não que eu a culpasse tanto, pois o cara era extremamente lindo, vestia um blazer de couro, calças cargo pretas que lhe serviam perfeitamente e óculos de sol que claramente eram mais caros do que o meu apartamento. Mas suas poucas palavras para mim foram o suficiente para que sua imagem física fosse estragada por sua personalidade ridícula. Eu nunca conseguiria me apaixonar por um tipo desses.

– Não. – eu respondi apenas alguns segundos depois – Olhe você por onde estaciona, babaca.

Ele me olhou por cima de seus óculos de sol, com uma expressão estranha e pouco amistosa enquanto eu desviava de seu Audi e continuava meu caminho de cabeça erguida, ainda sentindo meu sangue pulsando e minha respiração abalada, mas com meu orgulho intacto.

– Posso ajudá-la? – A atendente dirige-me um sorriso cordial, que eu retribuo.
– Tenho uma entrevista agendada para as 8 horas.

Ela assente e começa a teclar algumas palavras para o computador à sua frente.

– Nome?

– Felicity Smoak.

Mais alguns tecles e a resposta logo em seguida.

– Pegue o elevador até o 22º andar.

Sua resposta me pega de guarda baixa.

– 22º? Mas eu pensei que a vaga era para a equipe de TI...

– É o que diz aqui, Senhora. Pegue o elevador até o último andar e procure pela Senhorita Lance.

– Tem certeza?

A atendente já começava a se mostrar impaciente, assim como o homem que estava atrás de mim, pigarreando e tossindo sem parar, como se eu já não tivesse notado sua presença.

– Isso é tudo. – ela respondeu.

Suspirei.

– Certo, obrigada.

Dei as costas e segui em direção aos elevadores.

Ao chegar no 22º andar, me deparei com um espaço amplo e uma vista espetacular de toda Starling City, só não encontrei nenhuma secretaria ou assistente que pudesse me orientar. Decidi que seria melhor olhar os nomes nas portas até encontrar a tal mulher que faria minha entrevista.

– Senhorita Lance? – bati na porta enquanto colocava a cabeça para dentro da sala. Uma mulher loira estava sentada de costas para mim.

– Meu Deus, quem está me chamando de "Senhorita Lance"? – a voz indignada da mulher me deixou nervosa.

– Desculpe, achei que fosse você. – disse.

A mulher virou-se e riu.

– Acho que sou quem você está procurando. Felicity Smoak? – Incitou ela.

– Sim.

– Por favor, sente-se. – ela acena para o assento do outro lado de sua mesa. Eu me sento. – Está aqui para a entrevista, certo?

– Sim.

– Muito bem. Primeiro de tudo: nunca mais me chame de Senhorita Lance, é Sara, apenas Sara. – ela sorri e eu sorrio de volta.

– Entendido.

– Certo. Então Felicity, posso chamá-la assim? – ela pergunta, mas continua falando – Quais são suas experiências?

– Claro. Bem, eu acabo de me formar em T.I. pelo MIT, então, para falar a verdade no momento eu só tenho experiências em fazer entrevistas de emprego. – dou-lhe um sorriso forçado, envergonhada por não ter experiência alguma.

Ela assente e anota algo em uma folha, provavelmente já colocando minha primeira resposta como um ponto negativo.

As outras perguntas seguem o mesmo estilo clássico das entrevistas de emprego: objetivos para os próximos anos, por que escolhi as Indústrias Queen para me candidatar, o que eu poderia acrescentar para a empresa... Tudo muito chato, repetitivo e pouco animador. Eu já estava praticamente respondendo às questões no meu modo robô. Até que uma de suas perguntas reiniciou minhas engrenagens.

– Diga-me, Felicity. Você se considera uma pessoa responsável? Acha que consegue manter sua vida profissional totalmente distante de sua vida pessoal?
Nem precisei pensar à respeito.

– Eu lhe asseguro Senhori- ... Sara. Toda a minha vida está focada para o meu lado profissional, e não existe nada, absolutamente nada, que consiga me tirar deste caminho.

Ela me analisa por alguns segundos, provavelmente tentando avaliar minha sinceridade na resposta. Suspira, e dá seu veredito.

– Certo. Eu poderia dizer toda aquela baboseira de agradecer pelo seu tempo e lhe dizer que retornaríamos sua ligação... Mas a verdade é: eu preciso urgentemente de uma assistente. Sei que sua formação não é essa, mas ao que tudo indica você precisa do emprego e eu da vaga preenchida até o final da manhã. Então, eis que eu a ofereço à você. O que me diz?

Assistente? Realmente não é o que eu planejava, mas já é algo, penso. Além do mais, Sara não parece ser o tipo de chefe-pé-no-saco. Já é alguma coisa...

– Por mim tudo bem. – respondo.

– Excelente! – Ela sorri. – Vou precisar dos seus documentos. Você vai começar imediatamente.

Sua pressa me deixa surpresa. Ela me leva até uma mesa ao lado de uma sala grande e imponente que está vazia e começa a me dar detalhes de minhas responsabilidades. É tudo bastante simples: anotar recados, atender o telefone, agendar compromissos, servir café...

Mas o que me deixa inquieta enquanto ela narra meus afazeres, é o fato de que a minha mesa não é ao lado da sala dela, que fica do outro lado do andar, junto com outras pequenas salas; minha mesa fica deste lado, onde há apenas uma sala imponente – que eu presumo ser do Senhor Queen – e uma de reuniões, que fica logo ao lado e tem acesso através da sala principal.

– ... Alguma dúvida? – a voz de Sara me desperta.

– Apenas uma confirmação: a vaga de assistente não é para você, é?
Ela ri.

– Por Deus, não! É para o Sr. Queen.

Como eu imaginei. Será que eu consigo? É uma grande responsabilidade, ser assistente do presidente da empresa, mas não deve ser um grande desafio, certo?

– Algum problema...?

Percebo que estou parada em frente à Sara enquanto estou avaliando os prós e contras da situação; fico vermelha de imediato.

– Não, desculpe. – respondo.

– Realmente não há nada com que se preocupar. Tenho certeza de que seu profissionalismo, como você mesma citou, a impedirá de – Sara faz uma pausa rápida e então ergue dois dedos no ar em sinal de aspas quando termina a frase – "cair em tentação".

Ela ri, mas eu não entendo sua piada. Afinal, por que eu "cairia em tentação"? Pelo que me lembro o Sr. Robert Queen é um homem de certa idade, casado e com dois filhos.

Ah não ser que...

– Loirinha!

Antes que meu cérebro conseguisse terminar seu raciocínio, meus ouvidos notaram a presença de uma terceira – possivelmente uma quarta também – pessoa no local. Estou de costas e não quero me virar, pois sei muito bem quem está atrás de mim.

– Felicity, deixe-me apresentá-la ao seu novo chefe: Senhor Queen. – Sara o apresenta enquanto eu lentamente (e com muito esforço) viro-me para encará-lo.

E aqui está ele – para minha surpresa, não mais acompanhado da mulher com riso de hiena – , todo sorrisos, ainda com seus óculos de sol e sua aparência nada condizente com o local de trabalho.

– Por favor. – diz ele enquanto retira os óculos e revela um par de olhos azuis desconcertantes que se dirigem diretamente aos meus – Pode me chamar de Oliver.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não esqueçam de deixar um comentário, hein hahahaha