Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 9
Soldado Blake.


Notas iniciais do capítulo

Esse cap não tem ação, foi mais pra explicar algumas coisas. Mas o próximo vai ter u.u



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Era em horas como aquela que Bellamy se perguntava se ele era idiota demais para não pensar em coisas assim, ou ela que é anormal.

Ele chegou a conclusão de que Clarke é anormal.

— Fale minha língua, Clarke.

— Talvez e, apenas talvez, essa névoa ácida tenha sido criada por alguém ou alguma coisa.. Mas é meio impossível que sejam os nossos "vizinhos" terrestres, não acha? – ela deu de ombros, observando o sol nascer, enquanto andava. – Falando nisso, o que descobriu em Tondc?

Bellamy ainda mantinha fresca na memória as crianças na vila e as minas que eles pôs na entrada do lugar. Naquele dia, os terras-firme pareciam assustados. E falavam sobre uma... "comandante Anya".

— Parece que uma mulher os comanda, acho que seu nome é Anya. Eles falaram algo sobre "ceifadores", eu não faço ideia do que seja. Eles têm sua própria língua, por isso, não descobri muita coisa.

— Isso é o suficiente. Temos que falar disso mais tarde. – Clarke murmurava coisas, baixinho.

Ela queria encerrar o assunto. Ela queria falar sobre a noite de ontem, queria perguntar a Bellamy o que ele sentira em relação aquilo. Mas, como sempre, não foi isso o que ela fez.

— Como está a perna? – ele perguntou.

Eles estavam chegando perto do acampamento, em algum lugar próximo ao lago, e o tempo parecia se fechar. O vento assoprava forte em seus ouvidos, mudando o curso da água e balançando as folhas das árvores sobre eles.

— Dá para suportar. A atadura ajudou muito, obrigada. – ela sorriu e mudou a sua direção para a pedra do lago. – Podemos parar no lago? Tudo que eu preciso agora é de um banho.

Bellamy assentiu, ainda segurando a arma, por mais que não houvesse nenhuma ameaça ali.

Clarke se afastou, sentando sobre a pedra do lago e tentou ignorar o péssimo tempo. Ela juntou a água na mão, em forma de concha e deixou que ela limpasse o sangue seco de seu ferimento, jogando a cabeça para trás. Assim que ia tirar sua calça, reparou que Bellamy ainda a olhava fixamente. Clarke franziu o lábio:

— Hã... Importa-se em se virar, Bellamy? Só por um tempo?

— Deve achar que eu sou um pervertido. – ele sorriu, levantando as mãos, como se estivesse rendido, e se virou.

Ela sorriu e mergulhou na água escura. A água gelada parecia fazê-la se esquecer de todos os problemas, e dores. Ela queria ficar ali no rio e nunca mais voltar a se preocupar com nada, mas é óbvio que... não.

O tempo se fechava cada vez mais e a chuva começara a cair, vagarosamente. Uma tempestade estava a caminho.

Clarke saiu do lago, relutante.

Agradeceu a si mesma por ter matado a cobra, que os atacou no primeiro dia na Terra. Clarke se lembrou de quando pulou na água para salvar Bellamy... Aquilo parecia ter sido há tanto tempo, era quase inacreditável que havia se passado apenas um mês.

— Clarke, já acabou? Temos que ir antes que chegue a tempestade. - Bellamy recarregou sua pistola.

— Vamos. - Clarke arrumou sua jaqueta contra os ombros.

(X)

Depois que Bellamy deu os pontos necessários na sua ferida, e saiu para resgatar mais armas no pequeno arsenal, Clarke decidiu que ficaria na nave, arrumando suas tendas e tudo que deixou fora do lugar.

Bellamy estava relutante em deixá-la sozinha, em plena tempestade, mas não era bem uma escolha. A verdade é que aquela ideia de "ceifadores" não saia de sua cabeça. O que eram? Ele imaginou que, se os ceifadores são temidos até por um terra-firme (que pertence a um grupo com milhares de pessoas, que sobreviveram por 97 anos)... quem eram Bellamy e Clarke para eles?

Ele resolveu que iria esquecer isso. O medo não o ajudaria em nada, as armas iriam. Ele pegou quantas conseguiu e pôs todas em um lençol, que jogou por cima do ombro. Tentando ignorar o medo, a chuva e todos os pensamentos negativos, e voltou ao acampamento.

.

Na mesma hora que Bellamy chegou, ele decidiu não tê-lo feito. Clarke estava de braços cruzados sobre o peito, na porta da nave. Uma expressão furiosa tomava conta de seu rosto. Ela segurava um objeto, um...rádio?

— Bellamy, me diz que isso não é o que eu estou pensando. – ela aumentou seu tom de voz, a medida que o garoto passou por ela, colocando as armas no chão da nave. – Me diz que você não foi idiota o suficiente para quebrar o rádio?

Bellamy congelou assim que viu o rádio. Antes de ele sair da nave, ainda no primeiro dia na Terra, ele precisava garantir que Clarke não conseguiria falar com ninguém da Arca. Já que a garota se recusou a tirar a pulseira, o rádio parecia uma boa alternativa. Só que o Bellamy que desceu na terra nunca teria feito isso, se pensasse do mesmo jeito que o Bellamy de agora pensa. É confuso, mas é verdade.

— Eu vou explicar. Se você puder se acalmar...

— Não, eu não posso! – ela jogou o rádio no chão, furiosa, seus fios ainda estavam cortados. – Eu não consigo acreditar nisso...Durante todo o tempo que eu tentava te proteger, e garantir que ficasse vivo, você estava preocupado se eu ia te entregar a Arca?

— Eu nem conhecia você, Clarke.

— Não interessa, Bellamy. Você faria isso com qualquer pessoa? Sabia que aquela espada poderia ter acertado meu peito? E se eu precisasse de socorros? Como é que você faria, Blake? Iria simplesmente pôr a minha vida, ou a de qualquer um, em risco, só para assegurar os seus interesses? Isso só prova que você é um monstro.

Bellamy odiava ver Clarke desse jeito. Odiava ainda mais quando sabia que ele era a causa. E aquilo que ela disse... Essas palavras doíam muito mais quando ela falava com tanta mágoa em sua voz, principalmente porque a opinião dela era a única que importava para ele.

— Achei que você não pensasse assim, Clarke. - ele engoliu em seco, ignorando a vontade de desabar ali mesmo.

O problema não era só o rádio idiota. Nunca foi esse. O problema era que Bellamy não pensou nela, nem na sobrevivência dos dois, quando teve a chance de fazê-lo. Ele sempre fazia as coisas sozinho, sempre achava que só daria certo se fosse ele por ele.

— Não pensava! E-e isso foi antes de...olhar para você de um jeito diferente. Mas, acho que isso não importa mais. Porque está claro que, para você, eu não significo nada. - ela mordeu o lábio até sentir o gosto de sangue.

Aquilo não era verdade. Não era, nunca seria, e Bellamy sabia disso. Ele sabia que ficaria tudo bem depois daquilo, porque ele precisava dela. Bellamy se odiava por isso, mas ele precisava dela.

— Clarke, você não tem noção do quanto é importante para mim. - ele respondeu, sem saber o que dizer. - Então, quer saber? Pode gritar, me odiar, e fazer qualquer coisa, isso não vai mudar nossa situação e muito menos o que eu sinto por você.

Ele não tinha a intenção de fazer aquilo parecer um deboche, estava longe de ser. Tudo que ele sentira por ela nos últimos tempos, foi posto para fora. Não da melhor maneira e na melhor ocasião, mas era un começo.

Porém, Clarke era orgulhosa demais para concordar com ele. Seu orgulho vinha primeiro que tudo. Ela se virou, bufando, e, antes que ela chegasse até a porta, Bellamy segurou seu pulso:

— Onde acha que vai?

Ela puxou o braço, revirando os olhos:

— Preciso ficar sozinha. Será que eu posso ou tenho que pedir autorização ao soldado?


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Notas finais do capítulo

Ia fazer o beijo deles aí, mas...vai demorar mais kkkkkk