Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 7
O vilarejo.




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Do andar de baixo, Clarke só ouvia o que parecia ser um chicote entrando em contato com a pele do terra-firme, e seus gritos.

Para que ela não ficasse vendo aquilo, Bellamy pediu que Clarke verificasse o que o terrestre vinha carregando, mas não era como se tivesse algo de realmente interessante. Pequenos frascos, com uma substância clara, um mapa da floresta (que não estava em sua língua) e só.

A folha encardida não esclarecia muita coisa sobre os desenhos. Mas ela reconheceu um ponto. Era o “acampamento improvisado” da nave, que estava desenhado ali. Dois pontos pretos, provavelmente Bellamy e Clarke, foram colocados no interior do muro.

Clarke se esforçou para ver as letras borradas. Longe da nave, havia o que parecia ser um vilarejo desenhado, com algumas casinhas desenhadas. Seu nome era...Tondc.

Vários outros vilarejos como Tondc se espalhavam pelos cantos da folha.

Um único ponto preto fora colocado no meio da floresta, não muito longe de onde Bellamy e ela estavam. O que aquilo significava? Seria a “base” dos terra-firme?

— Quantos são?! - ela ouviu um grito de Bellamy, seguido de mais uma chicotada.

Isso estava indo longe de mais.

Clarke subiu as escadas e, assim que chegou ao segundo piso, ficou horrorizada.

O terra-firme estava preso na parede, graças as correntes, usava apenas uma calça. E o seu rosto, pelo menos Clarke achava que era um rosto, estavam completamente deformado. Além disso, várias rasuras sangrentas ficaram em seu peitoral.

Seu sangue estava espalhado por todo o piso.

Ela olhou para Bellamy e para faca em sua mão, incrédula. Como ele pode fazer isso com tanta frieza? Como ele pode machucar pessoas assim, como se fossem bonecos de pano? Sem nem olhar em seus olhos antes?

— Eu disse que não era... - ele ia começar a falar alguma coisa.

— Shh. Cala a boca e olha esse mapa. – Clarke estendeu o papel encardido. – Percebe esse ponto preto? Talvez seja o lugar onde os terrestres fiquem. E esses vilarejos... O mais próximo de nós é chamado de Tondc.

O terra-firme se agitou ao ouvir o nome da vila. Clarke franziu a testa.

— O que sabe sobre Tondc?! – Bellamy perguntou, apontando a faca para sua garganta.

— Não! Temos que tentar negociar. – Clarke se ajoelhou próximo ao terra-firme e apontou para o mapa, especificamente o ponto preto. – Essa é a sua base? É de lá que vocês vêm? Você poderia levar uma mensagem para seu líder? Eu...

Então, o terra-firme cuspiu uma mistura de sangue e saliva no rosto de Clarke.

E foi aí que Bellamy se irritou. Ele atirou a faca em seu estômago do e, assim que ela se cravou em seu corpo, ele parou de se mexer.

— Não! Por que fez isso? – Clarke assustou-se, de olhos arregalados, e limpou o sangue do rosto. – Ele seria útil.

— Não, não seria. Não acho que eles falem nossa língua. – Bellamy desabou no chão, os nós de seus dedos estavam doloridos de tantos socos que dera e sua cabeça doía. E, como sempre quando sua cabeça doía, sua mente começou a trabalhar.

Tudo o atingiu como um raio. O mapa...O ponto preto desenhado...os vilarejos...Tondc...Armas...A roupa do terra-firme morto...

— Clarke, as roupas do terra-firme. Pegue-as. – ele pediu, segurando o mapa. Seus olhos famintos percorriam a folha, como se ela fosse se transformar num monstro. – Tenho um plano.

— Espero que seja bom. – Clarke suspirou, curiosa.

— Não. Na verdade, é péssimo. - ele admitiu. - Mas...É tudo que temos. Vou pegar as roupas do terra-firme, entrar em Tondc, ver quantos são, suas armas...Como vivem.

A loira não levava a menor fé no plano. Ela percorreu a mão pelo rosto, preocupada:

— E se eles forem poucos? Se cada um conhece cada um, seria questão de tempo até que identificassem um intruso.

— Então eu deveria rezar. – ele deu de ombros, colocando as roupas do terrestre. – Eu vou sozinho, mas preciso que faça algo. Se algo der errado, vou precisar de um caminho rápido para chegar aqui. Consegue marcar um tipo de trilha pela floresta? Marque com algo claro o suficiente para mim, mas que não chame a atenção deles, de dois em dois metros, até o lago. Depois eu me viro.

Clarke assentiu:

— Ótimo. Mas, eu não vou ficar aqui, provavelmente os terra-firme virão. Preciso andar pelo norte da floresta, montar acampamento, se precisar. Nos encontramos em alguns dias, entendeu?

Bellamy concordou e saiu da nave.

Ela não queria ir. Queria abraçá-lo, dizer alguma coisa como despedida, caso não tivessem mais uma oportunidade, ela queria fazer tudo aquilo e dizer o quão importante ele estava se tornando... Mas não soube como ele reagiria, então esqueceu essa ideia.

Bellamy passou um pouco de terra no rosto e nos braços, a fim de ficar parecido com os terra-firme, e cruzou o muro.

— Ah, e, Clarke... – ele se virou para ela. – Toma cuidado.

Ela acenou com a cabeça e, quando Bellamy já estava a uma distância considerável, ela pensou de novo:

— Bellamy, espera!

Blake se virou novamente, franzindo a testa levemente. Clarke andou até o garoto e o abraçou, forte, como se fosse a única e última vez. Ela se inclinou e encostou os lábios em sua bochecha:

— Boa sorte.

Ele sorriu, trocando com ela um olhar significativo, e seguiu seu caminho.

(X)

Clarke decidiu marcar o caminho com flores.

Considerando que naquela parte da floresta não havia flores, ela pensou que Bellamy poderia entender o que significavam. Na verdade, ela estava torcendo para isso.

Era muito arriscado. E se houvesse algum tipo de identificação para cada terra-firme, assim como na Arca, que usavam identidades? O que Bellamy faria, se ele tivesse que correr, no meio de várias armas apontadas para sua garganta?

Ela tentou parar de se preocupar, Bellany saberia se cuidar por uns dias. Ele tinha que saber.

Ela colocou mais uma flor perto de uma árvore.

A mochila parecia ficar mais pesada a cada minuto em suas costas e frio fazia um caminho doloroso por sua colona, mas ela não podia descansar agora. Precisava terminar a trilha de flores até o lago, e só então chegar até um lugar seguro para passar a noite.

Dois dias depois...

Bellamy se abaixou atrás de uma moita, no momento perfeito.

Ele havia observado o vilarejo durante todo o dia, e ficava mais impressionado cada vez que via alguém. Não tinha nada de muito luxo ali, as casas eram feitas com ferro e pedaços de madeira. Literalmente, o lugar foi deixado aos ratos.

Ninguém reconhecera Bellamy, nem o olharam estranho. Não o pararam para conversar, mas, até isso era considerado uma boa sorte naquele momento.

Durante a manhã, algumas crianças trabalhavam na terra, mulheres ficavam em uma barraca (que parecia ser o lugar onde guardavam a comida), e os guerreiros treinavam com suas armas.

Durante a noite, todos foram para casa. E apenas quatro guardas estavam a posto.

Bellamy não queria ter que fazer nada. Ele não queria atacar um lugar onde crianças e homens desarmados andavam tão livremente, ele não queria se sentir um monstro novamente.

Mesmo assim, ele gostava da sensação que aquilo proporcionava. Ele gostava de se sentir poderoso durante uma luta e realizado quando ele ganhava.

Mas ele veio preparado. Bellamy colocaria algumas minas na frente do lugar, provavelmente perto da casa de onde guardavam comida, na saída, e talvez na floresta.. Ele daria um jeito de atrair os guardas para a entrada, e aí sim teria que correr pela sua vida.

(x)

Depois que as minas foram plantadas e dois dos quatro guardas estavam mortos, Bellamy estava pronto para chamar a atenção dos terrestres. Ele jogou uma pequena pedra entre as moitas da entrada, evitando qualquer contato que ela pudesse ter com as minas.

De repente, os guardas pareceram alerta com alguma coisa. Eles olharam para algo acima deles, algo que estava entre as árvores. Até que Bellamy viu algo que parecia ser névoa, uma névoa que simplesmente consumiu o terra-firme e o fez se contorcer de dor.

Arregalando os olhos, Bellamy correu muito mais que podia, enquanto a névoa se aproximava cada vez mais.

Ele precisava procurar por Clarke.


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Notas finais do capítulo

Oq acharam do capítulo? ;) Deixem um review
Kisses :3