Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 19
A Estranha




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Dois meses depois

Bellamy estava se tornando a pior versão de si mesmo de novo.

Assim que chegou à Terra, sabendo que teria que matar Clarke, ele assumiu a postura de uma verdadeira criança. Um garotinho birrento, que era sempre grosso e extremamente agressivo. Quando ele se apegou à ela, assim que eles começaram uma coisa, a criança deu lugar a um homem. Um homem que daria a vida para salvá-la.

Mas, agora que ela foi embora,... Ele dormia com qualquer garota no acampamento, bebia demais e arrumava uma briga com qualquer um para descontar sua raiva sempre que podia. Aquele era o velho cara tomando conta dele de novo. E Bellamy realmente odiava aquele cara.

Além disso, ele se tornou o líder dos 100. O que foi uma catástrofe, nos primeiros dias, já que as crianças eram completamente inexperientes com qualquer tipo de arma ou bomba.

Ao menos uma mecânica, Raven, desceu num foguete, dias depois deles. Bellamy e ela tiveram seus problemas no começo, mas ela ajudou muito no crescimento do acampamento. Eles não seriam o que eram agora se Raven não tivesse descido.

Depois de passar o dia trabalhando na defesa, ele estava tão cansado que poderia dormir sobre sua "mesa" de trabalho (que, na verdade, era um tronco). Fez mais uma de suas visitas à floresta, procurando por Clarke, sem sucesso.

— Você não pode sair do acampamento durante a noite. – Bellamy segurou no braço de uma garota, que ele sequer sabia o nome, a impedindo de cruzar o portão.

Ela sorriu, chegando mais perto:

— Achei que eu podia ir aonde quisesse.

Ele revirou os olhos, percebendo que ela tinha armado aquela ceninha toda apenas para chamar sua atenção:

— Se você quiser acabar com uma lança atravessada na cabeça e uma flecha no peito... Vai em frente.

A garota deu um passo para trás, chocada com sua naturalidade ao falar aquilo. Octavia se aproximou dos dois, quase incinerando Bellamy com o olhar.

— Sam, me desculpa, meu irmão só está cansado. Não é, Bellamy? – a Blake interviu, puxando-a para longe do irmão. Assim que guiou a tal de Sam de volta para tenda, foi até Bellamy, fazendo careta. – O que tem de errado com você? Tem que ser tão grosso com todo mundo?

— Tenho. Não é culpa minha se vocês agem como adolescentes mimados, como se tudo isso fosse uma grande brincadeira. Pessoas estão morrendo, Octavia, e, vão morrer cada vez mais.

Ele entrou em sua tenda e se jogou na cama. A irmã o seguiu, ficando de pé, e cruzando os braços:

— Isso não é só sobre nós, não é? Preocupado com a garota?

— Como sabe da Clarke? - ele arregalou os olhos, percebendo que nunca disse nada sobre a loira para ela.

— Não sabia. Mas sempre tem uma garota. E, agora que você disse, sei o nome dela. – ela sorriu, se sentando ao seu lado na cama. Ele bufou. Truque velho. – O que rolou entre vocês?

A verdade era que nem Bellamy sabia como descrever o que tinha acontecido. Eles eram namorados, ou qualquer coisa do gênero? E quando ela foi embora, eles supostamente terminaram? Não fazia sentido terminar uma coisa que nunca começou oficialmente.

Ele balançou a cabeça:

— Eu só... Só me apeguei à ela rápido demais. Mas ela está morta agora e não é nada que não possa ser desfeito.

Aquelas palavras fizeram um buraco em seu peito. Porque ele sabia que elas não tinham nem um pouco de verdade. O que ele teve com a Clarke, mesmo que fosse em pouco tempo, jamais esqueceria.

Ele ainda estava no processo de aceitar que ela estava morta. Não havia nenhuma outra explicação: Clarke nunca mais voltaria. Estava morta e isso era tudo culpa dela. Na melhor das hipóteses, ele só podia esperar que ela tivesse morrido de fome, frio ou sede, e não foi caçada por nenhum terra-firme.

— Bem, eu... Sinto muito por vocês.

Com isso, Octavia saiu da tenda, o deixando sozinho.

E, como sempre acontecia quando ele estava sozinho, ele começou a pensar. O que seria de todo mundo no acampamento, amanhã? O que Bellamy faria amanhã?

Ele não se via como um líder, um líder que coloca as necessidades dos outros à frente das suas. Tudo que ele queria fazer era manter Octavia segura, e acabou quase matando Lincoln, o cara que salvou a vida dela, neste processo.

Agora que Raven consertou o maldito rádio, era apenas questão de tempo até a Arca descer. E, assim que o fizessem, assim que a primeira pessoa pisasse na Terra, Bellamy estava morto. Porque, por mais que a ferida que a bala fez em Jaha fosse superficial, como Raven disse, ninguém o perdoaria por ter atirado no Chanceler.

Às vezes, ele só queria perder esse posto. Ele só queria que não tivesse que tomar essas decisões, que resultavam em dezenas de mortes todos os dias. E, mais de uma vez, ele se perguntava se valia a pena continuar lutando.

Mas, então, ele se lembrou do rosto dela. De onde quer que Clarke estivesse, ela ia querer que ele continuasse. E ele iria continuar, não só por ela, mas por Octavia, pelo grupo de delinquentes que acabou se tornando o seu povo e sua família... Ele não tinha mais a opção de desistir.

(X)

— Bellamy, precisamos de você. – Octavia disse, entrando em sua tenda.

Ele esfregou os olhos, sonolento. Não conseguiu dormir a noite toda e só sossegou dentro da tenda quando passou um tempo da madrugada na floresta, como vem acontecendo desde que sua princesa foi embora.

— Vocês sempre precisam. – ele disfarçou a armagura na voz com um sorriso. Ele esperava que o sorriso não tivesse saído tão forçado quanto realmente era. – O que foi agora?

— Finn trouxe uma terra-firme para o acampamento. Está ferida e queimando em febre. Isso pode ser um problema, ela pode estar infectada com aquele vírus. Uns garotos a levaram até a nave, o que vamos fazer?

— Finn é um idiota. Quem ele acha que é para trazer alguém, principalmente uma deles, sem me pedir? – ele revirou os olhos. – Vou até lá depois.

Ela percebeu que ele não iria lá de verdade, então insistiu:

— Espera... Olha, Sayer e os garotos querem matá-la. Eu não acho que seja necessário, nem sabemos quem ela é.

— Esse é exatamente o ponto. Não sabemos quem ela é. Pode ser um perigo para nós depois. O que eles querem fazer não é problema meu. – ele disse, vendo o terror percorrer o rosto da irmã. – Olha, se ela é uma estranha, pode nos oferecer respostas.

A Blake cruzou os braços:

— Deus, ainda sabe falar com as pessoas, certo? Podemos simplesmente perguntar.

— Eu vou. Mas, se ela não colaborar... Eles podem fazer o que quiser. – ele afirmou, colocando uma adaga em seu coldre.

Os dois cruzaram o acampamento inteiro, enquanto os outros continuavam trabalhando. Hoje eles se dividiram em grupos. Um grupo reforçava as barreiras; o outro procurando por comida; e uma pequena parte procurava por alguma coisa que Raven pudesse usar para fabricar mais munição.

Octavia segurou em seu braço, antes de eles subirem a escada, que levava ao segundo andar da nave.

— A loira está muito fraca. Seja lá o que você vai fazer, tente ser o menos "Bellamy" possível.

Ele franziu a testa, sentindo seu coração bater mais rápido:

— L-Loira?

Ele se virou, subindo as escadas como se sua vida dependesse daquilo (e meio que dependia). Bellamy subiu aos tropeços no segundo piso da nave e tentou ver a garota que estava no meio de todos os caras. Assim que chegou, o coração de Bellamy parou de bater por alguns instantes.

Não era uma deles.

Era Clarke.


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Notas finais do capítulo

:)