Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 17
Sua Princesa


Notas iniciais do capítulo

Voltei :3
Desculpa pela demora, deu umas treta louca aqui, mas já tá tudo normal e vai sair mais um capítulo já já ;)
Beijos :*



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Depois que os outros três terras-firme foram mortos, Clarke enfrentou outra batalha: levar Bellamy para casa. Ele conseguia ser mais teimoso que ela algumas vezes e usava isso contra ela.

— Temos que ir até a nave. - ele reclamou, quando ela o ajudou a levantar. - Eles podem chegar antes de nós. Octavia pode estar lá. Clarke, por favor.

— Não me faça terminar o serviço deles em você e quebrar seu braço de vez, Bellamy. Nós não vamos sair no meio da noite. - ela retrucou, colocando um braço na cintura dele e passando seu braço pelo ombro. Os dois começaram a se mover lentamente. - Tenho que cuidar desses machucados antes que infeccionem.

Os dois andaram até o lago, já que precisavam de água. Ela ainda tinha que saber se ele estava cortado por alguma lâmina enferrujada, ou algo assim, e era impossível saber aquilo no escuro. Alguma luz ainda era transmitida à eles, por causa da radiação na floresta, o que deixava tudo um pouco mais fácil, mas ela ainda não podia enxergar muito mais que seu rosto.

Então, eles encheram o cantil e continuaram a caminhada

.

(X)

Eles chegaram na loja de artigos de arte pouco tempo depois. Não demorou muito para descobrir que Bellamy estava pior do que ela pensava. Cortes se espalhavam pelo seu rosto, uma ferida não cicatrizada foi reaberta e ele estava quente. Realmente quente, sem trocadilhos, como se estivesse com febre.

Clarke rasgou um pedaço da blusa e, depois de umedecer um pouco, passou pelo seu rosto. Teve que limpar o corte reaberto, o que provavelmente ardeu, já que ele cerrou os dentes.

— Desculpa. - ela murmurou.

Ele deu um sorriso forçado:

— Já levei surras mais pesadas que essa, Princesa.

— Me diz aonde dói. - Clarke pediu, o ajudando a tirar a camisa e pousando a mão sobre vários lugares diferentes de seu corpo. Assim que ela chegou em seu braço esquerdo, ele arfou. A loira franziu a testa. - Não consegue mexer?

Ele balançou a cabeça:

— Deve estar fora do lugar. Consegue fazer?

Limpar os cortes e passar a gaze nos lugares afetados foi fácil, mas fazer o braço dele voltar para o lugar seria algo extremamente doloroso. Ela viu a mãe fazer aquilo com alguns engenheiros da Arca algumas vezes, mas nunca esteve numa situação real. Teria que aprender na marra, com uma cobaia nem um pouco saudável.

— Isso vai doer, Bellamy. - ela avisou, segurando seu braço. - Então, se quiser gritar... Vá em frente.

.

Depois de longos e dolorosos minutos, as coisas pareciam um pouco melhores.

Bellamy estava dormindo, encolhido, na cama e Clarke não quis acordá-lo, já que era a primeira vez que ele dormia direito em dias. Então, ela havia ido verificar se tudo estava bem do lado de fora, ficando de vigia por um tempo.

Aquilo foi, provavelmente, uma das coisas mais assustadoras que ela já viu em toda a sua vida. Não era sobre a tortura, não era sobre ter uma espada no pescoço de Bellamy, não era sobre homens que ela nunca viu passando as mãos pelo seu corpo... Aquele terrestre estava pronto para matar os dois, independente das respostas de suas perguntas. Ele estava se preparando para matá-los, simplesmente porquê queria.

E aquela brutalidade não iria sair de sua cabeça.

Estar ali, vendo alguém que ela amava prestes a ser morto, enquanto estava de mãos atadas... Foi real. Aconteceu. Se ela não tivesse pensado rápido, os dois estariam mortos. E, por isso, Clarke tinha mais sangue nas mãos. Ela já havia matado tantas pessoas que perdeu a conta. Se sentia como um monstro. Um monstro sanguinário, que não pensa em nada que não seja matar.

Mas a loira sabia que, mesmo que no fundo, ela podia ser mais que isso. Melhor que isso.

Bellamy tinha os olhos abertos, quando Clarke voltou para dentro. Ela se virou, percebendo que ele abriu um espaço na cama para ela. A garota hesitou. Os dois não dormiam juntos há alguns dias e da última vez que tentaram... Ela acabou tendo uma crise de histeria.

— Olha, eu não mordo. - ele brincou. -Vamos só dormir, eu juro. Além do mais, você precisa descansar.

Ela se deitou ao seu lado, mas os dois ainda não se encostavam.

Bellamy limpou a garganta:

— Perguntar se você está bem seria uma coisa idiota agora?

Clarke não sabia como estava se sentindo. Estava muito chocada com tudo que acabou de acontecer, estava triste por vários outros motivos e também se sentia segura, estando ali na loja, com Bellamy.

Ela franziu o cenho:

— Eu nem mesmo sei por onde começar.

— É muita pressão e você não tem sempre que aguentar tudo sozinha. Como você mesma disse, estamos juntos nessa, até o final.

Clarke mantinha o olhar no teto:

— Será que tem um final?

— Eu não sei. - ele respondeu, cruzando os braços atrás da cabeça. - Mas, quando estávamos na clareira, sabe o que me fez querer continuar? Perceber que qualquer um teria ido embora quando eu ofereci a escolha.

— Só fiz o que eu tinha que fazer. - ela olhou para ele, receosa. - Queria que eu te deixasse lá?

— Queria que você ficasse. E você ficou. - ele fez uma pausa, ainda falando bem baixo. Clarke olhava para ele, tentando ignorar o círculo roxo em volta de um de seus olhos.

Bellamy geralmente desviava o olhar sempre que podia, evitava falar coisas daquele tipo para ela e sempre ficava tímido quando os dois conversavam sobre assuntos como aquele. Mas, hoje, por algum motivo, ele olhava diretamente nos olhos dela.

Ela não disse nada, apenas sentiu seu coração bater mais rápido. Clarke olhou com pena para seus machucados e as marcas roxas que tinha por todo o corpo.

Bellamy se virou para ela, percorrendo os dedos pelo seu rosto:

— Você salvou a minha vida hoje. Posso não ser exatamente um bom exemplo, mas sei que o que o povo deles está fazendo é errado. E quando o nosso povo chegar, vamos fazer eles pagarem por tudo que estão nos fazendo passar.

— Aqueles caras... Não fazem parte do povo deles. - ela disse, com certo rancor na voz. - Eles não seguiam as regras de Anya. Eram apenas pessoas más, que não querem nada mais que outras pessoas sofram.

— Posso te perguntar uma coisa? - ele pediu, e ela fez sinal para que falasse. - Quando você entregou a arma, aqueles caras te colocaram no chão e começaram a te tocar...

Ele percebeu que ela fechou os olhos com força. Então, sua ficha caiu: Clarke não conseguia falar porquê realmente aconteceu.

— Por favor, fala alguma coisa. - Bellamy quase implorou. - Fala que eles não fizeram.

— Não aconteceu, ok? Estava... Estava sobre a roupa e não teve muito tempo para se tornar pior que aquilo. Foi péssimo, mas está tudo bem agora.

Clarke podia jurar que viu os olhos do moreno brilharem de ódio, quando disse:

— Não, não está tudo bem! E-Eu... Eu vou matar cada um deles!

— Não vai. - ela respondeu, ainda mantendo a calma na voz. - Não vai sair dessa cama até eu ter certeza que está bem.

Clarke se aproximou dele, sentindo seu coração bater num ritmo calmo. Ela murmurou um "shhh", mas ele ainda insistiu no assunto:

— Clarke , eu sinto muito... - parecia muito mais transtornado que ela. Isso era idiotice de garoto, algo como: "Ninguém toca na minha garota", mas Clarke meio que gostava disso. - Eu não sei o que dizer.

— Então, não diga nada. - ela se aproximou e, apoiando suas mãos em sua nuca, o beijou.

Ele demorou um tempo, então pareceu voltar à realidade. Bellamy passou os dedos pela nuca da loira, a trazendo para mais perto. Não sabia dizer quanto tempo ficaram daquele jeito, mas só se separaram quando lhes faltaram ar.

As mãos de Bellamy acariciavam suas costas sobre a roupa, ao mesmo tempo que ela entrelaçou suas pernas em seu quadril. Antes que tirasse a camisa, Clarke se deteve:

— Você ainda não pode fazer muito esforço com o braço.

Ele continuou beijando seu pescoço, despreocupado:

— Mas eu não vou usar o braço.

— Bellamy... - ela sorriu, balançando a cabeça.

— Já sei, já sei. Só dormir... - ele revirou os olhos, deixando que ela se afastasse. - Te olhar sem fazer nada é bem pior que tortura, caso queira saber.

Clarke corou, desviando o olhar. Ela ainda não se acostumara com as besteiras que ele falava constantemente.

Um barulho que vinha de cima começara a incomodar os dois. Parecia que algo pesado estava pisando no alçapão. A loira se afastou um pouco e olhou para Bellamy, como se fizesse um pedido silencioso para ir.

— Sem chance. - ele balançou a cabeça, quase sussurrando, a medida que o barulho ficou mais alto. - Você fica.

Ela não estava tão decepcionada em ter que sair e arriscar sua vida de novo, mas queria saber o que andava sobre sua cabeça antes de dormir.

— É um animal pesado. Parece um bípede... Mas isso não é possível! Não existem animais bípedes... - Clarke parecia prestes a entrar em colapso ali mesmo, apenas porquê leu em um livro idiota.

Bellamy recarregou a arma:

— Já que não vamos fazer nada hoje, você devia dormir.

Ele sorriu, vendo que ela já tinha os olhos levemente cerrados. Clarke parecia tão inofensiva e pequena daquele jeito...

— Não faça nada estúpido e que vá nos matar, antes que eu acorde. - ela falou, como uma ordem.

Parece que ela não era tão inofensiva e pequena assim, quando acordada.

— Você já sabe que eu vou fazer, não sabe? - ele sorriu.

Ela resmungou mais alguma coisa e se abraçou a ele, à procura de um apoio. Ele apertou a loira contra seu peito, a abraçando forte até que aquilo a fizesse se sentir segura. E ele não fazia ideia do quanto.

— Boa noite, Bellamy.

— Boa noite, Princesa. - ele respondeu.


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