Bellarke - Antes dos 100 escrita por Commander


Capítulo 15
Uma verdadeira líder.


Notas iniciais do capítulo

Hey /
Aqui tá mais um capítulo fofinho (ou não)
Espero que gostem ;)



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Bellamy ainda estava pensando sobre o que houve com Clarke.

Desde quando ela é tão inexpressiva e fria, quando o assunto era tirar a vida de uma pessoa? Ainda há um mês, ela preferia morrer a matar alguém, mesmo que a pessoa a tivesse atacado. E agora ela atira em homens e observa todos eles morrerem, sem fazer nada? Sem sequer dar um tiro de misericórdia?

Aquilo não parecia ela, nem mesmo Bellamy era assim.

Mais tarde, a garota o encontrou no lago, dizendo que teve que libertar Anya, parece que as duas fizeram um tipo de acordo, um cessar-fogo, por enquanto. Bellamy não concordava nada com isso, mas a loira parecia tão distraída que ele preferiu não discutir naquele momento.

Não faria diferença, já estava feito.

— Você fez o que achou certo, não posso te culpar por isso. - ele disse, percorrendo a mão pelo rosto e secando o suor. - Nós vamos para casa, antes só tenho que voltar e pegar a minha tenda. Já volto.

De repente, ela pareceu assustada com algo que viu atrás dele.

Bellamy rapidamente se virou, achando que fosse um terra-firme. Mas, para sua surpresa, não havia nada atrás dele, nada além de árvores e folhas.

— Você não vai fazer nada?! Ele está chegando perto! - ela disse, quase gritando. - Atrás de você! Bellamy, faz alguma coisa!

Ele checou novamente e, de novo, assim como esperava, ninguém. Clarke estava delirando? Isso tinha alguma coisa a ver com o que houve com os homens da montanha?

— Não tem ninguém atrás de mim, Clarke. - Bellamy se ajoelhou ao seu lado. - Você... Está se sentindo bem? Pegou muito sol na cabeça?

Ele não sabia o que fazer. Nunca lidou com nada desse tipo antes. Às vezes sua mãe tinha algumas alucinações, mas sempre foram relacionadas ao medo de perder os filhos. Aquilo era completamente diferente. Clarke simplesmente via alguém que ele não conseguia ver, qual dos dois estavam com problemas?

— Tudo bem. - ele segurou a mão da garota, conduzindo-a devagar até o lago. - Ele já foi, já foi embora. Não tem mais ninguém ali.

Bellamy não tinha a menor ideia do que estava fazendo, mas ajudou a tirar jaqueta e a blusa de Clarke e entrou com ela no lago. Ele molhou seus braços, que ainda estavam sujos de sangue, e ajeitou seu cabelo atrás da orelha. Ela ia limpar o rosto, mas ele a impediu:

— Tudo bem, eu faço isso.

Ele sentiu a loira baixar a guarda, e continuou o que estava fazendo.

Não sabia bem o porquê, mas ele queria cuidar de Clarke o máximo possível. Os dois nunca tinham muita oportunidade para fazer coisas assim, eles aprenderam a se cuidar sozinhos. Mas ele gostava da sensação que tocar nela lhe proporcionava.

Ele nunca achou que fosse ter esse tipo de senso de proteção com alguém.

— Sangue. Por que seu rosto sempre está sujo de sangue? - ele murmurou, percorrendo um pano molhado pelo rosto dela, e limpando um corte.

— Você não precisa fazer isso. - ela respondeu, fechando os olhos. - É sério. Eu posso me cuidar sozinha.

Ela pareceu muito surpresa, quando ele se aproximou, tirando algumas folhas presas no cabelo dela. Clarke não tirava seus olhos dos de Bellamy, admirando o quanto eles eram bonitos, enquanto ele fazia aquilo.

— Bellamy.

Ele arqueou as sobrancelhas, continuando a limpar seus machucados. Clarke respirou fundo, parecendo pensar sobre o que ia dizer:

— Eu amo você.

Por um instante e, pela primeira vez, Bellamy não sabia o que dizer.

Ele sequer pensava direito. Nunca ouviu ou disse nada parecido, com exceção de Octavia. Para ele, a ideia de amar alguém que não fosse sua irmã e sua mãe era, no mínimo, idiota.

Bellamy sentia que devia responder, mas não sabia como.

Ele já considerou seus sentimentos por Clarke várias vezes. Ele gostava de protegê-la, gostava de distraí-la de seus problemas, gostava de dizer que tudo ficaria bem, gostava de voltar para casa e ver que ela ainda estava lá.

Ele gostava dela, sabia que sim. Mas era incompetente e idiota demais para conseguir colocar isso em palavras.

— Ninguém nunca me disse isso.

Ele sentia os pingos da chuva sobre o rosto e seu corpo congelar por causa da água gelada, mas nada no mundo o tiraria dali.

Colocando uma de suas mãos em seu rosto, ela se aproximou e o beijou. O beijo não dura muito e ela logo abaixa a cabeça, provavelmente corada. Instintivamente, Bellamy encaixou os lábios em sua boca e os dois se beijam novamente. Dessa vez, é mais longo e duradouro.

Ele arrumou um jeito de dizer.

E a resposta estava mais do que clara.

(X)

Bellamy desceu as mãos até sua cintura, enquanto os dois se beijavam. Ele ia tirar a camisa da garota, quando Clarke se afastou:

— Para!

Ele franziu a testa, observando-a enxugar os olhos e se levantar. Estava acontecendo de novo? Agora mais sério?

— Eu não vou fazer nada que você não quer fazer, sabe disso. - ele disse, com calma, se mantendo afastado dela. Bellamy sabia que aquilo não tinha ver com ele, mas tinha que tentar falar com ela.

— E-Eu tive que fazer aquilo... Eles viriam atrás nós... Eles nunca iriam parar. - ela colocou as duas mãos contra os ouvidos. - Eles não iriam parar!

Ele arregalou os olhos:

— Eles quem? O que é que você fez?!

— Quando eu deixei Anya sair... Eu peguei duas das suas minas e voltei até o campo dos terras-firme inconscientes. - ela disse, com a voz embargada. - Quando terminei, coloquei uma perto dos corpos dos homens da montanha. Eu achei que pudesse...Sabe, achei que aquilo nos salvaria. De um jeito, salvou, mas...

E então Bellamy entendeu tudo.

Clarke bombardeou todo o campo onde boa parte dos terras-firme foram deixados. E, já que havia uma mina perto dos corpos dos homens da montanha que estavam lá, os terras-firme achariam que houve uma batalha e os que vieram do céu não levariam a culpa. Era um plano extremamente covarde, mas era brilhante.

— Por que fez isso, sem me chamar? Eu poderia ter ajudado, não precisava suportar o peso dessa escolha sozinha. - Bellamy disse, não conseguindo formular uma frase sem passar as mãos pelo rosto, nervoso.

Talvez aquilo fosse um sonho de novo.

— Eu tive que fazer sozinha. Eu fiz. Fiz por todos nós. - ela desabou na cama, abraçando os joelhos. - Agora eu tenho que achar um jeito de viver com mais sangue nas mãos.

Ele se sentou na cama, observando o rosto suado de Clarke e seus olhos serrados. Ela estava tremendo de raiva. Tremendo tanto que segurava suas mãos uma contra a outra, impedindo-as de se bater.

Ela tomou essa decisão e a assumiu como uma verdadeira líder. Ela carregaria esse fardo, mas não por que lhe foi imposto, e sim por sua escolha.

Os terras-firme começaram essa guerra, os atacaram sem motivo e assim os forçaram a se tornarem assassinos. Se eles conseguissem uma aliança, algo do que ele duvidava muito, Bellamy ficaria feliz em discutir isso.

Na primeira vez que matou alguém aqui na Terra, ele estava sozinho. Ficou desesperado, observando um homem que ele nem conhecia, morto por suas mãos. Tudo que ele precisava naquele momento era de uma pessoa para dizer que foi só uma defesa, que ele não era só um assassino e que era muito mais que isso.

E Clarke foi essa pessoa.

No primeiro dia em que sonhou com Octavia, na tenda, Clarke não perguntou nada, não o forçou a contar sobre aquilo, apenas o abraçou e disse que tudo ficaria bem. E é uma dívida que ele nunca vai ser capaz de pagar.

— Tudo vai ficar bem. - ele garantiu, envolvendo a loira nos braços. Ele sussurrou pequenas frases, dizendo que ela fez o que achou que os ajudaria, dizendo que eles estavam seguros agora. Assim que ele sentiu os olhos dela se fecharem, disse. - Eu amo você também, Clarke.


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