Stay High escrita por Jordan Carter


Capítulo 1
Único - To Keep You Off My Mind


Notas iniciais do capítulo

Dedico essa história para três pessoas:
Yanna, meu amor eterno, que sempre opina sobre o que escrevo, não é a toa que sou tão apegado a você, huehuehue.
Ao Vinícius, que é essa pessoa tão legal, tão cômica e tão compreensiva! Beijo na testa :3
E a Kori, parabéns, minha cara indivídua que me fez escrever essa one-shot com tanto gosto e tanto amor! Espero que goste, feliz aniversário adiantado! ♥
Bom, enjoy it!!
Jordan Carter



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Amsterdã, 15 de Outubro de 2015.

Abro os olhos enquanto o sol forma prismas em meu edredom, transpassando a fina cortina daquele motel barato ao qual tinha, provavelmente, me hospedado quando estava perdidamente bêbado e um tanto chapado. Virei-me e vi mais um cara desconhecido deitado ao meu lado, em um profundo sono. Minha cabeça latejava e pensei que tudo aquilo já era rotina em minha vida, desde que Erik Jihad saíra de minha vida para que não voltasse. Não tínhamos algo sério, nunca passara de um “bromance”, pelo menos para ele. No começo, eram só flores, mas não por muito tempo, pois logo revelamos os espinhos que haviam dentro de nós. Era algo muito conturbado para dois jovens de 18 anos. Quem diria que eu, Millius Maximus iria, sofrer por garotos tão novo, ele, que era tão confiante, agora fodia com o primeiro cara bonito que via.

Na minha real opinião, não sei qual era a pior vida que eu podia levar: um relacionamento fadado ao fim, por conta de uma das partes (EU!) acabar gostando de uma forma ainda mais forte do que a outra ou viver bêbado em boates na cidade do pecado.

Meu relacionamento com Jihad sempre fora discussão em cima de discussão, eram lágrimas derramadas no escuro, e notei que não podia mais sofrer tanto assim.

Nós não podíamos mais sofrer tanto assim.

Que grande filho da puta eu fora mandando-o ir embora grosseiramente, ignorando o nó que se formara em minha bile, me irritando cada vez mais por besteira. Ele ficara desolado, sem chão, mas aquele relacionamento fora uma troca de decepções, uma troca de intrigas e de momentos tristes.

Porra!

Jihad fazia muita falta… Sinto vontade de chorar toda vez que lembro de seu sorriso, mas sinto raiva sempre em que lembro de suas respostas arrogantes e de todas as discussões. Mas não adiantava negar, mesmo que eu tentasse por vidas e vidas esquecer esse fato, eu ainda o amava. Eu não vou esquecer aquele menino tão cedo, e, por mais que eu também tente negar isso, eu busco em outros braços os seus abraços, os seus beijos em outros lábios, a sua risada em outras pessoas, o seu ser, complicado e fofo, em outro alguém que não existe.

Jihad é único.

Nunca havia encontrado alguém tão meigo, tão fofo, tão apaixonante, tão compreensivo, tão dramático, tão cheio de frescuras, tão cheio de si como ele. E acho que eram esses fatores que me faziam ainda amá-lo.

Solto um longo suspiro e lembro do dia em que brigamos por quê eu só o chamava de Jihad. Ele detestava o sobrenome, e eu por implicância, passei a chamá-lo somente pelo sobrenome. Irritei-o tanto que levei um soco no maxilar. Fiquei puto da vida, claro, e retruquei o soco. O foda é que não pensei em nossas diferenças corporais: Jihad era um bom palmo menor que eu, porém era mais malhado, ao mesmo ponto que eu era magro. Tinha um corpo legal, mas perto do dele, nem se comparava. Pernas grossas e torneadas, um peitoral de dar inveja, um tanquinho que, pelo amor do Santo Deus, eu me perdia nele, e tudo mais em seu corpo. Eu amava seus bíceps. Sempre tive um certo tesão por bíceps, e os deles, eram perfeitos, Senhor…

Enfim, voltando a briga, soquei seu tanquinho de ferro, o que fez ele rir e me empurrar contra a parede do corredor de sua casa. Jihad morava com sua irmã mais velha, Martha, embora ela fosse residente num hospital qualquer no sul da França há um certo tempo, então ele vivia só, e eu passava o final de semana inteiro com ele. No momento em que seus lábios tocaram os meus, suas mãos seguraram as minhas no alto da cabeça e ele pressionou meu corpo contra a parede. A brutalidade de nossas línguas se tocando no interior de nossas bocas, sua ereção contra a minha, oh, Cristo.

Sentei-me na cama, ignorando o volume que crescia sob o lençol, e vi o rapaz ao meu lado se virar e abrir os olhos. Seus profundos olhos claros, sua barba por fazer, seu sorriso branco, sua grossa voz que me disse “Bom dia, baby!”, tudo nele parecia ilusão. Ele era digno de ser um daqueles modelos de revista, que posavam só de calça com uma bela guria nas areias de uma praia, tudo em preto e branco.

- Vejo que alguém está com um sério problema logo cedo… - diz ele, e aponta para a minha ereção que está sobre o lençol. Seu sotaque britânico desponta na voz, e dou uma risadinha. Pego meu celular na cabeceira da cama e verifico a hora.

- Segundo o relógio, baby, são quase meio-dia.

- Então posso te ajudar a resolver isso. - riu ele e me beijou, ao mesmo tempo em que eu subia em seu colo…

. . .

Nos despedimos com um aperto de mão amistoso e trocamos nossos números. Com esse, cujo o nome era Allef, eu não perderia contato. Segui nas ruas frias de Amsterdã até que parei num café qualquer e pedi um latte, mesmo já sendo duas e quarenta da tarde. Meu dia nunca começava se eu não tomasse um café. Agradeci ao atendente e peguei o copo cujo o mesmo me entregava. O número dele estava anotado num papel junto ao copo. Ele me deu um sorriso, cujo eu retribui e sai da cafeteria tomando um gole do café e passando a mão em meus cabelos loiros.

“O que fazer agora?”, indaguei comigo mesmo.

Eu já havia fodido hoje duas vezes, já tomara um copo de conhaque e estava tomando café agora. Não me sustentaria por muito mais tempo se não colocasse um pouco de maconha em meu corpo. Segui mais um pouco, terminei o café, joguei o copo fora, segurando apenas o número do atendente bonito. Guardei o papel no bolso, tirei meu celular do bolso e coloquei os fones de ouvido ao mesmo tempo em que pegava uma bicicleta largada. As músicas tocavam aleatoriamente enquanto eu pedalava velozmente para um daqueles restaurantes onde era permitido fumar um baseado na parte aberta do mesmo.

Dobrando várias esquinas, cruzando com vários casais apaixonados, o meu coração cada vez se apertava, me corpo cada vez mais pedia por maconha e as lágrimas cada vez mais queriam descer…

“Não, não posso me dar esse luxo de chorar!”, pensei comigo mesmo. “Eu não podia fazer isso, não em público!”. Pedalei mais um pouco até que encontrei, finalmente, um desses restaurantes. Deixei a bicicleta na grade do lado do restaurante e entrei no mesmo. A garçonete me entregou o cardápio. Pedi um copo d’água e alguns petiscos, e ela disse que já levaria. Segui até as mesas que ficavam do lado de fora e me sentei numa que ficava bem na sombra de uma nodosa árvore que havia num canto do espaço e tirei o baseado do bolso, junto com o isqueiro. A garçonete logo veio entregar o que eu havia pedido e eu acendi o cigarro, logo depois dando um profundo trago, já começando a sentir os efeitos deliciosos da maconha.

Eu estava em êxtase total quando terminava de fumar o terceiro baseado (sempre levava cinco comigo, pra garantia), e só havia tomado um gole d’água. O mundo em minha volta girava e girava ao mesmo tempo em que “Blue Jeans” ecoava em minha cabeça, as alucinações já começavam, mas não era nada como pôneis caminhando com unicórnios nas ruas ou fadas e elfos cantando “Let It Go” enquanto saltitavam alegremente, mas sim éramos eu e Jihad caminhando pelas ruas, nos beijando nos bancos espalhados por aquela área aberta, pelos bancos espalhados na rua, em todos os locais. O beijo que demos em seu corredor se passava bem na minha frente, encostado numa das colunas do restaurante.

Fechei os olhos e finalmente senti as lágrimas que estavam trancadas escorrerem por minha face. Cada momento feliz de nosso relacionamento estava sendo jogado em minha face e eu simplesmente não sabia como reagir, o que sentir, não sabia…

Meus soluços soavam cada vez mais alto em minha mente, ao decorrer do momento em que a voz de Lana cantarolava uma das partes finais da música, e toda aquela dor em meu peito só aumentava…

“But when you walked out that door, a piece of me died, I told you I wanted more but that's not what I had in mind. I just want it like before…”.

Noto que, por mais chapado que eu fique, por mais eu encha minha cara todas as noites, por mais que eu durma toda noite com um ou mais caras diferentes com os quais nunca irei ver novamente, eu não consigo tirá-lo da minha mente. Eu tento, de todas as formas, de todos os jeitos, mas é uma missão impossível.

Por mais que eu tente me aborrecer com as lembranças de nossas brigas, o que sinto por ele acaba transpassando e inibindo todo o rancor…

Oh, Jihad, o que fizemos com nós mesmos, meu anjo?

O que fizemos?...

. . .

Entro em mais um clube, sei que vai ser mais uma noite como as outras, mais garotos entrando em minha vida (e em mim) e tão rapidamente (nem tanto) saindo dela. Sento-me perto do bar e peço um gim tônica, só para começar. Não posso ficar bêbado tão cedo, ainda não passam das nove e meia da noite. O barman me entrega o que pedi e me viro para a pista de dança. Haviam meninos e meninas dançando ao som de Beyoncé, e eu dou um sorriso besta. Que ótima forma de acabar o dia do seu aniversário, não acham? Transformando uma data tão especial em um dia qualquer.

Era o primeiro aniversário com o qual Jihad não estava comigo, e eu odiava sentir isso. Estou fazendo 19 anos e ele não estava comigo!

Oh, Santo Cristo, mas que merda!!

A pista estava ficando cada vez mais cheia, e eu já estava no meu terceiro copo de gim tônica e no segundo de whiskey. Minha mente começava, bem levemente, a ficar um pouco atordoada. Me mexi na cadeira e ouvi uma pessoa do meu lado começar a falar:

- Certamente, você pensou que eu esqueceria o dia do seu aniversário, não foi, baby? - e eu virei minha cabeça, pasmo, os olhos arregalados e ao mesmo tempo em que a música mudou, eu disse:

- Você?

Jihad deu uma gargalhada gostosa e disse:

- Não, meu caro, você está vendo o Santo Papa na sua frente. Confesse seus pecados e eu os redimirei.

Irônico, como sempre!

- Babaca! - digo e o abraço, e ele diz:

- Feliz aniversário, Mills. - e foi nesse momento que senti as lágrimas começarem a marejar meus olhos, e ele notou que funguei. Suspirou e continuou. - Eu não ia te deixar sozinho, eu não sei viver sem você, e todo santo dia me perguntava onde você estava, até que te vi entrando naquele café, cujo o atendente você paquerou e eu te segui o dia todo. - me afastei deles, os olhos brilhando e arregalados, e ele leu meu olhar. - Vi você chorando naquele restaurante e não entendi o por quê, vi você entrando num prédio qualquer e esperei você sair. Abençoado sobretudo, que me protegeu do frio. - riu ele. - Mas enfim, quando você saiu, eu te segui e entrei aqui junto com você. Eu estava ali o tempo inteiro, só você que não notou.

Uma lágrima caiu em minha face e ele enxugou. Sua mão continuava a mesma, quente, firme, macia, e isso me fez chorar ainda mais.

Ele me abraçou e logo senti nossos lábios se tocarem mais uma vez. Seu hálito de abacaxi e hortelã não mudara nada e sentimos o sabor de minhas lágrimas durante o beijo. Nos separamos para respirar e ele cantarolou a música:

- We found love in a hopeless place… - sua voz soara melodiosa, e eu me lembrei de nossos duetos ao fim das noites de sábado, uma taça de vinho branco em nossas mãos, nossos lábios se tocando levemente…

. . .

Acordei mais uma vez de ressaca, e suspirei frustrado. O local era escuro, as janelas estava fechadas, o blackout da cortina não permitia que a luz do sol entrasse, e isso melhorou meu humor um pouco. Peguei o celular na cabeceira da cama e vi que ainda eram nove e quarenta da manhã. Bloqueei novamente o celular e olhei para a pessoa ao meu lado. Mesmo no escuro eu reconhecia aqueles contornos, aquele bíceps que eu tanto amava, as costas malhadas, a respiração tranquila…

Dessa vez eu sabia quem estava do meu lado, e dessa vez, eu não o deixaria ir...


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Notas finais do capítulo

Bye! o/