O Vício em Café com Creme escrita por Crowley


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que todos gostem, ficou bem clichê/fofa/romântica msm! Me mandem reviews :*



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Homero era um belo morador da cidade de Nova York, cabelos com a cor de chocolate e cachos bem definidos que iam até a altura da orelha. Olhos azuis como o mar e um sorriso como que feito com pérolas em seus lábios rubros. Empresário de grande respeito, tinha de tudo para ser o modelo do sucesso do sonho americano, menos uma esposa.

Em uma sociedade conservadora, chegar à vida adulta sem um esposa era um ultraje! As pessoas comentavam.... “O que ele tem na cabeça? Ninguém se casará com ele se ficar velho demais” e “Ele tem tantas mocinhas atrás de si, por que não escolhe uma boa moça e se aquieta com ela? ... Ele não poderia.... Será que.... Gay?”

Gay! Ah... Essa palavra que causava arrepios nos conservadores e quando em suas bocas era como se dissessem: aberração.

Homero não se sabia gay e se soubesse, nunca admitiria... Quem gostaria de ser marcado como o “distorcido”? Tudo que Homero sabia é que não se sentia atraído por mulheres, na verdade ele pensava que ainda não tinha encontrado sua “alma gêmea”. Mas uma coisa ele sabia: a cafeteria que ficava embaixo do seu prédio era mais gostosa.

Por quê? Clyde. O lindo rapaz que tinha o cabelo loiro como trigo sempre arrepiado, mesmo sendo repreendido por isso todos os dias. Seus olhos de um tom nebuloso cinza azulado seriam comuns se não fosse o fato de conversarem com os cachos e os lábios de Homero todos os dias.

Clyde sim, se sabia gay. Mas isso era trancado à sete chaves. Desde a primeira vez que vira Homero, no entanto, essas chaves afrouxaram um pouquinho. Ele tinham entrado correndo na loja e pedido um “expresso triplo com creme”, o loiro reparou em tudo: desde o cachinho que caia na testa até os papeis saindo da maleta, passando pela gravata torta. Certeza que havia dormido demais e se atrasado.

O atendente ficou ainda mais hipnotizado quando soube do nome de seu cliente para escrever no copo... Homero... Nome grego, de herói. Será que seria o seu herói contra a solidão? Alguém com quem contar quando o preconceito apertava?

Tudo que precisava fazer para descobrir era deixar seu telefone escrito no copo, mas não teve coragem. Escreveu apenas “Homero, expresso triplo com creme”. Palavras tão vazias que o deixavam vazio, não podia deixar assim ... no final, rabiscou as seguintes palavras: Sua gravata está torta, Clyde.

O moreno só pegou o café e correu. Viu a mensagem no seu copo de café poucos segundos antes de entrar na sala da reunião, ruborizou e sorriu ao ajeitar a gravata com um nome ressoando em sua mente.

Desde então, o moreno passou a tomar café todos os dias e todos dias ele ruborizava com as mensagens recebidas que iam ficando cada vez mais íntimas conforme se conheciam e iam ficando, também, cada vez mais ousadas...

“Tenha um bom dia, Clyde :)”

“Estou torcendo por você, arrase na reunião, Clyde”

“Você fica muito mais bonito nesse terno risca-giz, Clyde”

“Seu cabelo me hipnotiza, Clyde”

Homero conseguia perceber mais e mais o seu vício por café, ou melhor, seu vício pelo loiro e suas conversas de cinco minutos que resultavam nas mensagens que alegravam seus dias. De início, não quis aceitar a realidade que o possuía, todos os seus sentimentos travavam uma batalha caótica lhe dava ânsia. Dois dias, por dois dias ele evitou a cafeteria... Nunca foi tão infeliz.

“Uma mosca não se solta da teia depois que já foi pega”. Não conseguiu resistir à vitrine... Voltou a entrar na cafeteria no final do terceiro dia, voltou a ver o sorriso nos olhos cinzentos na sua frente e não pode evitar sorrir de volta.

A aceitação pode ser um processo longo e complicado, mas às vezes ela vem com um clique quase que como o bater de um coração. Os dois corações batiam sincronizados em seus desejos e isso bastou para o moreno se abraçar e se aceitar como quer que fosse sem se importar com os julgamentos.

Seus cachinhos caídos na testa denunciavam a tormenta em sua cabeça por ter se percebido como alguém fora do padrão. Estava apaixonado e era feliz, entretanto amava um homem e não entendia como isso podia ser certo. Pode ver o pequeno loiro preparar seu café enquanto o céu se tornava dourado e laranja do lado de fora.

Estendeu sua mão, tremulo e pálido como estava não pode deixar de ser notado. Viu Clyde colocar o copo de lado mas ainda assim sentiu algo quente tocar suas mãos. Olhou para baixo e percebeu as mãos do menor ao redor das suas.

O mundo desacelerou naquele momento, o som já não chegava aos seus ouvidos. Era certo? Deveria ser.

– Eu saio em 10 minutos. Me espera lá fora?

O maior só acenou com a cabeça. Pegou seu café e se sentou em um banco que ficava de frente pro pôr-do-sol. Tomava pequenos goles e respirava fundo, aos poucos conseguiu se acalmar. Em exatos 11 minutos, o menor se sentava ao seu lado.

O céu já estava escuro e quase não havia movimento na rua, a cafeteria tinha fechado. Clyde depositou sua mão sobre a coxa de Homero em um gesto delicado.

– O que aconteceu? – perguntou olhando a lua que surgia

–Eu não sei... Eu só... – se calou, não sabia como explicar

–Tome seu tempo. Leva tempo até aceitar as coisas como ela são, ainda mais quando vivemos em um lugar primitivo assim.

Homero se espantou, “ele sabe”. Olhava meio que boquiaberto para o loiro que sorria para as estrelas. Clyde virou-se devagar e encarou o maior, olhos nos olhos. O moreno ficou sério, mas o outro começou a rir. Diante seu espanto, ele disse:

–Sua gravata está torta.

– Hein? – olhou pra baixo e confirmou isso... Foi como se uma onda de leveza transpassasse seu corpo.

– Você mora sozinho?

–Sim

–Vamos? Precisamos de um lugar mais reservado para terminar essa conversa.

Assentiu e foram. A casa era simples e com um quintal grande, era no subúrbio e bem longe de toda a agitação do centro. Sala, quarto, cozinha, escritório, dois banheiros e uma varanda com flores por todos os lados e um banco suspenso cheio de almofadas.

Ficaram observando a lua por longos momentos seguindo o balanço do banco, aconchegados nas almofadas um ao lado do outro. As rosas que estavam em um canteiro próximo perfumavam a noite toda colorida pela infinidade de lírios, azaleias e outras flores menores.

Clyde aproveitou para deitar-se no colo de Homero. Quase riu da cara de susto do maior. Ele sabia que seria confuso pro outro, ele mesmo havia resistido e tentado se negar quando descobriu que era gay. Quando se aceitou, tentou contar pra sua família mas foi rejeitado e expulso de casa. A partir disso, fora pra Nova York, onde escondia seu segredo até ter encontrado seu deus grego.

Homero se sentia desconfortável naquela situação, olhava pra baixo e não sabia o que fazer ou o que dizer. Entretanto, era até agradável...

–Você já está mais calmo? – perguntou o menor

–Sim... Muito – começou a passar a mão pelos cabelos loiros do outro

– Quando eu descobri que era gay – suspirou, era difícil lembrar do passado – eu passei 3 dias trancado no quarto, todos ficaram preocupados e eu dizia que estava doente. Uma noite, sai decidido a fazer sexo com uma prostituta. – outra pausa, tremia um pouco

–Não se preocupe, estou aqui com você.

–Obrigado – sorriu – eu não consegui. Ela tentou de tudo para me... ahn... animar. Disse que eu tinha algum problema. Quando eu estava voltando pra casa, vi um modelo saindo de uma sessão de fotos noturna no parque... Ele era tão lindo. Nesse momento eu soube que não tinha nenhum problema de ereção – riu de leve – Aprendi a gostar de mim, se eu tivesse quem me amasse, estaria bem... Era o que eu dizia e, por isso, achei que minha família fosse aceitar. Mas fui expulso de casa...

–Você está bem agora – inclinou-se e beijou sua testa

– Quando você não apareceu, eu soube que estava passando pela mesma coisa que eu passei. É atordoante e confuso, deve ser ainda pior pra você... Você sempre falava da pressão que tinha para achar uma esposa. – sem resposta, continuou – Você estava pálido e tremulo quando voltou a aparecer e então tive certeza. Eu me apaixonei por você no momento em que escrevi seu nome no café.

–Ainda é tudo muito novo... É como se o mundo todo tivesse mudado. Você quem me mudou Clyde... Cada mensagem que você deixou... Eu ainda tenho todos os copos na cozinha, não consegui jogar nenhum fora. – ficou olhando os olhos cinzas lhe sorrirem antes de voltar a falar –Eu construí minha carreira passando por altos e baixos, já me acostumei com a sensação de ser marcado e odiado. Mas quando você está perto de mim, sinto que poderia vencer o mundo inteiro. Eu não me importo de ser gay, se eu puder ser gay com você.

Clyde voltou a se sentar. Estavam de frente um para o outro, o banco já não balançava mais. Devagar, foram se aproximando até que os lábios se tocassem em um encontro tímido, quente e delicado. Um beijo que era capaz de demonstrar todos seus sentimentos.

Os dedos do mais novo se enrolavam nos cachos morenos do outro que pousava timidamente sua mão na cintura do loiro. Não demorou para estarem colados e ofegantes com um beijo onde as línguas se entrelaçavam pra selar sua união.


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Notas finais do capítulo

Então é isso ai.... Contem o que acharam!



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