Far Away escrita por Gryphon


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Este é um ship que aprendi a amar bastante com o passar do tempo... Espero que gostem da história, e vejo vocês nas notas finais! Bem, apesar de ser uma songfic, apenas há trechos de música no começo (não se preocupem, fiz o favor de tentar manter um bom visual na estrutura!).



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On my knees, I'll ask / De joelhos, eu pedirei

Last chance for one last dance / uma última chance para uma última dança

Cause with you, I'd withstand / Porque com você, eu resistiria

All of hell to hold your hand / A todo o inferno para segurar sua mão

I'd give it all / Eu daria tudo

I'd give for us / Eu daria tudo por nós

Give anything but I won't give up / Eu daria qualquer coisa, mas não desistirei

'Cause you know / Porque você sabe

You know, you know / Você sabe, você sabe...

 

“ — Você... você salvou a minha vida, maldito? “

Aquelas palavras foram o prólogo para o nosso acordo, o nosso pacto feito sob redenção e ódio... Nunca o perdoaria por ter tirado o que a mim foi tão importante, mas ele me compreendia bem, e no fundo sei que sua loucura era justificável.

Add e eu, ambos louco e obcecados...

“ — Você tem certeza de que é isso mesmo o que você quer? Eu não poderei fazer nada se o passado que você se deparar não for o mesmo que uma vez já foi. ”

Essas foram as palavras dele que gravei e muito custei a responder. Decerto, por fim, encontrei um desfecho. Os olhos dele mantinham-se flexíveis, alternando-se entre antecipação e frustração; e sei bem o que ele desejava: poder, dados precisos... e família.

Eu estava em sua máquina temporal prestes a ter minha vida transmutada e Add, como rastreador, tinha seus próprios objetivos, que por acaso conflitavam com os meus. Ainda assim eu estava ali para ajudá-lo em troca do único que me fez sorrir quando só consegui enxergar o lado negativo da culpabilidade. Eu não sou um herói, mas já fui vilão... o que importa é que agora decidi ser egoísta, e há outros que podem fazer o mesmo que fiz e serem melhores e mais fortes.

Talvez o seu último experimento dê errado e eu acabe como sempre quis.

“ — Isso não importa... mesmo que o passado esteja diferente, não tenho mais dúvidas... Pode me mandar para lá. ”

XGXRXYXPXHXOXNX

“Raven...”

Eu pude ouvir... Chamavam-me, mas não consegui despertar no momento, pois meu corpo muito pesava. O aturdimento não se foi tão rapidamente como eu esperava, mas soube que conseguiria fazê-lo quando foi ele a me chamar.

— Elsword... — A minha voz saiu esganiçada, mas tenho a certeza de que foi por ansiedade.

— Que bom que está vivo, Ray! Fiquei tão preocupado, seu idiota! — Ele parecia ter chorado, e isso me fez sorrir minimamente.

“Que bom que você ainda está vivo, El...”

Lembro-me bem de onde estávamos, claro... fora ali onde ele me chamou à razão e eu deixei de ser um membro dos corvos mercenários para fazer parte de sua equipe. Mas isso ocorreu há quase três anos e agora, que voltei aqui, tenho medo de perder tudo novamente.

“Apenas um dia.”

Estávamos em vinte e dois de abril de 2084, três meses antes de nossa eterna separação... Add não tinha errado em seus cálculos dessa vez, mas o tempo nem sempre é o mesmo... nem tudo acaba como deveria ser, mas o que importa é que eu não devo desistir.

Quase não há aquilo que seja tão errado a ponto de não estar minimamente certo...

“Eu senti tanto a sua falta...”

E segurei sua mão, sentindo meu peito arder àquele contato humano-Nasod... aquela parte de mim que sempre repudiei, mas que ele nunca permitiu que eu arrancasse de mim: meu braço artificial. Embora tantas vezes eu tenha dito que não gostava de tocá-lo dessa forma, por ser sempre frio, nada se comparava à frieza de sua pele quando o segurei nos braços naquela dolorosa última vez. Eu jamais quero voltar a sentir aquilo novamente, mas sei que talvez seja inevitável...

— Me perdoe, Elsword... eu não queria ter te deixado preocupado.

Minha garra Nasod manteve-se em sua mão, apertando-a de forma delicada, apenas para senti-lo e dizer que estava tudo bem. Aisha e Rena observavam a cena ao longe, querendo nos dar certa privacidade, creio eu... e sei que elas foram as que mais sofreram com as perdas... Ara, Chung... e agora estávamos a caminho de deter Add em seus experimentos com Eve...

Um dia para tentar mudar o futuro... Apenas um dia, mas ainda assim é muito pouco... Porque sei que este logo chegará ao fim. Add apenas teve empatia o suficiente em me mandar para onde estava El, no passado. Quem mais me entenderia senão aquele que teve toda a sua família exterminada? Eu não condeno seus propósitos e agora que ele tinha acertado os cálculos, poderia usar isso para desfazer tudo de ruim que tinha acontecido em sua própria vida... E sei que ele está arrependido por ter matado Elsword. Mesmo assim o odeio e não posso controlar... Ele apenas está me dando a chance de ter de volta o que me tomou.

Não sei por quanto tempo estive a fitar aquelas íris vermelhas, mas o apertei contra o meu corpo, enterrando a cabeça de cachos ruivos em meu peito, enquanto meu nariz e boca mantinham-se pressionados sobre o emaranhado vermelho que eram os seus cabelos. Eu sabia que sentiria saudades dele depois, oh sim, e como... mas foi por isso que voltei: uma última chance.

Quando o conheci, Elsword era um moleque de treze anos por quem mal tive interesse, tampouco romântico... para mim ele era apenas uma criança e eu, seu irmão mais velho... Mas quem diria que ele iria mudar? A verdade é que ambos mudamos e estivemos juntos desde este último ano. Ele, dezesseis, eu vinte e sete.

Ainda assim não fui eu o primeiro a morrer.

— Ray? O que houve?

A voz dele me tirou de meus pensamentos, fazendo-me refletir por algum tempo e finalmente responder. Ele tinha uma expressão que apenas via quando algo sério acontecia... Bem, eu sei que quase morri, mas estava vivo agora e ele não precisava mais se preocupar.

— Não houve nada, meu amor... apenas senti como se pudesse abraçá-lo e resolvi fazer.

— Não, Raven... você não pode, não enquanto usar desses sentimentos... Conversamos isso hoje pela manhã, não?

Elsword afastou-me de forma gentil, mas fria, e acabei por arquear as sobrancelhas sem entender bem o que aquelas palavras poderiam significar. “Enquanto usar desses sentimentos”? Eu não lembro sequer de conversa que tivemos pela manhã, porque talvez não tenha existido em minhas lembranças. Ah... voltar ao passado através da energia dos dínamos poderia ter mudado os acontecimentos. Engoli em seco e tive de respirar fundo, afinal queria saber o motivo disso. Ele estava com vergonha de nós?

— Elsword... o que conversamos pela manhã? Eu realmente não me lembro.

Ao menos não seria tão mal lhe falar que não me lembrava depois de ter quase morrido, ainda mais quando pus a mão na cabeça, como a fingir dor. Ele fechou os olhos, suspirando, e depois me fitou sério.

— Raven... nós conversamos hoje mais cedo sobre essa sua insistência... eu já disse que gosto de garotas, me desculpa.

Ele pegou a minha mão com a garra Nasod, a mesma que eu mal fazia uso por não querer usufruir daquele poder, e a beijou, levantando-se imediatamente do chão e estendendo a sua mão para me ajudar a levantar. Meu braço não obedeceu, apenas caiu inerte; meus ouvidos não acreditavam naquelas palavras: o Elsword que eu conheci me amava também... ele me olhava como se eu fosse o único, não com pena... E me beijava nos lábios como se temesse me perder; mas aquele beijo em minha garra chegou a ser mais frio que o próprio ferro que a constituía.

Eu me senti preso no tempo, desejei poder ter me arrependido antes de chegar até aqui, mesmo que antes eu tenha achado que tudo estaria sob controle independentemente do que estaria mudado.

Depois de anos eu pude sentir... Nem ao menos quando ele se foi para sempre, elas vieram a mim... as lágrimas. Meus olhos as deixaram escapulir sem querer e tive vergonha. A expressão dele parecia confusa... O Raven do passado não choraria? Mas ele parecia triste...

— Ray...

— Não precisa se desculpar, Elsword...

“Esse foi o preço que paguei por tentar mudar algo que já passou.”

Ele segurou a minha mão novamente e eu sorri, mesmo que não quisesse. Se eu dissesse que o brilho daqueles olhos compensavam todos esses sentimentos aprisionados ele sorriria outra vez?

Talvez...

Então o tempo seguiu. Naquela mesma tarde lutamos contra Add, salvamos Eve... e Elsword sobreviveu. Mas então era fim de dia e o Add do futuro viria me buscar... Eu estava só, um pouco mais afastado do grupo, enquanto todos descansavam... Logo ele chegou e nem sequer me preocupei em encará-lo para falar.

— O El não é o mesmo... ele não é mais o meu El.

— Ela não voltou... Erramos o passado e tudo o que aconteceu aqui não faz a mínima diferença. Só que eu não tenho mais energia para os dínamos... Patético, parece que chegamos ao fim, não? Porque agora não posso te levar novamente ao passado ou até mesmo ir eu mesmo. Vamos, ou você vai acabar ficando preso aqui...

— ...

— Vamos... Não seja fracote! Você prometeu que se tudo desse errado, você seria a minha cobaia...

Sim, era verdade... mas talvez as coisas não estivessem tão erradas. Apenas eu estava por querer que tudo fosse perfeito, por exigir internamente que ele correspondesse ao meu amor.

Eu sempre mantive meus sentimentos para mim, não seria mal se eu o fizesse mais uma vez... Por ele.

— Não, Add... é isso o que eu quero, eu vou ficar aqui.

Não tirei os olhos do lago que estava à nossa frente e ele apenas murmurou um “Tsc, patético.”, me deixando para trás. Tinha feito minha decisão, sem volta. Talvez a escolha não tivesse sido tão errada, mas o destino não parecia certo, não para mim.

Mas acima de tudo, ele parecia tão feliz... e vivo. Não, isso não tinha preço, nem mesmo a minha felicidade... afinal eu estaria sempre ao seu lado, mesmo que de uma forma diferente... Isso para mim é mais que o bastante.

“Eu sempre vou amá-lo, El...”

Fim...


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que todos os que chegaram aqui tenham gostado! Quem desejar, pode deixar a opinião nos comentários, ou apenas marcar como favorito para eu saber se alguém gostou ;u; SAOPSAPSA beijo pra todos!



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