Fiquei uma meia hora olhando para anel.

Ele tinha razão, por mais que algo dentro de mim estivesse me alertando que eu devia ir com calma dessa vez e por mais que eu e ele sejamos tão diferentes e tão impulsivos, tenho que admitir que eu não gosto de viver assim.

Então me levantei, peguei uma bolsa e algumas roupas, coloquei Sophia de novo no bebê conforto e interfonei para a portaria pedindo ajuda para descer com as coisas.

–Filha, prometo que essa é a última vez que te tiro de casa hoje! – Ela sorria pra mim, a calmaria em pessoa, não sei a quem ela puxou, com uma mãe doida e um pai estressadinho.

Entramos no carro e eu dirigi até Stanford, estava ficando tarde já, mas eu não quis esperar até o dia seguinte. Em 40 minutos eu estava na frente da casa dele, ou nossa casa como ele disse.

Peguei a Sophia de dentro do carro e fui até a porta. Bati umas três vezes, mas ninguém abriu, comecei a achar que ele tinha saído, mas o carro dele estava estacionado ali na frente. Então um outro pensamento me ocorreu. “ Ele pode ter ficado tão bravo que agora resolveu se consolar naquela garota nojenta”. Respirei fundo pra tentar não pensar nisso, tomei coragem e verifiquei se a porta estava aberta, e estava trancada, me abaixei e procurei a chave reserva e como em toda boa casa americana, encontrei a chave escondida no capacho.

Entrei e estava tudo quieto, só havia um vestígio de luz no segundo andar. Sophia estava tranquila no meu colo e eu fui subindo as escadas devagar, em silêncio, se houvesse algo que eu não quisesse presenciar pelo menos eu poderia sair sem ser vista.

Cheguei ao quarto dele e a luz do abajur estava acesa, coloquei Sophia na cama e olhei os outros cômodos, mas não tinha ninguém na casa, estranhei, mas resolvi aproveitar para dar banho na Sophia e por ela para dormir, ela devia estar bem cansada de tanto passear o dia inteiro.

Depois de dar banho e a mamadeira, ela dormiu, eu voltei ao quarto dele já era 00:00 e nada dele voltar, tomei um banho também e fiquei arrumando a bagunça do quarto. Olhei no chão ao lado da cama e vi um papel amassado, peguei o papel e quando desamassei vi que eram os meus votos, que eu escrevi faz algum tempo, mas que eu me lembre eu tinha escondido.

Escutei um barulho, parecia a porta da entrada principal, segundos depois ele entrou no quarto com uma cara de cansado. Ele se surpreendeu quando me viu ali, mas ficou parado na porta.

–O que você esta fazendo aqui?

–Nossa Tobias você esta bem? Por que você esta com uma cara péssima – Ele revirou os olhos e cruzou os braços, ainda sério.

–E o que você esta fazendo aqui? – Ele repetiu. Eu me levantei e peguei o anel dentro da minha bolsa, depois andei até perto dele.

–Por que você deixou isso em casa? – Ele riu.

–Você continua com seu péssimo hábito de responder uma pergunta com outra não é?

–Pelo visto você também tem esse hábito, não é? – Sorri para ele – Não vai me responder?

–Eu deixei por que é seu, eu te dei... – Ele fez uma pausa – E se você não o quiser, se desfaça dele você mesma! – Eu comecei a rir – Qual é a graça? Agora você vai me dizer o que veio fazer aqui?

–Eu vim por que você disse que queria que eu voltasse – Eu coloquei o anel no meu dedo – Tobias, eu sei que tudo entre nós aconteceu muito rápido e isso me assusta um pouco, mas eu não quero mais ficar longe de você – Ele sorriu de canto e virou o rosto tentando disfarçar – Mas se você mudou de ideia eu posso ir embora.

Ele me olhou de novo, sorrindo, depois se aproximou mais e me abraçou bem forte me tirando do chão.

–Eu não quero que você vá embora – Ele falou no meu ouvido, depois me soltou e me olhou nos olhos– Nunca mais!

–Eu não vou! – Sorri de volta.

Fiquei na ponta dos pés e segurei seu rosto, ele olhava dentro dos meus olhos, ansioso, esperando que eu selasse o nosso momento, confirmando o que eu disse, que não ia embora. E já sabendo o que ele queria, eu o fiz, o beijei.

Nem sei o porquê eu disse que queria esperar e ir com calma, Tobias tira toda minha paz, toda a minha calma, ele bagunça minhas emoções, minha vida, mas eu adoro isso. Eu nunca vou saber o dia de amanhã, nós sempre seremos opostos lutando um pelo outro. Não existe alternativa pra nós e naquele momento eu disse a mim mesma, em pensamento, que cada vez que brigássemos eu iria me lembrar dos motivos que me fizeram voltar. Minha família, minha estrutura, o Tobias e a Sophia e meu amor incondicional por eles.

Mesmo que daqui a 10 anos um de nós esteja disposto a largar tudo, o que vivemos hoje terá valido a pena. Estar com ele era o melhor de todos os riscos.

Quando dei por mim eu já estava deitada na nossa cama, envolvida por seus braços, sentindo todas as melhores sensações, que só ele era capaz de me proporcionar.

**

Acordei escutando um chorinho, Sophia já estava acordada e devia estar com fome. Olhei dos lados e Tobias não estava, me levantei, coloquei um roupão e fui até o quarto da Sophia. Ela estava batendo as perninhas no berço, irritada. Peguei-a no colo e troquei a fralda dela, depois desci as escadas com ela e quando cheguei na cozinha Tobias tinha acabado de chegar com algumas sacolas.

–Bom dia! – Ele disse vindo em nossa direção e dando um beijo em nós duas.

–Bom dia... Acordou cedo é?

–É, eu precisava comprar algumas coisas e também queria ter chego antes de vocês acordarem, pretendia fazer o café – Ele fez cara de insatisfeito.

Olhei em volta e não vi a babá folgada e exibida.

–E onde está a garota que cui.da.va da Sophia?

–Cuidava?

–Sim! Por que eu mesma vou contratar alguém, não quero mais aquela garota aqui e além disso, esta claro que você não sabe escolher babá – Ele riu.

–Não sei por que falar assim da garota, ela é gente boa Tris.

–Não me provoque Tobias Eaton! – Eu disse bem séria e ele riu.

–A Lauren foi embora ontem, não vai ser necessário você expulsá-la.

–Como assim?

–Eu a dispensei ontem quando voltei da aula, por isso me atrasei para te buscar– Eu abri um enorme sorriso e ele riu.

–E isso por quê? Não queria que ela me contasse sobre as aventuras de vocês dois aqui?

–Como você é boba Tris – Ele me deu um beijo e depois voltou a guardar as coisas que comprou.

Tomamos nosso café, mas eu ainda não sabia como íamos fazer com a Sophia, eu não podia perder muitas aulas e estávamos quase nos fim do semestre.

–Tris, eu fico com ela hoje e você vai pra aula, depois eu tenho que ir trabalhar e aí você fica com ela.

–Tudo bem Tobias, mas eu também tenho que ir na agência hoje, vou ter que levar ela comigo – Ele torceu o nariz.

–Achei que você ia largar esse emprego, você não esta fazendo trabalhos como modelo agora?

–Estou, mas eu não posso sair da agência sem dar satisfação, eu tenho que terminar umas coisas que já comecei e também tenho que avisar o Edward.

–Que seja, mas eu vou te levar.

–Então eu vou me arrumar, se não eu vou me atrasar pra aula.

Me levantei e dei Sophia para ele, depois subi para tomar um banho, terminei de me arrumar e fui para a aula.

–Tris! – Christina gritou assim que me viu entrar no corredor.

–Oi Chris!

–Que bom te ver aqui! – Ela olhou para os lados – E o Tobias, não esta andando atrás de você hoje? – Ela riu.

–Não, ele faltou hoje para cuidar da Sophia – Ela fez cara de confusa.

–E a babá? Não me diga que vocês voltaram e você chutou ela de lá? – Eu comecei a rir.

–Quase isso... – Fiz suspense.

–Aiin Tris fala logo!

–Nós voltamos sim, mas eu não tive o prazer de chutá-la, ele fez isso antes de mim – Fiz biquinho e Christina caiu na gargalhada.

–Poxa, ninguém me convida para ver cenas como essa – Ela cruzou os braços – Mas fiquei surpresa pela atitude do Tobias, gostei bastante. Outro dia o Will deixou escapar que ela tava dando em cima dele direto e que ele não sabia como ele estava aguentando – Bufei – Mas até onde eu sei nunca rolou nada entre eles amiga, fica sussa.

–Isso não importa mais Chris – Mostrei o anel para Christina e ela começou a dar pulinhos de comemoração.

–Então... Quanto tempo eu tenho?

–Quanto tempo você tem pra quê? – Perguntei.

–Para organizar esse casamento menina! Tem que ser incrível e você não vai me tirar esse gosto, vai? – Ela fez cara de “gato de botas”.

–Aiin Chris, calma menina, eu deixo você organizar tudo, mas vai ser no fim do ano, temos tempo.

–Fim do ano?? Temos tempo nada, são só 6 meses! Se prepare por que hoje vamos escolher seu vestido.

–Chris, calma! E hoje não dá, tenho que trabalhar.

–Ok, no sábado nós vamos – Ela deu de ombros e eu ri. Com certeza ela não vai me deixar em paz.

Entramos na aula e Susan me ajudou a recuperar um pouco do que perdi nos dias que eu faltei, se não fosse a Susan eu estaria perdidinha.

–Tris, como eu fico feliz por você amiga, nossa, o Caleb ficava muito bravo com o Tobias, eles viviam discutindo quando você sumiu, mas a verdade é que o Tobias sofreu muito, dava dó de ver.

–É, eu imagino Su... Mas e você e o meu irmão? – Dei um cutucão de leve no ombro dela e ela corou.

–Estamos bem, o Caleb é incrível – Os olhos dela brilhavam, fiquei feliz ao ver isso.

–Que bom cunhadinha – Eu sorri - Quero te pedir uma coisa.

–O que?

–Quero que você seja dama de honra no meu casamento, junto com as meninas – Susan abriu um enorme sorriso.

–É claro Tris! Nossa vai ser uma honra pra mim.

Abracei Susan e todos na sala ficaram nos olhando confusos com a cena. Nós duas chorando e dando risada.

No fim da aula dei um beijo no Caleb e nas meninas e voltei para casa. Tobias estava no quarto da Sophia e a bagunça ali estava de dar medo.

–Tobias, passou um tornado por aqui?

–Não né, mas eu não sou muito bom em fazer três coisas ao mesmo tempo.

–Tipo o quê? – Cruzei os braços me fingindo de brava, mas na verdade eu estava achando graça.

–É que eu dei banho nela, mas eu tinha esquecido de separar a roupa e tive que colocar ela no berço enquanto pegava a roupa, mas aí a danada fez xixi e molhou o berço todo... – Eu comecei a rir sem parar. A cara dele era o melhor naquela hora – Do que você esta rindo?

–De nada, é só que você é meio atrapalhado.

Peguei a Sophia do berço e dei outro banho nela enquanto ele arrumava as coisas caídas pelo chão. Depois entreguei ela para ele e peguei um vestidinho e uma faixa para por na cabecinha dela, em 15 minutos ela estava pronta.

–Viu só? – Olhei para ele – E em tempo record né filha? – Disse beijando ela.

–Vamos? – Ele disse revirando os olhos.

–Calma né, vou tomar um banho antes – Entreguei Sophia a ele e sai do quarto.

–Quero ver se vai ser em tempo record também – Ele gritou.