Peter

–Peter! Já faz 2 semanas que você almoça com a Beatrice e eu não vi ela passar mal nenhuma vez – Disse Clarice, que estava berrando desde que eu cheguei em seu apartamento.

–Clarice, você quer calar a boca? – Eu disse – Você me mandou dar o veneno em pequenas doses, além disso eu não posso dar a ela no refeitório, alguém pode ver.

–Dê um jeito de sair com ela!

–Eu já tentei, ela sempre me dá uma desculpa, nós saímos aquele dia e eu dei a primeira dose, mas depois disso ela veio com um papo que não pode ficar comendo fora.

–Se vira Peter! Eu já estou com quase “7meses” e ela tem que perder aquela criança antes que eu ganhe essa! –Ela disse apontando a barriga.

–Ganhar? Você parece não se importar com o fato de ter uma barriga de espuma. O que você pretende dizer para o Tobias quando chegar a “hora do parto?”.

–Eu ainda não sei, eu tinha pensado em ter um “aborto” bem antes, para não ter que chegar a isso, mas agora que aquela vaca esta grávida eu preciso levar essa gravidez de mentira a diante, senão o Tobias vai me deixar.

–Pense nisso então boneca, o Tobias vai querer ver a criança, mesmo se você disser que morreu, ele vai querer ver do mesmo jeito.

–Eu posso dizer que me roubaram!

–Clarice, use seu cérebro! Você vai falar para ele que foi para o hospital, teve o bebê e depois te roubaram e ninguém avisou ele para estar lá com você?

–É... Exatamente isso que eu vou fazer!

Revirei os olhos, era muita maluquice pra mim, na verdade, aquele história estava começando a cheirar mal. Eu não amo a Tris, mas gosto dela, além da vontade maluca de ficar com ela e de esfregar isso na cara do meu priminho que se acha superior, mas eu gosto dela. Não quero que ela morra.

–Peter, você esta me ouvindo?

–Estou!

–Dê um jeito de sair com ela amanhã e dê uma dose maior do veneno, estamos com pouco tempo. Se vira, não sei como você vai fazer, mas se vire! – Ela disse gritando.

–Baixa sua bola Clarice! Você inventou essa maluquice e eu te apoiei por que queria ficar com a Tris, mas não venha me pressionar, por que eu não vou fazer nada que levante suspeitas sobre mim depois.

–Estamos juntos nessa Peter – Ela disse se aproximando com tom irônico – Não se esqueça que se um cair, os dois caem, foi você que me arrumou a garota que têm feito os exames da gestação no meu lugar. Sem isso eu não teria provas para continuar com essa “gestação”. Se der certo nós dois ganhamos.

–Mas eu nunca quis que a Tris morresse. Esse seu plano põe em risco os meus planos de ficar com ela.

–Você esta apaixonado por ela Peter? – Ela perguntou.

–Não, mas eu não quero que ela morra.

–Tudo bem, vou dar o meu jeito – Ela disse sorrindo e depois se aproximou querendo transar, mas eu sai de perto dela e fui embora. Essa história está me deixando estressado.

Saí do apartamento da Clarice e fui a um bar próximo beber um pouco, eu preciso dar um jeito de me aproximar da Tris, mas ela só me vê como amigo, o único jeito é fazendo ela brigar com o Tobias, aí eu sei que ela vai aceitar minha companhia, mas eu não darei mais o veneno a ela, não me importaria se ela perdesse aquela criança, mas não quero que ela morra.

Tris

Acordei me sentindo nova hoje, ontem estava com um pouco de dor nas costas, mas hoje me sinto bem melhor, apesar de ter discutido de novo com Tobias. Ontem ele veio aqui e reclamou mais uma vez por eu permitir que o Peter almoce comigo, não sei o que ele e as meninas implicam tanto com isso, eu não tenho e não pretendo ter nada com o Peter. Tobias não entende isso.

Levanto da cama, tomo um banho e me arrumo para ir pra faculdade, hoje eu estou completando 20 semanas de gestação, minha princesa está cada dia mais agitada dentro de mim, principalmente quando o Tobias esta perto, é até engraçado. Ainda não decidimos o nome que daremos a ela, eu tenho alguns em mente, mas ainda não conversei sobre isso com o Tobias.

Chegando na faculdade Peter estava me esperando na porta da minha sala.

–Oi, como as duas princesas estão? – Ele perguntou me dando um beijo no rosto.

–Estamos bem Peter – Respondi.

–Vamos dar uma volta no shopping mais tarde? Quero comprar um presente pra essa gatinha – Ele disse passando a mão na minha barriga.

–Não precisa Peter, além disso eu tenho que ir para casa, as meninas vão lá hoje.

–Amanhã então? – Ele insistiu fazendo cara de pidão.

–Vou pensar – Respondi.

Entrei na minha sala e Clarice estava lá com a mesma cara de cú de sempre.

–Tem certeza que esse bebê é do Tobias Beatrice? Pelo jeito que você e Peter estão sempre juntos eu poderia jurar que ele é o pai – Ela disse em voz alta e todos da sala de viraram para mim.

–Eu tenho certeza e você? Quem vivia se pegando com o Peter era você – Respondi e ela fez uma cara de raiva.

–Mesmo assim, é na minha cama que o Tobias tem dormido quase toda noite, como ontem! – Ela disse baixinho, perto de mim. Senti a raiva me consumindo por dentro, mas respirei fundo e olhei para ela tentando não demonstrar.

–Que bom para vocês!

Ela ficou sorrindo, é claro que ela percebeu minha irritação, mesmo eu me esforçando muito para disfarçar. Pelo menos eu tive um trabalho com dupla e me sentei com a Susan, ela ficou me acalmando, pedindo que eu pensasse na minha filha e isso ajudou muito, mas não esqueci o que ela disse, pensar que ele esta dormindo com ela me fez sentir raiva, eu me odeio por sentir raiva, mas não consigo evitar.

No fim da aula fui direto para casa, nem passei no refeitório, não queria ver ninguém, nem o Peter, muito menos o Tobias.

A tarde as meninas chegaram, elas iriam me ajudar a planejar o quarto da minha pequena.

–Tris você precisa escolher um nome pra ela – Disse Marlene.

–Eu sei Mar, mas toda vez que o Tobias vem aqui a gente acaba brigando, nem dá tempo de resolver isso.

–Deixa eu adivinhar. Peter? – Perguntou Christina.

–É... O Tobias não gosta que eu fale com ele.

–Eu não o culpo e concordo com o Tobias – Disse Christina – Peter te olha de um jeito estranho, eu também não gosto dele perto de você.

–Você também Christina? – Perguntei.

–É o que eu acho Tris – Ela disse.

–É Tris eu também acho estranho o jeito dele, o interesse dele por você e se isso causa tantas brigas entre você e o Tobias você devia tentar evitar – Disse Shauna – O Zeke comentou comigo que o Peter sempre provoca o Tobias insinuando que tem alguma coisa com você.

Fiquei um pouco surpresa com o que Shauna disse, apesar de saber do interesse do Peter por mim eu não sabia que ele fazia isso, ele meio que estiga as minhas discussões com o Tobias, ele as causa.

–Vou fazer isso meninas – Eu disse – Agora me ajudem, preciso decidir que cor vai ser o quarto, pra depois comprar papel de parede e os móveis.

–Eu sugiro lilás – Disse Marlene.

Ficamos a tarde toda conversando e decidindo os detalhes do quarto da minha pequena, amanhã eu vou sair comprar os móveis com o Tobias, ele insistiu muito.

Depois que as meninas fora embora eu tomei um banho e jantei, Caleb e Susan estavam na sala comigo assistindo uma comédia, a mesma que eu comecei a assistir na casa do Tobias, mais de dois meses atrás, quando voltamos de São Francisco. Senti saudade daquele tempo, parece que faz muito tempo.

Decido ir para o meu quarto dormir, coloquei meu celular para despertar e me deitei, mas quando eu ia apagar o abajur a porta do meu quarto se abriu, Tobias estava entrando.

–O que você esta fazendo aqui? – Perguntei.

–Vim ver vocês – Ele disse.

–Veio brigar de novo você quer dizer! – Eu disse em tom irônico e revirei os olhos.

–Não, vim ver como esta minha filha, esta melhor assim?

–Que seja, você poderia ter ligado, e ela esta bem.

Ele se sentou na cama ao meu lado e deu um beijo na minha barriga.

–Eu não vim aqui para brigar, você sabe o que eu penso, mas agora eu só quero saber de vocês. Eu vi que você foi embora durante o intervalo, você se sentiu mal? – Ele perguntou. Lembrei que eu fui embora por que me irritei com a Clarice, mas não queria contar a ele que eu sei que eles estão juntos. Só de lembrar disso minha irritação voltou.

–Tobias eu estou bem, você pode ir embora tá?

–Agora é que eu não vou – Ele disse tirando o sapato e deitando ao meu lado.

–Saia da minha cama, não quero você aqui! – Eu disse irritada – Você fica se esfregando naquela garota, dormindo com ela e agora veio aqui pra quê? Pra tirar proveito de mim também? – Ele se sentou e me olhou sério.

–Eu não faço ideia do que você esta falando, seja lá o que te disseram eu não andei me esfregando em ninguém.

–Ahh me poupe Tobias!

–Não acredita em mim?

–Não, não mesmo! – Eu disse me levantando da cama e ficando de pé no lado oposto ao dele – Vá embora.

–Ta, eu vou... – Ele se levantou – Mas você esta sendo injusta – Ele atravessou o quarto e me deu um beijo na testa, depois saiu.

“Não é possível que ele seja tão descarado assim!” Pensei.

Me deitei novamente e só depois de rolar várias vezes tentando dormir eu consegui, ele foi embora, mas deixou o cheiro maldito dele na minha cama. “Que raiva que eu tenho dele!”.

No dia seguinte depois da minha última aula eu tive que espera-lo, pois ele iria comigo comprar os móveis do quarto da bebê. Quando ele saiu veio até mim e estava sério, não perguntei o que tinha acontecido, ele me deu um beijo na testa, depois passou a mão na minha barriga e logo entendi o motivo da irritação dele.

–Tobias! Não me deixe falando sozinha – Gritou Clarice chegando logo depois dele – O que ela esta fazendo aqui?

–Eu vou com a Tris comprar os móveis para o quarto da bebê Clarice – Ele respondeu.

–Não vai não... Hoje eu tenho médico, você sempre reclama que eu não te levo as consultas, hoje eu quero que você vá. Além disso nós também temos de montar o quarto do nosso filho.

–Engraçado que só agora que você esta com 7 meses você lembrou disso né? Remarque sua consulta, eu não posso ir hoje!

–Eu não vou remarcar Tobias, se você for com ela eu vou pra casa e só vou voltar a comer quando você aparecer!

–Tobias – Eu o chamei – Vai com essa louca, não precisa ir comigo, ela esta desequilibrada, isso é muito ridículo, é manha de terceira série – Eu disse olhando para ela.

–Cala sua boca sua idiota – Ela disse para mim.

–Clarice, eu não vou discutir com você, não gosto de me estressar por pouca bosta – Eu disse olhando para ela –Tchau Tobias.

–Ei – Ele segurou meu braço – Podemos ir amanhã? – Apesar de aquela cena ridícula ter me irritado eu acabei cedendo, por ele. “Eu só queria me lembrar quando foi que eu entrei nessa canoa furada”.

–Ok! – Respondi.

Fui para casa e fiquei arrumando as coisas que eu tenho da minha bebê, as roupinhas que eu comprei e as que eu ganhei das minhas amigas. Tudo tão lindo.

Antes mesmo de escurecer Tobias chegou em casa, estranhei por que não faz muito tempo que nos vimos.

–Oi – Ele disse quando eu abri a porta.

–Oi – Respondi – Achei que você estivesse com a louca – Ele coçou a cabeça e se sentou no sofá. Eu fui até ele e me sentei ao seu lado.

–Eu estava, ou melhor, eu tentei ficar no mesmo ambiente que ela, mas ela é insuportável.

–Mas e a consulta? – Eu não queria saber nada da gravidez da Clarice, mas fiquei tentada a perguntar, ele me parecia nervoso.

–Ela não foi na consulta! Quando chegamos no carro ela começo a falar que estava passando mal, com enjoo e quis ir para casa, depois ficou enrolando lá e não quis ir ao médico.

–É verdade que você não foi a nenhuma consulta com ela? – Perguntei.

–É... Ela sempre arranja uma desculpa para eu não ir. Só trás os exames e me mostra depois.

–E você já sabe o que é o bebê? – Não sei da onde surgiu minha curiosidade, mas eu queria acalmá-lo.

–Não, ela disse que prefere surpresa – Ele disse e me abraçou, senti como se ele quisesse chorar, ele me abraçou forte por uns segundos – Como eu queria que isso fosse mais fácil, como eu queria ter você comigo – Ele disse ainda abraçado a mim.

–Eu estou aqui... Sou sua amiga lembra? – Eu disse me soltando do abraço e sorrindo para ele. Estava me doendo ver ele tão triste.

–Eu te amo Tris! Não posso ser só seu amigo, isso esta me matando!

Senti um bolo na garganta, me fazendo prender o ar e me impedindo de me mexer, eu o amo também, mas dizer isso não vai adiantar, não vai resolver tudo, não vai tornar as coisas mais fáceis. Então eu apenas sorri e o abracei novamente.

–Você pode contar comigo viu – Era tudo o que eu conseguia dizer.

Depois da minha conversa com Tobias, eu passei o resto da semana tentando evitar confrontos com a Clarice, ela estava sempre por perto, então eu evitava falar com ele na faculdade. Tobias sempre ia a noite me ver e a gente conversava bastante, decidimos que o nome da nossa filha será Sophia. Ele me ajudou a pintar o quarto, ou melhor, ele mesmo fez isso, agora esta tudo pronto.

É incrível como somos amigos, apesar de amar ele com toda minha alma eu me sinto bem com essa nossa amizade. Às vezes ele chegava muito perto e quase nos beijávamos, ter ele comigo me fazia sentir saudade disso, mas eu me controlava ao máximo.

Um semana depois eu saí da aula e voltei para casa, quando eu cheguei no estacionamento do meu prédio um carro desconhecido entrou e parou próximo ao meu. A princípio eu só estranhei, mas peguei o elevador e subi até o 10º andar, quando eu estava quase na porta do meu apartamento eu senti alguém puxar meu cabelo e me jogar com força na parede. Eu bati minha cabeça de frente e cai, não consegui ver nada, fiquei tonta. A pessoa me pegou pelos cabelos de novo e me arrastou eu sentia muita dor na minha cabeça e não conseguia ver quem era, mas me debati um pouco, até sentir um vão em baixo de mim e meu corpo bater várias vezes em alguma coisa, acho que era uma escada, eu girava, até que tudo sumiu e eu não vi mais nada.