Tobias

Depois que eu saí do apartamento da Tris na sexta eu senti vontade de gritar de tanta felicidade, minha pequena, minha Tris, grávida de um filho meu. Meu coração se encheu de alegria. Que doidera, eu vou ser pai de duas crianças quase ao mesmo tempo. Agora eu já me acostumei com a ideia de ter um filho com a Clarice, eu vou amá-lo, vou cuidar dele e apesar de ter que conviver com ela, eu me sinto feliz com a ideia, mas agora eu não preciso mais me afastar da Tris, agora eu também tenho um elo forte com ela, isso me deixa muito feliz.

Um dia, quando tudo se acalmar eu posso ter ela de volta. Por que sei que ela me ama do mesmo jeito de antes, assim como eu a amo. Eu senti isso quando eu a beijei.

Passei o fim de semana em casa e no domingo fiquei um pouco no apartamento com a Clarice. Ela continua insistindo que eu me mude pra lá, diz que se sente mal o tempo todo. Eu sempre digo a Martha me ligar quando ela passar mal, mas ela nunca liga, em compensação Clarice liga o tempo todo e ainda diz que Martha não cuida bem dela, mas eu sei que isso é desculpa para eu ir lá.

No dia seguinte eu não vi a Tris quando eu cheguei na faculdade, mas na hora do almoço ela entrou no refeitório mais linda do que nunca, minha vontade era de ir até ela e abraça-la, ficar perto dela, mas Clarice chegou e ficou reclamando por que me viu olhando para Tris.

Logo depois do almoço a Clarice descobriu que a Tris esta grávida e resolveu me pressionar dizendo que se sente desamparada, e o pior é que eu não vejo ela se cuidar, tenho medo que ela faça alguma besteira. Preciso arrumar um jeito de equilibrar isso, por que agora que eu sei que a Tris vai ter um filho meu eu não posso e não quero ficar longe dela, mas por mais que eu queira me aproximar, implorar para que ela volte pra mim, eu não posso. Ainda não.

Voltei do meu estágio, tomei um banho e resolvi procurar a Tris, preciso vê-la, saber se ela esta bem. Ontem falei com Caleb e ele me disse que ela esta se cuidando e está indo ao médico certinho, não esperava nada diferente dela, a Tris sempre foi muito responsável.

–E aí papai do ano! – Peter disse quando eu estava saindo de casa. Eu nunca fui amigo do Peter, mas ultimamente eu estou detestando ele ainda mais.

–Fala Peter – Eu disse sério.

–Já soube da novidade, cara daqui a pouco você vai abrir uma creche, cuidado hein – Ele disse rindo.

–Cale a boca Peter, até por que, esse filho da Clarice pode muito bem ser seu.

–O da Tris também! – Ele disse. Eu não me controlei e o prensei na parede com meu braço no seu pescoço.

–Não abra mais sua boca para falar qualquer coisa da Tris, ela nunca ficaria com você.

–Tem certeza? Eu posso apostar com você como ela fica!

Eu queria soca-lo até a morte, mas Zeke e Eric me puxaram para fora da casa.

–Calma Tobias! – Disse Zeke – Você sabe que ele fala isso pra te provocar cara!

–Eu não suporto ver ele perto dela Zeke, esse filho da puta não quer só me provocar, ele quer ficar com ela pra me provar que ele pode fazer isso. Eu vou surtar, não aguento mais isso, preciso dela Zeke.

–Calma irmão! Eu imagino como essa situação ta maluca pra você, mas as duas precisam de você. Meu conselho é que você continue dando seu apoio a Clarice, mas não fique muito próximo, tenta recuperar o seu tempo perdido com a Tris, ela é forte e tem levado isso sozinha desde o começo, mas ela precisa de você.

–Eu vou ver ela Zeke, depois a gente se fala – Eu disse abraçando meu amigo, mais do que nunca ele tem sido meu irmão.

Tris

Depois da minha discussão idiota com a Clarice, voltei para casa e deitei um pouco, estou sentindo dor nas minhas costas por causa do empurrão que ela me deu, bati forte com as costas na parede, preciso ficar mais atenta daqui pra frente.

Dormi a tarde toda e quando me levantei, tomei um banho e fui até a cozinha procurar o que comer. Caleb estava no quarto dele estudando, como sempre.

–Vou fazer uma janta para nós ta bom? – Eu disse passando pelo quarto dele que estava com a porta entre aberta.

–Ta bom, eu já vou lá te ajudar – Ele respondeu se virando para mim e sorrindo.

Cheguei a cozinha e resolvi fazer uma parmegiana de frango, que eu estava morrendo de vontade. Logo Caleb chegou ao meu lado e começou a me ajudar, me lembrei do tempo que ficávamos sozinhos em casa e das vezes que ele me ajudava com a janta e os afazeres da casa. É muito bom ter meu irmão comigo. Ouvi a campainha tocar e Caleb foi atender, quando ele abriu a porta Tobias entrou. “Eu não mereço isso”.

–Oi Tris – Ele disse.

–Oi Tobias – Respondi – O que você esta fazendo aqui?

–Eu vim saber como você esta, conversar com você!

–Eu vou ligar pra Susan, já volto – Disse Caleb saindo da sala. “Desgraçado”

–Eu estou bem Tobias, não precisa se preocupar comigo – Eu disse e ele se aproximou, ficou do outro lado do balcão da cozinha.

–E como esta o bebê? De quanto tempo você está? Ainda não conversamos sobre isso.

–Ele esta bem, está saudável graças a Deus... Estou com 18 semanas, o que dá uns 4 meses e meio. Era isso que você queria saber? Bem, já pode ir.

–Tris, pare de tentar se defender de mim! Eu não vou a lugar nenhum – Ele disse sorrindo e eu desviei o olhar, esse sorriso dele me desconcentra.

–Estou ocupada agora, não posso conversar.

–Não tem problema, eu te ajudo, ou você se esqueceu que eu sou ótimo na cozinha? – Eu não consegui não sorri, que droga, lembrei do risoto que ele fez uma vez, estava muito bom mesmo.

Ele tirou o casaco de moletom que estava usando, me fazendo sentir um frio na barriga e veio do meu lado, comecei a tremer igual uma girafa recém-nascida e torci para ele não perceber, ele estava muito cheiroso, como sempre, eu já estava ficando incomodada, me sentindo uma idiota.

Ele começou a fazer a parmegiana e sorriu, com certeza percebendo meu nervosismo. Dei a volta no balcão e me sentei esperando ele terminar. Depois arrumei a mesa de jantar e chamei Caleb várias vezes, mas é claro que ele não veio comer, era de propósito, para me deixar sozinha com o Tobias.

Jantamos em silêncio, estava mesmo muito bom. Até suco natural de maracujá ele fez, eu sempre amei suco de maracujá.

–Obrigada pelo jantar, estava muito bom – Eu disse me levantando.

–Pode ficar sentadinha ai, eu limpo a cozinha – Ele disse.

–Não precisa, eu posso fazer isso – Respondi.

–Não, fica assistindo, eu vou arrumar tudo.

Deixei ele arrumar a cozinha, sabia que não adiantava insistir. Eu só queria que ele terminasse e fosse embora logo para eu parar de sentir esse nervosismo todo. Tá, eu não queria que ele fosse embora, mas eu também não queria que ele ficasse ali, eu sabia que não ia me acertar com ele, aquilo só estava me torturando.

Eu fiquei deitada no sofá e quando ele terminou ele veio e se sentou ao meu lado.

–E então... – Ele começou – Há quanto tempo você sabe?

–2 meses... – Respondi.

–E por que você não queria me contar?

–Acho que isso é meio óbvio Tobias – Eu disse tentando não olhar para ele – Eu não queria que isso ficasse mais difícil do que já estava.

–E você achava que escondendo evitaria? Tris eu nunca vi minha vida mais bagunçada do que está agora, mas eu nunca, jamais teria me afastado de você. Eu nunca quis terminar, mas aceitei por que sabia que não era justo com você, não era justo pedir que você continuasse comigo e aguentasse essa situação toda comigo.

–E agora você acha justo?

–Não! Mas agora que eu sei que você esta grávida eu tenho toda as razões possíveis para não sair do seu lado. Eu não vou te pedir que enfrente isso comigo, a Clarice é uma questão minha, mas não tente me afastar, por favor, me deixa ficar ao seu lado e cuidar de você.

Meu coração estava batendo na garganta, tinha até esquecido de respirar, seria tão mais fácil se ele não fosse quem ele é, se ele não me olhasse desse jeito e dissesse essas coisas. Senti uma vontade enorme de abraça-lo, de sentir seu calor de novo, mas não posso, não quero sofrer ainda mais.

–Tudo bem Tobias – Eu disse – Não vou tentar te afastar do seu filho, acho que será melhor para ele se a gente tentar ser... Sei lá... Amigos – Ele assentiu com a cabeça e sorriu de canto. “É pakaba comigo isso, eu acabei de dizer que quero ser amiga dele e ele sorri assim?”

Ele se sentou mais perto e colocou minhas pernas esticadas no seu colo, eu continuava deitada no sofá, nem me mexi, depois ele levantou um pouco minha blusa e colocou a mão na minha barriga, sua mão estava quente e ele acariciava sorrindo. Eu já estava sorrindo também, sentindo uma paz enorme, como se nada estivesse acontecendo, só nós dois ali naquele momento.

De repente eu senti um tremor forte na minha barriga, meu bebê começou a mexer sem parar e eu senti minhas lágrimas escorrerem de felicidade, foi a primeira vez que ele mexeu. Olhei para Tobias e ele estava sorrindo mais ainda e chorava também, não percebi quem ele havia sentido.

–Você sentiu isso? – Eu perguntei.

–Sim – Ele respondeu emocionado.

–Foi a primeira vez que ele mexeu – Eu disse sorrindo e ele me olhou ainda mais feliz.

–Ele sabe que eu sou o pai dele – Ele disse e se inclinou para beijar minha barriga.

Eu estava tão emocionada, não tinha como não ficar, ele estava ali e apesar de tudo ele estava comigo, queria estar comigo e mesmo eu sabendo que não poderia consertar as coisas eu estava feliz com a presença dele, meu filho teria um pai maravilhoso.

Eu ainda estava sorrindo muito com meu bebê se mexendo quando Tobias se pôs por cima de mim para me abraçar, sem apertar minha barriga, sem malícia, somente um abraço emocionado. Eu me sentei e retribui o abraço, apertei ele bem forte como se quisesse eternizar aquele momento, e se eu pudesse eu faria isso, estava perfeito.

Depois de um tempo me soltei do abraço e ele estava com seu rosto muito perto do meu, eu queria tanto beijar ele, queria tanto que fosse mais simples, mas eu não podia, não queria dificultar tudo para ele. Eu me afastei um pouco e me deitei com a cabeça em seu colo, ele me pareceu entender e ficou acariciando meu cabelo, até que eu peguei no sono.