Dean amava Castiel.

Esse era o tema que assombrava Dean quase todas as noites desde que percebera isso. Toda vez que fechava os olhos a imagem do mesmo aparecia em sua mente, quase nunca em uma cena inocente. Todos os dias antes de se deitar seus pensamentos viajavam para o moreno, ele tentava imaginar como ele estaria, e principalmente, se estava bem. Dean não entendia como aquilo foi acontecer, como o anjo se tornou tão importante? Quem era o filho da puta que estava brincando com a mente dele?

Dean Winchester amava Castiel.

Só essa simples constatação o fazia estremecer na base. Toda vez que olhava para o anjo, com seus olhos azuis intensos, seu corpo reagia e sua mente travava. Ele ficava sem palavras e sua boca secava, e ele lutava para não deixar isso transparecer. Ele era Dean Winchester não era? Não era suposto que ele conseguisse conquistar qualquer um a qualquer hora? Sim, ele sabia disso. Mas ele também sabia que Cas não era qualquer um.

Amava seus olhos, seu rosto, seu sorriso... Droga, só esse maldito pensamento o fazia ficar com um sorriso idiota na cara. E ele sabia que não era por causa de Jimmy Novak. Castiel era intenso. Seu olhos reluziam, seu sorriso iluminava o ambiente e sua voz enchia seus ouvidos, parecia que Cas era feito sob medida para ele, feito para acabar com a sua sanidade em um piscar de olhos. Ele era moldado para ser seu anjo e sua perdição.

Dean amava Castiel.

E ele tinha certeza que era Castiel que o fazia sentir essas coisas. Ele não sentia seu estômago revirar com ninguém além de Cas, ele não sentia uma falha na respiração quando outros se aproximavam, e definitivamente, Dean não sentia vontade de beijar outros senão os lábios rachados do anjo. E aquela vontade estava consumindo-o a cada dia mais. Aquela necessidade naquela intensidade deveria ser mentalmente impossível.

Mesmo com ele errando, mesmo com as decisões que o machucavam, porque ele sabia que o outro sempre estaria lá por ele, como sempre esteve. Ele era aquele que o deu um motivo para rezar, aquele que lhe deu um motivo para se manter vivo e se preocupar além do seu irmão. Castiel era em quem o caçador mais confiava, tanto que confiou sua própria vida a ele. O loiro não suportaria se tornar o que a marca queria mais uma vez, não suportaria desprezar tudo o que lhe era importante hoje. E doía em Dean não conseguir falar isso.

E o medo da marca foi só mais um agravante para o deixar paralisado. Como dizer isso a ele? Dean sabia que se ele falasse aquilo, o anjo provavelmente não iria fazer o necessário se a marca tomasse conta de si. Ele não seria capaz de matá-lo.

Aquele que foi jogado no inferno amava a quem o tirou de lá.

E ele não sabia como dizer isso. Toda vez que tentava, ele se perdia nos contornos do rosto do outro. As palavras voavam de sua cabeça para um lugar além da imaginação. Ele amava tudo nele ao ponto de não saber expressar. Tudo em Cas parecia tão provocantemente inocente, tão excitantemente puro... Dean sentia vontade de arrancar aquele olhar de inocência, ver aquela voz torturosamente, não intencional é claro, sexy gritar seu nome. Dean queria ver Cas implorar por si, ao mesmo tempo em que ele desejasse mais e mais daquele que o tirou da perdição. Aquele tipo de desejo só poderia ser um tipo de piada, ou uma peça que Deus tentava pregar nele.

E ele queria que o outro soubesse. Como ele queria que o anjo pudesse ler sua mente como antigamente, pelo menos por um minuto. Seria tempo suficiente para tirar todo aquele peso de seus ombros. Se ele pudesse entrar em sua mente, o loiro poderia dizer todas as coisas que ficavam entaladas em sua garganta. Na verdade, havia muitas coisas que Dean sentia falta também, como o anjo invadir seu espaço pessoal. Ele se arrependia amargamente de todas as vezes que falou para o outro se afastar.

O "conquistador" amava o não mais tão inocente.

Ele sabia que não fazia diferença que sua "casca" fosse um homem. Pois não importaria se ele trocasse para qualquer outra pessoa. Cas continuaria sendo Cas. E era isso que o importava. Apesar de amar o jeito com que Cas se adaptava e descobria as coisas naquele corpo. Oh sim, ele adoraria ver o anjo confuso no corpo de Jimmy, sentindo todas aquelas sensações que um “anjo do senhor” não deveria sentir, mas era mais por costume que ele gostava de ver Castiel em Jim, afinal, foram anos usando aquela casca. E de qualquer forma, independente do corpo, ele simplesmente não conseguia “ir a diante”.

O demônio amava o anjo.

E ele tentou, arduamente, contar isso para o outro, mas ele se enrolava nos próprios pensamentos e suas pernas viravam geleia toda vez que tentava. Aquilo não era para acontecer. Sentir seu coração acelerar, sua mente enuviar e seu corpo reagir a simples toques não era costumeiro para Dean. Não aquele Dean que ficava com uma mulher a cada bar. Não aquele Dean que conseguia seduzir qualquer rabo de saia que passasse por ele. Não o famoso Dean Winchester. Mas aquele anjo conseguiu aquilo que ninguém imaginava conseguir, o coração do caçador.

Mas Dean amava Castiel.

Tanto que ele não percebia quando o outro o olhava carinhosamente. Ou quando Cas se aproximava propositalmente só para aproveitar os míseros segundos perto do caçador. Ele não notava como o anjo se arrepiava ao ouvir sua voz tão perto. Dean não sabia que ele o amava da forma mais pura e intensa que um ser poderia amar outro.

Porque Castiel também amava Dean.

E não havia percebido aquilo até o momento em que desistiu de tudo por ele. Castiel não fazia isso, ele era um anjo, um guerreiro, ele era um maldito soldadinho celestial que seguia cegamente as ordens dos malditos anjos lá de cima. Ele não questionava, ele seguia. Até conhecer o homem, provavelmente, mais teimoso de toda a face da Terra.

Ele passou a ter sentimentos humanos a cada dia mais que passava com os irmãos, e simplesmente não pode evitar se apaixonar. Pois Dean tinha todo aquele jeito grosseiro, machista, mas por debaixo de toda aquela fachada, havia alguém por quem lutar. Havia o homem que hoje estava lutando contra a marca, havia o homem que o salvou e perdoou tantas e tantas vezes, havia o homem por quem tinha se apaixonado perdidamente.

Dean amava Castiel e Castiel amava Dean.

De todas as formas e perspectivas possíveis, com todos os erros, defeitos, escolhas, mentiras e passados. Os dois se completavam. Yin e Yang. Desde o momento em que se encontraram, ambos sabiam que seria assim. Dean fez o anjo cair, de todas as maneiras, ele o ensinou a ter escolha, o que um anjo jamais poderia ter. E Castiel o ensinou a ter fé, o fez lembrar do que realmente importava e, mesmo sem perceber, lhe deu forças e mais um motivo para lutar.

Os dois amavam-se incondicionalmente.

E é assim, com sonhos pervertidos e pensamentos inocentes, com corações batendo em sincronia e com as brigas, que, cada um com seu jeito, acabam inconscientemente demonstrando amar um ao outro. É com as ligações de Castiel que duram segundos, é com a maneira que Dean olha para o outro quando ninguém está olhando, é com as conversar particulares, é com todo o “sub-texto”, que eles sabiam, de um jeito ou de outro, que ambos se importavam. Mas nenhum dos dois iria falar isso, porque ambos ficavam presos na própria armadilha que eles fizeram amor se tornar.

Ah, e obrigado cupido filha da puta, pela merda de colaboração.