Amor e Arte escrita por Oscuridad


Capítulo 1
Capítulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira estória Yaoi, espero que gostem.



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09 de fevereiro de 1922

Eu observava o rio Sena pela janela da pensão em que me hospedara. Meu pai não havia me dado muito capital para essa viajem, mas mesmo assim eu estava animado... Eu sabia que a exposição da Semana de Arte Moderna era no Brasil, mas algo me disse que eu iria encontra uma coisa especial na França.

Em fim o sino da catedral soou, eu saí para almoçar e logo depois passeei pelas ruas de Paris apreciando meu ultimo dia ali. Vagando em meus pensamentos acabei me pretendo, estava em uma rua estreita com várias lojas de roupas, restaurante e padarias, mas uma loja em especial me chamou atenção.

Era uma galeria, a fachada era de pedraria clara e possuía uma vitrine expondo um quadro de tamanho médio. Imediatamente me apaixonei pela obra.

Era abstrata, colorida, mas um pouco sombria se olhasse de certo ponto, como se descrevesse algo bom e proibido. Na vitrine, do lado exterior, tinha uma plaquinha escrita "Ateliê Uchiha". Eu entrei pela porta de madeira e um sininho tocou.

O interior era bem simples, possuía algumas obras espalhadas, todas abstratas e todas revigorantes, mostrando uma confusão de sentimentos. Eu tirei foto de todas.

– Posso ajudá-lo? - Eu dei um pulo quando escutei a voz masculina. Um homem de camisa branca e paletó de cetim estava na minha frente. Ele tinha feições sérias, mesmo com marcas de riso no rosto, cabelos longos e presos em um rapo de cavalo bem frouxo.

– Eu sou um jornalista e estou procurando o artista que fez essas obras - respondi.

– Ah! Me siga por favor, senhor? - perguntou de forma formal.

– Uzumaki - respondi.

Ele me guiou até uma portinha no canto do salão de entrada, dentro do quarto estavam várias telas em branco escoradas nas paredes. Na parede do fundo havia uma janela grande que iluminava todo o ambiente, de costas pra janela estava uma tela e atrás da tela o pintor.

Ele tinha feições angelicais, olhos negros como os seus cabelos, que por sua vez eram desgrenhados e sem corte. Ele levantou o olhar em busca de alguma explicação por parte do atendente.

– Sasuke - falou o outro homem - este é o Sr. Uzumaki, ele é jornalista e quer falar com você.

Em seguida nos deixou a sós e fechou a porta as minhas costas, eu me sentei em um banco que tinha próximo ao pintor, que colocou outro banco a minha frente e se sentou.

– Em que posso ajudá-lo Sr. Uzumaki? - perguntou.

– Naruto - respondi - me chame de Naruto. Eu estou fazendo uma reportagem para a Semana de Arte Moderna brasileira e resolvi procurar artistas desconhecido por todo o mundo para incrementar a matéria, devo dizer que fiquei encantado com as suas obras.

– Muito obrigado - respondeu indiferente.

– Será que eu poderia entrevistá-lo? - Perguntei esperançoso. Sasuke me analisou e eu aproveitei para estudá-lo também. Ele era muito bonito, deveria ter garotas beijando os seus pés por ai. Além do rosto bonito, tinha um tronco desenvolvido e braços fortes.

– Bom - ele suspirou - eu estava sem inspiração mesmo.

– Certo. - Eu peguei na minha bolsa um bloco de papel e um lápis, tirei também um gravador muito moderno, ele era grande e tinha um microfone ligado a ele. Coloquei um fita, apertei o botão de gravar e segurei o bloco, pronto para fazer anotações. Enquanto isso Sasuke me observava.

– O seu nome, primeiramente - eu falei.

– Sasuke Uchiha.

– Quando você começou a pintar?

– Quando eu comecei a sofrer - eu o fitei, ele cruzou os braços e ficamos assim por um tempo.

– E quando você começou a sofrer? - Tentei essa.

– A quatro anos - respondeu.

– O que te inspirou?

– O sentimento mais cruel que se pode existir, o pecado mais suculento, a forma mais ordinária de luxuria, o pecado do homens, a sensação da carne - ele falava de forma calma e calculada, como se estivesse examinando minha reação.

– Você se apaixonou - deduzi - e não foi correspondido?

– Achei que ia me perguntar sobre a arte - ele apoiou o cotovelo no joelho de forma que seu rosto se aproximou de mim.

– Tudo na vida de um pintor influência sua arte -respondi.

– Verdade - ele sorriu de lado e por um momento me peguei hipnotizado por esse sorriso - o maior problema da minha história é que eu fui sim correspondido, e com um fogo bem maior do que o meu.

– Então era um romance proibido? - perguntava enquanto anotava as palavras dele.

– Sim, muito proibido - respondeu - ele foi o erro que eu mais amei.

– Ele? - Levantei o olhar.

– Sim, quem te disse que eu me apaixonei por uma mulher? - eu arregalei os olhos, como? Isso era... Não sei o que era, mas não era certo. Um homem se apaixonar por outro homem - fui expulso de casa por isso, o único que ficou ao meu lado foi o meu irmão, Itachi, ele atendeu você. E sim, eu sou isso que está pensando que eu sou, mas vai me julgar por ter amado um dia?

– Não - respondi, tentando me acalmar - me desculpe por essa reação, eu não estava preparado para receber tal informação.

– Tudo bem - disse ele bufando.

– Você não tem medo da sociedade?

– Não, eu a odeio - respondeu voltando a me encarar - ela me julga por ter sido feliz, eu não me importo com isso, mas a odeio por ter tirado a felicidade de mim. Mesmo assim não a temo. Se me perguntarem o que eu sou eu digo sem nenhuma cerimônia.

– O que aconteceu com ele? - Perguntei.

– Morreu - respondeu-me o outro friamente - na prisão, por um crime que nunca cometeu.

– Eu sinto muito - disse olhando em seus olhos.

– Não sinta - ele falou triste - não sinta!

– A obra na vitrine - mudando de assunto - você fez nesse período?

– Sim.

– Então é antiga?

– Muito - ele estava sério.

– Por que não vendeu? - perguntei.

– Porque não achei comprador digno - ele me analisava de forma que parecia estar olhando a minha alma.

– Quem seria digno dessa obra? - Perguntei olhando naqueles olhos negros.

– Alguém que sentiu o mesmo sentimento que ela descreve - ele fez uma longa pausa - você sabe qual é?

O ambiente estava ficando de um tom alaranjado, olhei para a janela e vi que era por do sol.

– Eu tenho que ir - falei guardando os meus pertences.

– Você deve pegar a embarcação de amanhã de manhã, para poder chegar a tempo da primeira exposição.

– Você acertou - sorri e fiz um curta reverência - obrigado pela entrevista. Foi um prazer conhece-lo.

– O prazer foi todo meu - respondeu. Me guiou até a saída e nos despedimos mais uma vez. Ele me disse como voltar para pensão, então logo cheguei ao meu simples quarto.

Arrumei as minhas coisas e me preparei para dormir, mas não consegui, fiquei escutando a gravação da entrevista sem entender nada. Até que alguém bateu na minha porta.

Quando abri a porta perdi a respiração. Sasuke estava lá, segurando a obra que eu tanto admirara. Ele entrou e colocou o quadro ao lado de um grande relógio de madeira.

– Esqueceu isso - falou.

– Mas... - eu não conseguia dizer nada. Fiquei ao seu lado admirando a obra, senti o seu olhar em mim, mas não me importei. Estava chocado o bastante para não pensar em algo.

Ele virou o meu rosto para o dele e me beijou. Por alguma razão sem lógica eu correspondi. E não parou com o beijo. Fomos para a cama e lá eu senti o que eu sabia que nunca mais sentiria.

Depois do nosso ato de amor, dormi, exausto. Acordei de manhã com o sino da igreja. Levantei em busca daquele que me envolvera em seus braços e não o achei. Me arrumei, olhei no relógio e vi que faltava apenas alguns minutos para a minha embarcação partir.

Corri e peguei o primeiro táxi que apareceu na minha frente. Fui em direção ao porto e logo estava acomodado em minha cabine. Olhando a obra que se tornou a minha favorita. O gravador reproduzia a voz de Sasuke e eu ficava lembrando cada momento da noite anterior.

Nunca entenderia o por quê deu ter feito aquilo, e mesmo querendo, não me arrependia.

Agora eu entendia o que aquela obra significava... Mesmo sem Sasuke ter me dito eu sabia o nome do quadro... Agora eu sabia o que Sasuke sentiu... Agora eu sentia o que Sasuke sentiu...

... Amor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueça de deixar o seu comentário e eu aceito qualquer crítica construtiva de braços abertos.



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