Por Trás da Voz escrita por Neko Kodokuna


Capítulo 4
Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Olá mais uma vez!
Não demorei tanto, mas esse capítulo não é um dos mais importantes, então não deu muito trabalho, não tenho muito o que falar sobre ele, mas espero que gostem!
Vou tentar trazer o próximo mais rápido, mas não sei se será possível, então me desculpo desde já XD
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/610805/chapter/4

Eles são incrivelmente lindos.

Esvoaçantes assim, até parecem a pluma de um animal muito raro. Como um cara consegue cuidar tão bem de um cabelo tão grande?

Eu poderia ficar aqui olhando meu professor debruçado na janela, deixando seus fios roxos dançarem no ar, pelo resto da minha vida. Mas o saco de pancadas faz o favor de voltar com tudo e atinge meu rosto, me levando ao chão.

— Preste atenção, você tem que colocar mais força nisso – Ele se vira e sorri para mim.

“O senhor não entende, eu estou prestando muita atenção! Só que na coisa errada...”

— Vamos, se levante. Me disseram que você dormiu por cinco dias, não está cansada de ficar deitada, senhorita?

“sinceramente, não.”

— Mais dez minutos de esteira – diz ele programando o aparelho.

— Senhor, por favor, não estou acostumada com tanto exercício! Não podemos dar uma pausa? – suplico.

— É exatamente por esse motivo que não podemos parar. Você tem pouco tempo para ganhar resistência! Se não quiser desmaiar mais cinco dias, suba nessa esteira agora.

Me arrasto até a esteira e tento não cair quando subo. Estou tão exausta que já nem sinto minhas pernas direito, mas confesso que o treinamento está sendo bem menos assustador do que eu esperava. O professor Kamui é muito legal. Em todos os sentidos.

Seria maravilho se todos aqui fossem como ele. Só de pensar em rever aquele loirinho já tenho calafrios. Aquela rosada parece não ligar muito para o que acontece a sua volta. A menininha que me visitou na reabilitação deve ser o tipo de pessoa que nos convence a fazer qualquer coisa com sua fofura, tenho medo de conversar com ela. Prefiro nem citar Meiko, ainda acho que qualquer dia desses ela vai pisar em mim e dizer que a culpa é minha por não ter presença o suficiente. E Kaito...

— Não faça essa cara, isso é um esforço necessário. Se você fizer tudo direitinho podemos comer fora do refeitório depois do treino. – O professor interrompe meus pensamentos para me dar o privilégio de contemplá-lo apoiado na parte frontal da minha esteira.

Ah Deus, será que é tão errado assim querer que ele congele para que eu possa admirá-lo eternamente?! Apesar de que, seria um desperdício congelá-lo...

Acho que mais errado que isso, é o tipo de pensamento que estou tendo agora. Irmã Aiko, me perdoe, eu juro que ouvi todos os seus sermões, mas isso é mais forte do que eu.

— Se você não parar com essa mania de mimar todas as suas alunas esse lugar vai ficar cheio de garotas mal acostumadas, Professor Tarado – Meiko surge de algum canto que eu não sei qual, com duas luvas de boxe em mãos.

— Sutil como um cavalo, não é mesmo, Senhorita Meiko?!

— Claro, sempre. – responde ela, com uma piscadinha.

Eu poderia rir, se não estivesse me matando para continuar minha tentativa de corrida na esteira.

Após mais alguns longos minutos ou horas – perdi a noção de tempo neste lugar – o treino finalmente acaba e eu sou liberada à voltar ao vestiário. Nunca fiquei tão feliz em tomar um banho gelado. Não que eu não estivesse acostumada, no convento raramente as irmãs esquentavam a água para a gente. Nós eramos muitas, então água quente só em caso de extremo frio. Mas admito que jamais gostei daquele gelo.

Na saída do banho, não sei o que fazer com meu uniforme preto, então resolvo levá-lo comigo. Meus cabelos ainda estão bem molhados, coloco a toalha em volta do pescoço, e assim me dirijo a porta do vestiário. Do lado de fora, o Professor Kamui me aguarda sentado em um banco de ferro, com a cabeça recostada na parede e os braços cruzados. Aproveito que seus olhos estão fechados para analisá-lo um pouco mais, ele tem um rosto que parece ter sido esculpido por um artista renomado, nunca vi nada igual. Seu corpo é muito bonito também, e as roupas que ele está usando lhe caem muito bem. O uniforme de antes mostrava mais suas curvas, mas seu novo traje mostra todo o seu carisma.

— Vai ficar só olhando? – Ele me surpreende abrindo um dos olhos.

— Ah... Bem... E-eu...

Sem deixar que eu termine a frase – até porque não acho que terminaria nem tão cedo – ele se levanta, anda lentamente até mim e põem o braço esquerdo sobre meus ombros. Sinto meu cabelo molhar sua roupa, mas ele parece não se importar, e estou nervosa demais para perguntar qualquer coisa.

Caminhamos um pouco e logo chegamos à um jardim. Ali haviam muitas árvores baixas e flores das cores mais variadas possíveis. Jamais pensei que em um lugar como este poderia haver algo parecido.

Fito o Professor Kamui estupefata, e o vejo por o indicador nos lábios e sussurra as sílabas:

— Se-gre-do.

Mais tarde, em meu quarto, penso no quão agradável havia sido este dia, pelo menos até o presente momento. Começo a cogitar a possibilidade de que viver aqui talvez não seja de todo ruim. Será que posso almoçar todos os dias com o Professor Kamui? Ficaria tão feliz se pudesse.

Pensei nisso com tal alegria que só agora percebo que acabo de ganhar um quarto para chamar de meu. Eu, que dividi um espaço com aproximadamente quinze garotas a minha vida inteira. Deveria incluir isto à minha lista “motivos para pensar positivamente sobre este lugar”?

Dou uma checada em volta e é aí que me surge uma dúvida. Por que há duas camas aqui? Quando reparo que algo está errado, já é tarde demais. Como um furacão em toda a sua magnitude, a garota esverdeada rompe o silêncio do ambiente com um esplendoroso brado:

— Seja bem vida! – e sem pausa para respirar, continua – Onde esteve? Fiquei a sua espera na porta do refeitório todo esse tempo! Você tem que comer sabia?! É por isso que desmaia por tanto tempo – Mas será possível que não há um ser pensante neste lugar que não saiba desse “bendito” desmaio? – Eu fiquei tão empolgada quando soube da chegada de uma novata, e ai você me faz uma coisa dessas?! Fiquei preocupada, sabia?! E se você morresse? Sabe quanto tempo eu espero por uma colega de quarto? Não coloque tudo a perder, ok?! Tem coisas...

— E-espere – digo meio atordoada – Quem é você?

— Ah sim, me desculpe. É que eu tenho tanto à falar que às vezes acabo deixando de lado o mais importante – ela faz uma careta fofa com a língua para fora – Sou Gume, é um enorme prazer te conhecer Miku! Seu cabelo é lindo, mas essas roupas que você provavelmente conseguiu no vestiário, acabam com seu estilo.

Bem, as roupas eram minhas... Mas isso não vem ao caso, o que está em foco aqui é minha aparente colega de quarto. Um pouco animada demais ela, não?!

Não sou muito de falar, mas mesmo assim ela estende nossa “conversa” por toda a noite. No dia seguinte todo o meu corpo dói e minhas pálpebras estão pesadas, nós não dormimos direito já que tínhamos que levantar cedo hoje, ainda assim Gume está toda elétrica pela manhã.

— Bom Dia! – diz ela com um enorme sorriso.

Fico me perguntando de onde vem toda essa energia enquanto bocejo minha resposta: – Bom dia.

A única coisa que quero é encontrar o Professor Kamui, então me visto bem rápido e faço os coques sem a ajuda de Luka. Porém quando entro na sala de treino, não é meu belo professor de longos cabelos roxos quem me aguarda, e sim uma pequena garota de cabelos claros.

— Chegou cedo Senhorita Hatsune, é assim que eu gosto – ela diz inesperadamente.

Não nego que ela é muito fofa, seus traços são leves e seus olhos, lindos. Mas sinto uma aura intimidadora ao seu redor.

— Me-me desculpe mas... estava esperando por mim?

— Claro, sou sua professora de defesa pessoal. Todas as quartas teremos treino, espero que esteja preparada, pois eu não pretendo pegar leve contigo só porque você é novata. Não sou como o Gapuko, eu levo muito a sério o que faço. Pode me chamar de mestre Ia.

Aqueles momentos de tranquilidade que tive ontem no jardim parecem tão distantes agora...








Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, comentem e comentem mais!
Até o próximo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Trás da Voz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.