Por Trás da Voz escrita por Neko Kodokuna


Capítulo 3
Adaptação


Notas iniciais do capítulo

Uma vida depois... kkkk
Me desculpem pela demora, estou sem ânimo e tempo para escrever...
Mas decidi que mesmo que ninguém leia ou que demore uma eternidade, vou terminar essa fic!! U.U
Então aqui está mais um capítulo. Tentei movimentar ele um pouco e explicar algumas coisas, mas acho que não deu muito certo kkk
Porém, no decorrer da história, tudo ficará mais claro! Pelo menos é isso que espero fazer kkk
Ah, já perceberam que todos os títulos dos capítulos até agora começam com "A"? kkk
Juro que não foi proposital!! :v
Boa Leitura! ^^



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Tenho a sensação de estar sendo inundada.

Cada parte de mim parece ser invadida. E sinto minhas roupas incharem e escoarem a água que desliza por minha pele, até alcançar o chão lamacento embaixo de mim.

Sem cessar. Como uma forte correnteza.

Por mais que eu deseje desesperadamente que isso pare, o tempo não vai voltar.

A chuva é real. E apesar de castigar meu corpo esguio e abatido violentamente, ela é a única coisa que me traz à sanidade.

— Ei, não adianta ficar ai chorando – A voz daquela criança loira me obriga a olhar para a superfície mais uma vez, mas isso só me faz lembrar que estou no fundo.

— Você nunca vai ver minhas lágrimas, seu bastardo – Me esforço para cuspir as palavras retirando o braço que cobre meus olhos, para fitá-lo.

— Ora ora, parece que a gatinha molhada quer começar a mostrar suas garras – retruca ele sarcasticamente – Pena que ameaças não são o suficiente.

Ele é tão rápido que minha visão não consegue acompanhar. Como um feixe de luz, pula sobre mim, e sem dificuldade alguma, toma meu bracelete.

Eu estou certa da minha derrota tanto quanto desejo ir pra casa. Mas desistir não é uma opção.

Tento me levantar, porém a lama escorregadia me vence. Mais uma vez de encontro ao chão, meus membros tremem.

— Tsc, mas que patética.

Como as coisas foram acabar assim...?!

Nunca pensei que fosse sentir tanta falta da calmaria de Sakata. Daqueles campos sem fim, as construções aos pedaços, as feiras ao ar livre. Eu devia ter dado mais valor àquilo tudo.

Quando enfim me levanto, caio novamente em menos de dez segundos. O garoto me atinge no abdome, tão forte que sangue vaza por entre meus lábios.

— Chega, você vai matá-la! – A voz de Kaito se mistura ao som da tempestade.

Posso ouvir seus passos esparramando água enquanto se aproxima.

— Ela devia me agradecer por não usar nenhuma de minhas técnicas.

— Não seja ridículo, Len. Ela acabou de chegar. Você se sente bem batendo em indefesos?

O mais baixo vira o rosto e faz um muxoxo ao ouvir a provocação.

— Só estou cumprindo ordens.

— Calem a boca vocês dois, e a levem para a reabilitação – É a última coisa que ouço antes de apagar. Não estava sã o suficiente para identificar a quem aquela voz pertencia.

Assim que acordo, começo a repensar se estou viva ou não. Tudo a minha volta é branco, e a cima de mim brilha uma intensa luz.

Pisco um milhão de vezes até me acostumar com a claridade, e ainda assim, meus olhos ardem. Ao tentar me levantar, percebo que não posso mexer nenhum músculo do meu corpo. Até respirar se tornou doloroso. E há curativos por toda parte. Meus ouvidos estão zumbindo, mas aos poucos o barulho se acalma, e finalmente posso ouvir sussurros que parecem vir de fora da sala.

— Você exagerou! Podia apenas ter roubado o bracelete, desarmando ela! Não tinha necessidade daquilo!

— Eu já entendi! O que você quer que eu faça agora?

— Vá pedir desculpas pra ela.

— Você só pode estar brincando!

— Se não for, nada de jantar pra você hoje.

— Pode ficar com a minha parte.

Depois disso, silêncio. Então a porta se abre e uma menininha adentra o ambiente. Ela é idêntica ao garoto que me enfrentou. Mas ao contrário dele, uma aura inocente a envolve. Parece um anjo.

— Com licença – Sua doce voz ecoa por toda a sala harmoniosamente.

Luto para puxar alguma resposta do fundo da garganta, e outra vez sou derrotada. Quantos fracassos eu terei neste dia?!

Vendo minha dificuldade, a delicada menina põem sua mão sobre a minha e sorri.

— Não se preocupe, eu só vim me desculpar pelas besteiras do meu irmão. Ele é um pouco estourado e as vezes pode dizer coisas muito duras, mas é uma boa pessoa. Pegue leve com ele.

Pegar leve com ele?! Mas o que é que essa garota está dizendo? Aquele carinha quase me partiu ao meio com apenas um chute, e isso depois de me surrar apenas com ataques básicos! Quem tem que pegar leve com quem?

Creio que ela percebeu pelo meu olhar, que eu não estava de acordo com o que dizia. Seu sorriso volta ao rosto por algum motivo que eu desconheço, e então ela se inclina apoiando os cotovelos em meu colchão.

— Quando você o conhecer melhor, vai entender. Por enquanto só descanse. Foi maldade do Capitão te pôr num duelo logo no seu terceiro dia aqui... Nem tempo de se recuperar da implantação do chip você teve.

Ah, sim. Naquele dia no laboratório, o doutor colocou algo em meu pulso direito. Esse treco faz todos os meus sentidos se descoordenarem. Estou exausta. Desde o momento que pisei em Tóquio, não parei nem um minuto. Tantas coisas aconteceram em tão pouco tempo.

Cantora?! Que piada.

Esse lugar é uma fábrica de armas. E nós somos a mercadoria.

Logo após me darem um choque, me contando a verdade por trás do meu nascimento, eles me submeteram a uma cirurgia para implantar uma unidade de controle em mim. Depois me fizeram passar por vários testes de capacidade mental. E por fim mandaram um moleque triturar o que restou da carcaça. Se me matar é o que eles querem, por que não atiram logo na minha cabeça?

Estou apenas a três dias aqui, mas parece ter sido uma eternidade. Lágrimas se atrevem a tentar fugir pelos cantos dos meus olhos, mas não tenho energia suficiente para chorar. Eu volto a dormir sem que perceba.

Ao recobrar a consciência, permaneço com olhos fechador por mais alguns minutos implorando aos céus e a terra que aquilo não passasse de um sonho. Peço com todas as forças que ainda restam em mim, que quando eu levantasse minhas pálpebras, estivesse em meu quarto no convento. Mas obviamente, isso não acontece. Eu ainda estou naquela sala branca, deitada numa maca branca, vestindo um roupão branco. Pra onde quer que eu olhe tudo é... Azul?

Não posso evitar a surpresar ao perceber que Kaito está dormindo em uma poltrona ao meu lado. E quando olho melhor, vejo que Meiko também está adormecida sobre seus ombros. Me sento para fitá-los melhor. Apesar da posição nada agradável, imagino, eles parecem confortáveis. Talvez só o fato de estarem juntos seja o suficiente para que se sintam bem...

É estranho olhar para eles assim, tão quietos. Meiko faz tanto barulho acordada, e Kaito está sempre a repreendendo. É até engraçado. Eles são bem próximos, esses dois.

Um sorriso triste tomou meu rosto enquanto pensava sobre isso, e foi neste ponto que os olhos cintilantes do azulado desabrocharam. Senti um gelo percorrer toda a minha corrente sanguínea. Nossos olhares se encontraram.

— Finalmente acordou?!

Ah... Sua expressão ao acordar não podia ser mais encantadora... Eu queria tanto devorá-lo naquele momento.

— Como se sente?

— Desnorteada...

— Você ficou muito tempo dormindo, isso é normal.

“Não foi bem isso que eu quis dizer, Kaito...”

— Quantas horas eu dormi?

— 120.

— Quê? Isso dá...

— Cinco dias.

— Como? Vocês me sedaram?

— Bem que a enfermeira quis, mas o Capitão disse que te queria de pé o mais rápido possível...

Me mexo um pouco para testar meus membros e descubro que meus músculos ainda estão um pouco doloridos.

— Ah, então você não morreu?! – Meiko acorda e boceja suas palavras.

— É... Obrigado por cuidarem de mim.

— Eu já disse guria, aqui é cada um por si. Estávamos só te monitorando. Agora que você acordou temos que relatar ao Capitão, vamos Kaito.

— Desculpe – Ele me dá um sorriso sem jeito – Aproveite para descansar mais um pouco, seu treinamento físico começa amanhã...

E assim os dois me deixam só com meus arrependimentos.

A noite passa voando e antes que eu perceba, já estou vestindo algum tipo de uniforme que parece ter sido feito sobre medida, especialmente para mim. Ele se ajusta às minhas poucas curvas de uma maneira inacreditável... Eles são rápidos...

— Seu cabelo é um problema, o comprimento facilita ataques inimigos e dificulta sua mobilidade e visão.

Uma voz despreocupada preenche o ambiente, e as poucos, uma jovem bate seus saltos contra o chão, saindo da sombra sob o vão da porta. Seus cabelos rosas lhe chegam aos quadris, contrastando com o uniforme preto que cobre toda a sua pele.

— Me-meu cabelo é um problema?!

— Sim, você quer cortá-lo?

Quando eu ainda era uma criança, as pessoas de Sakata tinham medo de tocar no meu cabelo, por isso ele estava sempre muito grande. Eu acabei me acostumando com isso. Me apeguei a esse estilo...

— Se eu quero cortá-lo?!

— Você é um papagaio por acaso?

A rosada carrega um pacote de salgadinhos, que come um por um enquanto me fita com olhos desinteressados. Ela é mesmo tranquila...

— Ah, é... Não...

— E o cabelo?

— O que?

— Cortar?

— Ah... Tenho alguma outra opção?

— Coques.

— Vou ficar com a segunda, então!

Ela prende delicadamente meus cabelos em dois coques, um de cada lado. Não é que eu não tenha ficado agradecida mas... Gostaria muito que meus fios azuis não cheirassem a salgadinho de polvo...

Quando termina o penteado, ela me entrega um bracelete. Isso serve como arma aqui, cada botão lança uma espécie de laser ou intensifica alguma habilidade sua. O problema é que eu não tenho nenhuma, por isso tenho que me virar com os lasers.

Ajusto minha “arma” bem firme no pulso e calço as botas também pretas que a rosada me oferece.

— Obrigado por tudo. Como você se chama?

— Megurine Luka – Ela responde de boca cheia.

Um sinal soa tão alto que parece estar dentro do meu crânio. E então uma porta que eu nem percebera que existia ali, pisca em luzes verdes e desliza para o lado, abrido-se.

— Boa Solti – diz a Senhorita Megurine, saboreando mais alguns salgadinhos.

E então, tomo folego e parto mais uma vez por um caminho que desconheço o fim.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado a quem leu! Se houver erros não exite em me avisar!
E até o próximo capítulo! Que só Deus sabe quando sai... ^^'