You can't escrita por Caty Bolton


Capítulo 7
Jornais


Notas iniciais do capítulo

Meio ano... psé, dessa vez eu não tenho desculpas.

alguém ainda lê essa merda??



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Quando abriu os olhos, Stanley se viu debruçado sobre a mesa da sala de vigia, na completa escuridão. Com a cabeça pesada obrigou-se a apoiar as mãos na madeira e levantar o tronco. Pela luz opaca e vermelha do relógio digital a pilhas na parede descobriu que eram seis e sete da manhã, logo alguém chegaria para ocupar o próximo turno, provavelmente Damien ou Clyde.

O moreno esfregou os olhos com uma mão e tombou com a cabeça para trás, recordando dos eventos acontecidos a poucas horas e se perguntando como ainda estava ali, não esmagado, sangrando e morto dentro de um maldito traje de Freddy Fazbear em algum canto daquela merda de pizzaria. Mesmo que, o mais sensato a se fazer talvez fosse não questionar e somente ficar grato por ainda estar vivo…

Deve ser porque eles precisam da minha ajuda. Concluiu em pensamentos, sim, essa poderia ser uma resposta boa o suficiente no momento.

Ele ficou daquela maneira por mais alguns minutos, pensando e encarando o teto escuro sem realmente vê-lo,  antes de se apoiar nos braços da cadeira e levantar, ligeiramente tonto, assim tateou a parede às cegas procurando pelo interruptor, descobrindo pouco tempo depois que a luz funcionava muito bem. Bem o bastante para fazer a sua dor de cabeça voltar subitamente, ainda sim fraca o suficiente para estar suportável.

Tudo que Stan desejava e precisava no momento era de uma grande, forte e fumegante xícara de café.

Fez questão de vestir o casaco, guardar as luvas e o gorro nos bolsos do mesmo antes de sair da sala e caminhar rapidamente pelo restaurante até a cozinha, sentindo como se os animatrônicos no palco estivessem acompanhando os seus passos com os seus olhos robóticos. Já no cômodo desejado, antes de qualquer coisa, preparou o café e pegou um copo descartável para encher até quase a borda. Em um movimento brusco para beber, um pouco da bebida escapou e escorreu pelo copo, pingando no chão, Stan só não se queimou por estar segurando na borda, mas também sequer chegou a notar aquilo.

Descobrir quem é o assassino… Ainda não entendia o motivo de simplesmente não conseguir parar de pensar naquilo. Sabia que ele só poderia ser alguém de dentro da pizzaria, algum funcionário da época, especialmente por ter tido acesso ao traje de Golden Freddy e ter chaves para entrar no meio da noite. Mas isso era o óbvio. Onde será que Token guardava as informações dos antigos funcionários? Será que elas ainda estavam ali? Por onde deveria começar a procurar? Deu mais um gole no café,  entretido demais nos próprios pensamentos para notar a entrada de mais uma pessoa no cômodo, uma pessoa que nunca havia visto antes.

— Ah? Não é o Tweek...?

Virou-se na direção da voz, vendo uma figura feminina parada segurando a porta com uma mão. Ela tinha cabelos vermelhos repicados em um tom aberto demais para ser natural, era um pouco mais alta que Stan e, fazendo um julgamento preconceituoso sobre as roupas largadas e o tênis vermelho surrado, também parecia ser uma adolescente com no máximo dezessete anos. A ruiva o encarou por um momento, com dúvida, e quando estava prestes a abrir a boca para falar, uma outra voz interrompeu:

— Ele tá ai? – Conseguiu reconhecer a voz de Craig, que logo apareceu por detrás da garota ruiva, que deu-lhe espaço para entrar. – É só você...

— Bom dia pra você também, Craig.

— Não me olhe assim, eu pensei que você estivesse morto.

Um momento pesado de silêncio.

— E por que eu estaria morto?

— Vai saber. – Falou em um murmuro, passando pela garota ruiva e indo encher a próxima caneca com café.

O mais estranho de tudo era como ele falava sobre a sua morte, com uma normalidade mórbida, como se não fosse nada demais. Na verdade, Craig parecia quase surpreso por lhe ver vivo e bebendo um pouco café na cozinha, praticamente como se antes estivesse certo de sua morte, o olhar dele denunciava isso, por mais discreto que fosse.

— Bem – A outra presente finalmente se pronunciou, atraindo a atenção de ambos os outros dois. – e você é...?

— Pode me chamar de Stan.

Stan descobriu, depois de pouco tempo de conversa, que o nome da garota era Rebecca – Craig a chamava sempre por "Red", provavelmente um apelido – ela era a prima de Craig e havia acabado de chegar na cidade. Não entendeu muito bem quando os primos começaram a discutir, mas aparentemente ela estava ali por conta de um castigo dado pelos pais por "mal comportamento" no colégio.  Basicamente a ruiva havia sido expulsa do colégio por alguma razão e fora obrigada a passar o resto do ano, até mais ou menos antes do Natal, em uma cidade de interior ridiculamente fria na maior parte do ano. E ela não parecia nada feliz com isso.

— Ainda me pergunto o que os meus pais te ofereceram para você concordar em ser a minha babá. – Red zombou, enquanto abria descaradamente a geladeira industrial. Não tinha nada além de comida congelada, ela logo fechou.

— Só estou fazendo um favor, eles merecem um descanso de você.

— Vai tomar no cu. – Se virou para o primo, com os braços cruzados.

Craig não fez questão de responder verbalmente, apenas apontando o dedo médio enquanto bebia mais um pouco de café. Quando o assunto pareceu morrer e mais um silêncio desconfortável se ergueu por alguns segundos, Stan perguntou para o outro homem:

— Ei cara, você sabe dizer se tem alguns documentos dos funcionários antigos guardado em algum lugar?

— Por que a pergunta? – A expressão dele era ilegível de tão apática.

— Eu só fiquei curioso. – Justificou com a melhor desculpa que foi capaz de pensar. Não deixava de ser uma meia verdade.

— E que não é comum alguém vir perguntar sobre o pessoal daquela época. – Explicou Craig. – Mas acho que tem alguma coisa nos fundos, são papéis velhos, a maioria deve estar no lixo a muito tempo.

— Mas não são documentos?

— Eu estava pensando a mesma coisa... – Rebecca comentou baixo, agora ela mexia em algumas prateleiras e gavetas.

— Antes da família Black comprar os direitos do restaurante, o lugar ficou fechado durante alguns anos por causa de problemas com a vigilância sanitária. – Ele bebeu o último gole de café antes de continuar, colocando a caneca dentro da pia no processo. – Muita coisa estragou e se perdeu nesse tempo.

— Eu vou procurar de qualquer jeito.

— Você que sabe... Mas agora?

— Por que não?

Stan estava confuso, cansado e com sono, mas nenhuma dessas coisas o impediria. Deveria primeiro voltar para o hotel e dormir por algumas horas, mas isso era o que deveria fazer, não o que faria. Ele beberia mais café para se manter acordado e iria a procura dos tais documentos.

— Tá falando sério?

— Claro que eu tô. – Encolheu ombros antes de encher o copo de café mais uma vez. – Onde é-?

— Na sala de manutenção. Boa sorte com seja lá o que você esteja procurando.

~ ^ ~ ^ ~

Stanley havia acabado de chegar sala de manutenção, nos fundos da pizzaria, e além de os animatrônicos antigos e várias peças de reserva do novos, tinha, depois de observar um pouco melhor, visto em um canto escondido perto de uma prateleira algumas caixas de papelão com tamanhos variados, cheias de papéis.

A lâmpada ligada fazia um zumbido irritante enquanto Stan mexia nos papéis dentro da maior das caixas, não tinha nada além de manuais de instrução dos robôs antigos e dos novos, ou seja, nada útil. Deixou-a de lado no chão e pegou a menor para colocar sobre a mesa, mas aquela somente estava cheia de jornais de anos atrás, majoritariamente notícias e matérias envolvendo o restaurante. O moreno investigou aquela por mais tempo, apareceu desde "Crianças desaparecidas na Freddy Fazbear", "Pizzaria é interditada por causas desconhecidas" até "Depois de anos, a Pizzaria Freddy Fazbear abre as portas". É como uma linha do tempo, notou intrigado, e também tá na ordem certa.

Parecia que alguém tinja propositalmente organizado daquela forma, porém, no fundo da caixa, existia algo que quebrava o padrão. Uma pasta de cor marrom claro com alguns centímetros de espessura estava estrategicamente posicionada no fundo da caixa, os mais desatentos certamente não notariam, quase como se estivesse escondida. Stanley pegou a pasta, que era um pouco mais pesada do de supôs de início, e abriu. Nela havia alguns documentos, mas nada que o moreno estivesse procurando e antes que pudesse investigar mais a fundo alguém abriu a porta.

— O que você está fazendo?

Stan ergueu a cabeça na direção da porta, que ficava na extremidade oposta de onde estava, para ver Phillip parado ali, segurando a maçaneta com uma mão e lhe encarando com uma expressão estranha, logo após baixando o olhar para a caixa e os papéis tanto na mesa quanto em suas mãos. Imediatamente o loiro foi na sua direção e arrancou a pasta em suas mãos, sem dar tempo de reagir ou reclamar de quando fora empurrado para o lado, para socar tudo dentro da caixa junto dos jornais velhos.

Simplesmente não fazia ideia do que pensar além de ele é o assassino, mas, de alguma forma, aquela atitude não foi o suficiente, algo estava errado. Ele parecia desesperado demais sobre esconder algo, esconder a pasta e os jornais, e de repente Stan sentiu que estava indo no caminho certo.

— Eu estava olhando isso. – Depois de algum tempo, respondeu.

— Isso não é da porra da sua conta.

Ah, era sim, mas se contasse para alguém certamente pensariam que estava ficando louco.

Phillip, sem sequer olhar na direção de Stan, colocou a caixa debaixo do braço e caminhou para fora dali o mais rápido que pode. O moreno também foi rápido quando segurou-lhe o outro braço para impedir de continuar. Houve uma tensão, um silêncio por cinco segundos com o homem loiro finalmente olhando na sua direção antes de puxar o braço para se libertar. Imediatamente depois ele falou:

— Você tem muita sorte, Stanley, mas não abuse dela, não dessa vez.


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Notas finais do capítulo

Embarcando na reta final, senhoras e senhores.

Aceito feedback~



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