You can't escrita por Caty Bolton


Capítulo 6
Terceira noite


Notas iniciais do capítulo

Finalmente atualização! Essa fanfic anda um pouco complicada, mas consigo resolver. Eu espero.
Enfim, aproveitem a leitura e perdão pelos erros.



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Naquele dia, depois da festa de aniversário, todos foram dormir na casa de Eric, Stan lembrou, de todos o garoto gordinho era o que morava mais próximo da pizzaria, demorava em torno de dez minutos a pé para chegasse lá, e era exatamente isso que as crianças planejavam. Para encontrar o urso dourado. Desde a primeira vez que viu Golden Freddy, não confiou nele e nem em suas palavras, a maioria dessas que não conseguia lembrar, mas os seus amigos confiaram. Eric queria a surpresa na qual o "animatrônico" havia prometido mais cedo e todos os outros também estavam curiosos, menos Stan, mas o urso mostraria somente se todos fossem, e isso lhe incluía. As crianças se agasalharam e saíram no meio da noite, conseguia lembrar do frio intenso nos minutos de caminhada e nos mesmos minutos que ficou insistindo para que voltassem... Mas Eric estava decidido a ir e Butters, como sempre, iria acompanha-lo, Kyle disse que estava curioso quanto ao urso dourado e Kenny esperava apenas que tivesse pizza de graça. Stan era o único com um pé atrás em relação a sair escondido no meio da noite para encontrar um estranho, seus pais diziam que ele nunca deveria falar com estranhos...

"Mas o Golden Freddy não é um estranho!" Conseguiu lembrar de Eric falando isso em algum momento, irritado com a sua hesitação.

"Exatamente! E-ele falou o nome dele para a gente!" Butters, como de costume, concordou com o garoto gordinho. Porém se lembrava que ele também não parecia muito seguro quanto ao o que estavam fazendo.

"Não seja um medroso, Stan. O que de tão ruim pode acontecer?" Lembrou na maneira segura que Kyle disse aquilo, pela primeira vez sem enxergar algo errado em uma situação como a que estavam.

Não conseguiu puxar da memória nada que Kenny falou na sua última noite de vida, se é que ele havia dito qualquer coisa, de todos no grupo ele sempre era o mais calado, e quando falava a parka laranja abafava a maior parte do som. Raras foram as vezes que o garoto loiro soltou duas palavras sem estar vestido com aquela roupa para frio.

Pela primeira vez viu a pizzaria com a maioria esmagadora das luzes apagadas, fazendo do ambiente bem mais assustador do que realmente era, e observou o quantos os bonecos animatrônicos ficavam mais tenebrosos. Sentiu vontade de ir embora e tal vontade apenas aumentou ao ver Golden Freddy, com o seu traje estranhamente dourado e de aparência velha, parado perto de uma das mesas, que se destacava de todas as outras por ser única em que as cinco cadeiras estavam no chão. Todos os amigos de Stan o ultrapassaram, conversando alto e cumprimentando o urso, quando o garoto parou por um momento para observar aquela figura tão estranha. Lembrou em como um carro passou pela frente da pizzaria e dos seus faróis acessos iluminando uma parte do cômodo pelas janelas, naquele momento viu o par de olhos vermelhos do "urso" lhe encarando, muito bem escondidos dentro das duas órbitas escuras, porém ainda terrivelmente assustadores, como os olhos de um predador sobre a sua presa, calculando friamente como iria mata-lá.

As lembranças do que havia acontecido até certo ponto eram extremamente vagas, isso até Golden Freddy os chamarem para uma outra sala, afirmando ser a sala onde a tão esperada surpresa estava guardada, então todos os seus amigos o seguiram cegamente.

Mas Stan se recusou, e essa foi sua salvação.

~^~^~

Stan conseguia se lembrar, com uma estranha riqueza de detalhes, do sonho que tivera de tarde, um reflexo de mais uma memoria da sua infância e não tinha certeza se desejava lembrar de mais momentos daquele acontecimento em especial, mas não pensar naquilo era inevitável, não enquanto não tinha mais nada o que fazer esperando seu turno começar. Novamente, havia chegado um pouco mais cedo do que deveria, e via o pouco movimento da pizzaria naquele horário da noite, se perguntando porquê simplesmente não fechavam o lugar um pouco mais cedo... Porém, talvez fosse melhor do jeito que estava, quanto menos tempo precisasse passar ali, mais chances tinha de sair vivo.

Naquela noite, nem Damien e nem Phillip estavam presentes no turno antes do de Stanley, aparentemente os dois precisavam resolver alguns problemas de mudança. Se Tweek não tivesse falado, jamais teria imaginado que os dois estavam juntos, não que fosse uma informação relevante no final das contas.

Faltavam dez para as dez da noite quando desligaram os animatrônicos, mas ainda sim a pizzaria não foi fechada. Adultos se preparavam para pagar a conta, algumas poucas crianças ainda brincavam entre si correndo por todo o salão e viu Clyde passando um pano em uma das mesas antes de colocar as cadeiras sobre ela. A mesa em que estava era uma mais isolada, possuindo uma boa visão para todo o local e sendo longe do palco, com uma caneca de café vazia enfeitando a superfície de plástico colorido, e foi daquele ponto que pode ver uma mulher, com mais ou menos da sua idade, entrando no estabelecimento. Mesmo de longe, Stan sentiu que a conhecia de algum lugar.

Seguindo ela com os olhos a viu falar com Tweek, logo após ele dar a conta para os últimos na pizzaria, os dois conversaram por poucos momentos e rapidamente o loiro atravessou a porta de alumínio onde ficava a cozinha. A mulher, antes de costas para Stan, virou-se na direção dele e passou os olhos negros por todo o lugar antes de os parar no homem sentado na mesa do canto. Wendy? Se não fosse, era alguém muito parecido. Mas a morena estreitou o olhar ao lhe ver, parecendo tentar se lembrar de alguma coisa e logo arregalou os olhos, desviando das mesas e indo rapidamente na sua direção. Sim, é ela.

— Meu Deus, Stan, é mesmo você?

— Falo o mesmo, Wendy. – Logo tratou de se levantar, para poder cumprimentar a mulher com um aperto de mão e um sorriso meramente educado. – Faz quanto tempo...?

— Cinco anos! Eu pensei que você estivesse morto.

Na época que ainda fazia faculdade para administração, a pelo menos uns sete anos atrás, Stanley e Wendy namoravam desde o ensino médio, mas os caminhos de ambos foram cada vez se distanciando mais até o momento que ficou insustável e a mulher decidiu que deveriam terminar. Então ela foi para uma ótima faculdade de jornalismo, em Denver, praticamente ao mesmo tempo que Stan decidiu abandonar a sua por causa de alguns problemas e complicações pessoais. Enfim, era um passado que preferia não ficar pensando muito.

Ela estava muito diferente desde a última vez que a viu, a começar pelo cabelo curto na altura do queixo – Stan se lembrava dela com os cabelos muito longos – e cobertos por uma boina vermelha escura que também protegia as orelhas, as roupas dela eram bem mais formais, de trabalho mesmo e todas combinando, que as calças e camisas largas que usou durante toda a adolescência. Porém, o mais estranho de tudo era o salto vermelho.

— Pois é... E eu não imaginava que você ainda estivesse morando nessa cidade.

— Na verdade eu vim aqui a trabalho, acabei de chegar.

Era bastante estranho que ela tivesse acabado de chegar na cidade e viesse logo ali...

— E o que você está fazendo aqui essa hora da noite? – A morena questionou, com curiosidade.

— Bem, eu trabalho aqui.

— Você... Sério?! – Wendy parecia desacreditada com a informação.

— Não é novidade, eu sempre trabalhei em lugares assim. – Com isso ele queria dizer lanchonetes e afins, principalmente quando era adolescente.

— Não, eu sei disso, mas o meu trabalho aqui é fazer uma matéria sobre o que aconteceu aqui na pizzaria, e como ela está tantos anos depois.

Ambos se encararam por alguns segundos. Ela sabia do que havia lhe acontecido, ou pelo menos do que os jornais da época divulgaram que havia.

— Então você descobriu...

— Na verdade eu soube faz um tempo, mas você poderia ter me contado na época. – A mulher arrumou a bolsa no seu ombro direito e colocou uma mão na cintura.

— Não sei se o trauma de ver o assassinato de todos os seus melhores amigos é um bom assunto para se falar com a namorada. – Stan não controlou o sarcasmo, não conseguiria, não com aquela mulher.

— Mas por que você está trabalhando logo aqui? – Aquilo era de fato o que mais a surpreendeu.

Impacientemente o homem voltou a se sentar na cadeira, aquele assunto não lhe era nenhum pouco agradável e ele preferia não estar tendo aquela conversa.

— Falta de opção...

— Stanley – Ela disse, estreitando os olhos em desconfiança. – qualquer pessoa nunca voltaria a pisar os pés aqui se tivesse passado por o que você passou.

— Mas eu não sou qualquer pessoa. – Retrucou imediatamente.

— Você é insuportável!

— Eu acho que já ouvi isso antes...

Os motivos para o término do namoro dos dois eram possuíam bem mais fatores do que a distância de South Park para Denver, mesmo namorando por tanto tempo quanto os dois namoraram, mesmo passando cinco anos sem ver um ao outro, não conseguiam concordar, se dar bem e o verdadeiro mistério era como conseguiram ficar juntos por quase quatro anos.

Quem os interrompeu foi Tweek, que trazia em mãos uma pizza embalada para viagem, o loiro olhou nervosamente para os dois, percebendo o clima tenso que os cercava, mas Stan não deu atenção. Wendy brevemente agradeceu Tweek e lhe pagou, mas antes de sair se despediu do homem sentado à mesa, puramente por educação:

— Passar bem, Stanely.

~^~^~

As onze e cinquenta e cinco, Stan já se encontrava sentado a sala de vigia, verificando as câmeras. Meia noite e dez Toy Bonnie já havia deixado e perambulava pela pizzaria. Meia noite e vinte percebeu que nenhuma mensagem fora gravada e transmitida naquela noite, o moreno não negaria que estava sentido falta daquele detalhe. Meia noite e quarenta e Toy Chica já estava na porta a sua direita, fazendo a energia diminuir terrivelmente rápido por causa da porta de segurança.

Agora, uma e meia da madrugada, a energia já estava quase em cinquenta por cento e o desespero tomava conta de Stan aos poucos, esse sentimento ficava mais presente à medida que o número no canto do tablet em suas mãos diminuía. Algo estava errado, conseguia sentir, a energia nunca havia diminuído tão rápido antes, por mais que Toy Chica insistisse em ficar andando para lá e para cá no corredor à direita. Era como se alguma outra coisa estivesse deliberadamente gastando o pouco de energia que possuía, lhe sabotando para que ficasse sem nada. Quando as luzes piscaram sentiu seu coração falhar uma batida e a adrenalina ser jogada em suas veias, em maior quantidade que antes.

Verificou se o animatrônico ainda estava na porta e parou para olhar as câmeras, os robôs estavam particularmente ativos naquela noite, especialmente os antigos. Freddy, o qual raramente dava as caras, se encontrava no salão encarando a câmera assustador e profundamente, como se realmente estivesse lhe vendo atrás da lente. Não conseguia ver Chica, mas provavelmente quem batia as panelas na cozinha era aquela robô. O velho Bonnie se encontrava estático no seu lugar de origem, de pé e com apenas as orelhas quebradas se movendo pesadamente, os dois pontos no rosto pareciam querer enxergar através da lente, até sua alma. Foxy foi o único entre eles que manteu-se parado, escondido dentro das cortinas da cova do pirata, o que era ótimo, aquele animatrônico era o mais rápido de todos os outros.

Mais uma vez a luz falhou e quando ela voltou Stan jurou ter visto uma sombra na porta esquerda, não resistiu e coçou os olhos observando que ela não havia sumido. Então veio a dor de cabeça, começou como um leve e ignorável incomodo atrás dos olhos, até aumentar para um ponto que o homem desejava que as luzes todas apagassem e foda-se o risco que isso com certeza traria. A sombra permanecia na porta, meio escondida do lado de fora, como se estivesse hesitante em entrar e observasse os seus movimentos. Stan sentia-se assustado com aquele tipo de sombra com formato humano, é muito, mas a dor de cabeça não deixava de tirar boa parte da sua atenção e paciência

Stan... Você lembra da gente, não lembra?

Sentiu um arrepio quando uma voz soou em seu ouvido, uma voz de criança, com um tom baixo e hesitante. A luz falhou por um momento, alguma coisa estava muito errada com o gerador.

Você lembra do dia que ele nos matou, certo?

Sim... Não, na verdade, não de tudo... Mas no momento que colocou os pés de volta na Freddy Fazbear, começou a se lembrar. As mãos de Stan suavam muito e seu coração batia muito mais rápido do que o normal, haviam coisas demais acontecendo ao mesmo tempo. Aquela voz, as horas não passando como deveriam, Toy Chica insistindo em ficar na porta e a energia diminuindo em questão de poucos minutos. Mas entre tudo aquilo, decidiu olhar para a sombra, com o corpo travado na cadeira e sem nenhuma reação em mente.

Todos nós estamos com raiva. Com ódio. Ele roubou as nossas vidas. Queremos vingança.

Stan estava mesmo ficando louco? Seria um tipo de alucinação causa pela dor de cabeça?

Mas você... Você pode nos ajudar, você viu o outro.

Sim, sem sombra de dúvidas, sim.

Então, sem aviso prévio, todas as luzes se apagaram. A energia havia chegado em zero por cento, mas, de algum modo, ainda conseguia ver a sombra. Stan sequer teve tempo para se desesperar.

Tudo que nós pedimos é que você traga ele até aqui, por favor, Stan.

Naquela última frase finalmente reconheceu a voz de Kyle e sentiu um súbita vontade ajudá-lo. De ajudar todos no que estavam pedindo, por mais insano que pudesse parecer e de fato era. Escutou os passos metálicos de Toy Chica entrando na sala e, em algum ponto, a dor de cabeça tornou-se insuportável demais para que ficasse acordado, por mais que quisesse.

Nós ainda somos melhores amigos, né?


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Notas finais do capítulo

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