You can't escrita por Caty Bolton


Capítulo 5
Shelly


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo um pouco mais light que os outros... Por motivos de eu posso.



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As horas se arrastaram dolorosamente lentas na visão de Stan, já que tudo que ele queria era que a noite passasse logo, que o seu turno terminasse de uma vez. Desesperou-se as cinco e quarenta quando viu a energia em dez por cento, por muito pouco não deu tempo, por muito pouco os animatrônicos não lhe alcançaram. Agora, seis e quinze, o moreno encontrava-se na cozinha com o segundo caneco de café quente recém preparado desde que seu turno terminará, somente esperando Clyde ou Phillip aparecerem logo para que pudesse sair, e não tardou para alguém aparecer, porém nenhum dos dois anteriormente citados.

Tweek pareceu se assustar quando viu Stan de costas para o balcão , mas não mais que o próprio, que quase engasgou com o café, os passos daquele magro homem demais eram estranhamente silenciosos e essa característica entrava em conflito com o nervosismo exagerado dele, parecia estar ansioso, seus ombros estavam ligeiramente tensos e a maneira que mexia as mãos e puxava uma manga do casaco cinza que usava por cima do uniforme roxo, como em um tique nervoso, que denunciava ainda mais o seu estado, sem falar que parecia estar terrivelmente cansado. Então Stan disse a primeira frase que lhe veio à mente:

— Quer um pouco? – Perguntou, fazendo menção do que oferecia com o próprio caneco meio vazio.
Demorou mais de dois segundos para os ombros do homem loiro relaxarem e até mesmo soltar a manga do uniforme, ele olhou para o líquido quente fumegante dentro da peça de porcelana por poucos instantes antes de sorrir fraco e falar, gaguejando imperceptivelmente:

— P-por favor.

Não parou para prestar atenção quando Tweek foi pegar um pouco do café na garrafa térmica, estava ocupado demais lavando o caneco que acabara de usar e, em seguida, conferindo o dinheiro para o ônibus. Apesar de o cansaço, não iria mais adiar a visita para a casa da sua irmã, precisava avisar que ainda não estava morto, o relógio de ponteiro com o rosto de Freddy marcava seis e vinte e cinco, ainda faltavam vinte minutos para o próximo ônibus, então se virou para ir embora, mas viu aquele homem loiro de aparência cansada e escuras olheiras sob os olhos castanhos claros lhe encarando seriamente.

— E-eu sei que não é da minha conta, mas p-por que você continua trabalhando a-aqui? – Tweek se pronunciou pela segunda vez depois que chegou ali, com uma pergunta de resposta óbvia, porém isso não deixava menos justificável. Ele bebia café em um caneco em um tom verde extremamente chamativo, e tomou um gole segundos depois de terminar de falar.

— Falta de opção, entende? – Viu Tweek acenar com a cabeça em compreensão. – Não tem muitos lugares em South Park precisando de funcionários... Não que eu saiba.

— R-realmente não tem...

— Mas por que essa pergunta?

No instante depois dessa pergunta o loiro desviou o olhar nervosamente para a porta, como se estivesse garantindo que outra pessoa não aparecer ali, e mordeu o lábio inferior antes de beber mais café, agora segurando o caneco com ambas as mãos, sem se importar com a porcelana quente. Finalmente voltando a encarar Stan, a voz dele soou baixa e lhe faltou a gagueira por um momento, parecia temer que algo ou alguém estivesse pudesse escutar o que estava prestes a falar:

— Se você ficar aqui, ele pode te matar.

— Ele quem?

— Eu não sei quem ele é, mas ele pode querer terminar o trabalho que não concluiu. – Bebeu o resto do café antes de continuar, mantendo a voz baixa, nervosa e falando como se estivesse repetindo as palavras de outra pessoa. – E agora é a oportunidade perfeita...

Antes que pudesse fazer mais perguntas, tomou um susto quando uma terceira pessoa entrou e interrompeu Tweek, quase como de propósito, mas certamente era só impressão sua.

— Tweek...? – Craig disse enquanto passou pela porta, com uma cara de sono de quem acabou de acordar. – Tem café?

O moreno lhe cumprimentou brevemente antes de pegar um copo descartável de refrigerante e enche-lo com o que sobrará de café na garrafa térmica, logo depois viu ele se aproximar de Tweek e os dois começaram a conversar sobre algum assunto casual de a irmã de alguém estar casando com um babaca - isso de acordo com Craig. O loiro não gaguejava, e também não parecia tão nervoso quanto a poucos minutos atrás, quando conversaram e agia como se ela nunca tivesse acontecido. Pensou em como aquela atitude foi estranha, Tweek não parecia incomodado de maneira nenhuma com Craig, mas tinha outras coisas para fazer além de uma conversa absolutamente bizarra sobre estar correndo risco de vida, sem falar que isso não poderia ser verdade... Mas e se for? Stan achou melhor parar de pensar naquilo, realmente tinha mais o que fazer.

Olhou o relógio, faltavam cinco minutos para o próximo ônibus. Tratou de fechar o casaco e por o gorro antes de se despedir dos dois outros presentes na cozinha, andou rapidamente pela pizzaria até a saída e abriu a porta. O céu estava cinzento e nevava o suficiente para ser um incomodo. Atravessou a rua até o ponto de ônibus do outro lado e apoiou as costas no poste, colocando as mãos dentro dos bolsos do casaco para se manter aquecido.

Não tardou para o automóvel parar ali e Stan embarcar nele. Haviam apenas mais duas pessoas, uma mulher com mais ou menos a sua idade de longos cabelos escuros que ouvia música por um par de fones de ouvidos verde berrante e um homem, usando um capuz sentado em um dos mais no fundo, com a cabeça apoiada contra a vidro, aparentemente cochilando. Escolheu um lugar alguns acentos a frente de homem e do lado oposto a qual a mulher sentava, encostou a cabeça no vidro gelado e começou a observar a paisagem pela qual o ônibus passava, tudo coberto por neve, poucas casas e muitas árvores, mas a medida que se aproximasse do centro, as árvores diminuiriam de quantidade e as construções ficariam mais numerosas, mas demoraria pelo menos meia hora, com as ruas sem trânsito, para chegar em alguma parada próxima de onde Shelly morava.

~^~^~

A casa onde sua irmã morava ainda era a mesma de anos atrás, talvez com a pintura amarela um pouco mais gasta desde a última vez que havia visto, e se destacava no meio de tantas outras construções mais altas e modernas. A medida que caminhava mais para perto pela calçada viu como a pintura estava descascada e a caixa de correio visivelmente torta para a esquerda, em poucos segundos já estava na frente da porta, torcendo para que alguém estivesse acordado e em casa, apertou o botão da campainha.

Demorou mais ou menos vintes segundos antes da portar ser aberta, mas não por quem esperava que fosse, e sim por Henrietta, a esposa da sua irmã.

— Stanley...!? – Quando ela abriu a porta, pode ver com mais clareza como os cabelos negros delas estavam mais curtos do que se lembrava e que ela usava roupas de cores escuras, como sempre parecia que estava indo para um enterro. – Puta merda, pensei que você tivesse morrido, garoto!

— Não, eu não morri Henrietta. – Sorriu sem jeito, a mulher não havia mudado nada em todos esses anos, inclusive a mania dela de lhe chamar de garoto, mesmo já sendo um homem adulto. – Sem querer ser chato, a Shelly está?

Ela e sua irmã haviam casado quando Stan tinha mais ou menos quinze para dezesseis anos de idade, mesmo a contra gosto dos seus pais, mas não era como se Shelly se importasse com isso. A história delas juntas era incrível e longa.

— Ela está lá dentro, pode entrar. – Disse dando espaço para que entrasse, e rapidamente indo para algum outro cômodo em que não conseguiu ver dali.

Depois de entrar e fechar a porta, Stan viu uma decoração para a sala bastante diferente do que se lembrava, os móveis eram todos com tons de preto ou outras cores escutas e com um aspecto de ser antigo, de longe representavam os gostos de Henrietta, porém o que realmente chamou a sua atenção foi um brinquedo em cima da mesa de centro que se destacava sobre as demais coisas, uma boneca Barbie princesa. Não demorou muito tempo para a sua irmã entrar a sala pela porta que lembrava ser a cozinha, que usava um casaco com gola alta grosso de lã vermelha e o cabelo preso em um rabo de cavalo, ela estava exatamente como se lembrava.

— Então você realmente está vivo!? – Shelly disse em um tom ligeiramente debochado, mas em seguida sorriu, se aproximou do irmão e lhe deu um abraço cheio de saudade, que foi igualmente retribuído. – Como vão as coisas?

— Poderiam estar pior...

Logo ambos estavam ocupando os sofás da sala, Stan o maior que ficava no meio e Shelly o de dois lugares na esquerda, conversando sobre tudo o que havia acontecido por todos aqueles anos sem a presença um do outro. A mulher falou em como ela e Henrietta haviam conseguido adotar Sarah, uma menininha de quatro anos de idade, a mais ou menos um ano e até mostrou uma foto dela por um porta-retrato na mesinha de centro, uma garotinha linda de cabelos crespos e pele escura.

— Pelo menos para avisar isso, você poderia ter me ligado.

— Você nunca tem número fixo, Stan. – Respondeu revirando os o olhos e, logo depois, arrumou o porta-retratos onde estava antes. – E bem que poderia arrumar um... Imagine se algo acontecesse? Eu não teria como te ligar.

— Nada vai acontecer, Shelly.

Quem tivesse conhecido os dois irmãos somente na infância conturbada que tiveram, veria uma diferença pesada na relação dos dois. Antigamente mal conseguiam ficar no mesmo cômodo da casa sem que Shelly batesse no irmão ou que Stan irritasse a irmã, mas agora, sendo os únicos parentes de sangue um do outro, precisavam no mínimo se dar bem.

— Mas por que você voltou?

— O dinheiro que eu tinha só dava para comprar uma passagem de ônibus até aqui.

— Você está sem dinheiro?

— Não, eu até já arrumei um trabalho.

— Stan Marsh conseguiu um trabalho tão rápido assim? O mundo vai acabar depois dessa. – Shelly comentou com a sua típica ironia. – Onde?

— Na Freddy Fazbear...

O silêncio reinou por breves segundos depois daquilo e a mulher lhe encarou por todo esse tempo, com surpresa e duvida no olhar, como se realmente não acreditasse no que o irmão havia acabado de falar, e ela possuía motivos para isso.

— Está tudo bem trabalhar lá...?

— Eu não me lembro de nada, porquê não estaria, Shelly. – Ultimamente aquilo estava se tornando uma meia verdade. – É serio, não se preocupe com isso, e eu preciso mesmo desse trabalho.

— Se você esta dizendo... – Ela não parecia muito convencida pelas palavras de Stan, mas deu uma rápida olhada no relógio de pulso que usava por baixo do casaco, puxando o tecido para cima. – Eu vou ir deixar a Sarah na escola agora, você precisa de carona?

— Como você adivinhou?


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Notas finais do capítulo

Tá, a parte com o Tweek não foi tão tranquila assim... Mas isso são detalhes~

Um feedback, pfvr