You can't escrita por Caty Bolton


Capítulo 2
Primeira noite


Notas iniciais do capítulo

Well...espero que alguém ainda leia isso ._.
Perdão por qualquer erro, boa leitura



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Por alguns segundos teve que se acostumar com o escuro.

O ambiente estava muito mal iluminado, apenas as luzes de fora passavam pelas janelas clareando o chão gasto, de algum material que Stan não conseguiu identificar, e algumas mesas. Porém havia um local ali onde a luz não alcançava, um lugar tomado por uma escuridão ameaçadora a aparentemente impenetrável. O garoto sentiu que já estivera naquele lugar antes, e esse sentimento de dejavu estava correto. Foi no dia em que perdeu seus amigos, ele conseguiu lembrar-se claramente do momento em que fora deixado sozinho, ou melhor, que se recusou a seguir o urso dourado como o resto de seus amigos.

Aquele era o exato momento em que a porta, a porta no meio na escuridão impenetrável se fechava e ele nunca mais veria Eric, Kenny, Butters e Kyle.

De repente sentiu muito medo, o sentimento aterrorizante que quase o fez desistir, mas pela curiosidade, e sem medir as consequências, o garoto se aproximou da parte escura do cômodo e conseguiu identificar a porta entreaberta, como em um perigoso convite. Hesitantemente ele pegou a maçaneta com uma de suas mãozinhas e empurrou, ali estava o mesmo corredor onde teve o vislumbre da sombra do urso dourado, que segurava algo perigoso na mão, antes de fechar uma outra porta.

Então veio o primeiro grito, a luz zumbiu e apagou-se brevemente por um segundo. O coração de Stan batia rápido e pesadamente, com medo e adrenalina correndo por suas veias. Batidas desesperadas na porta e o grito de Kyle soavam assustadoramente pelo corredor. Tremendo, o garoto se aproximou da porta e em algum momento os gritos pararam e as batidas na porta também, mas de fundo havia o som de um gotejar e o choro baixinho de Butters. Um liquido carmesim atravessou a porta por baixo, espalhando-se pelos espaços entre os azulejos para perto do garoto.

De repente a porta abriu e Stan soltou um grito quando o corpo de Eric caiu em um baque surdo no chão, inerte e ensanguentado, sujando ainda mais o piso de vermelho. O garoto sentiu uma profunda ânsia de vomito e cobriu a boca com a mão, lagrimas já desciam pelas suas bochechas e suas pernas tremiam. Ao levantar o olhar viu Kyle deitado em uma mesa, com uma faca fincada em seu estômago e o sangue escorrendo e pingando da mesa para o chão, o som do gotejar parecia dez vezes mais alto agora. Deu um passo para trás, horrorizado, e não conseguiu mais segurar o vomito no momento em que viu aquele machado atravessado na cabeça de Kenny, com muito sangue ao redor e uma parte de sua massa cinzenta escorrendo pela ferida grotesca.

Não fez mais tanta questão de ver Butters quando deu mais passos para trás e virou-se para tentar inutilmente fugir, porém uma pessoa, que por causa da mente infantil de Stan teve o rosto traduzido apenas como dois pequenos pontos brancos onde ficava os olhos, bateu-lhe em cheio na cabeça com um taco de basebol.

A última coisa que ouviu antes de apagar foi o choro alto e soluços sofridos de Butters de fundo.

~^~^~

Stan acordou suado e com o coração batendo a mil por hora. Sabia que havia tido um pesadelo, seu estado entregava isso, mas não recordava-se de nada, como nas vezes que sonhava e no momento que acordava o sonho se perdia naturalmente. Claro que deixava aquela sensação chata de estar esquecendo de algo, mas alguma coisa lhe dizia que era melhor não lembrar daquele pesadelo em particular. Apenas pegou o celular na mesa de cabeceira e verificou as horas. Dez para as dez da noite, ainda faltavam duas horas para o começo do seu primeiro expediente como vigia noturno da pizzaria.

Decidiu começar a se arrumar naquele horário, a pizzaria era um pouco longe do hotel a beira de estrada que Stan ficaria por enquanto, não gostaria de chegar atrasado no primeiro dia de um emprego que lhe impediria de passar fome. Tomou uma rápida ducha quente e vestiu o uniforme de vigia do estabelecimento, o qual havia-lhe sido entregue dois dias mais cedo por Phillip, também colocou mais um casaco por cima, um par de luvas e botas para andar na neve. Precisaria ir a pé, mesmo não sendo a opção mais agradável por conta da neve e do frio, ele não possuía dinheiro para pagar um táxi ou ônibus, não naquele momento.

Suspirou pesadamente enquanto abria a porta do quarto, tentaria explicar sua situação para Token, quem sabe ele não desse uma parte do salário adiantado?

Seu quarto ficava ao lado da escadaria, e depois de descer um andar já passava pelo estacionamento. A rua era iluminada por postes distribuídos dos dois lados em intervalos de espaços iguais, a neve estava fofa e cobria uma fina camada da calçada, ainda o suficiente para as pegadas de Stan serem deixadas a medida que avançava, mas o vento estava gelado o suficiente para que ele levantasse a gola do casaco, tentando sem muito sucesso livrar o rosto da brisa fria que cortava-lhe a pele. A rua se encontrava praticamente deserta, e era um silêncio quase absoluto, se não fosse pelo zumbido fraco das luzes de alguns postes e os raros automóveis.

A medida que andava a cidade de South Park ia ficando para trás e a Pizzaria Freddy Fazbear mais próxima, em longos quarenta minutos de caminhada Stan chegou ao estabelecimento. As luzes do logotipo e a grande placa com "fechado" denunciavam que ele havia chegado mais tarde do que cedo, mas esperava muito que não tivesse se atrasado. Atravessou a rua e imediatamente entrou pela porta da frente, que por algum milagre estava aberta, a maioria das cadeiras já estavam sobre as mesas e grande parte das luzes apagadas, e os bonecos animatrônicos desligados e parados no palco.

Colocando as últimas cadeiras sobre uma das mesas estava um dos guardas diurnos que Stan havia conhecido no mesmo dia em que fora pegar o uniforme, Damien, um homem de aparência intimidadora com seus prováveis mais de um metro e noventa de altura. Ele usava aquela camisa roxa meio chamativa demais, como os outros três guardas diurnos, Phillip, Clyde e Tweek.

– Então você veio mesmo. – Alguém comentou com uma voz apática, alguém que Stan não havia notado antes, porém já conhecia. – Acho melhor procurar emprego em outro lugar, como já te falei...

– Não o assuste Craig. – Damien interrompeu, arrumando a última cadeira e se virando para cumprimentar Stan. – Não ligue para ele.

Stan não havia notado antes a cortina da cova do pirata aberta, e nem Craig mexendo nas afiações das costas de Foxy. Aparentemente aquele era o único antigo ainda estava em funcionamento, embora precisasse constantemente de manutenções.

– Não, tudo bem, eu não ligo...

Na sua visita a um dia Craig havia avisado que era melhor procurar emprego em outro estabelecimento, havia sido uma atitude estranha, mas achou melhor não pensar muito sobre isso. A verdade era que Stan até seguiria o concelho do mecânico, mesmo que estivesse tudo muito diferente a pizzaria ainda lhe dava arrepios e uma sensação ruim, mas não poderia se dar o luxo de abandonar um trabalho que pagava todas as horas como hora extra.

~^~^~

– Seu turno começa em dez minutos Stan, exatamente no momento em que os bonecos animatrônicos ligarem sozinhos como Craig programou. – Phillip usava suas roupas normais e conversava com Stan de uma das portas.

– Certo...mas o que eu faço enquanto isso? – O moreno estava sentado na cadeira giratória, com o tablet em mãos.

– Recomendo que vá vigiando as câmeras enquanto não desligam a energia e ligam o gerador e o resto das luzes. Vai facilitar o seu trabalho mais tarde.

Tanto Phillip quanto Craig falavam como se aquele trabalho fosse mais difícil do que parecia ser, o loiro lhe aconselhando o que fazer e o mecânico falando que Stan deveria desistir e ir procurar trabalho em outro lugar. Mas o que havia de complicado em vigiar as câmeras de uma pizzaria a noite?

– Vigiar uma pizzaria infantil é tão complicado assim? – Stan perguntou apenas por perguntar, realmente não achava que fosse difícil.

– Bem – O outro homem colocou as mãos nos bolsos do moletom, não aparentava nervosismo nem nada do tipo, mas estava sério. – eu não diria que complicado seja o termo certo... Imprevisível se aplica melhor na situação.

Stan encarou Phillip com duvida, ainda não conseguia ver o que poderia ter de imprevisível ao trabalhar ali de noite. O loiro apenas deu uma desculpa qualquer sobre Damien ser sua carona e saiu de onde estava rapidamente, pelas câmeras Stan confirmou sua suposição. O relógio digital de parede marcava onze e cinquenta e cinco da noite, logo daria meia noite e os animatrônicos seriam ligados. No momento em que puxou uma maçaneta de uma das gavetas assustou-se com o chamado do telefone na mesa, havia chegado uma mensagem? Curioso apertou o botão e viu que havia acertado, era uma gravação.

"Boa noite amigo, bem, me pediram para gravar uma mensagem para te ajudar a se adaptar na sua primeira noite aqui. Eu trabalhei nesse turno antes de você a alguns meses, a pizzaria fica um lugarzinho escuro e desagradável de noite, hein? Por hora vamos nos focar em te passar pela primeira noite com todos os ossos no lugar, de acordo?"

Todos os ossos no lugar? Stan pensou nervoso, o que havia de tão ruim naquele lugar para o homem na gravação falar isso?

"Você deve achar que estou exagerando com isso, certo? Bem, talvez eu esteja mesmo, depende muito do seu desempenho aqui em manter aquelas coisas longe. Digamos que os bonecos animatrônicos ficam um pouco peculiares a noite, mas eu não os culpo, e como culparia? Se eu tivesse sido obrigado a cantar todas as mesmas estupidas músicas por quinze anos e nunca tivesse tomado um banho, certamente ficaria irritável de noite."

Stan riu brevemente, as músicas eram mesmo estúpidas e olhando por esse lado quase sentiu pena dos bonecos.

"Enfim, procure ficar atento. Você sabe que eles ficam em um tipo de modo itinerário livre durante as madrugadas. O Craig falou que isso é algo relacionado aos circuitos deles travarem se ficarem muito tempo desligados. Agora, o risco real disso é o fato desses robôs de, b-bem, se eles ocasionalmente te virem depois de horas, provavelmente não te reconhecerão como pessoa, eles iriam possivelmente te ver como um endoesqueleto de metal sem sua fantasia. Agora, como isso é contra as regras da Pizzaria Freddy Fazbear, eles certamente tentarão te colocar em uma fantasia de Freddy Fazbear... Sim, isso é bem pior do que parece. Er, dentro das fantasias não é oco, mas sim repleto por circuitos, molas soltas, fios metálicos, vigas e outras coisas pontiagudas que vão te ferir se você ficar no meio delas. E acredite, é mortal e é doloroso."

Arrepio-se ao imaginar como seria morrer daquele jeito, quase convencido que deveria ter ouvir as palavras de Craig mais cedo.

"Eu devo lhe avisar sobre a importância de economizar energia, na última porta do corredor dos fundos tem o gerados e em um botão nele você recupera cinquenta por cento da energia total, mas sei que não vai querer perambular pela pizzaria de madrugada, certo? Bem, você pode ver a porcentagem de energia total pelo tablet, dependendo de como fizer uso os números podem diminuir muito rápido ou lentamente. As portas servem para impedir os bonecos de entrarem aqui, mas use-as apenas quando for estritamente necessário. Já as lanterna serve para você ver se tem alguém se aproximando por um dos corredores e de vez em quando veja se os parafusos da grade de ventilação estão bem firmes. Boa sorte, você vai precisar."

Imediatamente depois que a gravação terminou Stan verificou os corredores apertando os botões ao lado das duas portas, aliviado ao não ver nada ali e nem na grade de ventilação, para pôr fim verificar o tablet. Havia noventa e nove por cento e isso acalmou, e ao notar que nenhum dos bonecos animatrônicos saíram de seus lugares ficou ainda mais aliviado, eram meia noite e vinte. Então começou apenas a vigiar as câmeras, mas sem deixar de pensar em como os bonecos ficavam ainda mais assustadores em um ambiente com pouca luz. Parou de muadar as câmeras na sala de manutenção, onde estava um dos antigos animatrônicos, quebrado com partes faltando e sem rosto. Stan ficou o observando por alguns segundos antes de se lembrar do nome dele, e no mesmo instante dois pontos vermelhos acenderam no meio dos fios retorcidos de onde deveria estar o rosto.

De algum modo deixaram Bonnie ainda mais assustador, Stan pensou antes de qualquer coisa, isso até notar que teoricamente os antigos não eram para estar ligados. Por que eles ainda não haviam sido desmontados ou jogados no lixo? Era esperado que fossem depois dos acidentes anos atrás, da morte de uma criança e do desaparecimento – é provável morte – do seus amigos de infância. Na verdade, como aquela pizzaria continuava funcionando com tantas tragédias nas costas?

Stan perguntaria para Craig sobre os antigos na primeira oportunidade. Continuou a verificar todas as câmeras, não vendo nada de anormal bloqueou o tablet para poupar energia. Sem nada o que fazer para passar o tempo, voltou a mexer nas gavetas da mesa por pura curiosidade, apenas alguns papéis nada interessantes nas três primeiras, uns jornais na quarta e a quinta estava trancada. Lembraria de procurar a chave mais tarde.

Os jornais eram apenas folhas de páginas aleatórias, o moreno não sentiu-se tentado o suficiente para ler qualquer coisa, então pegou o tablet novamente e no momento que iria desbloquear ouviu passos metálicos vindos do corredor direito. Deixou o tablet de volta na superfície de madeira e pegou a lanterna, apontado-a para a porta antes de ligar e tomando um dos maiores sustos da sua vida.

– V-vamos festejar a-amigo!

Toy Chica estava parada perto da porta sem seu bico falando com uma voz robotica e sem vida, como se estivesse prestes a entrar na sala, mas Stan rapidamente ativou a porta de segurança, acionando um tipo de porta vermelha que zumbia ao ficar ligada. Instintivamente apontou a lanterna para a outra porta, imediatamente sentindo alívio percorrer seu corpo a não ver nada lá, em seguida largou a lanterna desligada na mesa e desbloqueou o tablet.

Segurando o aparelho eletrônico com uma mão começou a mudar de câmeras fervorosamente, procurando os bonecos animatrônicos e ficando cada vez mais desesperado ao vê-los em locais onde não deveriam estar. O antigo Freddy, aquele que Stan conheceu na infância, encontrava-se parado no meio do salão principal olhando fixamente para a câmera com seus olhos robóticos assustadores. Sentiu que ele conseguia lhe ver através daquela tela, e um frio desconfortável subiu sua espinha.

Eram duas da madrugada, a energia estava em oitenta e um por cento e diminuindo. Desativou a porta de segurança ao ver Toy Chica em outro local pelas câmeras.

"Stan...é vo-você ai?"

Aquele sussurro lhe causou arrepios, mas era coisa da sua cabeça, certo? Não poderia ficar imaginando coisa naquele momento, tinha que se concentrar no trabalho e agora entendia o que Phillip quis dizer, aquelas máquinas eram mesmo imprevisíveis.


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Notas finais do capítulo

Os mais fãs de FNaF devem ter notado que eu mudei MUITA coisa, mas foi tudo proposital. Ah, e eu também não vou levar em conta o quarto jogo.
Comentem, um feedback seria ótimo!



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