“Vamos nos encontrar de novo algum dia?”

“Com certeza iremos.”

Como muitas vezes antes, Chihiro acordou sobressaltada com as lembranças. Suas aventuras no mundo de Yubaba e Haku há muito aconteceram, mas a voz de Haku ainda acompanhava seus sonhos, impedindo que ela se esquecesse dele e de sua promessa.

A garota havia tentado voltar várias vezes, mas só encontrava ruínas. As lojinhas e barracas desertas e caindo aos pedaços, a tintura da casa de Yubaba completamente desgastada. Apesar de seus esforços de entrar na casa, querendo ir para as fornalhas de Kamaji ou para o quarto que uma vez dividira com Lin, Chihiro jamais havia conseguido passar pela ponte, onde havia encontrado o menino dragão pela primeira vez. A magia não permitia.

“Me pergunto como todos estão...”

Como nunca conseguia dormir de novo, a menina ergueu-se da cama e olhou-se no espelho de seu quarto. Naquela época, havia amadurecido e se tornado uma garota mais responsável e corajosa, mas agora sua mudança era física. Se perguntava se Haku seria capaz de reconhece-la. Seus cabelos estavam mais longos, porém sempre presos pelo elástico feito por seus amigos. Era sua única recordação concreta.

Caminhou por seu quarto até encontrar seu caderno de desenhos. Estava lotado de desenhos e pinturas de Haku e todos os outros. Quando finalmente se instalou na casa nova, Chihiro pediu para entrar em um curso de desenhos. Tinha medo de esquecer os rostos de seus amigos.

Abraçou seu desenho favorito, o desenho que retratava ela e Haku caindo do céu, quando ela descobrira seu nome. Sentiu o frio tão cotidiano da lágrima que escorria por seu rosto.

“Mentiroso... já se passaram tantos anos... jamais o verei de novo. Mentiroso...”

E como muitas vezes antes, Chihiro adormeceu, perdendo as forças perante as lágrimas que não paravam de cair.