Sonhando Acordada (Interativa) escrita por CassyDeschamps
Notas iniciais do capítulo
Antes do capitulo começar, eu queria pedir desculpas pela enorme demora. Nunca fui de demorar tanto para postar um novo capitulo, mas realmente nunca tive tanta coisa pra fazer em tão pouco tempo. Final de semestre na faculdade, sabe como é. Essa semana estou de folga, e aproveitei pra finalmente terminar esse capitulo. Tentarei postar no final de semana novamente, pra compensar um pouco pela falta de capítulos. No próximo capitulo também postarei os novos personagens no tumblr. É isso, espero que gostem.
August ajudava Charlotte a segurar o homem encapuzado, mas não prestava muita atenção à situação. Afinal, o que havia acabado de acontecer ali? Ele conhecia Red e Amy há anos, e nunca havia ficado sabendo das... condições delas.
Scarllet começava a se mexer. Sempre que acordava estava no meio do mato, sozinha, ou com a irmã por perto. Ela nunca havia imaginado a cena a frente dela. Gus e Charlie segurando o homem, e Amy a encarando insegura.
– Red! Amy! Vocês estão bem? – August perguntou, olhando para as duas garotas, um pouco distantes dele.
– Estou bem. – Scarllet respondeu. Amy apenas confirmou com a cabeça.
– Eu estou bem, obrigada por perguntar. – Charlotte retrucou, bufando, fazendo os três rirem e a tensão maior sumir.
– O que fazemos com ele? – August perguntou, se referindo ao ser encapuzado.
– Vou levá-lo até a minha escola de magia, ele também estuda lá. O diretor ficará muito feliz em saber que alguém andou usando magia fora dos limites da escola. – Amy respondeu, cruzando os braços e olhando para o outro bruxo.
– Você também usou magia fora da escola, também está encrencada, mocinha. – ele retrucou, zombando.
– Só para a sua informação: eu tenho permissão para usar magia fora da escola nas noites de transformação da minha irmã. – informou a garota.
Os cinco voltaram pelo caminho que haviam tomado para chegar até ali. A escola de magia ficava depois do vilarejo, já dentro da floresta, era escondida, somente seres mágicos poderiam vê-la. Amy enviou uma mensagem para a escola, pedindo ajuda para levar o “infrator” até a diretoria. Ela se separou dos amigos quando chegaram ao limite para seres não-mágicos, e seguiu para dentro da escola.
– Tudo bem, o que fazemos agora? – foi à vez de Charlotte perguntar. A garota estava exausta, nunca tinha andado tanto em toda sua vida.
– Vamos lá para casa. Estou com fome, e minha mãe já deve estar preocupada. –Scarllet respondeu, já caminhando pela trilha que levava a casa dos Renalde.
*
“A história da família Renalde sempre foi um pouco complicada. Scarllet se transforma em lobo desde seus doze anos de idade. Amelie tem poderes mágicos e estuda na Escola de Magia para poder aperfeiçoá-los. A história por trás desses poderes é longa e cheia de desafios enfrentados pelos antepassados das gêmeas.
Louise, a mãe das meninas, descendia de uma antiga família de bruxas. E Christopher, o pai, de uma família amaldiçoada. Um dos antepassados dele havia se apaixonado por uma jovem bruxa, que acabou engravidando. A família dele foi contra esse envolvimento, e então ele a abandonou. A moça, desesperada, fugiu para a floresta e acabou sendo mortas por lobos. A mãe dessa moça, uma das bruxas mais poderosas que existem, lançou a maldição nos futuros primogênitos da família, que faria com que todo primogênito na família se transformasse em lobo a partir de seus dois anos de idade. E assim foi, por todas as gerações.
Louise e Christopher, sabendo da maldição, acreditavam que a maldição seria anulada com a vinda de gêmeos, pois afetava apenas o primeiro filho, e no caso deles, seriam dois. Mas não foi isso que aconteceu, e a maldição prevaleceu. Os poderes mágicos da família de Louise passaram para Amelie, já a maldição de Christopher foi herdada por Scarllet.
Na esperança de ajudar a filha e o marido com a maldição, Louise, sendo uma grande e poderosa bruxa, criou um amuleto mágico para cada um. Para Christopher ela enfeitiçou a aliança de casamento dos dois, e para Scarllet, uma pulseira.”
– Agora entendi o porquê de essa pulseira ser tão importante pra nos fazer ir até o fim do mundo atrás de um maluco. – admitiu Charlotte, finalmente entendendo.
– Além de ser a única forma de eu continuar na forma humana, ela é muito importante por ser a última grande magia que minha mãe fez. – esclareceu Scarllet.
– É verdade. Para enfeitiçar o anel e a pulseira eu usei grande parte da minha magia, e desde então não tenho forças para fazer algo muito grande. No máximo feitiços simples. – Louise explicou, demonstrando o que falava colocando a mesa de almoço com o uso de magia- Viu só? Não consigo muito mais do que isso.
Charlotte sorriu em concordância. Os Renalde estavam sendo muito acolhedores, se não contar com tudo que havia acontecido mais cedo, desde que ela entrou na casa da família, Louise a tratava da melhor forma que conseguia.
As garotas ouviram vozes altas e sobressaltadas vindas do lado de fora da casa. Louise foi até a janela da cozinha, ver o que estava acontecendo.
– São os Paper! August está discutindo com os outros! – ela exclamou, indo para a porta. Scarllet suspirou.
– Ele ia estourar alguma hora. – Charlotte a encarou sem entender, mas seguiu a garota para fora da casa.
*
August sabia que estava encrencado assim que viu seu pai em pé e de braços cruzados bem ao lado das madeiras que ele deveria ter cortado naquela manhã.
– Posso saber por que essa lenha não está cortada e empilhada ao lado da casa? – Steve, pai de August, perguntou ao garoto.
– Eu fui resolver um problema com a Red e a Amy. Ia cortar a lenha quando voltasse.
– Até onde eu sei, os problemas da Red e da Amy não colocam comida na nossa casa! – Steve esbravejou, raivoso. – Trabalho, isso sim que nos sustenta, filho! Comece logo essa pilha, não quero mais atrasos. Se quer ser um lenhador como seu pai é, precisa se esforçar mais.
– A questão é que eu não quero ser um lenhador, pai. – August retrucou, admitindo.
– Como assim não quer ser lenhador? – Steve perguntou, praticamente gritando de raiva. Com a discussão, os demais Paper saíram da casa, assim como os Renalde apareceram na porta de casa, mais distante.
– Por que vocês não são capazes de entender que eu não quero ser lenhador? Isso não é pra mim, está bem?
– E o que você quer ser então? Ferreiro? Carpinteiro? Construtor?
– Não! Eu quero ser flautista! Quero trabalhar como musico!
– Você só pode estar brincando comigo! Musica não te leva a lugar nenhum! Que futuro você pretende ter com a música?
– Eu não sei qual vai ser o futuro que eu vou ter! Só sei que é isso que eu quero fazer. Eu quero viver o presente, pai, você não entende? Eu quero viver a minha vida, sem me preocupar com nada, sem ter que ficar fazendo algo que eu não gosto só porque o resto da minha família faz isso.
Steve fica em silêncio. Sério. Pensativo.
– Pai. Você encontrou a sua vocação na madeira e no machado. Agora é a minha vez de encontrar a minha.
– Tudo bem então. Se é isso que você quer. – ele suspirou, mas logo voltou ao ar sério - Mas eu consegui o que tenho hoje com muito esforço e trabalho. Não ache que de um dia pro outro você estará fazendo shows e encantando multidões com o seu “dom”.
– É o que eu quero. Eu vou batalhar por isso.
– Ótimo. Comece batalhando desde já e arrume um emprego pra se sustentar, como eu fiz. – Steve vira as costas pra entrar dentro de casa.- E acho bom arrumar um lugar pra dormir hoje a noite, quem não é lenhador não dorme na minha casa.
– Mas querido... – Angelina, a mãe de August, fica tensa. – Onde que ele vai dormir?
– Isso não é mais problema meu, querida.
– Tudo bem mãe. Eu dou um jeito. Qualquer coisa fico com os Renalde essa noite. Amanhã vejo o que faço. – August acalmou a mãe, a abraçando.
August se afastou de sua família e foi até onde estava Scarllet. Ele deu um sorriso envergonhado, e Red foi obrigada a rir da situação. Ela sabia que isso iria acontecer logo logo.
– Parece que vou ter que arranjar um lugar para ficar nos próximos dias. – ele admitiu, passando a mão nos cabelos, nervoso- Ei, Red, tem espaço sobrando na sua casinha de cachorro?
– Acho melhor não, vai que eu pegue pulgas suas?
Amelie finalmente havia chegado até o local. O garoto ladrão tinha tomado uma bela suspensão, e ela estava muito feliz com isso, mas ao ver a confusão que tinha se formado ali, se arrependeu de não ter vindo para casa com a irmã. Não é sempre que tem barraco por aqueles cantos da floresta. Ao ver a irmã e August juntos, ela preferiu ir até Charlotte. Ninguém merece ficar segurando vela para aqueles dois.
– Espere, eles são um casal? Tipo, estão juntos mesmo? – Charlotte perguntou a Amelie, quando a garota se aproximou. Ela encarava o casal conversando no outro canto. Como ela não havia reparado antes?
– Sim. Você não sabia? – Amelie perguntou, surpresa. E sem entender o que ela quis dizer com “tipo”, que expressão era essa, afinal?
– Não! Eles não agem como um casal! Eles quase nem ficam perto um do outro! –queixou-se a garota, ainda estranhando.
– É culpa da Red, ela não é muito... melosa e... – Amelie encarou Charlotte de forma espantada.- Charlie!
– O que foi? – Charlotte perguntou, assustada com a reação da garota.
– Você está desaparecendo! – ela exclamou, apontando para a garota. Charlotte levantou os braços, vendo que realmente estava sumindo, conseguia ver o rosto de Amy através de sua mão.
– O grilo falou que isso poderia acontecer. – Charlotte disse, ainda olhando para as mãos. August e Scarllet se aproximaram das duas, tentando entender.- Escutem, eu provavelmente vou sumir, mas não se preocupem, o grilo disse que isso é normal.
– Que grilo? – August perguntou, sem entender nada.
– O grilo é quem me guiou até vocês. Ele me disse que eu tinha missões a cumprir. Provavelmente já cumpri minha missão aqui com vocês, por isso estou indo embora.
– Não vamos mais te ver? – Amelie perguntou, assustada.
– Não sei. É provável que não. Talvez vocês nem se lembrem de mim quando eu for embora. Eu não sei como funciona ainda. Essa foi a minha primeira missão aqui.
– Espero que nos lembremos de você. – Scarllet disse, sorrindo para a garota, que já quase não se podia mais ver.
– Eu vou lembrar. Se eu tiver a chance de voltar, eu volto. – ela disse, acenando para eles. – Adeus!
Charlotte teve a mesma sensação da viagem anterior. Tudo estava girando, e então ela caiu novamente. Mas desta vez o chão estava mais macio que o normal.
– Ei garota! Não olha por onde anda não?
Charlotte havia caído em cima de uma garota de longos cabelos ruivos. A garota parecia estar com muita raiva, suas roupas haviam ficado sujas, e ela parecia estar prestes a pular no pescoço dela.
– Além de desastrada é surda? – ela perguntou, ainda irritada. Charlotte ainda estava um pouco zonza da viagem.- Quer saber? Eu vou embora, não vou ficar perdendo meu tempo com uma tipinha como você. Ei Kill, me espera, uma lesada me atrasou.
Charlotte viu a garota se afastar em direção a um garoto que já estava bem adiantado na caminhada. Mas ela nem conseguiu pensar em pedir ajuda, estava tão enjoada e tonta da viagem, que antes de qualquer coisa, caiu no chão desacordada.
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