Maktub escrita por Sany


Capítulo 4
Capitulo 03:


Notas iniciais do capítulo

Boa noite.
Espero que gostem do capitulo.



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Os quatro dias seguintes ao meu aniversario foram terríveis, noite após noite eu sonhava com Prim dizendo que eu havia matado nossa mãe e que era infeliz por minha culpa, após acordar desses pesadelos eu não conseguia dormir novamente o que me rendeu olheiras terríveis que não passaram despercebidas pela minha irmã que acabou perguntando sobre meu sono durante o café da manhã de domingo.

– Estou bem Prim – foi a única resposta que dei enquanto observava meu avô baixar o jornal que lia na ponta da mesa e olhar diretamente para mim, durante a semana ele não costumava estar presente durante o café da manhã, mas todo final de semana ele ocupava a ponta da mesa durante a primeira refeição do dia e exigia nossa presença assim como na hora do jantar para mim era o típico momento de falsa família feliz que eu tanto odiava.

– Você não parece bem – ela insistiu enquanto meu único desejo era sair daquela mesa o mais rápido possível e me trancar no meu quarto, mas eu não daria esse prazer a ele.

– São apenas pesadelos Prim, em breve eles iram passar não se preocupe – aquilo pareceu tranquilizar minha irmã, já que era comum eu ter pesadelos algumas noites eu sabia que ela tinha relacionado esses pesadelos a nossos pais como era de costume.

– Talvez visitar a mamãe hoje ajude – ela tentou me animar, embora não tenha sido essa a reação que conseguiu.

– Vamos visitar a mãe hoje? – a pergunta saiu mais assustada do que gostaria.

– Você não contou a ela vovô ? – ela olhou para ponta da mesa ainda animada .

– Acabei esquecendo querida – o modo como ele tratava ela cheio de falso carinho me irritou ainda mais.

– Vovô acha seria bom irmos hoje já que você fez aniversario essa semana, pedi a Mags para fazer outro bolo assim a mamãe participa não é vovô – ele concordou com a cabeça e voltou sua atenção para o jornal.

Eu sabia por outro lado o que ele queria de verdade com essa ideia de visitar minha mãe, ele queria mostrar o quanto ela era vulnerável, ele queria me lembrar que não havia nenhuma maneira de conseguir bancar minha mãe sem sua ajuda. Menos de uma hora depois estava pronta para sair e confesso que senti um certo alivio ao saber que meu avô não nos acompanharia ele nunca ia sempre com a desculpa de estar ocupado embora a verdade seja o fato de não se importar.

Seneca nos levou de carro até a clinica afastada da cidade, a viagem era longa já que ela ficava fora do distrito meu avô sempre fez questão de controlar nossas visitas dessa forma costumávamos ir até lá apenas um domingo por mês segundo ele era o suficiente para ela não nós esquecer e isso não afetar nossas vidas, embora ele não estivesse dando a mínima na verdade, mas isso deixava Prim ansiosa sempre que vinha até aqui, era possível ver o quanto ela estava animada segurando o pequeno bolo confeitado pela nossa governanta. Chegamos a bela clinica e Prim desceu rapidamente do carro indo em direção a recepção, Seneca fechou a porta atrás de mim.

– Vou esperar no carro Srta. seu avô me disse que não preciso mais acompanha-las já que tem idade para entrar sozinha com sua irmã agora – de todos os empregados do meu avô ele era o único que eu não gostava, mesmo estando lá desde que nós mudamos, eu sempre tive a certeza de que ele diria todos os meus passo ao meu avô, ele era seu homem de confiança e eu sabia que fazia tudo que lhe era mandado sem pensar duas vezes , confirmei com a cabeça e segui minha irmã um pouco mais aliviada por não precisar ver Seneca andando ao redor enquanto visitávamos minha mãe.

O lugar era impecavelmente limpo, se não fosse a placa de entrada aquela clinica se passaria facilmente por um hotel, obviamente manter minha mãe ali era mais uma vez a fachada de boa família, preenchemos alguns papeis de identificação na entrada como de costume e recebi os cumprimentos atrasados pelo meu aniversario da recepcionista que trabalhava ali a mais de oito anos e sempre nos recebia. Seguimos direto para o jardim dos fundos onde era possível ver diversas mesas vazias onde provavelmente deveriam haver outros pacientes recebendo a visita de suas famílias, obviamente isso não era o que acontecia era raro ver pessoas ali, aquela clinica abrigava um numero considerável de pacientes todos com condições financeiras altas e na sua maioria de outros distritos, dessa forma eram poucos que recebiam visitas constantes, certa vez uma enfermeira me disse que mamãe era um dos pacientes que mais recebia visita e isso me impressionou.

Nos sentamos em uma das mesas onde Prim animadamente colocou o bolo e arrumou rapidamente os pratinhos e garfinhos que tinha trago em sua bolsa, mesmo com apenas dez anos minha irmã lidava com a situação da nossa mãe bem melhor do que eu, talvez por não se lembrar de como ela era ou por ser uma pessoa bem melhor do que eu minha irmã se sentia grata por ter nossa mãe mesmo que fosse assim, desde quando começou a entender um pouco mais sobre a saúde dela Prim colocou na cabeça que seria medica e que um dia poderia ajuda-la. Eu por outro lado ficava pensando que seria melhor que ela assim como meu pai não tivesse sobrevivido ao acidente. Observei enquanto a enfermeira trouxe a sombra do que um dia havia sido minha mãe, a sombra da mulher forte e determinada que tinha deixado o conforto de um casarão indo morar em uma pequena casa na parte mais pobre do distrito, a mulher que via sorrindo só de ver meu pai chegando, a mesma que me colocava para dormir todas as noites e aquilo como sempre foi como uma punhalada em meu peito.

– Olha só quem veio ver você hoje Eva – a enfermeira falou assim que a colocou sentada na mesa – Suas filhas e olha hoje vocês vão ter uma festa, lembra foi aniversario da Katniss essa semana – Prim sorriu para Wiress com o comentário ela era uma das enfermeiras que cuidava constantemente de nossa mãe nos últimos oito anos e nos conhecia.

– Katniss queria o bolo de sorvete – ela olhou para o bolo em cima da mesa – Nos compramos um bolo de sorvete – eu lembrava do bolo de sorvete havia sido no meu aniversario de sete anos – Um bolo muito bonito para minha garotinha não esse bolo.

– Sim o bolo deve ter sido muito bonito Eva, mas Katniss não é mais criança isso faz muito tempo, ela fez dezoito anos lembra? – Wiress falava com toda calma enquanto Eva olhava o bolo – Olha como ela esta crescida e ficou linda assim como a Prim – aquele era um pequeno ritual feito em todas as visitas uma apresentação para tentar lembrar minha mãe quem éramos já que na mente dela eu ainda era uma criança e Prim um bebê – Ela estava agitada esta manhã então o Dr. Gloss aumentou a dosagem dos medicamentos, ela vai ficar um pouco aérea não se preocupem eu vou ficar sentada ali se precisarem basta me chamar – Concordei com a cabeça e a observei se afastar e se sentar em um dos banquinhos de jardim a alguns metros.

– Mãe Mags fez bolo de chocolate, ela disse que é seu favorito também – continuei calada ouvindo Prim conversar com ela, eu quase nunca falava com ela, era sempre minha irmã que fazia isso, Prim parecia não se importar com seu monologo já que nossa mãe quase nada falava, ela ficava ali quase como se estivesse perdida.

O acidente a pouco mais de oito anos tirou a vida do meu pai e embora não tenha feito literalmente o mesmo com minha mãe chegou bem próximo disso, ela havia sobrevivido, mas a forte batida em sua cabeça deixou sequelas a lesão cerebral tinha sido gravíssima e como resultado Eva não tinha muita noção de tempo seja do passado ou do presente na mente dela meu pai ainda estava vivo e ela sempre perguntava por ele, ela ficava confusa facilmente além de ter uma certa dificuldade para se locomover sozinha. Sem contar nas dores de cabeça, tonturas e claro ataques que tinha principalmente quando se lembrava de algo relacionado ao acidente.

As enfermeiras sempre tentavam mantê-la atenta a realidade sempre corrigindo e mostrando para ela que os anos haviam passado obviamente que essa não era uma tarefa fácil, embora ela momentaneamente acreditasse e entendesse a maioria das coisas que lhe falavam logo ela voltava ao seu estado perdido. Um tempo depois Prim insistiu em tirar uma foto para marcar a data e eu não neguei isso a ela, era sempre assim ocasionalmente em datas comemorativas ela batia uma foto para colocar no álbum da família e mandava uma foto para colocar no quarto de nossa mãe, segundo minha irmã isso ajudaria ela a se manter no tempo certo e ter sempre uma imagem de como estávamos. Comemos o bolo e depois começamos a caminhar lentamente pelo jardim, tudo indicava que seria uma visita tranquila, mas não foi.

– Quando George vai chegar? – a pergunta paralisou Prim imediatamente, se tinha algo que ela não sabia como lidar era com as perguntas sobre o papai – É aniversario da Katniss ele deveria ter chegado.

– Mãe – ela olhou para mim – O papai não vem – tentei não entrar em detalhes como sempre fazia para evitar um ataque.

– Por que não?

– Ele não pode vir, e nós precisamos ir esta tarde

– Não ele vai trazer o bolo de sorvete – Wiress que sempre estava atenta a tudo se aproximou.

– Mãe precisamos ir – não queria que Prim presenciasse mais um de seus ataques e pelo modo como ela passava a mão pela cabeça eu sabia que ela sentiria a cicatriz e se lembraria do acidente.

– Eva se despeça das meninas vamos entrar – nos despedimos e rapidamente nos dirigimos para o carro.

No meio do caminho porém Prim se lembrou da bolsa com a maquina fotográfica, voltei sozinha para buscar e pude ver Wiress com mais uma enfermeira medicando minha mãe que estava tendo mais um ataque gritando pelo meu pai, aquilo era sem duvida mais dolorido do que perde-la, vê-la daquele jeito não era bom. Me lembrei do que meu avô disse quatro dias antes e não pude imaginar o que faria sendo responsável por ela, não vi nenhuma solução onde Eva estivesse em outro lugar onde não fosse a clinica, como eu poderia pagar não apenas pelos remédios mais cuidar dela em tempo integral como acontecia aqui, como pedir algo assim a Gale sabendo que ele não teria como ajudar.

– Ela estava bem?– Prim perguntou assim que entrei no carro e lhe entreguei a bolsa.

– Estava sendo levada para o quarto – eu era uma péssima mentirosa então torci para que ela tirasse suas próprias conclusões sem muitas perguntas por sorte ela não fez mais nenhuma, encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos enquanto o carro seguia de volta para o Doze.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo foi mais para mostrar como esta a mãe da Katniss, espero que tenha agradado. Obrigada todos aqueles que comentaram o capitulo, aos que favoritaram e estão acompanhando. Beijos até o próximo.