Maktub escrita por Sany


Capítulo 39
Epilogo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ... Demorou mais do que o previsto, mas chegou.
Engenho das Letras fez uma recomendação linda esse é especial para você.



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A vida é repleta de surpresas, ela tende a tomar rumos improváveis em meio ao que você considera solido, ela surpreende em momentos totalmente inesperados isso faz dela única. Anos atrás se me perguntassem sobre o meu futuro eu jamais cogitaria a hipótese do que ele é hoje, para ser sincera não chegaria nem perto.

Olhei de relance as fotos espalhadas pela sala e não consegui evitar o sorriso, eu amava cada uma delas definitivamente meu conceito sobre fotos mudou muito ao longo dos anos. Cada imagem representava um momento único, uma recordação de momentos felizes, primeiros momentos, viagens, ocasiões especiais e comemorações. Pequenos fragmentos da minha vida.

Passei a mão delicadamente nos cabelos loiros espalhados no meu colo e sorri observando uma das pessoas mais importantes da minha vida e me ajeitei um pouco melhor no sofá, observando sem prestar atenção as imagens passando na TV por um instante e me voltando para ele. Eu poderia ficar horas ali só olhando pra ele, eu conhecia cada traço do seu rosto, cada pequena mania, cada gesto e amava todos eles. Fui tirada dos meus pensamentos pelo barulho da porta de entrada e pelas vozes conhecidas.

— As pesquisas estão cada vez mais próximas, mas ainda falta muito para começarem os testes clínicos meu professor acredita que existe uma grande chance de não chegar de fato a começarem os testes, mas sou otimista então será uma grande descoberta temos os melhores neurologistas de Panem envolvidos nisso – Prim estava realmente animada com uma pesquisa sobre Alzheimer que estava acontecendo e que ela estava discutindo na faculdade.

— Por acaso estou vendo a possibilidade de alguém mudar o rumo da especialização escolhida? – Peeta perguntou, mas pelo tom de voz eu sabia que ele estava brincando já que assim como eu ele sabia que ela dificilmente mudaria de ideia, embora ainda tivesse tempo para isso.

Minha irmã estava no terceiro ano de medicina e eu não poderia estar mais orgulhosa dela, ela havia se empenhado muito para passar no vestibular e estava levando o curso a serio, passava boa parte do tempo livre estudando e suas notas eram excelentes. Sabíamos que ela atualmente queria se especializar em psiquiatria embora levasse muito jeito com neurologia como alguns dos professores haviam ressaltado, eu sabia que o que ela queria era estar mais perto da nossa mãe. Alguns anos atrás ela queria se especializar em neurologia, quando ela ainda tinha esperança de achar uma solução algo que trouxesse nossa mãe de volta e talvez por isso ela entendesse tão bem do assunto, mas Peeta havia entrado em contato com os melhor médicos que tinham se interessado muito pelo caso, havíamos analisado diversas possibilidades, mas o dano era grande demais e não havia nada a se fazer e foi ai que ela mudou de ideia. E foi por nossa mãe que minha irmã não quis fazer faculdade em outro Distrito ou na Capital.

— Não vou continuar focando na psiquiatria – vi os dois entrando na sala e não fui a única.

— Papai – meu pequeno pulou do sofá onde estava comigo e correu em direção ao pai com um sorriso largo no rosto, esquecendo completamente o desenho que estava vendo.

— Ei campeão – Peeta o pegou no colo com facilidade.

— E o meu beijo – Prim perguntou se fazendo de chateada e ele logo beijou a tia com carinho – Melhor agora.

— Como foi seu dia?

— Legal, a vovó passou aqui hoje ... – observei ele contar animado enquanto Peeta prestava atenção a cada palavra e Prim se sentava ao meu lado no sofá me cumprimentando – E ela disse que nesse final de semana se você e a mamãe deixar vamos passear, eu posso ir?

— Certo vamos ver isso depois – meu marido de aproximou do sofá com nosso filho ainda nos braços e beijou meu lábios sorrindo  – Oi – eu amava o sorriso dele, podia passar o tempo que fosse ele ainda me trazia um sentimento bom – E seu dia como foi?

— Tranquilo. Ultimamente ninguém me deixa fazer nada – reclamei e vi minha irmã revirar os olhos.

— Ei baixinho o que acha de ir comigo ver o que teremos para sobremesa? – não foi preciso mais nenhuma palavra para ele se lançar nos braços da Prim que saiu com ele em direção a cozinha.

— Sabe que esta dramatizando e que não estar indo para o escritório não é não fazer nada – no fundo eu sabia, ainda sim eu sentia falta da minha rotina - E a minha princesa como esta? – ele se jogou ao meu lado no sofá falando bem próximo a minha barriga e não foi nenhuma surpresa sentir o movimento em meu ventre, como se nossa pequena soubesse que ele estava falando com ela.

— Estava quieta até agora – ele abriu um sorriso largo, eu sabia o quanto ele adorava quando o bebê mexia com o simples som da voz dele era assim desde que ela tinha começado a mexer e agora com 36 semanas ela parecia ainda mais animada com a voz dele.

Peeta tinha muitas qualidades e não foi nenhuma surpresa poder acrescentar ótimo pai a lista, só pelo modo como ele me ajudou a cuidar da Prim era um sinal evidente disso, embora tenhamos esperado um tempo antes de começar a pensar em aumentar nossa família.

Após minha formatura no ensino médio entrei para faculdade no curso de administração e embora não tenha colocado muita expectativa, adorei cada momento do curso e no inicio do meu terceiro ano comecei a estagiar no escritório, nessa época Peeta já tinha assumido o lugar do Haymitch que se aposentou pouco mais de um ano após meu casamento. Segundo meu sogro ele já tinha trabalhado demais e estava na hora de descansar então Peeta assumiu tudo com a ajuda da Delly. Confesso que não foi um período muito fácil já que estava no meu segundo semestre na faculdade e tinha Prim o que me impossibilitou de acompanha-lo na maioria das viagens que ele teve que fazer quando assumiu as coisas, e ele acabou ficando indo e vindo por mais de seis meses. O fim das viagens marcaram também o casamento da Delly com Thresh que alias foi realmente lindo. Isso e a aposentadoria do meu sogro fez Effie decidir que iria aproveitar para viajar bastante e nos dois anos seguintes eles viajaram por Panem inteira. Nesse período não chegamos a conversar sobre filhos, na verdade o assunto só veio a tona quando Effie parou de viajar e começou a cobrar discretamente um neto.

Eu ainda estava na faculdade então acabamos enrolando minha sogra por um tempo, Delly ficou gravida nessa época e isso acalmou um pouco minha sogra que se dedicou a mimar a pequena Rue. Após minha formatura continuei no escritório e confesso que teria sido uma boa época, mas ainda esperamos um ano antes de começarmos a tentar de fato.

 George Abernathy Mellark nasceu quase dois anos após nossa decisão de tê-lo, no inicio estava tranquila sabia que poderia levar um tempo, mas alguns meses depois cheguei a sentir medo de não conseguir engravidar, todos os testes negativos me deixaram apreensiva e já estava cogitando a possibilidade de passar com um especialista quando vi os dois tracinhos que mudariam minha vida naquele teste de farmácia.

A escolha do nome do meu pequeno foi sem duvida a gota de água para qualquer relação com meu avô, se é que poderíamos chamar o que tínhamos de relação. Após contar a verdade ao Peeta não precisei me preocupar em fingir qualquer coisa e comecei evitar vê-lo principalmente após tirarmos Prim das aulas de etiqueta já que depois daquele dia ele não ficou nada feliz conosco.

— Snow como vai? – Peeta perguntou assim que entrou na sala após a chegada inesperada do meu avô.

— Vou bem Mellark, gostaria de falar um momento com você.

— Claro, vamos ao meu escritório – ele indicou o caminho e assim que meu avô passou me chamou – Katniss vamos lá – deixei Prim na sala e o segui sem ter ideia do que iriam falar, mas Peeta parecia imaginar o que seria.

— Não acredito que Katniss seja de serventia nessa conversa – meu avô me observou com atenção assim que fechamos a porta.

— Não vejo motivos para que ela não esteja aqui, não tenho nada a esconder e me pouparia tempo não ter que dizer o conteúdo desse dialogo a ela depois – ele disse indicando uma das poltronas para que eu sentasse e em seguida indicando o sofá ao meu avô que sentou relutante – Bebe alguma coisa?

— Não – Peeta sentou na poltrona ao meu lado e esperou que meu avô começasse – Ouvi dizer que Primrose saiu das aulas de etiqueta quero saber o motivo.

— Katniss e eu não vimos necessidade dessas aulas, Prim tem uma postura impecável e sabe como se portar muito bem.

— Como não vê necessidade a muito a se aprender, muitas funções necessária ainda. Fizemos um acordo Mellark.

— Eu sei, e estou cumprindo.

— Não esta, eu disse a você que concederia a guarda da minha neta contando que ela teria a melhor educação, que você manteria o mesmo padrão e qualidade de vida a ela e que ela não perderia nada com a mudança.

— Senhor com todo o respeito Prim esta tendo um padrão de vida superior ao que tinha, como prometido sua neta esta aos cuidados da irmã mais velha tem seu próprio quarto, estuda na mesma escola e esta fazendo atividades extracurriculares.

— Você a tirou de uma atividade extra curricular.

— Não, Katniss e eu decidimos que ela estaria melhor fazendo outra atividade, Prim trocou as aulas de etiqueta por informática e esta adorando por sinal e ainda continua na aula de dança. Como pode ver não estou privando ela de nada.

— Informática? Acha que mexer em computador vai ajuda-la a conseguir um marido na hora certa, você é novo em relação a tradição e eu lhe asseguro que isso não vai mudar nada ainda mais levando em consideração o sobrenome Everdeen que ela carrega.

— Prim é uma criança ainda e prefiro pensar em casamento quando ela tiver idade para isso.

— Você já devia estar procurando um noivo para ela. Temos um trato.

— Sim temos, que seria eu que pensaria em um casamento para Prim que esta alias em minha responsabilidade agora e que você ficaria com o dote.

— Exatamente.

— Mas eu não disse quando e se o casamento teria um dote.

— Como?

— Eu não vou providenciar um casamento para Prim agora, no futuro se ela quiser continuar com a tradição Katniss e eu vamos em busca do melhor para ela e você pode ficar com o dote que alias não tenho o menor interesse, caso contrario ela se casa com quem ela quiser quando quiser. E até lá ela vai fazer as atividades que quiser fazer.

— Eu quero a guarda da minha neta agora, vou leva-la comigo imediatamente.

— Desculpa, mas o senhor não vai ter, tampouco vai levar ela dessa casa. Como eu disse estou cumprindo nosso acordo, agora se o senhor acha que não pode dar entrada em um processo de guarda no edifício da justiça.

— Você acha que não tenho coragem?

—  Pelo contrario eu acho que você tem – a voz do meu marido era tranquila - Mas vai ser perda de tempo e dinheiro. Nenhum juiz iria devolver a guarda dela a você.

— Como tem tanta certeza? Você não me conhece sou um homem influente e meu sobrenome abre muitas portas por aqui – havia ameaça na voz dele.

— Com todo respeito, mas sou formado em direito e embora seja focado na área admirativa tenho certa influencia no meio jurídico afinal como o senhor mesmo disse antes eu fui para Capital pelos caprichos da minha mãe e esse capricho me fez ter aulas com pessoas realmente influentes. O corpo docente da Universidade da Capital é realmente composto por profissionais inacreditáveis, com um poder muito maior do que os juízes daqui e acredite um diploma de lá faz milagres sabia ainda mais quando vem com alguns contatos como os meus sabe e se quer falar sobre prestigio , os Mellark são muito bem vistos em boa parte dos Distritos, muitos negócios o senhor entende não é. E antes que perca seu tempo falando dos seus contatos dentro da corporação o sobrenome Trinket lá dentro é realmente conhecido e caso o senhor não saiba é o sobrenome de solteira da minha mãe. Mas se o senhor quiser ir ao edifício da justiça não posso impedi-lo.

— Garoto você não sabe com quem esta mexendo.

— Eu sei, o senhor que talvez não saiba. Essa é minha família e minha função é protege-la e é o que que vou fazer. E se preciso vou usar todas as armas que estejam ao meu alcance e acredite são muitas.

Se eu já não estivesse apaixonada por Peeta, naquele momento eu teria me apaixonado. Meu avô saiu da nossa casa uma fera e pela primeira vez em muito tempo eu não senti qualquer rastro de medo do que ele poderia fazer. Depois desse dia quase não nos víamos, mas após o nascimento do meu filho quando demos o nome do meu pai ele realmente considerou uma afronta e não nos falamos mais, Prim ainda o via e constantemente comentava o quanto ele era sozinho, eu sabia pelos registros da clinica que ele visitava minha mãe com mais frequência agora cerca de quatro vezes por semana.

Minha mãe clinicamente falando não tinha feito qualquer avanço, mas atualmente passava pelo menos um final de semana no mês em nossa casa, sempre acompanhada por uma enfermeira ainda sim eu passei a apreciar esses momentos principalmente depois que virei mãe, alias George trazia alegria a minha mãe mesmo que ela não entendesse quem ele era meu pequeno a fazia sorrir mais do que qualquer um e isso passou a bastar.  

As coisas tinham mudado tanto nos últimos dez anos, e hoje não conseguia imaginar minha vida de uma maneira diferente. Principalmente agora que sabia que Gale também estava feliz. O casamento do Capitão Hawthorne significou muito para mim, saber que apesar de termos nos machucado ambos encontramos pessoas para amar me trazia um sentimento de paz e embora não tenhamos nos falado muito ao longo dos anos principalmente nos primeiros quando eu sabia que ele ainda estava sofrendo e tinha até mesmo se mudado para outra base. Hoje porém éramos cordiais quando nos víamos, ele era uma parte da minha vida e tinha me feito feliz antes não seria certo esquecer disso.  

— Katniss – fui tirada dos meus pensamentos com Peeta falando comigo dessa vez.

— Desculpa, me distrai.

— Notei, vai querer ir no jantar na casa do Finn? – confirmei com a cabeça – Certeza? Eles vão entender se estiver cansada.

— Estamos bem – garanti, pelo menos uma vez por mês nos reuníamos para um jantar na casa de alguém, uma noite “sem filhos” como Johanna costumava ressaltar embora sempre acabássemos falando sobre eles no fim o que deixava a morena falsamente irritada já que era a única sem filhos embora seu marido estivesse tentando mudar isso a um tempo ela ainda dizia que era no máximo uma boa tia, mas não mãe – Além do mais estou realmente com vontade de comer aquela torta que a Delly ficou de levar.

— Certo, vou me arrumar então – ele beijou meus lábios – Amo você.

— Também amo você.     

Ainda hoje não sei em que acreditar se é em destino, sina ou em escolhas. E no fundo não me importo mais, eu prefiro viver o presente aproveitando tudo aquilo que tenho de melhor e quando conto as velhas historias que meu pai inventou na infância ao meu filho incluindo uma nova de uma princesa presa em um castelo apaixonada por um pacificador e que ao perde-lo acreditou que não amaria de novo até que seu príncipe a resgatou e conquistou seu coração eu acredito que estou mostrando a ele o quando o amor pode ser complexo estou mostrando a ele o quanto nossos corações podem amar mais de uma vez as vezes, e o quanto a vida sempre será uma caixinha de surpresa e que ela reserva muito mais do que podemos esperar.

Peeta acredita no destino e em uma palavra dos antigos árabes que aprendeu com a mãe da Delly, ele diz que nosso amor já estava escrito eu não sei se é ou não verdade. Maktub ou não sei que nosso amor é real e sei que é para sempre.  


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Notas finais do capítulo

É isso, chegar ao fim dessa fic é um misto de felicidade por terminar algo e tristeza porque realmente me apego as fics que escrevo rs.
Quero agradecer a cada um que leu Maktub principalmente aos que deixaram a opinião nos comentários e MPs e claro aos que recomendaram a fic.
Como eu disse anteriormente pretendo fazer um bônus só não sei quando então não vou marcar a fic como finalizada ainda.
Espero que vocês tenham gostado desse final.
Beijos