Worlds Apart escrita por Mrs Abernathy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Assim que vi sobre o desafio de Abril eu tive de fazer, eu amo yaoi e sempre quis participar desses desafios do Nyah ^-^
É minha primeira fanfic Original, então espero que gostem de como ficou :)
A fanfic se passa no presente, 2015.

Boa leitura!



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Dizem que os tempos de escola costumam nos marcar para sempre. Que os momentos mais intensos e mais loucos nós vivemos na adolescência. Aquele frio na barriga quando você se apaixona pela garota mais linda da escola, que é, inclusive, a líder de torcida; ou quando você entra pro time de futebol, quando você se vê cercado de amigos, ou quando simplesmente se é amado por todos. Eu queria dizer que meus tempos de escola foram assim, superemocionantes e cheios de histórias para contar, mas eu estaria mentindo. Minha história é um pouco diferente disso.

Eu posso ter gostado de uma linda garota, mas ela não era a líder de torcida, tampouco a mulher da minha vida. Posso ter tentado entrar, mas não passei nos testes do time de futebol. Posso não ter sido cercado de amigos ou amado por todos, mas tive o suficiente para fazerem dos meus dias de escola os melhores.

Minha passagem pelo fundamental foi, com certeza, passada despercebida por muitos, já que eu não era tão especial assim. Eu fiz ótimos amigos e perdi alguns no caminho. Me senti atraído por algumas garotas, mas não ousei beijar nenhuma. Me diverti, ri, chorei e me entristeci. Pensava até que minha passagem pelo fundamental seria despercebida até mesmo para mim, Benjamin, mas não foi.

Eu estudava numa escola onde havia apenas o ensino fundamental, depois disso eu e todos os meus colegas de turma teríamos de mudar de escola; cada um iria para o seu canto. No oitavo ano eu achava que tudo seria calmo e até mesmo melancólico, mas foi um dos piores anos que eu já tive. E por quê? Porque eu me apaixonei.

Nunca havia sentido por alguém o que eu senti por ele, e aquilo era insano! Estávamos na mesma turma há três anos e até hoje eu não entendo o que mudou. O nome dele é Raphael e ele era aquele típico garoto no qual todas as meninas suspiravam quando ele passava. Foi um horror quando ele entrou na escola; no quinto ano todas as meninas cochichavam pelos corredores perguntando umas às outras se elas haviam visto "o garoto novo". Eu não estava nem um pouco interessado naquilo, apesar de serem raras às vezes que entrava gente nova lá. Seria apenas mais um na "concorrência", digamos assim. Entrei na sala e descobri que ele havia caído logo na minha. Ótimo.

Raphael nem era tão bonito assim. Tinha o cabelo castanho coberto por gel, os olhos eram grandes demais e ele era baixinho (eu também era, mas isso não vem ao caso). Talvez fosse o sotaque dele que atraía as garotas, havia vindo de outro estado. Ou os músculos, porque, apesar da estatura, ele era forte. Mas provavelmente era o traseiro que as meninas tanto faziam questão de observar. Tudo naquela maldita escola era questão de estética. No começo ele se mostrou ser o maior nerd, ganhou um pouco do meu respeito por isso e até mesmo minha inveja pelos elogios dos professores, mas isso logo mudou, é claro.

Na escola tínhamos a seguinte regra: ou você é nerd, ou é popular. Raphael se encaixava em ambos os lados, mas mostrou que seu instinto popular era bem maior que a inteligência. No decorrer dos anos ele acabou virando um arteiro de primeira; junto com seus dois amigos patetas, eles faziam a festa naquela escola. Eram quase todos os dias expulsos da sala. Ser expulso era como ganhar um troféu para ele.

Só trocamos um com o outro algumas míseras palavras uma única vez, quando quase todos da sala faltaram, inclusive meus amigos. Os dele continuavam lá, firmes, mas como eu estava sozinho eles puxaram assunto comigo. Confesso que nunca havia rido tanto num dia só, eles eram mesmo divertidos e eu me vi querendo fazer parte daquilo, mas era loucura. Aquela não era minha turma, os populares, definitivamente, não. Eu era um cara muito acanhado para fazer parte daquilo.

No dia seguinte foi como se nunca tivéssemos falado uns com os outros antes. Tudo voltou ao normal. Apesar de termos pouquíssimos amigos em comum, eu nunca mais voltei a falar com Raphael, e para mim estava tudo certo. O problema mesmo foi quando a oitava série chegou.

Foi no primeiro dia de aula, logo no primeiro! Fomos liberados mais cedo e eu fiquei na frente da escola com uns amigos. Como eu disse, temos uma raridade de amigos em comum e um deles estava lá comigo. Raphael foi até nós para dar um "oi" pra ele e logo iniciaram uma conversa. Eu estava sentado no chão alheio ao que falavam, mas em um momento, um maldito momento, eu levantei minha cabeça para olhar para ele. Lá estava Raphael, de pé, olhando para baixo, mais precisamente para mim. Ele abriu um pequeno sorriso e me observou com um olhar estranho. Foi uma questão de segundos, mas aquilo me deixou confuso pelo resto do dia.

No segundo dia de aula, adentrei a sala normalmente, mas Raphael olhou para mim do mesmo jeito que no dia anterior. Não com aquele sorriso, mas o olhar era o mesmo. Estranho, diferente. E como eu sou um cara extremamente curioso, eu revidava os olhares, mas não segurava por muito tempo, e nem ele. Aquela troca de olhares durou dias. Eu não sabia bem o que pensar sobre aquilo e, de repente, me vi preso às sessões diárias de troca de olhares com a pessoa mais improvável da escola.

No dia de seu aniversário, a professora de História pediu para que fizéssemos uma roda na sala para um debate. Uma amiga de Raphael disse para todos que era o aniversário dele, mas eu já sabia daquilo. Como? Bem, nem eu me lembro de como sabia daquela proeza. Mesmo assim, fingi uma cara de surpreso, porque eu sabia que ele olharia pra mim; só não sabia que eu seria a primeira pessoa que ele olharia assim que sua amiga anunciasse.

Meses haviam se passado e aquilo só aumentava, os olhares e os meus sentimentos em relação a ele. Eu me vi preso a uma relação utópica onde eu "achava" estar sendo correspondido, afinal, flertávamos desde o primeiro dia de aula. Mas eu me enganei.

Um dia, que imaginei que seria como todos os outros, resumido a estudar, conversar com meus amigos e flertar com Raphael, acabou se tornando um dos piores dias daquele ano.

Raphael estava namorando. Sim, ele havia assumido um namoro com Angeline, uma garota que se tornara amiga dele desde o momento que entrara na escola. A notícia foi meio absurda para todos, afinal todos os viam como melhores amigos, quase irmãos, e da noite para o dia já estavam namorando?

Não preciso dizer que aquela notícia acabou comigo, não é? Pois acabou.

Me senti usado. Mas pelo quê? Ele nunca prometeu nada! Droga, nós nem nos falávamos! O que eu sentia era ridículo, uma coisa que talvez eu mesmo tivesse inventado. Quero dizer, vai ver ele quem achou que eu gostava dele, já que eu me pegava encarando-o muitas vezes sem ele ter olhado primeiro. Mas Raphael havia começado com tudo aquilo! De qualquer forma, ele não olhou para mim aquele dia. Não ousou olhar, quando eu olhava pra ele, só permanecia de cabeça abaixada.

Eu desisti. Tentei levar minha vida como era no ano anterior, quando não existia a palavra "Raphael" no meu vocabulário. Quando eu tinha paz. Mas era impossível, ele já estava impregnado em mim, ele e aqueles olhos que eu já não achava tão enormes assim, aquele cabelo que se modelava sozinho não precisando mais de gel e aquela altura que combinava com a minha. Como eu sou idiota...

Com o passar dos dias, eu continuava encarando Raphael, mas era puro costume, havia virado um hábito observá-lo e seria difícil largar. Ele não me olhava mais com tanta frequência, mas às vezes eu o flagrava olhando para mim. Eram poucas, mas eram o suficiente. Com o ano acabando eu soube que aquela seria a última vez que Raphael e eu ficaríamos na mesma sala, na mesma escola. Eu tinha uma mínima esperança dele escolher a mesma escola de ensino médio que eu, mas duvidava muito.

No último dia de aula, eu me peguei chorando. Chorando por deixar aquela escola, alguns amigos e pelos bons momentos que passei ali. Até mesmo os professores confessaram que a escola não seria mais a mesma sem a turma de 2015. Sinceramente, até eu concordo, não poderia pedir uma turma mais maluca. Abracei meu melhor amigo ainda com lágrimas nos olhos; foi quando vi Raphael olhando pra mim e dando aquele sorriso que havia dado no primeiro dia de aula. Ele parecia querer se despedir de mim também, mas seria estranho já que nunca nos falávamos.

No ano seguinte, fizemos uma festa de formatura. Tudo estava perfeito, a quadra enfeitada para cada aluno pegar o diploma, o refeitório com um DJ pronto para agitar a noite e todos com suas roupas sociais. Confesso que não me dou bem com terno e gravata, mas fiz um esforço. Raphael estava bonito, como sempre. Às vezes, aquela beleza toda me cansava, embora não fosse motivo suficiente para fazer meus olhos pararem de caçá-lo pela festa. Mas uma hora eu desisti, com certeza o sumiço dele tinha a ver com ele e a namorada se pegando em algum lugar da escola. Todos estavam muito elegantes e a noite havia sido ótima, eu me peguei dançando igual a um louco com meus amigos. Havia fechado aquela fase da minha vida com chave de ouro, mas eu gostaria de ter esclarecido as coisas com Raphael. Ter tido a chance de finalmente falar com ele.

Era irônico que depois de todos aqueles anos, eu tenha me apaixonado logo no último, e de um jeito completamente inusitado, sem promessa de compromisso, nem mesmo uma conversa civilizada. Nunca entendi o que se deu nele aquele ano, o que havia mudado sua concepção sobre mim. Eu continuava o mesmo, meus cabelos ondulados e castanhos, minha estatura baixa demais para um garoto, minha timidez e meu rosto que não era considerado atrativo para as garotas daquela escola. Então como, num simples primeiro dia de aula, eu tenha conseguido a proeza de fazer Raphael me notar? Eu nunca saberei.

Jamais tive coragem de contar aquilo para alguém, afinal eu estava apaixonado por um garoto! Nem eu esperava essa de mim. Não sei se meus amigos aceitariam, e nem sou um cara que sai confiando em todo mundo, mesmo sendo amigo meu. Eu guardei aquilo à sete chaves, dentro de mim.

Às vezes, eu me perguntava como seria beijá-lo. Nunca me imaginei beijando um cara, ainda mais Raphael, o "senhor popular". Meus amigos diziam que eu tinha um dom incrível para imaginar tudo, mas aquilo... aquilo era inimaginável. Nem nos meus melhores sonhos eu conseguiria, porque mesmo sentando algumas carteiras de distância dele, era como se estivéssemos em mundos separados. Ele era inalcançável, sempre foi e sempre seria.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? :3