The Lost Boy escrita por Aquela Fujoshi


Capítulo 1
The Lost Boy


Notas iniciais do capítulo

Yahoo! Oilá queridos leitores! Estou aqui com minha primeira fanfic para um desafio, o do Mês do Yaoi! Nunca pensei que acabaria participando de algum desafio do site kk
Mas enfim, esta fic foi feita com muito carinho pra Tia Kori, MEU PARABÉNS XD
Espero que gostem, todos vocês!Beijinho na nuca ♥



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Rileyground era uma cidadela pacata, daquelas que você encontra crianças brincando nas ruas e os pais sentados em cadeiras de balanço ao lado dos portões. Eu havia crescido lá, então meus pais não eram de dar conselhos do tipo “olhe sempre para os lados quando for atravessar”, “não ande sozinho perto de becos”, “não reaja a um assalto” ou “nunca dê confiança para estranhos”. Até porque, todos naquela pequena porcentagem de território se conheciam, e não é exagero. Consequentemente, a maior parte dos assuntos eram fofocas e boatos, o que tornava-nos uma grande família.

Era um dia ensolarado de maio quando eu o conheci. Ele estava sentado num canto escuro da parada de ônibus da fronteira da cidade com a vizinha, que era mais ou menos onde eu morava. Eu passei por aquela rua na volta da faculdade como sempre fazia. Eu senti o seu olhar fixo em mim. Aquilo me incomodou um pouco, mas a sensação passou quando ele apareceu ao meu lado, caminhando junto comigo. Ele se apresentou como Peter.

Peter tinha os cabelos mais autenticamente ruivos que eu já havia visto em toda a minha vida. Eles brilhavam intensamente na luz do sol da tarde. Por um instante, fiquei hipnotizado ao olhar aqueles fios alaranjados.

Nós conversamos um pouco durante a caminhada. Peter disse que estava de mudança e que ele moraria a uns dois quilômetros da minha casa. A minha casa era bem isolada do restante, já que ficava bem na fronteira, e a dele era a mais próxima da minha. Eu disse a ele que não havia visto nenhuma moradia nova, mas ele me respondeu que ainda estava em reforma, atrás da floresta, caminho por onde eu nunca passei. Eu nunca havia ouvido nada sobre aquele rapaz, o que significava que ele deveria ser realmente novo na área e ainda não havia sido alvo de fofocas da cidade.

Os dias se passavam e ele ia me encontrando na mesma parada de ônibus, conversando tranquilamente comigo. Um dia, eu o convidei para ir à minha casa. Almoçar lá. Ele disse que precisava fazer umas coisas na casa dele antes. Eu disse que tudo bem, que se ele quisesse aparecer por lá mais tarde eu estaria livre. Mais tarde era o momento que eu estaria sozinho em casa. Ele aceitou a proposta. Acho que foi aí que as coisas começaram realmente.

Como havíamos combinado, Peter apareceu na janela do meu quarto. Ele sabia o caminho até a minha casa, pois me acompanhava todos os dias até lá, então não me espantei nem nada. Deixei-o entrar. Ele brincou um pouco com o meu cachorro antes de voltar sua atenção para mim. Nós fizemos coisas normais de garotos normais até que Peter me veio com uma nova proposta.

– Não quer ir lá pra casa comigo? É uma clareira, tenho certeza que você iria adorar.

Peter sabia que eu gostava daquela floresta. Não relutei muito em acompanhar o ruivo até a casa dele. Ele já estava na minha casa, porque eu não poderia ir até a dele se que ele me convidou?

Com esse raciocínio, fui acompanhando Peter pela floresta. O caminho não era muito longo, mas havíamos passado um bom tempo na minha casa, então o sol já ia se pondo quando chegamos à clareira.

Era a Clareira do Riacho, uma das três clareiras que perfuravam a floresta, e era uma por onde corria um riacho bem ao meio, formando uma pequena lagoa. A casa de Peter era toda de madeira, rústica e relaxante. Havia uma varanda suspensa na beira do riacho, onde uma canoa atracada no lado oposto do lago flutuava. Havia vagalumes por toda parte, piscando tranquilamente ao redor da casa, dando a ela uma sensação de magia. Devo ter passado um tempo encarando aquela paisagem, boquiaberto, pois Peter riu de mim e, com a mão esquerda, levantou meu queixo.

– É lindo, não?

Era uma sensação de pura tranquilidade que eu sentia ali. O aroma da terra úmida, das flores que rodeavam a casa – eu não soube identificar, mas eram bonitas também –, o ruído dos animais e insetos que compunham a trilha sonora daquele ambiente. A imagem do céu rosa-alaranjado do crepúsculo tingindo toda a paisagem em tons gostosos de vermelho. Prendi o ar nos meus pulmões. Era paradisíaco.

Peter me segurou pelo braço e me levou para perto do mini cais da canoa, onde havia algumas pedras grandes ao lado. Ele se deitou com a cabeça apoiada sobre uma pedra e eu o imitei, deitando-me ao seu lado. Nós ficamos ali à espera das primeiras estrelas.

O ruivo havia me dito que ele morava com a mãe, mas ela trabalhava à noite, então estaríamos sozinhos na casa dele também. Ele me contou que eles haviam visitado a cidade no ano passado e resolveram morar ali. Como a mãe gostava muito de natureza e essas coisas, eles queriam um lugar próximo à floresta, e descobriram essa clareira dentro dela.

– Deve ser muito bom morar num lugar tranquilo assim.

– Claro, se você tiver paciência para aturar os mosquitos.

Nós conversamos animadamente, mais tranquilos do que quando caminhávamos na minha volta para casa, pois agora eu não estava cansado da faculdade e nem com pressa para chegar à minha casa.

Então as estrelas apareceram. Milhões de pontinhos brancos cintilantes no céu, visíveis graças à falta de iluminação artificial. Ele começou a mostrar as constelações e algumas histórias por trás daqueles nomes. Eu ouvia tudo atentamente. Peter abaixou o braço que apontava para as estrelas e me perguntou se eu gostava de contos de fadas. Eu respondi-lhe que não conhecia muitos. Então ele se virou para mim e perguntou:

– Conhece o conto de Peter Pan?

Fiz que não com a cabeça, e ele sorriu para mim, apoiando a cabeça na mão e ficando a uma altura maior que a minha.

"Peter Pan era um garoto mágico que vivia numa ilha fantástica que ficava além de onde os olhos podiam enxergar, a Terra do Nunca. Ele não crescia, sabia voar e era amigo de muitas outras criaturas mágicas, como elfos, fadas e sereias. Peter tinha um inimigo, Capitão James Gancho. Gancho era um pirata maligno que tinha uma obsessão por Pan e seus amigos..."

Peter me contou praticamente toda a história daquele conto, de quando o tal Pan cortou fora a mão do capitão Gancho, o que o fez usar um gancho no lugar da mão; sobre as fadas e os tais Garotos Perdidos que seguiam Pan como uma trupe...

Ao final, estávamos sentados e com as costas apoiadas nas grandes pedras atrás de nós.

Senti duas gotas frias de água pingarem em meus ombros e olhei instintivamente para cima. Peter anunciou o óbvio: estava chuviscando.

Ele se pôs de pé e me olhou de canto, e eu entendi o que ele queria perguntar. Sorri de canto e abanei a cabeça, não querendo entrar na casa dele ainda e aproveitar a chuva. O ruivo estendeu a mão e me puxou, me colocando de pé à frente dele, talvez perto demais. Eu o empurrei de leve, rindo, e, quando ele foi me empurrar de volta, me afastei para trás. Nisso, estávamos correndo e brincado de pega-pega na chuva, as roupas coladas em nossos corpos, os cabelos caídos e grudados na pele, a terra lamacenta sujando nossos pés e pernas conforme dávamos passadas firmes na corrida e ríamos, bobos, como se tivéssemos voltado a ser crianças.

– Wendel! – Peter chamava, rindo.

Paramos ofegantes e sorridentes, encostados em um tronco de árvore largo. A chuva continuava a cair sobre nossos corpos, suave e relaxante. Estávamos a uns seis metros da lagoa, escutando a sinfonia da água caindo na água. Eu deixei meu corpo escorregar e cair sentado no chão, ignorando a lama para poder recuperar o fôlego. Peter sentou-se ao meu lado. Ficamos assim, parados e respirando profundamente.

Depois de um tempo, Peter se inclinou para perto de mim, à minha frente, e me beijou.

De início eu não captei nada. Acho que ainda estava enfeitiçado por aquele lugar para perceber o que tinha acontecido. Então eu senti seus lábios macios se moverem suavemente sobre os meus, e saí do transe. Apesar disso, não me movi. Não tive intenção de impedi-lo ou afastá-lo. Fiquei parado, deixei-o me beijar. Inspirei o aroma cítrico e molhado que dele vinha e fechei os olhos, quase no mesmo instante que ele se afastou, sentado à minha frente. Levantei o olhar para ele. Sob a luz do luar, seus fios de cabelo alaranjados estavam ainda mais brilhantes, mesmo estando molhados e bagunçados.

– Por que não me recusou? – Ele sussurrou, visivelmente confuso.

Quem deveria estar confuso era eu, pensei. Então vi nos olhos dele que Peter parecia receoso. Não pude esconder um sorriso.

– Por que eu recusaria? – Devolvi, fitando-o.

Peter sorriu, parecia aliviado. Ele voltou a se sentar do meu lado, encostando-se a mim com a cabeça em meu ombro. Novamente, não fiz menção de afastá-lo. A presença de Peter era tranquilizante, a ponto de me fazer ignorar a chuva gélida que tomava nossos corpos e deitar minha cabeça sobre a dele.

– Então tudo bem por você?

– Tudo bem o que?

– Você ser o meu Garoto Perdido.

Entendi a referência de primeira. Os Garotos Perdidos da história de Peter Pan. Achei até engraçado ele fazer essa referência. Soltei uma risada fraca e fechei os olhos novamente.

– Tudo bem.

Assim ficamos, meio deitados meio sentados na raiz da árvore grande atrás de nós, um calorzinho dentro de meu peito começando a se formar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Enquanto fazia essa estória eu pensei em colocá-la na minha fic Contos de uma Fujoshi, porque se encaixa como um dos meus contos. MAS essa aqui é especial, então eu vou deixar separada mesmo :v
Se houver algum errinho, não se esqueçam de avisar! E comentem para deixar uma autora feliz kk
Kissus!