Kazoku

#Quinto#

– Por que o Naruto precisa jantar aqui mesmo? - Sasuke perguntava a esposa que cozinhava despreocupadamente.

– Oras, porque ele é nosso amigo e não nos reunimos há um bom tempo. - Respondeu somente e abriu um dos armários para pegar algum tempero.

– Mas é necessário ser aqui? Do jeito que aquele dobe é vai querer ficar a noite inteira e ainda acabar com a comida. - Sakura suspirou e virou-se colocando as mãos na cintura, começando a falar.

– Sasuke-kun, pare de birra! Naruto e Hinata-san irão jantar conosco sim e ponto final. - Voltou ao que fazia antes. O moreno soltou seu típico "Hm". – Agora vá buscar Sarada, ela precisa mamar. - Não adiantaria nada discutir com a senhora Uchiha. Era uma batalha perdida.

Foi até o quarto da filha, que já estava bem habituada ao novo cômodo, já que quando chegou do hospital só dormia com os pais, e quando ia pegá-la, observou a pequena brincando com o Mobile. Parou por um momento para analisar a cena. Sarada batia no bonequinho colorido e resmungava com ele, depois puxava e mordia o brinquedo de pelúcia. Era cômico.

Quando a bebê percebeu a presença do pai, abriu o típico sorriso desdentado para ele e estendeu os bracinhos para que ele a pegasse. Sasuke se sentiu feliz. A filha gostava dele. Oras, você queria o quê? Que ela odiasse o homem que lhe deu a vida? Seu subconsciente retrucou irônico. Pegou a pequena nos braços e foi até a esposa que terminava de preparar a comida.

– Está com fome, meu amor? - Sakura segurou a filha nos braços e se dirigia ao sofá, quando lembrou: – Sasuke-kun, coloque o molho shoyu no sashimi pra mim? Só faltou isso.

– Hm. - Enquanto a rosada estava alimentando a nova Uchiha, o moreno temperava os alimentos com destreza. Ele havia aprendido muitas coisas com o passar dos anos e cozinhar era uma delas, apesar de quase nunca o fazer de fato.

Ao terminar, foi até a sala onde Sakura terminava de amamentar a filha. Sarada tentava puxar o cabelo da mãe a todo custo, mas como era curto para ela, nunca conseguia alcançar. A mamãe ria com as tentativas falhas e tentava compensá-la brincando com seus dedinhos. Sasuke, discretamente, observava a cena entre as duas. O amor com que Sakura cuidava da filha era palpável e às vezes até lembrava-o de sua infância. Sua mãe, Mikoto, era igualmente amorosa e fazia tudo por si e seu irmão Itachi. Ah, Itachi... Como você teria gostado de conhecer sua sobrinha...

– Sasuke-kun? Está tudo bem? - Saiu de seu devaneio ao ouvir a voz insistente de Sakura. – Você estava olhando para Sarada de um jeito...

– Não se preocupe com isso. Quando o dobe vai chegar? Não temos a noite inteira.

– Ele já deve estar chegando e... - O barulho da campanhia foi ouvido. - Deve ser ele. Vamos até a porta recebê-lo. - Sasuke bufou. Ele não merece isso tudo.

– Naruto!

– Boa Noite, Sakura-chan, Sasuke. - Naruto estava um pouco mais "polido" depois que se casou e teve o primeiro filho. - Wow, essa é a pequena Sarada? Nossa! Como ela está grande, 'ttebayo! - Naruto se aproximou sorrateiramente de Sasuke e perguntou: – Você também está tendo problemas com as fraldas? Sabe, Sasuke, eu não sabia que cocô de neném podia ser tão fedido! - É, talvez polido não seja a palavra certa.

– Que horror, Naruto-kun! - Hinata repreendeu o marido e Sakura riu. Era típico de Naruto fazer esses comentários. Antes que o loiro pudesse retrucar, a rosada interviu.

– Bem, vamos entrar! A comida já está pronta. Eu também estou morrendo de vontade de segurar o Boruto. Ele cresceu tanto, não é, Hinata? - Retiraram seus sapatos e adentraram a residência Uchiha, sendo direcionados até a sala de refeições, onde sentaram-se e continuaram a conversar.

– Hinata-san, não sabia que Boruto já estava tão grande! Quase não acreditei quando o vi. - Sakura começou.

– É verdade, Sakura-san. E ele está cada vez mais levado também! Essa semana ele já estava tentando se sentar para agarrar o mobile do berço.

– Mesmo? Sarada ainda não chegou nessa fase, mas do jeito que já está, não duvido nada que não faça a mesma coisa que ele.

– Ei, Sakura-chan, cadê a comida? Eu nem comi rámen antes de sair de casa, só pra poder comer o que você fez. - Naruto disse com o maior sorriso no rosto.

– Vou servir agora, Naruto. Sasuke-kun, pode colocá-la no carrinho pra mim? Hinata-san, quer pôr Boruto no cercadinho? Como Sarada não o usa ainda...

– Quero sim, Sakura-san. Obrigada. - Depois de ambas as crianças estarem devidamente acomodadas, o jantar foi servido. Diversos assuntos eram abordados, tanto da infância quanto a forma que todos se estabeleceram depois da guerra. Casais formados, crianças nascendo, uma nova perspectiva para todos... O mundo estava finalmente em paz e todos agora podiam respirar aliviados e sem medo de construir a sua história.

Com o passar do tempo, Sakura e Hinata retomaram sua conversa sobre bebês e como seus filhos se adaptavam com cada coisa nova. Sasuke e Naruto ficaram de fora, e é claro que o loiro não permitiria que seu melhor amigo ficasse sem falar nada.

– Sasuke, você não acha que está tudo muito parado? Não que eu queira um novo Madara, mas sei lá... Eu gostava dos nossos tempos de ação! - Naruto continuava falando e falando, tentando chamar a atenção de Sasuke para si e não ter resposta apenas de monossílabos quase inaudíveis. Percebeu que ele olhava atentamente na direção de Sakura e Sarada, no carrinho ao lado da mãe. – Essa sensação não é boa? - Ao perceber a mudança de assunto e um tom mais sério na voz do amigo, Sasuke resolveu não ignorá-lo.

– Que sensação?

– A de que você fez alguma coisa realmente certa. - Sasuke parou para analisar suas palavras e percebeu que dessa vez não teria brincadeiras desnecessárias. - Eu nunca me imaginei aqui onde estou hoje. Eu sempre quis ser reconhecido pela vila, não ser mais ignorado, me tornar o Hokage... Mas nunca pensei que me apaixonaria e teria um filho com a mulher que sempre me amou em segredo. A vida é engraçada, às vezes. - O que Naruto falava era, em parte, como Sasuke se sentia. Sua vida sempre se baseou em vingança. Vingar a morte de seus pais, de seu clã... Mas as coisas realmente mudaram quando descobriu a verdade sobre o massacre. Seu irmão protegeu toda a aldeia da folha em troca de seu bem-estar. As coisas ficaram embaralhadas naquela época. Não sabia qual era seu verdadeiro objetivo.

Destruir a aldeia da Folha? Tsc. Essa foi realmente a pior ideia que já havia tido na vida. Se tivesse destruído tudo, jamais poderia se sentir tão bem quanto agora. Tinha sua casa, sua mulher e filha recém-nascida que constituíam sua família, um amigo mais do que fiel... Ele nunca tinha imaginado algo assim, mas a vida se encarregou disso e muito bem.

– Eu entendo o que está dizendo. Realmente entendo... - Divagou por mais alguns momentos ainda fitando Sakura e foi desperto novamente por Naruto.

– Temos novas vidas, Sasuke. Agora somos nós que precisamos ensinar à eles a coisa certa. Não deve ser fácil, mas... É nosso dever como pais. - O moreno percebeu o olhar do loiro para o bebê no cercadinho. Realmente, Boruto parecia muito com Naruto. Até as mesmas marcas na bochecha ele havia herdado. Refletiu por alguns instantes. Mais uma vez, ele tinha razão. Agora era a vez dele de ensinar a coisa certa.