The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Bom, as imagens sempre mostram a parte principal do capítulo... Certo?



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Os olhos vermelhos Link fuzilavam o "mais novo amigo de Zeenon". Queria ter uma conversa amistosa com o rapazinho, porém, não conseguia esconder o seu ciúmes, ardendo em todo corpo. Zeenon era alguém reservado, poucas pessoas conseguiam contato com ele. Aquele garotinho conseguir amizade tão facilmente era quase impensável – Então, tinha que tentar arrancar algo dele.

– Como consegui o quê? – indagou, sentindo seus pelos eriçarem de tamanho nervoso.

– Fazer meu pai ficar sensível assim.

Tratou de suavizar a voz, não queria deixa-lo mais assustado.

Freyr desviou o olhar para estante à frente, desejando não voltar o olhar para baixo. Porém, não poderia deixa-lo sem resposta, seria de extrema grosseria. Suspirou, juntando algumas forças. Pegou os livros e desceu as escadas a segurá-los com uma das mãos. O dragão negro foi ajudá-lo, pegou os volumes e deixou-os em cima da pequena mesa do salão.

– Obrigada por me ajudar. Mas... Não entendi muito bem a pergunta.

Coçou a orelha, confuso com a afirmação do outro. Não era sua intenção afetar a vida de ninguém.

– Um garoto como você, novo e manso, é difícil aceitar que tenha afetado meu pai.

– D-Desculpe-me, não foi minha intenção. Eu só...

O jovem abaixou a cabeça, a mente fervilhando de pensamentos pessimistas. O temor de não ser bem-vindo parecia estar se realizando.

– Está com medo? – Sorriu da reação precipitada do garoto – Não vou te machucar. Só fiquei um pouco curioso.

Freyr aquiesceu, ainda de cabeça baixa. O punho cerrou-se tentando controlar o medo que sentia. Confiou na afirmação do dragão negro, mas ainda evitava olhá-lo diretamente. Era estranho ficar sozinho com aquele homem que acabara de conhecer.

As duas abas da porta se abriram de repente, o rei entrou na biblioteca encontrando seu filho e o convidado parados no meio do salão. O loirinho permanecia a encarar o assoalho negro da biblioteca e Link estava a observá-lo, inerte.

Estranhando a cena, indagou,

– O que faz aqui, Link?

– Nada, pai. Só estava conversando um pouco com ele. Mas, já estou saindo. Até mais, Freyr.

Em seus passos adiantados, Link caminhou em direção à porta. Seu pai o observou de lado até ele sair do local. Assim que o rapaz saiu, Zeenon foi ao encontro do jovem loiro, o qual não mexeu um músculo desde que o rei apareceu no local. Percebendo a aflição do garoto, tentou confortá-lo,

– Ele falou algo que te intimidou?

Zeenon pousou a mão sobre o ombro de Freyr, o menino estava tenso, sem ao menos conseguir olhar o seu rosto. Mesmo sabendo o quanto o filho era ciumento e impulsivo, pensava que ele não coagiria o mais novo amigo. Link às vezes agia sem pensar muito, e era assim desde pequenino. Incontáveis vezes Zeenon impôs castigos ao garoto por causa de seu jeito tão genioso.

– Está tudo bem. Fui bem recebido aqui, não se preocupe. – Enfim levantou a cabeça.

Encarar os olhos escarlates do amigo era relaxante. Podia mexer-se novamente, sem se sentir ameaçado.

Mesmo depois de seu companheiro ter tentando lhe acalmar, Zeenon continuou martelando aquilo, seu filho tinha alguns "ataques" de ciúmes, Mark sabia muito bem disso e ele também. Foi sentar-se novamente sobre a poltrona. Freyr ficou a folhear os volumes em pé, perto à mesinha negra. Na verdade, estava a pensar milhares de coisas sobre Link, até que lhe veio uma pergunta que, mesmo sabendo o quanto poderia ser enxerido, decidiu relevar. Virou-se para o rei, o rosto corando ao pensar naquilo, mas foi em frente,

– Posso te perguntar uma coisa? – Disse, um pouco tímido.

– Claro, Fale.

– Desculpe-me, se estou sendo intrometido – Balbuciava, com receio. ­– Mas... Quem é a mãe do Link? ­

– Ela morreu quando ele nasceu. – respondeu o guardião, soando sua voz fria pelo salão.

Apesar de perceber o tom da voz do rei, Freyr decidiu continuar o assunto.

– Vocês eram casados?

– Não fomos casados, nem tivemos qualquer outro tipo de relação. Ela era uma bruxa humana, uma mulher independente e sedenta por novas magias e poções. Planejamos ter o Link. Ela me daria o garoto para eu criar e em troca eu mostraria magias obscuras para ela. Mas, no dia do parto, ela teve complicações e morreu logo depois de dar à luz.

Link fora um planejamento estranho. Não queria mais ficar sozinho em seu castelo, tinha Loki, mas, geralmente, ele estava ocupado com assuntos no Submundo. Então, convenceu uma bruxa que aprendia magia entre os feiticeiros, a ter um filho com ele. O jovem dragão nasceu e ficou sem mãe, e Zeenon criou-o dando todo amor que tinha, com a ajuda de seu fiel amigo, Loki.

Em um tom um pouco decepcionado, Freyr continuou,

– Ele nunca sentiu vontade de conhecê-la?

– Link não gosta de tocar no assunto. Já disse toda verdade, inclusive que faria a troca.

– Sentiu... Raiva?

– Ficou magoado. Mas, como meu filho, ele me perdoou.

Deu de ombros, como se quisesse terminar o assunto. Amava o seu filho, porém a época em que ele foi concebido, fora um dos períodos mais sombrios de sua dor – o garoto era uma fonte de amor inexplicável para o rei.

Por algum tempo, Link demorou-se a aceitar toda a história, mas o seu pai explicou-lhe como era ruim viver solitário e o garoto entendeu os sentimentos dele.

Para tentar tirar o clima tenso da conversa, Freyr sorriu, perguntou,

– Onde estão os livros de poesia? Mais especificamente, poesias de amor.

Acreditava que as poesias sempre tinham um tom mais interessante quando se tratavam de amor. Quando pegava livros de poesias na biblioteca de Vistorius, tinha preferência por aqueles recheados de poesias com versos românticos.

– Esses eu guardo em um lugar mais especial. Estão todos em meu quarto. Quer ir até lá?

O rei suspendeu uma de suas sobrancelhas, tentava deixar o jovem acanhado, era um jeito que ele achava gracioso. E conseguiu o seu objetivo. Freyr ficou totalmente vermelho, sem ao menos conseguir disfarçar o quanto estava envergonhado.

– Verdade? – murmurou.

– Sim, é. Gosto de deixá-los sempre em meus aposentos. À noite, ou na madrugada, gosto de ler esse tipo de poesia. Elas acalmam a alma, não acha?

Simplesmente aquiesceu, balançando a cabeça.

– Vamos... É logo ali. Não tenha medo, não vou te atacar. – Ele sorriu e estendeu a mão para garoto.

Receoso, o tímido garoto aceitou a proposta, acompanhando-o até o quarto. O aposento ficava no outro corredor. Andavam lentamente, Zeenon a falar sobre como adquiria os livros da biblioteca e Freyr a pensar milhares de coisas – totalmente desconexas das falas de seu companheiro. Tentava entender as palavras de Link. “Estou um pouco curioso” não o convenceu.

Percebendo a desatenção do rapaz, Zeenon percebeu que ele ainda pensava na situação da biblioteca. Tentou acalmá-lo,

– Não sei o que o Link te disse, mas não fique com medo dele, hoje mesmo me prometeu que lhe trataria bem quando trouxesse você aqui. Meu filho jamais quebra promessas, assim como eu.

– Tudo bem. Acredito em você.

Percebeu que o nobre rei tinha total confiança no jovem dragão negro. Por fim, ele tentou bloquear da sua mente tudo o que aconteceu antes e se concentrar apenas no belo e misterioso homem que estava à sua frente.

– Vamos ficar apenas alguns instantes... Não se preocupe. Prometo que não tem nada de assustador aqui. – Zeenon estava se divertindo com a situação.

Abriu a porta do quarto, deixando a claridade invadir o corredor escuro. Freyr demorou-se na soleira e, após alguns segundos, entrou.

Assim que pisou os pés no carpete preto e macio do quarto, o garoto deu de cara com uma magnífica escultura de dragão, bem acima da cama, destacando-se na parede roxa. A luminosidade do quarto era grande, contrastando com as cores dos móveis. A cama era alta, a cabeceira de ferro, desenhada. Os lençóis que a cobriam eram roxos e, as almofadas grandes e brancas. Continha um dossel com quatro pilares, sustentando tecidos de cor púrpura, dava um ar elegante ao quarto. Da sacada, na extremidade do quarto, via-se uma bela vista do céu com seu tímido azul-celeste. Freyr contemplou aquela bela paisagem e imaginou como seria ver o luar dali. Distraído, não percebeu que Zeenon o chamava.

– Freyr?

Ele arregalou os olhos, como se despertasse de um sonho.

– Hã? Oi?

– Você é muito distraído sabia? – Zeenon sorriu com o jeito inusitado do garoto.

– Desculpe-me... – Ele baixou a cabeça, um pouco envergonhado.

– Não tem problema... Os livros estão naquela prateleira – Indicou a pequena prateleira negra ao lado da cama.

O rei encostou a porta, e levou o parceiro até os livros. Pegou um pesado volume de capa vermelha e o folheou.

– Veja este aqui, é o meu preferido. Pode sentar na beira da cama, se quiser. – Ele entregou o volume a Freyr, que o segurou com dificuldade.

O jovem, um pouco inseguro, sentou-se na cama. Zeenon acomodou-se ao seu lado.

– “O amor é algo inexplicável e sublime. Cravado no âmago da alma.” Autor Desconhecido. – Murmurou Freyr. – Que linda Frase...

– Pra mim o amor não precisa ser explicado. Apenas sentido. É a sua essência.

Freyr olhou-o maravilhado, a insegurança fora extinguindo-se aos poucos. Estava perto de alguém podia confiar. Por uns instantes contemplou o semblante de Zeenon e parou em seus olhos. Queria navegar nas profundezas do vermelho sangue daquele olhar. Desvendar seus mistérios e viver os segredos ali escondidos.

Zeenon respondeu o olhar do garoto e, desconcertado, acariciou uma das mechas loiras sobre o ombro dele.

– Vai querer levar os livros?

– Sim... Posso levar esse aqui também? Amanhã mesmo devolvo, claro, se você puder me ver amanhã... – Encolheu-se na cama, condenando-se por, às vezes , falar tudo sem pensar.

– Posso te ver todos os dias, Freyr... E não precisa ter pressa para entregar os livros. Mandarei que consigam um compartimento para levá-los. Ok? – Zeenon se levantou e fez menção para Freyr entregar-lhe o livro.

A tarde prolongava-se e o rei pedira para suas criadas prepararem um delicioso chá da tarde para os dois, queria deixar o garoto um pouco mais confortável ali.

– Aceita um chá agora?

– Aceito, sim. Obrigado.

Eles saíram do quarto, desceram as escadarias do castelo e foram até o jardim. A brisa agradável do outono soprava pelos ares, as flores vermelhas do jardim estavam vívidas, como em primavera e a grama alta e verde dava bastante cor ao local. O coreto de rosas vermelhas, cercado por altos arbustos, ficava em uma área mais afastada do jardim. Em seu interior, iluminado pelas pequenas frestas de luz das paredes, estava uma mesa posta com doces e guloseimas acompanhadas com um agradável aroma de chá-preto.

– Esse lugar é lindo! – Freyr sorriu radiante para Zeenon.

O nobre rei afastou as cadeiras, e convidou o jovem para sentar-se à mesa.

Os dois passaram o resto da tarde ali conversando sobre livros, dragões, feras... Desencadeando nas bobeiras do fim da tarde, sentados na grama verde do jardim e, assim, o resto do mundo desapareceu para os dois.

Vendo que o céu já estava escurecendo, Freyr levantou subitamente. Não podia chegar muito tarde em casa.

– Nossa, o sol já se foi... Eu preciso ir, Zeenon. Já está tarde.

– Ok, eu vou levar você até a entrada de Vistorius, aproveito e dou um susto no rei. Acho que ele merece pelo que fez ontem.

Zeenon levantou e olhou o céu, pensava em uma maneira de intimidar o rei Simun.

­ – O que vai fazer? – Perguntou, intrigado.

– Espere e verá. – Os olhos de sangue brilharam vividamente, desafiadores.

Freyr acenou para os garotos dragões que estavam na porta, e eles retribuíram o gesto sorrindo amigavelmente.

O dragão Midnight navegou pelo céu noturno, levando Freyr em seu dorso. Chegando a entrada da cidade, em um local escondido próximo ao bosque, o grande dragão pousou e Zeenon voltou à forma de guardião.

­– Freyr antes de você partir, eu quero lhe dar uma coisa.

– O quê?

O rei da escuridão pegou uma caixinha no bolso do sobretudo e a abriu. A luz do rubi vermelho destacou-se na escuridão do bosque. Freyr ficou surpreendido com a beleza daquela pedra, nunca tinha visto uma joia tão bonita. Zeenon retirou o colar da caixa, estendendo a corrente.

– Posso colocar em seu pescoço?

– Eu não posso aceitar...

Encarou o colar nas mãos de Zeenon, já pensando nas palavras de seus familiares. Provavelmente diriam ele havia roubado de algum nobre da cidade.

– Ela é para a sua proteção... É como um presente, pelo começo de nossa amizade. Quero sempre que esteja seguro. E tenho certeza que essa pedra fará isso por mim. Se você quer que sua família não veja, esconda-o por baixo da sua blusa... Não tem problema. – Olhou Freyr afetuosamente.

O garoto soltou um “não” quase surdo, balançando sua cabeça para os lados.

– Quando vier alguma situação de perigo, a pedra vai te proteger. Aceite, por favor. – Insistiu.

Freyr suspirou, não queria magoá-lo.

– Tudo bem... – virou e levantou os seus cabelos espojados sobre a coluna.

As mãos frias do rei tocaram a pele do garoto, fez deslizar a corrente, seguindo o contorno do pescoço. Freyr tremeu dos pés à cabeça ao sentir aquele toque. Era cuidadoso e, ao mesmo tempo, tímido.

Zeenon encostou-se mais no companheiro, escorregando suas mãos fortes para os ombros finos daquele menino o qual nem conhecia direito, mas queria tê-lo por perto pela eternidade do seus dias. Com sua boca quase colada na bochecha do garoto, murmurou,

– Obrigada por aceitar...

Sem se intimidar muito com a aproximação do rei, Freyr voltou-se para ele e observou a pedra em seu pescoço. Esticou os braços e abraçou-o, agradecido.

– Eu que tenho que te agradecer. Obrigada pela proteção.

Zeenon retribuiu o abraço caloroso.

– Agora tenho que ir, não gosto de chegar tarde em casa – Ele se afastou e olhou guardião da escuridão com carinho ­– Até amanhã, Boa noite.

– Boa noite. Tome cuidado.

– Tudo bem.

Freyr escondeu a pedra por baixo da sua blusa e foi correndo em direção à cidade. Midnight apareceu novamente no bosque e seguiu rumo ao castelo do Rei Simun.

Assim que chegou à cidade, Freyr percebeu que todos olhavam para cima, assustados. Sabendo do que se tratava, também parou para ver. Viu o enorme dragão passeando majestoso pelos céus.

O dragão da meia-noite voava cada vez mais perto do solo. Suas asas quase tocavam os prédios da cidade; as pessoas, desesperadas, corriam para todos os lados, procurando abrigo no estabelecimentos ou em suas casas.

Freyr andava despreocupado. Tinha consciência que Zeenon não faria mal a ninguém - o seu único objetivo era o Rei de Ezra. Gostava da ideia de ver aquele homem, que só sabia explorar seu povo, com medo e assustado.

Quando percebeu que o Dragão já estava chegando ao castelo, parou para observá-lo novamente. A criatura passou de raspão as pontiagudas asas pelas torres do castelo, quase conseguindo alcançá-las. O bater delas fazia um enorme barulho, as torres do castelo estremeciam e os soldados corriam assustados.

Observando tudo de longe, o garoto apenas se divertia com as peripécias de Zeenon, aquela era uma boa maneira de mostrar o que eles estavam tentando enfrentar.

Dentro do castelo, Simun sentiu o tremor. Estava tranquilo, em uma luxuosa sala de reuniões, a planejar ataques às suas futuras conquistas territoriais. De repente, viu uma asa negra e chifres passarem pela imensa janela à sua frente. Sobressaltou da poltrona de veludo vermelho e varreu violentamente a mesa com as duas mãos, jogando os papéis e mapas sobre o chão. Todos os seus planos não poderia ser em vão.

Os céus ficaram cada vez mais escuros, e Zeenon voou em direção ao reino da luz, feliz por sua travessura. Ao chegar no magnífico castelo branco de Heimdall, logo no jardim avistou o guardião da Luz. Ele estava a praticar algum encantamento novo, sozinho, sentando em um banco. Caminhou no pátio do Endymion sem muito receio, estava praticamente vazio, só alguns súditos do rei luz que cuidavam do jardim em sua tranquilidade tão habitual.

Assim que terminou o treinamento, Heimdall ficou surpreso ao ver seu ex-inimigo, andou rapidamente ao seu encontro.

– Tão bom te ver por aqui de novo. – Sorriu, radiante, estendendo a mão para cumprimentá-lo – Veio trazer alguma informação?

– Sim, algumas.

Zeenon apertou sua mão e retribui o sorriso, timidamente. Heimdall trajava uma túnica azul turquesa e seus cabelos prateados estavam em um rabo de cavalo alto, destacando a beleza do seu rosto, o qual passava tanta paz a Zeenon.

– Vamos sentar ali, próximo à fonte.

Heimdall cumprimentava a todos e exalava serenidade, enquanto os dois atravessavam o pátio, indo em direção ao fontanário. Aquele jeito manso e acolhedor do rei da luz, ao mesmo tempo que incomodava Zeenon, também o despertava certa admiração. Assim que se acomodaram no mármore branco da borda da fonte, Zeenon começou logo relatou sua travessura.

– Eu dei um aviso ao Rei Simun agora à noite. ­– Ele soltou um sorriso animador.

– Não me diga que você os atacou? – O guardião da luz logo se preocupou, pensando que Zeenon tinha descumprido o acordo.

– Não, apenas mostrei a ele o que pretende enfrentar, dando um passeio pelo seu castelo em forma de Dragão.

– Você não consegue ficar quieto... Mas estão todos bem, não é?

– Já disse que não ataquei ninguém... Apenas sobrevoei o castelo. – divertia-se com a aparência preocupada do guardião – Ah, sim. Recebi uma informação hoje de que o Rei Simun está oferecendo “treinamentos” para seus soldados, provavelmente para tentar nos atacar com mais força.

Heimdall uniu as mãos e apertou-as contra suas pernas, juntas. Não gostava daquela ideia de ter que enfrentar humanos, mas tudo estava tão confirmado, precisava se preparar para uma batalha.

– Simun não tem jeito... Já comecei a reforçar a segurança para os meus companheiros. Estamos de guarda e com mais escoltas dentro do nosso reino. – balbuciou, preocupado.

Tentando esquecer àqueles problemas, o manso guardião da luz observou o semblante de Zeenon e percebeu que havia algo diferente. Os olhos vermelhos, sempre impassíveis, exibiam um brilho flamejante, e o rosto parecia mais alegre, vívido.

Ele pousou a mão no rosto do companheiro e fitou-o demoradamente.

– Você está com o rosto mais sossegado.

Zeenon devolveu o olhar, e logo depois, desviou, tentando esconder algo. Não queria que Heimdall desconfiasse dos seus sentimentos, mas sabia que ele sempre descobria tudo sem precisar de muito esforço.

– Já sei – Sorriu amigavelmente – Você foi fisgado por alguém, não é?

Os olhos vermelhos do guardião voltaram-se para Heimdall, assustados. Então, o delicado rei da luz percebeu que estava correto.

– Você sempre foi assim... Escondendo seus sentimentos...

As mãos macias de Heimdall deslizaram pela face de Zeenon, o qual irritava-se facilmente quando era descoberto daquela forma. E Heimdall sempre fazia aquilo. Era impossível detê-lo.

– Mas como você é chato. – Os dois riram juntos, como amigos próximos. – Tudo bem, eu estou feliz mesmo...

A curiosidade despertou na consciência do sublime rei da luz. Sabia que o outro era travado em seus sentimentos e nem sempre conseguia relacionar-se direito com alguém.

– Posso saber quem é? – Disse, um pouco receoso.

– Um garoto do reino de Ezra. Ele que me passa algumas informações. Chama-se Freyr Siegfried. Parece um pouco com você, é calmo, delicado... Mas, ainda estamos começando a conversar.Conheci-o antes de ontem.

– É ele, sua fonte de alegria, serenidade – Fez uma pausa, pegou a mão do outro e continuou – um humano?

Zeenon suspirou, olhou a escultura de uma criatura alada no chafariz e, com tranquilidade, começou a falar:

– Ele é diferente, Heimdall... Tem algo que... Humanos não costumam ter, parece ser bastante compreensivo. Sei que estou me arriscando, mas preciso dar uma chance para novos começos. Se eu me machucar... Pelo menos eu tentei. Meu coração está mais leve, sinto minha alma mais livre ­– Zeenon discorria livremente sobre seus sentimentos.

Surpreendido ao ouvir aquelas palavras, Heimdall o abraçou repentinamente. Estava feliz com a chance que o guardião dera a si mesmo, uma esperança fora plantada no coração de Zeenon. O nobre rei da escuridão ficou surpreso com o gesto, mas retribuiu o abraço gentilmente.

– Fico feliz por você, desejo-lhe toda a felicidade do mundo e boa-sorte em seus novos caminhos. – Ele abriu um sorriso largo, tentando transparecer ainda mais sua felicidade.

– Obrigado... É estranho nos relacionarmos assim, depois de tudo. – Sempre ficava nervoso com a presença e o jeito doce do guardião da luz, balançava uma das pernas, inquieto.

Heimdall o soltou, pegando sua mão com firmeza.

– Quantas vezes eu terei que te dizer que você está perdoado?

Os olhos prateados do guardião da luz encararam Zeenon com afeto. Queria que ele entendesse aquilo de uma vez por todas. Porém, ele ainda relutava em aceitar aquele amor.

– Eu não te entendo, Heimdall. – Olhou para baixo, sem se acostumar com todo o carinho que recebia.

– Você está começando a conhecer certas coisas agora, meu caro. Uma hora você vai me entender.

– Tudo bem, obrigado por me ouvir. Tenho que ir agora – Disse Zeenon, preparando-se para partir.

– Estarei sempre aqui. Até qualquer hora.

Zeenon beijou a mão do guardião da luz e se levantou. Antes de partir, juntou alguma coragem e disse,

– O brilho da sua aura me faz bem.

– Com certeza a aura deste garoto é bem melhor.

Zeenon sorriu em resposta e acenou com a cabeça. Logo depois o grande dragão da meia-noite apareceu, destacando-se no enorme pátio alvo do castelo, e voou de volta para casa.

Pensando sobre as admiráveis palavras daquele doce homem de cabelos prateados.


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Notas finais do capítulo

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