The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 34
Capítulo 33




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Depois de quebrar os cadeados dos portões e deixar os reis passarem, a mando de Zeenon, Freyr agora observava a multidão se amontoar sobre um pequeno grupo de súditos de Heimdall, o qual encontrara antes de adentrar no castelo. Pacientes, eles tentavam dispersar a multidão, que aumentava à medida que mais curiosos chegavam para saber o que acontecia. No dia seguinte, nenhum outro assunto seria comentado naquela cidade. E, a morte de Simun, quando fosse anunciada, causaria um burburinho maior no reino. Jimmy continuava afastado, próximo a escadaria de uma residência. O olhar vago, talvez nem estivesse ali, permanecia imerso em seus pensamentos.

O garoto tentava entender os ideais de Jimmy, se era lealdade ao rei, fanatismo ou, simplesmente, birra. Saiu e atravessou a rua, indo em direção ao rapaz loiro e alto. Jimmy não percebeu sua chegada, continuava a olhar a multidão a ouvir os esclarecimentos dos seres de luz. Delicado, Freyr o chamou.

– Jimmy... Posso falar-lhe um instante?

O rapaz acordou e encarou o seu irmão, impassível. Estava furioso tentavam combinar os milhões de acontecimentos da noite. Não queria acreditar em mais nenhuma palavra, pensava o que iria fazer da sua vida. Aquele menino à sua frente parecia intimidador, depois de tantas revelações. Deu passo para trás, assim que ouviu o chamado.

– Que foi? – disse friamente.

Freyr observou-o, sempre atento às emoções que ele transparecia. Percebeu que Jimmy parecia ter certo medo de si, então, sorriu, a fim de trazer um pouco mais de calma ao rapaz. O que não funcionou.

– Sei como está confuso, mas não podia te contar nada... Nem muitos detalhes...

As incertezas e hesitações ainda emanavam dos sentimentos de Jimmy. A magia poderia ajudar a comandar a conversa com mais precisão.

– Eu só estou tentando entender o que você tem com esse Zeenon. – foi direto ao ponto.

Freyr suspirou, e decidiu que precisava revelar tudo a Jimmy. Não poderia deixá-lo sem explicações, apesar de tudo, ainda tinha vínculos com ele.

– Você... Não pode espalhar sobre o que vou te falar agora... Deixe isso em sigilo, por favor. – disse, encarando os olhos castanhos caramelados de seu irmão.

– Tudo bem. – deu de ombros, quase aliviado.

– Estive com Zeenon faz algum tempo, nos conhecemos na floresta... E... Desde então, começamos a nos relacionar. Ficamos muito amigos, ele me falava bastante de sua trajetória e eu sobre a minha... Sua história é muito diferente do que é contado por aí. Zeenon sofreu muito e se arrependeu das coisas horríveis que fez com Heimdall. Desde que Jude me agrediu... Eu saí de casa e mudei-me para o castelo de dele, puder ver todos seus movimentos, toda a situação. – A voz do garoto estava altiva e carregada de certeza. – Simun, junto aos outros reis, há algum tempo planejava ‘roubar’ os poderes dos guardiões, porém não sabia que tal coisa era impossível. Invadiu o castelo de Heimdall, e por ser abandonado pelos aliados, quis destruir essa cidade, para demonstrar poder. Zeenon salvou a cidade... Com ajuda de Heimdall.

Jimmy começou a processar as informações, entendendo a situação com mais clareza. Porém, continuava com algumas dúvidas.

– E você... Acompanhou tudo isso... Você e o Zeenon... São... – franziu o cenho e não terminou a frase.

– Sim, somos companheiros, namorados. – disse Freyr, e uma agradável inocência despontou em seus olhos.

Os olhos castanhos de Jimmy arregalaram-se ao ouvir a afirmação do irmão. Não conseguia entender o que ele acabara de dizer. Não havia como seu meio-irmão caçula se relacionar com outro homem, era estritamente proibido no reino.

– Namorados? Mas, vocês são homens! – disse, quase aos gritos.

O guardião pendeu a cabeça para o lado, tentando pensar o que havia de errado.

– Qual o problema?

– Todo! Isso aqui no reino não é permitido! – endureceu suas feições, olhando Freyr de forma impassível.

– Não sabia... – o guardião sentiu a aura do seu amado por perto e, ao olhar para o portão do castelo, viu o olhar escarlate do rei vigiá-lo enquanto conversava com Jimmy. – Eu irei morar no Submundo com Zeenon, e... Lá é permitido.

O rapazinho deixou um sorriso correr por seus lábios. Seu corpo ainda era inundado pela alegria de saber que moraria naquele mundo fantástico. Jimmy olhou para o portão e viu Zeenon encará-lo de forma assustadora, recuou um passo, com medo de morrer apenas pela força daqueles olhos.

O medo voltava às feições de Jimmy, e Freyr percebeu que era a presença intimidadora de seu parceiro. Zeenon não faria nada com o ex-soldado, mas queria ficar de vigia. Então, o guardião dourado pousou uma das mãos no ombro do rapaz, a fim de passar-lhe um pouco de tranqüilidade.

– Jimmy... Sei que não somos totalmente irmãos. Mas, eu torço por você. – Sorriu, cheio de candura. – Seja feliz e forte... Tenha cuidado com esse mundo.

Os sentimentos do rapaz começaram a se apaziguar, olhou o sorriso de Freyr e viu todo um mundo de calmaria ali.

– Quer dizer que Jude te contou... Não sei o que você vai fazer lá nesse mundo estranho, com esse homem mais estranho ainda, porém... – encarou o rosto inocente do irmão mais novo e continuou – Segue teu rumo... E eu sigo o meu.

Quase que automaticamente, Jimmy pôs uma de suas mãos sobre os fios loiros de Freyr, e desceu até as bochechas do garoto. Não demonstrava carinho algum por ele, porém, naquele momento, ao saber que nunca mais o veria, sentiu que deveria ter aproveitado mais a presença dele. Freyr sempre fora adorável, ajudando seu pai no trabalho. Mesmo que maltratado, estava sempre sorridente e era querido pelos clientes da quitanda. Jimmy guardava vagas lembranças das suas idas com o irmão aos festivais da cidade e algumas brincadeiras de criança, mas a sua obsessão por ser maior, o “irmão mais velho”, levou-o a desprezar totalmente a presença do irmão caçula. Lágrimas não desceram pelo seu rosto, porém, sua consciência estava apertada.

Com toda a sensibilidade da aura, Freyr pode captar alguns sentimentos de Jimmy. Naquele momento, percebeu que poderia perdoá-lo pelo passado.

– Agora é o futuro, Jimmy. Meu coração está tranquilo e, espero que o seu também fique.

Expandiu a aura, transmitindo algumas emanações positivas para o irmão. Era tudo o que o rapaz precisava para continuar, seguir em frente. Sentir-se leve...

Zeenon observava tudo de longe compreendeu o que acontecia entre os dois, porém, quis ficar de olho, caso o rapaz tentasse algo contra Freyr. Tinha absoluta certeza que o rapaz loiro não se defenderia contra Jimmy. Sentiu as emanações do loiro, mesmo à uma distância considerável da dupla. Freyr tentava confortar os sentimentos do irmão, através da sua poderosa magia, que acalmava qualquer coração angustiado.

– Estou me sentindo tão... Calmo. – Jimmy olhava Freyr sem esconder certa estranheza, nunca esteve tão bem em toda a sua vida.

– São os novos ares!

Um belo sorriso surgiu nos lábios do garoto, estava convicto que ele se arrependia. Não podia estar mais feliz.

– Acho melhor eu ir embora, meu companheiro já me observa.

Freyr olhou para trás, deparando-se com os olhos cuidadosos de Zeenon em sua direção. Recuou rapidamente, acenando para o irmão. O rapaz respondeu da mesma forma, e um sorriso sincero estampado em seu rosto.

Depois, partiu de volta para casa. Sua vida parecia ganhar novas luzes naquele momento.

Assim que Freyr pôs os pés no jardim, os passos calmos de Zeenon alcançaram o loiro. O rei apresentava um ar tão sério, que Freyr parou assim que visualizou o rosto dele. Parecia um homem carrancudo, que lhe daria um sermão.

Sorriu, em reação a aquela seriedade e, brincalhão, disse,

– O que houve? Cadê sua animação de antes?

A face fria do rei desmanchou-se, e ele abriu um sorriso em resposta.

– Nada... Só estava observando você ali com seu irmão. Reconciliaram-se? – indagou, relaxando seus músculos.

– Ele se arrependeu, então... Posso perdoá-lo. – um contentamento profundo invadia a aura de Freyr ao saber que Jimmy estava bem com seus próprios sentimentos.

O rei olhou para a lua, brilhante no céu negro, aos poucos perdia seu brilho intenso.

– Perdoar é uma das coisas mais difíceis de fazer... Minha sorte é que meu irmão pôde fazer isso comigo, e eu, com meus próprios erros. – divagou, mas para si do que para seu companheiro.

Zeenon respirou fundo. Seus olhos vermelhos brilhantes apreciavam a lua prateada.

Freyr estendeu os braços, e agarrou-se ao corpo do companheiro. O rei retribuiu o abraço, beijando a testa lisa do rapazinho loiro. Continuaram abraçados ali, durante alguns minutos, sob a luz da lua. Heimdall apareceu de repente, e observou os companheiros de costas, abraçados, olhando a beleza do astro celeste. Não se sentia à vontade de ir lá chamá-los, mas precisava avisar sobre a comemoração no seu castelo.

O guardião sombrio percebeu a presença do irmão, virou-se e disse,

– A lua já está se afastando Heimdall, não precisa se preocupar mais. – Riu, divertindo-se com as preocupações do seu irmão.

– Eu sei... Posso sentir a intensidade diminuir. – Respondeu o rei, sorrindo. Deu alguns passos até os dois guardiões. – Todos já estão a caminho do meu castelo, vamos comemorar por lá... Vamos?

A testa de Zeenon enrugou e a boca entortou-se, em um bico.

– Quer dizer que teremos uma festa? Por que não me avisaram antes? Não estou adequado. – disse em uma chateação fingida.

Os três riram-se do gracejo do rei.

– É apenas um jantar... Nada demais. – Heimdall alcançou seu irmão e pousou uma das mãos sobre o ombro dele – E você pode se trocar lá. Se quiser.

– Claro que sim, preciso tirar esse cheiro de morte. A noite está muito feliz para continuar assim.

Entreolharam-se, e a alegria era evidente no sorriso dos três guardiões. A força que emanavam, juntos, era intensa e davam ainda mais beleza àquela noite tão cheia de felicidade.

Os soldados, depois de todo ataque dos dragões, finalmente começaram a acordar. Ainda zonzos, ficaram confusos ao ver tanta destruição no castelo. Heimdall se propôs a explicar a situação aos rapazes, e evitou que eles tentassem atacar Mark e Link, mesmo que não tivessem chances, nem força para isso. A chefe dos ministérios do reino, uma mulher chamada Keine, enfim apareceu no castelo. Fora alertada sobre o ataque, estava em casa, com sua família, a aproveitar o último dia do festival. Encontrou a torre do castelo em ruínas e temeu pelo acontecido. Depois de esclarecida sobre o ocorrido, estremeceu ao saber da morte de Simun. Sabia dos planos dele, mas aquele último era inimaginável. Após estar a par de tudo, começou a por em ordem aquela bagunça. Não sabia qual seria o futuro do reino, mas o povo precisava estar unido e, um novo rei teria de ser proclamado.

Após se acomodarem em seus cavalos, os guardiões cavalgaram em harmonia pela cidade e encontraram com seus companheiros na densa floresta do norte, partindo, assim, para o castelo Endymion.

A luz branca do reino de Heimdall aos poucos despontava no bosque escuro, enquanto os rapazes cavalgavam em sua direção. Freyr e Zeenon iam juntos, à frente do grupo, sobre o dorso do cavalo Dolpper, que estava feliz por carregar o seu rei. Heimdall galopava ao lado dos dois, imaginando o quanto aproveitaria a noite ao lado do seu irmão e dos rapazes do Submundo, por muito tempo esperou momentos como aquele. Loki, Andy e os outros seguiam os guardiões, sem muita pressa, a situação já estava resolvida, então podiam respirar aliviados.

Criaturas belas começaram a iluminar, em fileira, os caminhos da floresta. Exibiam suas magias cheias de brilho, enquanto abriam a passagem para os reis e seus companheiros entrarem com triunfo no reino da luz encantado, bem no meio da floresta do norte. O lugar inundava-se de pequenos lumes cintilantes, de variadas cores, que dançavam e rodopiavam por todos os cantos. Os rapazes sorriam como se agradecessem a recepção calorosa das criaturas iluminadas. Ao saírem da floresta, cavalgaram tranquilamente pelo caminho estreito, que cortava as vilas dos súditos de Heimdall, até chegarem ao Endymion, o castelo branco do Guardião da luz.

O grande pátio do castelo branco estava carregado de energia branda por todos os lados. Ao desmontar de Dolpper, Zeenon sentiu aquela vibração passar pelo seu corpo como plumas. Finalmente podia sentir a magia de luz como ela realmente era.

– Como é agradável sentir vocês tão perto de mim... – dirigindo-se a Heimdall, um sorriso estonteante surgiu em seu rosto.

– Estamos em sincronia – disse o rei da luz, compartilhava a mesma alegria.

Todos os rapazes que participaram da batalha na cidade puderam limpar o corpo e trocar de roupa. Era uma pequena confraternização, então precisavam estar adequados. Depois de prontos, adentraram o grande salão de refeições do castelo. O teto abobado, de cristal transparente, deixava a luz lunar invadir o ambiente. As paredes, igualmente de vidro, permitiam que beleza do jardim de inverno, repleto de rosas trepadeiras e brancas adicionasse mais vivacidade e maravilha ao local. Era um salão simples, mas grandioso. Sentaram-se, os rapazes do submundo, junto às criaturas de luz, sobre a mesa oval no centro e cearam ao som de boa música instrumental. Os companheiros compartilharam histórias e brincadeiras durante toda a refeição. Pareciam, realmente, apenas uma só organização. As diferenças, estas foram deixadas completamente de lado e, agora, sorriam e conversavam juntos.

Antes da ceia terminar, Heimdall pediu silêncio a todos, e pegou a sua taça de cristal, erguendo-a sobre a mesa.

– Estamos todos aqui... Unidos, ceando... Quero aproveitar para propor um brinde. –desviou seu olhar para o irmão, que estava sentado bem ao seu lado, na ponta, estava Freyr.

– Quero agradecer ao meu irmão... Por ter me ajudado, salvando meus queridos companheiros e os cidadãos de Ezra. Seus rapazes, vindos do Submundo. Freyr, Link, Mark, Loki, Andy. Todos vocês. Meus sinceros agradecimentos, por toda a eternidade. E o brinde...

Todos se levantaram suas taças, em respeito.

– O brinde vai às nossas novas eras. Os novos caminhos, repletos de muito amor, paz e, principalmente, união. Saúde!

Os companheiros repetiram “saúde” em coro, saudando o brinde do rei da luz.

– O próximo jantar será no meu Yamisin... Quero todos por lá. – Bradou Zeenon.

– Tenha certeza que estaremos todos lá! – respondeu Heimdall, animado com a proposta do irmão. Seria bem recebido no Submundo, após tantos anos de inimizade.

Após a ceia, todos se reuniram no salão principal do castelo, conversando em grupos. Zeenon permaneceu com Heimdall, sentados em um grande sofá cor bege, conversando junto a criaturas de luz, sobre as províncias do Submundo. Andy, Mark e Link deliciavam-se com os famosos doces de coco do Reino de luz, beliscando a mesa de guloseimas do salão. Loki, ao lado dos rapazes comilões, observava Freyr, que estava parado, em frente a um grande vitral do salão. O garoto apresentava uma aparência bastante vivida, mas longe, como navegasse em outros mundos em sua mente. O ruivo, sempre muito atencioso, estranhou o semblante do guardião e andou até ele, a fim de sondá-lo.

– Freyr? – disse, olhava-o em clara afabilidade. A voz suave, como de costume.

Prontamente, Freyr virou-se para o feiticeiro e encarou as esferas douradas daquele homem misterioso. Sentia certa aflição em vê-lo tão perto. Loki às vezes parecia perigoso, tinha a fisionomia de um homem inflexível.

– Está tudo bem?

– S-Sim. – balbuciou.

Baixou as pálpebras, sem saber muito bem como encará-lo.

– Deve estar ansioso para a sua nova vida... Não? – sabia da vontade de Freyr em morar no Submundo, com certeza o garoto deveria estar pensando nisso antes de sua chegada.

Freyr levantou a cabeça instantaneamente. Ele, realmente, adivinhou os seus pensamentos.

– Sempre foi o meu maior sonho conhecer esse mundo. Mesmo antes, quando eu conhecia como um lugar de desespero, era louco para visitá-lo... Agora... Estou prestes a me mudar para lá... É incrível. – Não pode conter um belo sorriso em seu rosto ao dizer tais palavras.

Loki lembrou-se de quando se mudou para lá e foi trabalhar para o maior dos feiticeiros do Submundo, Zeenon. Sua alegria era igualzinha a do rapazinho, satisfação. Sabia que agora chegara a vez de Freyr, e tudo o que passara, fora realmente maravilhoso. Sentiu vontade de fazer ao rapazinho algumas considerações... Era necessário, já que ele também moraria em Inshtarheim e, agora, seria incumbido de “cuidar” de Zeenon.

– Sabe...Freyr.. Eu... – Interrompeu-se.

– Sim?

– Eu sempre estive com o Zeenon...

– Eu sei... Ele me falou como você chegou ao Submundo.

Já imaginava isso, pensou o ruivo. Eram amigos, então, claramente, Zeenon falou sobre.

– Depois de encerradas as lutas entre os seres elementares, Zeenon sucumbiu em uma tristeza profunda.. Eu o vi chorar em meus braços. Martirizava-se pelas coisas que fizera e as situações que sofrera. Desde que ele se tornou rei, sou seu fiel servo... Mas tornei-me amigo quando o acalentei durante anos de choros. – disse, em suas vagas lembranças.

O rapazinho loiro sentiu as vibrações sensíveis de Loki. Ele exalava muito amor em suas palavras. Compreendeu que o feiticeiro tocou em um assunto bastante delicado. Já tinha se dado conta da personalidade reservada de Loki, e sabia que aquele tipo de assunto ele quase nunca revelava. Sentiu-se lisonjeado em ouvi-lo.

– Depois de mais de uma década em prantos, ele teve o Link. O amor de filho o acalentou, mas... Frequentes foram as recaídas. Sempre faltou algo, Freyr. – fixou nos olhos do garoto e, desta vez, o menino não sentiu mais medo. – Ele teve a aceitação do Mark, que era humano como foi encontrado. E, agora... Tem você. Ama-o, e é amado por você. Isso o ajudou a se perdoar, conhecer uma face diferente dos humanos e, assim, conseguiu se reaproximar do Heimdall.

As mãos lisas do menino uniram-se à frente do seu torso e ele baixou a cabeça, refletindo as palavras poderosas daquele homem. Voltou-se aos olhos dele e, agora, sentia uma imensa gratidão por suas considerações.

– Eu me sinto tão feliz pelo Zeenon. Não sei explicar... – suspirou, segurando suas lágrimas. – Acho que... Agora, eu tenho de guardar um tempo para mim. Concentrar-me em minha relação com o Andy. Surpreendeu-me bastante o modo como ele me trata.

Corou levemente, mas logo se recompôs. Impressionava-se pelos modos de Andy. Entretanto, continuou,

– Zeenon é um homem muito inteligente, cabeça-dura e cheio de si. Porém, muitas vezes age sem pensar, sendo um pouco impulsivo. E... Você já deve saber, mas... Zeenon é ciumento. Muito. – enfatizou a última palavra, Freyr deveria ser bem consciente daquilo – Eu sei que você pode cuidar dele tão bem quanto eu. Quero que faça isso por mim, assim como já faz.

Loki observou o semblante de Freyr, vendo ali alguém que realmente poderia cuidar do rei, assim como ele.

– Sim, com toda a certeza... – o loiro meneou a cabeça, alegre em ouvir as palavras do feiticeiro.

O feiticeiro estendeu a mão para Freyr e, rapidamente, o rapazinho agarrou, apertando-a forte. Queria ter uma boa relação com Loki, estava feliz por ele ter lhe confiado o encargo por Zeenon.

– Só tenha paciência. Pois aquele ali... É bem difícil de lidar. – sorriu, olhando diretamente para seu mestre, que ainda conversava animadamente com Heimdall e seus companheiros.

– Ele já me avisou... Mas... Tratando-se de Zeenon... Terei toda paciência do mundo. – um sorriso apaixonado surgiu em seus lábios.

Freyr olhou, de relance, as esferas vermelhas de Zeenon. Estavam repletas de alegria por estar mais perto de Heimdall e do reino de luz. Brilhavam, mas de um modo totalmente diferente. Era um brilho mais estonteante, assim como a aura do rei. Os dois, então, sentiram alguém se aproximar. Era Andy, que vinha degustando um doce de coco. O rapaz encostou-se a seu novo companheiro e, olhou fixamente para Freyr. Terminou de comer o doce e, disse,

– Freyr, gostaria de te falar algo.

– Pode falar, Andy. – inclinou a cabeça para o lado, em seu gesto mais fofo.

O rapaz corou levemente, mas, enfim, conseguiu continuar,

– Desculpe por tentar te sequestrar, sei que assustei você. – baixou os olhos, visivelmente constrangido.

O feiticeiro e o guardião sorriram, juntos, o que causou certo espanto a Andy. Enchia de sinceridade nas suas palavras.

– Não precisa se preocupar, Andy. Você estava cumprindo ordens e...

Lembrou-se que ainda guardava o rubi por baixo de suas roupas, apesar de não precisar mais dele. Tirou-o detrás da túnica branca que usava e mostrou aos companheiros.

– Eu tenho o rubi. Nada de mal me acontece. – a pedrinha vermelha destacou-se sobre a peça alva.

– Foi por causa dela que não me lembrei de mais nada? – disse o ex-soldado, vislumbrado pela beleza da joia.

– Sim. Ela protege o seu detentor. ­ – respondeu Loki.

– Incrível – sussurrou o rapaz, louco para poder aprender um pouco mais sobre aquele mundo.

Sensível, Freyr percebeu todo o entusiasmo que Andy possuía. Compartilhava o mesmo sentimento.

– Aqueles doces de coco são maravilhosos... – disse Andy, desejando devorar mais alguns doces.

– Não quer experimentar, Freyr? – indagou o ruivo.

– Claro, quero sim.

Freyr seguiu os rapazes até a mesa de guloseimas, e encontrou-se aos dragões, que ainda se deliciavam com os doces. Discreto, o garoto experimentou alguns, e impressionou-se pelo gosto suave daquele manjar. Assemelhava-se às deliciosas sobremesas que as feiticeiras gêmeas faziam no castelo.

Após alguns instantes apreciando os doces, virou-se para o local onde Zeenon estava anteriormente e não o encontrou por lá. Estava apenas Shigurd, Marín e alguns seres de luz a conversarem sentados. E, logo depois levantaram, provavelmente, já se recolheriam. Olhou todo o perímetro do Salão, a procura dos guardiões, sem sucesso.

Sentiu a aura de Zeenon e Heimdall por perto, mais precisamente, no pátio do Endymion.


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