The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Depois de enormes dificuldades para encontrar uma 'imagem' do Loki, finalmente consegui! Mas, valeu a procura, pois esse moço é perfeito! ~claro, é digital kkkk~

Como não consegui pensar em uma imagem adequada para esse capítulo, vou colocá-lo no final :3
Boa leitura! =)



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Os rapazes tiraram o capuz e desestabilizaram a aura. Assim que o vermelho dos olhos de Link despontou, o guarda loiro arregalou seus olhos. Como se agisse por instinto apontou a arma e sua boca se abriu, teimando em soltar um grito, mas Mark foi mais rápido – o dragão posicionou-se atrás do rapaz, pondo a mão em sua boca, impedindo-o de soltar pelo menos um gemido. Link fez o mesmo com o outro rapaz. Antes que os guardas pudessem se remexer, ruídos de ossos estalando correram pelo local. Os dois homens caíram ao chão, mas não estavam mortos. Os dragões apenas torceram os pescoços deles até que perdessem a consciência.

Os homens que estavam dentro da área do castelo, paralisaram ao verem seus companheiros caídos ao chão. Entretanto, pegaram suas armas e apontaram para fora, crentes de que ninguém conseguiria passar pelo grande portão de ferro que, supostamente, protegeria os soldados. Os dragões atravessaram o portão, como dois raios, e os guardas só tiveram tempo de ver as correntes caírem ao chão. Pois, assim que os companheiros puseram os pés no perímetro do castelo, começaram a executar suas ordens. Os homens nem sequer viam a hora que aquelas feras os atacavam, seus movimentos lentos nada podiam fazer contra os ataques rápidos das sombras e os feixes de luz; Assim como planejado pelo rei, soldados e mais soldados chegavam para ajudar os seus companheiros e eram jogados ao chão sem dó pelos rapazes.

Assim, a maioria virá para cá, papai vai passar sem ser importunado.” Pensou Link, enquanto agarrava um soldado pela gola vermelha e o jogava para trás.

Logo após o inicio do ataque, Zeenon, Andy e Loki desmontaram de seus cavalos e passaram de raspão pelos soldados que se direcionavam para os fundos, correndo laterais do castelo. Passaram por montes de homens e nem foram percebidos. Loki ficava o tempo inteiro ao lado do seu companheiro, não queria deixá-lo nem por um segundo, sabia do risco que ele corria. Segurava Andy pela mão e, qualquer humano que se aproximasse dele e tentasse o atacar, com certeza não veria mais a luz do dia.

Chegaram à fachada do castelo e se esconderam detrás dos grandes arbustos do jardim, o local estava quase vazio. Ouviam apenas os gritos dos homens lá no fundo, logo abafados pelos ataques rápidos dos meninos.

– Não há quase ninguém aqui. – disse Loki, observando o perímetro.

– Não se mexam, quem está ali é o novo capitão, George. – Andy observou o homem exibindo uma farda diferente dos outros, totalmente azul marinho. Estava na porta do castelo, aparentemente discutindo com algum subordinado. – Com certeza ele foi promovido quando eu sumi. Era o sonho desse desgraçado.

– Vou ouvir o que eles dizem, fiquem aqui. – disse Zeenon.

Sem muita dificuldade, Zeenon mergulhou em suas sombras se escondeu atrás das pilastras que sustentavam o teto da fachada. Os dois homens estavam bem ao seu lado, o subordinado permanecia de cabeça baixa, ouvindo todas as reclamações de seu superior.

Não vamos incomodar o rei! Daqui a pouco estará tudo sob controle.” Rosnou o capitão, arrogante.

“Mas, o castelo está... Praticamente vazio e todos foram ajudar e nossos homens não estão aguentando...” disse o rapaz, a voz falhava entre uma palavra

Você não me disse que eram só dois homens?!” aumentou o tom de voz, os olhos arregalados.

Sim, mas...” o menino continuava de cabeça baixa, a voz abaixou quase em um sussurro.

Chega! Vou resolver isso eu mesmo!” Interrompeu o rapaz e saiu, sem ao menos dar o direito de resposta do outro.

Antes que o soldado saísse, Zeenon voltou a sua forma humana e o agarrou por trás, segurando a boca dele para que não gritasse. Os pelos do menino eriçaram e, Zeenon pode perceber o corpo dele tremelicar por alguns segundos. Não entendeu como uma criança medrosa igual aquela estava no exercito.

– Acalme-se, só quero uma informação. – disse o rei, tranquilo. Não queria que o garoto desmaiasse de terror ali. – Sabe ao menos quantos homens ainda estão dentro do castelo?

Tirou a mão da boca do rapaz e desceu para o pescoço, lentamente. O rapaz ofegou e olhou para o lado e, assim que seus olhos encontraram as esferas vermelhas do rei, o corpo vibrou cada vez mais.

Ele quase não conseguia falar.

– P-Poucos Es-tão lá. – gaguejou.

Andy e Loki saíram detrás dos arbustos e puseram-se de frente ao rapaz, o ex-soldado reconheceu o garoto, conhecia sua índole.

– Senhor, ele não é ruim. Eu o conheço, é o Leigh. – tirou a máscara; um brilho de felicidade saltou dos olhos do rapaz.

Zeenon soltou o garoto, sabia que poderia confiar nas palavras de Andy.

– Andy! O que... O que está acontecendo aqui? Onde você estava esse tempo inteiro? Por que nos deixou?

Leigh quase não respirava entre uma palavra e outra, não acreditava que via seu superior mais querido ali, vivo. Deu alguns passos à frente, olhava Andy como se fosse um herói – e assim o considerava, na verdade. Não era arrogante como George, tratava todos bem, mesmo sendo o servo mais próximo do rei, não perdeu sua humildade.

– Acalme-se, garoto. Não podemos explicar agora. – disse Zeenon, pensando no tempo que gastavam ali.

Zeenon correu para a porta, e balançou a cabeça, fazendo um sinal para Andy e Loki o seguirem.

O soldado acompanhou com os olhos Andy entrar e acenar para ele enquanto fechava a porta do castelo. Depois, apenas ouviu um silvo lá dentro. Andy havia acionado o dispositivo lacrando as entradas. O garoto voltou-se para o jardim, olhou a porta novamente e nada tinha a dizer. Leigh pensou por que seu superior tinha se virado para os seres das trevas e porque aquele ataque tão repentino acontecia no momento.

No Hall de entrada, Loki já espalhava suas sombras pelos corredores do castelo, verificando os locais onde ainda havia presença humana. Zeenon verificou se Andy acionou o dispositivo corretamente, a porta estava lacrada por uma barreira de cor roxa transparente, que só Zeenon ou Loki poderia destravar.

– Bom trabalho, Andy. – saudou o rei.

Loki abriu os olhos e virou-se para o dois.

– Apenas três soldados guardam a entrada do salão onde está Simun. Pode ir tranquilo, Zeenon. – disse, e sorriu de lado. Estava contente pela eficácia do plano.

– Esse George só pode ser burro... Deixa o castelo sem segurança e parte para os fundos, isso foi tiro e queda para nós.

Apesar de jovem, Andy demonstrava experiência. George direcionava-se à um caminho totalmente oposto para proteger o castelo. Favoreceu os invasores.

– A estratégia dele realmente foi péssima – meneou a cebça para os lados, numa lamentação fingida – Mas vamos aproveitar, não é?

Zeenon já se dirigia para o outro salão, deixando seus companheiros para trás. Chegou a hora da execução da fase final de seus planos.

O pátio nos fundos do castelo, agora, apresentava vários corpos vestidos de fardas vermelhas caídos ao chão. A luz intensa da lua parecia querer deixar o ambiente mais agravável ao reluzir sobre o local, mas nada retirava a imagem horrenda vista naquele local. Mark e Link terminaram o seu trabalho com rapidez, depois tinham apenas que ficar na fachada do castelo, caso mais alguém aparecesse. O último homem que derrotaram foi o capitão, o qual eles conseguiram distinguir pela farda.

– Terminamos aqui. – disse Mark, esfregando as duas mãos.

– Será que eles estão mortos? – Link analisou a face de um dos soldados caídos, procurando algum sinal de vida.

– Acredito que não... Zeenon disse que era para manter o controle.

– Vamos logo. – pegou o braço do companheiro, e desviou de um dos homens no chão.

Atravessaram o estreito caminho lateral do castelo, enquanto observavam o muro largo e cinzento que bloqueava a luz da lua. Novamente, Mark suspirou, sua aflição tentava o dominar. Entretanto, para seu alívio, após alguns metros eles já estavam no jardim, que era mais amplo e arejado, por conta dos seus arbustos e árvores. Link direcionou sua atenção à fachada e viu um rapaz, trajando farda do reino. O garoto estava sentado, os braços sobre os joelhos e de cabeça abaixada, nos degraus de mármore branco que levavam à fachada do castelo. O dragão das sombras cutucou o seu parceiro, ainda olhando para a fachada, e Mark percebeu que precisava olhar para a mesma direção. Assim, também percebeu o rapazinho, ainda não tinham derrotado todos.

Aproximaram-se do rapaz, lentamente, não queriam assustá-lo.

– Ei! O que faz aqui? – perguntou Mark.

Leigh levantou a cabeça e suspirou, sem muita vontade de responder. Fitou os olhos cinzentos do rapaz à sua frente, ainda tentava entender por que eles atacavam o castelo daquela maneira e o que Andy tinha a ver com tudo aquilo.

– O... O que querem aqui? – ignorou a pergunta de Mark, os olhos marejaram. Apenas queria explicações para sua mente confusa.

Os feiticeiros perceberam o quanto o menino estava angustiado, ao ver sua reação à chegada deles. Não o machucariam, definitivamente.

– Sua cidade corre um perigo extremo. – disse Link, sentando-se nos degraus, junto ao rapaz.

– Como assim? E... Vocês... São criaturas das trevas, não é? – encarava os olhos incomuns dos rapazes, com absoluta certeza de que eles não eram humanos.

– Sou filho do Zeenon, e esse rapaz é meu parceiro. – Respondeu Link, sempre orgulhoso ao dizer que era filho do rei das trevas.

O rapaz arregalou os olhos, não se acostumou à ideia de ver o castelo ser atacado por aqueles seres e o pior, Andy cooperar com eles. Deixou sua cabeça cair sobre os braços, expressava sua derrota e confusão. Ainda não conseguia entender o que se passava ali.

– Calma... Não vamos fazer nada a você...

Mark sentou ao lado do seu companheiro.

– O que Andy está fazendo aqui ao lado de vocês? – disse, a voz abafada.

– Você os viu? – perguntou Link.

– Eles trancaram a porta por dentro, e também me pediram para falar se havia soldados no castelo, aí eu vi o Andy. Não consigo entender, ele era meu superior... – meneava a cabeça, indignado.

– Estamos protegendo a sua cidade das artimanhas de Simun. Andy descobriu as maldades dele e resolveu se juntar a nós. – explicou Mark.

– Como assim? – A cabeça do rapazinho levantou-se rapidamente, curioso.

Os dragões se entreolharam, julgavam se era correto contar o que acontecia na cidade. Depois de uma leve pausa, os parceiros resolveram contar ao rapazinho assustado e incrédulo, a situação crítica onde Vistorius se encontrava e os planos malévolos do rei humano. Sabiam que não seria muito fácil fazê-lo acreditar em tudo, mas a compaixão fez os dragões explicarem os fatos sem muitos alardes, para Leigh não ficar ainda mais angustiado.

O corredor que levava à sala de reuniões de Simun inundava-se da luz da lua. As janelas de vitrais transparentes eram trespassadas pelos raios de luz, e iluminava todo corredor. Enquanto caminhava, os olhos verdes de Zeenon permaneciam fixos na grande porta de duas abas à frente, guardada por três homens de nariz empinado. O guardião das trevas não via a hora de entrar ali e resolver todo aquele impasse. Cerrou os punhos e respirou fundo – alguns passos a mais e estaria lá dentro. Aqueles soldados não o impediriam.

O estalar das botas de Zenoon soava pelo assoalho do corredor, tinha passos firmes. Os guardas, mesmo percebendo a aparência ameaçadora do visitante, continuaram firmes em sua posição, de peito estufado – queriam demonstrar autoridade, mas apenas prendiam a respiração, amedrontados pelo olhar do outro.

Zeenon parou algumas pegadas antes dos rapazes e os observou. Exibia um sorriso de lado, para parecer amigável, comportamento seu atípico com humanos.

– Podem me dar a passagem, por favor? – Sua voz soou leve, sem agressividade.

– Quem é você? – disse o soldado à direita da porta, de um jeito ríspido.

– A vocês não interessam, só me deem a passagem, gentilmente. – continuava calmo.

– Nem pensar! Quem pensa que é?! – respondeu o soldado do meio, apresentando a mesma rispidez do seu parceiro.

Humanos são tão insolentes às vezes...” pensou o rei, enquanto meneava a cabeça, rindo. Achava um pouco de graça da prepotência dos homens. Decidiu, então, mostrá-los a quem eles se dirigiam.

– Não quero ser deselegante... Não agora. – fechou os olhos e, assim que os abriu, o brilho escarlate despontou. Os soldados logo entenderam a sua mensagem. – Vão me deixar passar?

Apontaram suas armas, as pernas tremelicavam como três crianças medrosas. Encaravam os olhos vermelhos de Zeenon, podiam ver a morte estampada ali, naquele vermelho-sangue. Zeenon apenas ficou a esperar se os três fariam algo contra ele, mas os membros cambaleantes dos rapazes os impediam de se mover. Não mataria os três, mas precisava tirá-los do seu caminho.

– Se é assim... Então... – expandiu sua aura, e recitou alguns encantamentos “Activate, suripu, Inshtar!” Uma névoa púrpura espalhou-se pelo ambiente, alcançaram as narinas dos soldados, e eles caíram duros como pedra ao chão.

Olhou os três corpos caídos e pensou um pouco em compaixão.

– Bom sono, rapazes. Em outros tempos, estariam mortos, agradeçam. – deu de ombros, desviou do corpo de um dos homens e pôs a mão na porta. Antes de abri-la, puxou um cordão sobre seu bolso e neste, estava preso um pequeno relógio.

Eram, exatamente, vinte uma horas e vinte minutos.

O silvo estridente da porta se abrindo ecoou pela grande sala circular no alto de uma das torres do castelo de Simun. O teto totalmente de vidro trazia a luz da lua para o meio da sala, onde os reis estavam reunidos em uma mesa de vidro vermelho, em formato oval. No fundo da grande sala, erguia-se, majestosa, a estátua de uma guerreira, entalhada em pedra. A bela mulher vestia-se de completa armadura e erguia uma espada sobre sua cabeça; e, na outra mão, segurava uma esfera brilhante, a qual Zeenon logo identificou como o receptáculo. Antes de o guardião adentrar, os reis ouviam o discurso acalorado do anfitrião da festa, o monarca de Erza, Simun, o único a estar de pé, próximo à mesa. Quando ouviu o barulho, sua cabeça se ergueu rapidamente, lançado o olhar caramelado para a porta que se abria e chiava. Estava pronto para dar um sermão pela interrupção, mas seu rosto tomou uma cor completamente pálida ao ver quem entrava. Os outros seis monarcas, sentados à mesa, também voltaram sua atenção para a porta e entenderam a expressão do anfitrião.

Não queriam acreditar na figura que viam ali.

Zeenon fechou a porta trás de si e selou-a com uma barreira. Dali, ninguém sairia até falar tudo engasgado em sua garganta.

– Boa noite, senhores. – disse, aproximando-se da mesa. O som das suas botas ecoava por toda a sala silenciosa. – A noite está bela hoje, não é?

Os sete reis nada falaram, apenas encaravam o semblante sereno do guardião das trevas. Alguns pensavam em como fugir dali, outros já tinham certeza da morte. Zeenon olhava-os e pensava em como eles queriam tomar seu poder, ao demonstrarem tanto medo, apenas em ter sua presença.

Depois de seguir em linha reta até a mesa oval, rei sombrio parou bem próximo à ponta onde um rei gorducho, vestido de roxo, observava-o de olhos arregalados. Pôs as mãos para trás e esperou por uns instantes, queria ver se alguém falaria algo. Depois de segundos em silêncio, Simun, como era o anfitrião, resolveu se manifestar.

– O-O que faz aqui? – Gaguejou.

Zeenon começou a rodear a mesa. Andando vagarosamente, respondeu:

– Nunca fui convidado para essa reunião, então decidi me convidar a entrar e participar. – pôs as duas mãos ao ar, irônico – Afinal, também sou um rei, não é mesmo?

Terminou sua frase em um tom sarcástico, percebido por todos.

– Na verdade...

Ele continuava a andar pela sala, olhando cada um dos reis.

– Gostaria de aproveitar e... Passar algumas informações a vocês. Interessa a todos já que queriam dominar luz e trevas. – um sorriso de malícia surgiu nos lábios do rei, sabia que tinha pisado na ferida deles.

Assim que o guardião terminou sua fala, os únicos sons da sala eram da respiração ofegante de alguns dos reis. Os homens se entreolhavam, sentiam-se desnudos ao ouvirem seus planos pela boca do antigo alvo. O sentimento de “culpa” dominou a consciência dos ouvintes. Simun continuava de pé, as mãos apoiadas à mesa, a cabeça abaixada. Via seu suor caindo sobre o vidro vermelho do móvel. Sua fuga já deveria ter iniciado. Pensava se Zeenon estava ali pelo seu plano B. Mais um que falhava? Parecia tudo tão perfeito.

Faltava menos de uma hora para o evento estar completo.

– Saibam que Heimdall está bem e aquele ataque fútil de Simun de nada adiantou.

Zeenon parou bem ao lado do rei de Ezra e inclinou a cabeça para observá-lo melhor. De relance, observou a mesa – o suor do rei pingava sobre o vidro vermelho. Ele sabia que estava perdido.

– Nenhuma poção ou magia pode controlar criaturas elementares, meu servo me disse que você tinha o “Elixir”, que nunca foi testado. Suas pesquisas são totalmente falhas. – disse, sem o sorriso de antes – A magia “Hakai” nunca afetaria Heimdall por muito tempo, ele pode ser manso, mas sabe muito bem como se defender.

Apontou o dedo indicador para si mesmo e completou,

– Eu sei disso melhor do que qualquer um.

Em um ímpeto de coragem, Simun levantou a cabeça e virou-se para Zeenon.

Ficaram frente à frente.

– Aquelas criaturas deles são imprestáveis! – escancarou, petulante, como sempre. – Não servem para nada, nem só uma batalha! Sempre perdiam para meus soldados.

– Sabe que as auras deles não são para guerras. São filhos da harmonia do cosmo, suas missões são apenas de união – endireitou-se para observar melhor o inimigo.

Zeenon sabia muito bem o que falava. Em suas guerras, as criaturas de luz sempre ficavam em desvantagem perto da aura agressiva dos feiticeiros e das feras.

– Não interessa! – respondeu Simun, em um tom mais alto – Se eles têm magia, podem se defender!

Inclinou-se para Zeenon, as veias saltitantes em seu pescoço mostravam que o seu medo se transformava em raiva.

– Se não fossem os seus, eu teria dominado. – seus olhos caramelados brilhavam; iludidos.

Fixando seu olhar na expressão raivosa do homem, o guardião sorriu para Simun, guardava um destino especial somente para ele.

– Vocês... – encarou os reis sentados à mesa. – Fizeram muito bem em desistir de última hora.

Os cavalos da trupe de Heimdall depois partirem da tenda, atravessavam a cidade, rumo ao centro, onde parariam em bairro mais carente da cidade para a distribuição de roupas e alimentos aos cidadãos. Freyr ia à garupa do rei da luz, confortavelmente acomodado na sela do cavalo branco. O rei estava à frente dos outros, comandando o grupo. Passaram por ruas ornamentadas de balões e fitas brilhantes nos edifícios; marchas de bandas em desfile pelas ruas, espetáculos de teatro e danças nas praças, rodeados de espectadores. Galoparam bastante, até encontrarem o destino.

As crianças, usando roupinhas um pouco maltrapilhas, mas cuidadosamente decoradas, brincavam e corriam pela rua. Assim que visualizaram os cavalos entrando no local, saíram em disparada atrás deles. Os adultos dançavam em pares, sorriam e rodopiavam. Não vestiam roupas muito espalhafatosas e cheias de detalhes, apenas as vestes simples que podiam comprar. Mesmo sendo um bairro carente, a população tentou ornamenta-lo da melhor maneira que puderam, utilizaram fitas baratas e algumas luminárias coloridas penduradas nas janelas das casas baixas de pedra e madeira. Freyr observou aquele bairro e lembrava-se da sua antiga morada. Aquelas pessoas, as casas e crianças lembravam um pouco a simplicidade do bairro onde morou durante seus dezoito anos. Não sentia muitas saudades de lá.

Assim que eles se aproximaram um pouco mais da rua, junto às crianças, todos vieram cumprimentá-los exibindo sorrisos e honrarias. Alguns se curvavam em respeito ao rei, outros jogavam flores e confetes. Heimdall recebia tudo alegremente, sempre gostava mais da animação daquele povo que, apesar das dificuldades, encaravam tudo com muita força e perseverança, sem tirar a alegria da vida. Para o rei, era extremamente prazeroso entregar os utensílios e vê-los sorridentes, a ajuda sempre foi muito bem-vinda.

Instalaram-se à nova tenda, seres de luz já organizavam os utensílios a serem distribuídos. Antes de tudo estar pronto, as filas começavam a se organizar próximas à tenda e as pessoas arrumavam-se sem muita pressa.

Freyr olhou para o céu e notou as torres do castelo. Queria saber o que se passava por lá, seu desejo era estar ao lado de Zeenon e apoiá-lo, mas tudo o que poderia fazer era observar dali enquanto esperava acabar. A energia envolta da cidade crescia cada vez mais, a hora do perigeu se aproximava e seu amado deveria agir rapidamente.

Heimdall conferia a organização da tenda, mas não tinha muito com o que se preocupar, seus competentes companheiros arrumaram tudo cuidadosamente – alimentos estocados de um lado e roupas do outro, separadas por tamanho. Freyr aproximou-se dele, também observando o interior do local.

– Eles arrumaram tudo com muita prudência... – disse o garoto.

– Ah, sim! Sempre temos um cuidado especial pelo pessoal daqui... – o rei da luz se virou para o rapaz, sorrindo.

Os olhos azuis de Freyr encararam a cor cinza calma das íris do rei, não entendia tanta tranquilidade diante daquela situação extrema que a cidade estava mergulhada. Ao sentir as vibrações da aura do cunhado, Heimdall percebeu o quanto ele estava aflito.

– Freyr... – pousou sua mão no rosto do outro. – Está tudo bem, meu irmão vai agir logo.

– Eu sei, mas... – meneou a cabeça, apreensivo. – A energia da cidade... Está muito intensa... Como ele vai parar?

– Você acha que ele não é forte o suficiente para isso? – disse Heimdall, na tentativa de convencer o garoto de que Zeenon era capaz de deter toda aquela magia. Conhecia o potencial dele muito bem.

Sem conseguir nem um pouco de calma, Freyr meneou a cabeça, mais para afastar pensamentos ruins do que em resposta ao seu cunhado. Virou-se e voltou a olhar as torres do castelo. Queria ficar com os olhos grudados ali, até o fim da noite, e esperar a situação abrandar. Sabia que o seu rei era forte, mas temia pela intensidade da energia que rondava a cidade, sentia-a cada vez maior.

Não conseguiu mais prestar atenção na festa.

O ar continuava pesado na sala do alto da torre do castelo de Ezra. Os homens à mesa se entreolhavam, suavam e alguns tremiam desde que Zeenon entrou no local. Ainda não sabiam o propósito dele, mas tinham quase certeza que era por vingança e, em parte, estavam corretos. Erraram e muito, mas o seis reis dissidentes ficaram um pouco mais tranqüilos depois da última frase do rei sombrio. Apesar de ainda tremerem de medo, podiam ter alguma chance de sobreviver. Zeenon sentia uma enorme vontade de rir das expressões desesperadas dos homens. Mas precisava se concentrar em seu alvo, Simun, que parecia cada vez mais raivoso. Simun tinha certeza que não conseguiria deter Zeenon, mas podia lutar até o fim. Ainda restava a Superlua e sua magia. Talvez, o guardião não conseguisse deter sozinho a cruzada que projetou.

– Quer dizer... Fizeram bem e mal em desistirem. Mal, pois Simun não gostou nada disso. E bem, porque não viraram meus alvos.

Eles chiaram, sem entender as palavras de Zeenon. O rei de Ezra o encarou do outro lado da mesa, os olhos turvos, delirante de tamanha raiva.

– Como assim Simun não gostou? Ele acabou de nos dizer que não guardava rancores. – disse um dos reis, sentado próximo à Zeenon, questionava-o.

– E você acredita nele? – riu, falando em um tom irônico. – Como são tolos! Ele perdeu! Perdeu! Nem pode desfrutar dos poderes de Heimdall.

A fim de aumentar a tensão de Simun, o guardião devolveu seu olhar. Sorria, ardiloso.

– E o que faz aqui, se não é com você? – disse o rei de Ezra, inclinando-se.

O sorriso de Zeenon se apagou, e sua tez endureceu. O rosto do rei assumiu a perversidade de antes, quando travava batalhas contra Heimdall. Mas, naquele momento, usaria seu furor para defender seu amado irmão. Os olhos curvados brilhavam tais como diamantes em luz. Os punhos cerraram-se, prontos para matar o ser asqueroso que o encarava. A raiva que sentia por Simun conseguiu tirar dele sua pior índole.

– Você mexeu com meu irmão. – disse, com a voz severa.

– O que? Irmão? – disse Simun, arregalando seus olhos castanhos.

Simun lufou, soltando um ar quente pela boca. A expressão de raiva foi dominada pela surpresa ao ouvir aquilo. Não tinha ideia de que Zeenon era irmão de Heimdall. Em suas pesquisas eram relatados como inimigos ferrenhos que jamais ousariam se conciliar, porém nunca encontrou nada sobre o passado mais distante dos dois guardiões. Parecia absurdo escutar aquilo.

Os monarcas presentes também não conheciam aquela história, surpreenderam-se. Perguntavam uns aos outros sobre o que Zeenon dizia, e ninguém sabia alguma resposta concreta. Depois de respirar fundo, tomar o controle sobre si, Zeenon conseguiu voltar ao estado de antes, concentrado no plano. Esperou os reis digerirem suas afirmações. Após alguns instantes, estava pronto para executar sua parte final.

– Vocês realmente não sabem. Nosso passado quase foi perdido. Entretanto, não reservo um bom futuro a quem se atreve a machucar a minha família. – rodeou a mesa, em direção a Simun. – E não deixarei você destruir toda Vistorius, por uma vingança boba.

– Destruir Vistorius? – o rei gorducho, do outro lado da mesa, levantou-se como interlocutor da reação dos outros.

Zeenon observou a estátua e sua esfera, reluzia a luz da lua brilhante. Apontou o dedo indicador para o fundo da sala.

– Estão vendo aquela esfera ali?

Todos dirigiram sua atenção para o receptáculo, a não ser Simun, que encarava o vidro avermelhado da mesa oval.

– É um receptáculo. Pronto para receber uma cruzada. – Afirmou o rei.

– Simun... Você... Não acredito. – o interlocutor novamente representou os companheiros.

Os reis observaram Zeenon, os olhos arregalados, mais assustados que antes. Aquilo não poderia ser verdade. Apesar de terem abandonado o rei de Ezra, achavam-se corretos e prudentes, pois a consciência da perda abateu suas esperanças. Apenas Simun teimava em continuar naqueles planos. O monarca de Erza não aguentava mais ouvir tudo aquilo, estava desnudo, acabado, não tinha mais nada a perder.


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Notas finais do capítulo

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