The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



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A manhã estava fria nas mediações do reino de Ezra, com o cheirinho do inverno. Os tons de cinza claros inundavam aquela terra tomada pelo horror que se aproximava. Os rapazes estavam bastante agitados para o dia seguinte, afinal, um grande dia se aproximava. Tomaram café da manhã em meio a conversas e logo depois Andy e Loki chegaram prontos para agir. Trouxeram o dispositivo que deveriam usar no castelo e o ex-soldado já o dominava com bastante presteza. Não estava nervoso diante da iminência da situação, sequer pensava ser um traidor. Pelo contrário, estava orgulhoso de si mesmo, pois ajudaria a se vingar de Simun, não só pelos outros, mas, também, por tudo que o seu antigo e temido mestre lhe fez.

Preocupado, Freyr pensava seu treinamento. Não havia treinado antes, e refletia se aprenderia algum encantamento a tempo. Já utilizava sua aura, mas não sabia como formular encantamentos. Estava sentado em um dos banquinhos no meio do jardim do castelo, o pensamento longe, imerso na sua mente. De repente, sentiu duas mãos pesadas pousarem sobre os seus ombros, apesar de grande, demonstravam um pouco de delicadeza. Despertou de seus devaneios.

– Então, vamos aos treinamentos? – indagou o rei.

Zeenon surgiu à sua frente, exibia um belo sorriso no rosto.

– Amor... Será que eu consigo até amanhã? – sua voz estava carregada de arrependimento.

– Claro que sim... Por que não?

O guardião se acomodou ao seu lado, fitando-o com curiosidade.

– Você acha que eu consigo? – Freyr devolveu o olhar, esperançoso.

– Sua energia é muito poderosa... Dá para ver só pela intensidade da sua aura e como já utilizou. Em pouco tempo você conseguirá manipular um feitiço, você vai ver. Só precisa saber qual a palavra-mestra da sua magia.

Ficar tenso quando recebe seu poder era normal. O rei conhecia muito bem esse tipo de sentimento. Achar-se incapaz, ficar com medo daquela força estranha em seu corpo, ele já tinha passado por isso. Freyr só precisava de um pouco de prática.

– Venha, vamos sentar ali na grama. – levantou-se e estendeu a mão para o garoto.

– Que palavra é essa? – o jovem aceitou sua a proposta e o acompanhou até o meio do jardim.

Os dois se sentaram na grama, um em frente ao outro. Aquele ar puro e a energia boa do dia seriam perfeitos para o treinamento. Até aquele momento, a aura de Freyr não havia falado sobre nenhuma “palavra-mestra”, mas o garoto tinha consciência de que receberia ajuda daquela “entidade” que se comunicava com ele.

– A palavra-mestra é aquela que desperta o seu encantamento. Ela deve ser falada no final de cada feitiço. A dos seres de trevas é “inshtar” e dos de luz é “luzin”. Tente perguntar à sua aura. – Ele agarrou a mão de Freyr, queria sentir um pouco da força do seu companheiro.

A ansiedade do garoto passava ao perceber que tinha um mestre excelente à sua frente. Paciente, fechou os olhos e concentrou-se. No mesmo instante, sem ao menos ter tempo de perguntar, ele ouviu algo sussurrar em sua mente: “Rosen”.

– Rosen. – Freyr abriu os olhos e apertou as mãos de Zeenon.

– Isso, agora... O que deseja fazer? – indagou o guardião sombrio.

– Como?

Freyr pendeu a cabeça para o lado, não entendeu a pergunta..

– Como deseja utilizar o feitiço? Para quê? – tentou ser um pouco mais explicativo, com certeza ele entenderia melhor.

Enfim, o guardião dourado entendeu o propósito da pergunta... Ele deveria pensar qual o propósito de seu feitiço, antes de formulá-lo. Não havia pensado nisso, só queria aprender a utilizar magia. Pensou um pouco e lembrou-se do dia que foi curado por Heimdall. Ficou impressionado com o poder de cura do feitiço do guardião da luz e também queria usar sua magia para aquele propósito: ajudar as pessoas.

– Quero... curar. – disse, mais para si do que para seu companheiro.

Zeenon ouviu as palavras do companheiro e já imaginava que ele queria aquilo.

– Tudo bem. Então, tente formular um feitiço de cura no fundo da sua mente, com certeza sua aura vai te ajudar. Quando estiver pronto, recite.

Só precisava de tranquilidade e concentração. O ambiente estava perfeito e Zeenon ficou calado, apenas observando o progresso do seu companheiro. Freyr suspirou, e mergulhou em seus pensamentos, deveria formular de acordo com os atributos da sua magia. Não ouviu nenhum sussurro, nenhum conselho. Suspirou, pensando que nunca conseguiria. Então, as palavras que ouviu ao ter Mary em seus braços o inspiraram. Depois de meditar um pouco mais, decidiu que estava pronto.

Aureate, seu brilho flavo inundará esta alma e curará esta dor, Rosen!”

Voz estava firme e cheia de vida, as suas mãos começaram a brilhar em dourado vívido. Uma onda de energia rodeava o ambiente e Zeenon sentia o quanto seu companheiro era poderoso. Sorriu ao ver que a magia dele despertava forte. Freyr abriu os olhos e olhou encantando para a suas mãos, sentia emanar energia do seu corpo e rodear o ambiente com sua força serena.

Enquanto Zeenon segurava as mãos do rapaz, conseguiu sentir mais ainda do poder daquela aura dourada. Ficou ainda mais feliz ao observar os olhos azuis do menino brilharem de satisfação, o jovem era mais poderoso do que ele pensava, ficou impressionado com tamanha capacidade.

– A aura respondeu... Funciona. – O rei fitou-o, orgulhoso.

– Eu... Consegui! – disse, quase gritando.

Abraçou Zeenon com força, agradecendo-o por tê-lo ajudado.

– Muito obrigado, Zeenon! Nunca teria conseguido se não fosse você!

– Não, não... O esforço foi seu, eu apenas o guiei. – Zeenon o beijou levemente, estava contente por seu garoto. – Assim que você pegar a prática conseguirá diversos novos encantamentos... Vamos treinar todos os dias, tudo bem?

Ele assentiu com a cabeça, olhava o brilho das suas mãos desaparecerem lentamente, estava contente, com o primeiro encantamento que aprendia.

– Freyr... Por que você não tenta algo mais ofensivo? – disse Zeenon, animado com o poder do garoto.

– Ofensivo?

– Sim, alguma magia que você possa lutar contra alguém.

O jovem ficou um pouco confuso, não era seu objetivo utilizar a magia para batalhas, mas resolveu pensar no assunto. Fechou os olhos e voltou à meditação. Sua aura respondeu depois de alguns instantes: “Rosas são delicadas, mas seus espinhos podem ser perigosos e fazer alguém sangrar”. Era um sinal que ele poderia encontrar um encantamento de defesa para lutar. Só precisava saber qual o atributo usado para isso.

– Zeenon, eu não sou muito bom em lutas, mas minha aura me indicou que eu posso encontrar algum feitiço assim.... Mas, eu ainda não sei um atributo.

A expressão animada do rei transformou-se rapidamente em um jeito mais sisudo, o rei soltou as mãos do menino e pôs uma delas no queixo. Pensava no que poderia ser um artifício de defesa para o garoto. A aura dele era mansa, não tinha a agressividade dos seres das trevas, os quais conseguiam feitiços de defesa em poucos instantes. Então, lembrou-se do primeiro dia do garoto no Submundo, aquele halo dourado... Aquela força emanada por ele, parecia uma barreira defensiva. Poderia ser essa a resposta.

– Dourados... Os seus halos. Aquele halo dourado que envolve sua aura! Pode ser sua proteção, a defesa. – agarrou as mãos do menino novamente, sabia que ele deveria tentar.

Os halos que envolviam Freyr no dia em que ele estava a restaurar seu equilíbrio emocional despertavam certa curiosidade ao rei. Ele sentiu que aquilo como uma barreira algo que defendia de energias negativas. Freyr fechou os olhos e pôs-se a meditar.

Os portões do castelo se abriram lentamente e uma criatura de cabelos prateados, vestindo um sobretudo cor de creme com detalhes dourados, apareceu em seu cavalo branco, era Heimdall que já trazia novas informações para o seu irmão. Observou que Zeenon e seu companheiro estavam a treinar encantamentos e não notaram a sua chegada. Cavalgou pelo caminho estreito que levava à fachada do castelo e parou no meio do jardim. Desmontou do seu cavalo e resolveu observá-los de longe, silencioso. O guardião das trevas segurava as mãos de Freyr, enquanto este estava de olhos fechados, ainda sob meditação. Heimdall sentiu-se bastante contente ao ver que Freyr tinha mestre excelente como Zeenon, sabia que com aquela aura intensa e unindo a sua perseverança seria muito poderoso, até mais do que ele e seu irmão. Após alguns instantes observando os dois, percebeu que a aura do jovem começou a crescer gradativamente, ele balbuciava algo e um halo dourado tomava forma ao redor do corpo. O rei percebeu, então, que ele preparava algum feitiço de defesa, a aura tornava-se um pouco mais agressiva. Assemelhava à dos seres das trevas, era estranho.

Aquela barreira dourada, repentinamente, expandiu-se com tal velocidade e força que empurrou Zeenon de encontro aos muros do castelo, o rei voou, e chocou-se com violência contra a parede, formando um enorme buraco no local. Caiu ao chão, várias rochas cobriram o seu corpo. Heimdall sentiu um forte impacto no ambiente, assustou-se ao ouvir o estrondo da colisão do seu irmão contra a espessa parede que contornava o castelo. Correu, abismado com tamanha força.

Freyr finalmente pôde abrir os olhos, não tinha ideia do que acontecera ali. Estava tão absorto em sua aura que não ouviu e sentiu nada. Assim que viu o enorme buraco e o guardião da luz ajudando seu irmão a se levantar dos destroços, correu rapidamente até lá, um pouco confuso. Zeenon se levantou, estava intacto, sem arranhões, apesar do impacto. Vibrante, olhou para Freyr exibindo enorme sorriso no rosto, estava impressionado com tamanho poder.

– Quanto poder, Freyr! Parabéns! – Ele andou até o garoto e beijou sua testa.

– Isso foi... – Heimdall não sabia o que dizer, estava espantado e, ao mesmo tempo, adorou ver aquele poder imenso. Não conseguia explicar.

Encolhido nos braços de Zeenon, Freyr tremia bastante, sem conseguir falar absolutamente nada. Agarrou o casaco vermelho do rei e imagens de destruição perpassaram a sua mente. Sua aura não deveria ser tão ofensiva assim, não queria batalha. Sentiu-se como alguém perigoso que, a qualquer momento, poderia destruir tudo, se assim quisesse. O rei observou o semblante assustado do menino e estranhou a reação, mas depois percebeu que ele só ainda não estava acostumado com aquilo.

– Freyr, não fique assim. Daqui a algum tempo você se acostuma.

– Seu poder é incrível, menino. Sei como é esse tipo de situação, a magia às vezes assusta mesmo. – completou Heimdall, passando suas mãos suavemente pelos fios dourados do garoto.

– Eu não queria ter feito isso com você... – ele encarou Zeenon, os olhos marejados de lágrimas.

– Eu estou bem, Freyr. – a voz do rei soou doce, para confortar o menino.

Os outros rapazes que estavam dentro do castelo correram para os jardins ao sentirem o forte impulso da aura de Freyr chegar ao local. Olharam para o buraco na parede, depois para Freyr nos braços de Zeenon e para Heimdall a observar o estrago. Não entenderam muito bem a situação.

– O que aconteceu? – disse Loki, olhando curioso para o enorme buraco no muro.

– Um encantamento de defesa que o Freyr formulou... Veja o estrago que ele fez. – Zeenon apontou para a parede, ainda com seu companheiro agarrado ao corpo.

– Ele jogou Zeenon contra a parede. – explicou Heimdall, virando-se para os rapazes.

– O quê?! – disseram uníssono, de olhos arregalados, os quatro.

– Sim, eu vi. E com certeza o que eu senti aqui, foi bem mais forte do que vocês sentiram lá dentro, é muita força.

Eles se entreolharam sem reação. Nunca pensaram que algum dia alguém faria aquilo com Zeenon, dada a grande força de sua aura e suas habilidades em magia.

Alguém poderia superá-lo.

A tarde estava com um clima frio bastante ameno, e os rapazes se acomodaram na sala de estar do castelo para se deliciarem com um chá da tarde, preparado pelas criadas gêmeas do rei. Todos conversavam alto, sorrindo e brindando, estavam despreocupados, mesmo perto de um dia cheio de emoções. Freyr continuava calado, fitando o horizonte pela janela, parecia estar imerso em outro mundo, perdido na imensidão cinza do céu. Heimdall usou sua magia de restauração para consertar o muro, o que deixou o garoto um pouco mais calmo, mas ele permaneceu parado, com um ar pensativo, não deu uma palavra sequer enquanto os outros conversavam. Zeenon até tentava lhe dirigir a palavra algumas vezes, mas ele apenas mexia a cabeça e o olhava com certo pesar.

O guardião da luz resolveu interferir, ficou inquieto com a expressão do garoto e queria ajudá-lo. Como estava ao lado de Zeenon, chegou ao seu ouvido e, discretamente, disse:

– Tentarei falar com o ele... Está muito quieto... – Sussurrou.

– Eu iria tentar conversar à noite, mas pode ir, diga-me depois.

O rei da luz pediu licença e levantou, dirigindo-se a Freyr. Assim que abaixou ao seu lado, bem próximo aos ombros do garoto, cochichou:

– Posso falar com você um instante?

O garoto assentiu com a cabeça e se pôs rapidamente de pé, todos acompanharam os seus passos, os olhares preocupados, mas nada falaram. Os dois seguiram para fora da sala de estar, passaram para o jardim e dirigiram-se para o coreto de rosas vermelhas.

Freyr estava com o olhar distante, não queria conversar muito, sabia o que o outro iria dizer. Sentaram-se nos bancos, um frente ao outro, Heimdall pegou sua mão, em toda a delicadeza de seus gestos.

– Freyr, eu sei como é esse tipo de coisa... Está tudo bem, você vai conseguir controlar sua aura melhor. – Disse, com um ar brando na voz..

Freyr pensou por alguns instantes e suspirou, como se desse por vencido. Sabia que poderia controlar a sua aura, afinal, Zeenon estava disposto a ajudá-lo. Entretanto, estava amedrontado diante tamanho poder, se o rei fosse humano, estaria morto depois daquele impacto. Não queria machucar alguém com sua magia, queria fazer o bem.

– Eu tenho... Certo medo, Heimdall. – falou baixinho, mas o rei da luz conseguiu captar bem o que ele sentia.

– Deve ter medo de machucar, não é? Eu sei... Eu também já tive esse medo, porém, quando conseguimos controlar bem a nossa força, isso não é problema.

– Como... – sussurrou, sem esconder certo ar impressionado.

Heimdall tinha tal dom de adivinhar o que os outros estavam sentindo. Não era dotado da mesma capacidade de Freyr, que analisava os sentimentos das pessoas, mas conseguia perscrutar os corações apenas pelo olhar. Aquela característica sempre irritava um pouco seu irmão, ao mesmo tempo em que o impressionava bastante.

– Seu jeito inocente não nega, garoto. – os olhos prateados do rei brilhavam, trazia ainda mais beleza ao seu rosto.

Acariciou o rosto de Freyr, encarando-o com doçura.

– É que... Eu recebi esse poder tão de repente, não sabia que era isso tudo... – levantou-se e olhou as enormes torres do castelo, onde um bando de pássaros passava. – Só vim conhecer o poder verdadeiro do Zeenon agora, quando fui ao Submundo e o vi lutar contra o Loki.

– Meu irmão tem muita habilidade, sua aura tem um impulso bastante violento, como dos seres de trevas.

– Eu não quero que minha magia seja destrutiva como a dele. No final da batalha, ele destruiu um dos muros do Romany. Zeenon diz que minha aura é muito poderosa, mas quero usar meu poder para outras coisas... – olhou para Heimdall, os olhos fixos no rei da luz, estava determinado.

– Freyr... – Ele se levantou e pôs a mão no ombro do garoto. – Toda magia pode destruir...Você só tem usar da maneira certa. Na hora de se defender, quando for ajudar alguém, ou para benefício próprio... A aura dos seres de trevas que tem um impulso mais agressivo, mas eles fazem outras coisas com a magia.

A neve começou a cair no jardim, deixando o ambiente mais denso. Freyr percebeu que tinha algumas suposições erradas e estavam com certo peso em sua consciência. Precisava aprender muito ainda sobre os dois mundos: reino da luz e o das trevas. Tudo o que Zeenon contara durante aquelas tardes de conversas no outono era o mínimo sobre ele e seus seres. Freyr se apertou no seu casaco branco de lã, procurando algum abrigo.

– Tudo bem, eu espero receber sua ajuda também. – Abriu um breve sorriso, fitando o semblante calmo do guardião.

– Quando quiser pode ir até o meu reino. Posso te passar diversas técnicas... Você só vai ter que aprender a abrir o portal para o mundo humano e vir para cá.

– Por quê? – Franziu o cenho.

– Acredito que meu irmão voltará para o Submundo, consegui ver isso nos olhos dele no dia seguinte ao ataque de Simun, quando chegamos ao meu castelo. O modo como estava com seus feiticeiros, o carinho entre eles... Zeenon precisa voltar, pelo seu bem e de suas criaturas. – falava de um modo distante, reflexivo.

Apesar de querer seu irmão mais próximo de si, Heimdall entendia que ele tinha que voltar para o seu mundo e governar seu reino propriamente.

– Morar no Submundo... Deve ser bom! – disse Freyr, os olhos brilhando de animação.

O jovem começou a gostar da ideia, conviver com aquelas feras, dragões e tantas criaturas mágicas, deveria ser maravilhoso. Com certeza, ele conheceria as províncias do Submundo, que deveriam ter diversos lugares fantásticos. Zeenon apareceu de repente no jardim, vindo em direção ao coreto, queria ver se seu amado estava um pouco melhor, mas tinha certeza que Heimdall, com seu jeito paciente, conseguiria contornar a situação. Os guardiões estavam parados na frente da entrada do coreto, distraídos, observando a neve cair na grama fofa.

– Então... Será que os encantos do meu irmão te acalmaram? – aproximou-se dos dois, despertando-os.

– Ah... Estou bem sim, amor. – o garoto correu até Zeenon, e beijou-o levemente.

– Freyr é um garoto inteligente, entendeu bem o que eu quis passar para ele. Você tem sorte, irmão. – Heimdall desceu do coreto e andou até o rei e seu companheiro. – Tenho de ir... Mas, Zeenon preciso falar com você antes.. Na verdade, era meu objetivo ao vir para cá.

Percebendo que ficaria um pouco de fora da conversa, Freyr decidiu se retirar. Agradeceu educadamente ao rei da luz e deixou os guardiões elementares a sós no coreto. Eles se acomodaram no pequeno sítio no meio do jardim. Heimdall veio ao castelo somente para passar algumas notícias a Zeenon, mas depois de todo aquele acontecimento, não teve muito tempo de falar com seu irmão.

– Eu acho que descobri o porquê de todo esse plano do Simun... – o rei apertou a mão de Zeenon com força.

– Não é por vingança? Ele sabe que você preza bastante os cidadãos de Ezra. – O nobre rei das trevas estava convicto que os motivos de Simun eram por pura vingança e loucura...

– Acho que... Em partes. Há também a hipótese que disse antes. Acredito que ele só quer mostrar o seu poder aos reis que o abandonaram bem em cima da hora.

– Explique-me melhor irmão. – Disse, em um tom curioso.

– Lembra-se dos rumores que não seria apenas o reino de Ezra? Então, eram verdadeiros. Só que esses reis resolveram deixá-lo sozinho alguns dias antes do ataque. Os exércitos já estavam totalmente preparados e reunidos...

– Eu já sabia que não seria apenas ele... Mas... Por que será que... Faltando pouco tempo... E ele resolveu atacar sozinho? É louco...

Zeenon jamais havia visto alguém tão insano quanto Simun, os outros reis certamente eram mais prudentes.

– Parece que eles se reuniram por trás do rei de Ezra e decidiram tirar suas tropas de Vistorius. Não soube ao certo o porquê, mas dizem que eles repensaram bastante depois que viram o seu Midnight.

– Lembro-me de como eles correram... – Ele ainda se divertia ao se recordar da cena. – Mas, isso aconteceu a alguns meses antes do ataque...

– Eu sei, Simun os pressionou durante certo tempo, mas foi deixado para trás, poucos dias antes da sua investida... Ele ficou um pouco perdido, pois o Andy sumiu durante sua viagem e ninguém sabia o paradeiro dele. O rei atacou assim mesmo, pois já tinha a magia. Com certeza, ele pensa em fugir antes da lua completar o perigeu, o qual é o momento em que a energia estará no ápice e o ritual da cruzada estará completo.

– Esse maluco... Quer destruir e deixar tudo para trás. – os olhos de Zeenon ardiam de ódio.

O guardião da luz olhou-o sentindo enorme remorso por tê-lo impedido de agir antes. A situação não seria das melhores, mas já poderia ter resolvido tudo e a cidade não estaria na iminência de ser completamente destruída.

– Agora sim, podemos agir de verdade... – deslizou uma das mãos para o rosto do outro – Desculpe-me, irmão, se meus sentimentos pelos humanos te travaram antes...

Senti-se culpado, Heimdall observou, cabisbaixo, o seu irmão. Zeenon poderia ter agido antes se não tivesse feito vários pedidos de calma.

– Não, Heimdall, não precisa se desculpar... Isso até me deu um pouco mais de tempo para pensar melhor, está tudo bem. – Zeenon apertou a mão do seu irmão, passando-lhe confiança. – Como você conseguiu essas informações assim?

– Soldados nos contaram sobre os reis e a situação de Simun quando fora traído. Consegui deduzir na hora o propósito de Simun...

Heimdall tinha a confiança dos cidadãos de Vistorius, e qualquer informação que ele quisesse acerca da cidade ele conseguia. O rei da luz, como passava um bom tempo entre as camadas mais desfavorecidas da cidade, de onde saia a maior parte dos soldados, no meio de suas conversas com o povo conseguiu diversas informações sobre o rei de Ezra. Os soldados disseram sem muito medo, por estarem com raiva do rei depois da demissão, mas eles mal sabiam do risco que corriam...

A tarde já começava a ir embora e o rei da luz precisava voltar para o seu reino, não gostava de passar muito tempo longe dos seus súditos, ainda mais depois de todos aqueles ataques. Abraçou o seu irmão afavelmente, despedindo-se.

– Zeenon, amanhã nos veremos no castelo de Simun. Prometo, não vou te atrapalhar. – Ele sorriu de forma cordial.

– Tudo bem, e posso te pedir um favor?

– Claro, fale. – murmurou.

– Eu notei que Freyr estava com um grande desejo de ir também, mas... Não quero deixá-lo lá dentro do castelo... Você pode fazer companhia para ele, enquanto resolvo os assuntos com Simun?

Zeenon queria deixar o garoto em segurança, em algum caso de desordem. Mesmo que já tivesse uma aura poderosa, ele ainda não poderia se defender sozinho.Freyr ainda não estava preparado.

– Sim, posso ficar com ele. Ficará bem comigo. – assentiu, movimentando a cabeça.

Agradecido, o guardião das trevas beijou a testa do seu irmão e logo depois, os gêmeos saíram do coreto, e seguiram para o castelo. Heimdall despediu-se formalmente de todos e partiu rumo ao Endymion com seu belo cavalo branco.

Partiu pela floresta, refletindo sobre tudo o que aconteceu e claro – O que estava a acontecer. Sentia sua aura mais forte, tinha o amor de seu irmão de volta. Viu a ascensão de um novo e forte guardião. A floresta estava completamente invadida pela alvura da neve. Estava acostumado com a tranqüilidade da natureza, era estranho viver turbulências em pouco tempo. Mas, ele sabia bons tempos estavam por vir. Resolveu partir para seu reino cavalgando pela cidade, queria saber como estavam os níveis de energia na cidade. Estabilizou a aura e seus belos cabelos negros surgiram em meio à alvura da floresta. Entrou por um bairro silencioso e afastado, mas, dali já podia sentir um forte impacto de magia, estava próximo a um dos pontos do ritual, estavam mais fortes que antes. Seguiu pelos becos escuros do bairro, observou milhões de rostos cansados a voltarem do trabalho, crianças maltrapilhas, pessoas pobres, muitas delas ricas de espírito.

Chegou ao centro da cidade. As iluminações coloridas do festival invadiam Vistorius, luzes de todas as cores inundavam a capital de Ezra, deixando-a ainda mais bonita. No alto da torre do castelo, sentiu um impulso forte – era ali o ponto central, onde os raios cruzariam. Uma aflição começou a subir em seu corpo, tremeu dos pés a cabeça. Pensou em Zeenon, somente ele conseguia acalmar os seus medos. Seu irmão conseguiria contornar aquele problema, confiava em nele. Fielmente.

Cavalgou em direção a uma das sete saídas da cidade. Em todos os quatro pontos estratégicos sentiu a energia crescer, como se quisessem o atingir.

Sorriu, preparando-se para o dia seguinte.


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