The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Após o almoço no Darkvallum, o castelo exalava perfeita calma e tranquilidade. Zeenon pesquisava algumas magias e poções suas do Submundo sentado à mesa da biblioteca, Freyr ao seu lado, fascinado ao estudar as magias e atributos do mundo das sombras. Os olhos do menino brilhavam ao ver os círculos mágicos, os passos dos estranhos rituais e as receitas de poções, estava ansioso para aprender aquilo. Zeenon já havia lhe explicado que ele poderia utilizar magia das sombras, além dos atributos da sua aura instigante. Então, o jovem pedia insistentemente para ajudar Zeenon a usar magias, mas o rei negava, dizendo que ainda não estava preparado para manipulá-las. Afinal, Freyr acabou de receber a sua magia, precisava acostumar-se totalmente com sua aura e seus encantamentos, para depois aprender algo dos guardiões elementares.

– Por favor, amor... Eu quero muito aprender... Permita... – piscava seus belos olhos azuis, tentando convencer o rei do seu modo mais eficaz.

– Não adianta piscar seus olhinhos... – acariciou de leve os cabelos do outro. – Dessa vez não...

– Tudo bem – Convencido, Freyr levantou-se e foi procurar algum outro livro para se entreter.

De modo intenso, o rei começou a sentir uma aura aflita aproximar-se do seu castelo. Não podia mais se confundir, era Heimdall, que parecia vir a galope para o Darkvallum. Ele levantou a cabeça rapidamente, um tentando compreender as vibrações tensas da aura do seu irmão, parecia agoniado. O guardião sombrio fechou seu livro e, assim que levantou, uma de suas criadas apareceu na porta.

– Mestre, o Senhor Heimdall está na sala, à sua espera.

– Consigo sentir agora. Não está muito tranquilo, Zeenon. – Freyr seguiu o rei que já estava a caminho da porta da biblioteca. O rosto franzido, visivelmente preocupado.

Os companheiros guardiões desceram as escadas do Darkvallum rapidamente. Heimdall apareceu ofegante, vindo ao encontro dos dois. Os olhos prateados do rei estavam um pouco arregalados, e ele suava frio – não tinha boas notícias. Assim que alcançou o seu irmão, agarrou suas vestes, tentando recuperar o seu fôlego.

– Preciso falar com você urgentemente, meu irmão. – disse, voz estava entrecortada.

– O que houve, Heimdall? – segurou firmemente os ombros do outro.

– O Simun.. – o rei da luz ainda tentava recuperar o seu fôlego. – Ele...

– Está tramando algo novamente? – Disse Freyr, aproximando-se dos dois.

– Sim, e é algo bem maior, mas não é contra nós, envolve Vistorius. – afastou-se lentamente de Zeenon, seu corpo tremia, como se previsse algo ruim.

– Vistorius?! – o loiro aumentou o seu tom de voz. – Mas é a capital...

– Ele não hesitaria em fazer algo contra a cidade e seus cidadãos. – Zeenon interrompeu-o, o rei assumiu uma posição compenetrada em seu rosto, já imaginava o que Simun pretendia fazer.

– Zeenon... – Heimdall olhou-o com certa desesperança.

Depois da visita à capital, o rei começou a desconfiar dos planos do lunático humano assim que viu aquela situação peculiar no quartel do reino, era estranho demais para ele. Heimdall e suas criaturas tinham contatos com humanos, andavam pelas ruas de Vistorius. Nos bairros pobres, ajudavam os necessitados, assim, com certeza sabiam de tudo que se passava naquela cidade, até mesmo no mundo obscuro dos feiticeiros humanos e suas artimanhas. Simun não passava de mais um deles, e Zeenon sabia disso. Podiam ser perigosos e astutos, mas não com as criaturas elementares.

– Vamos ali até a sala de estar, você precisa se acalmar. – pegou delicadamente o braço do seu irmão, e puxou-o em direção a sala.

De maneira rápida, as criadas puseram uma mesa de chá no local, para acomodarem os reis. Os três sentaram-se à mesa, Freyr estava com seus olhares atentos presos em Heimdall, o qual pegou uma xícara de chá com as mãos ainda trêmulas. Aos poucos, o rei da luz sentiu uma emanação forte em sua direção – era o novo guardião que tentava acalmá-lo.

Zeenon afagou os cabelos prateados do seu irmão, contribuindo para sua calma.

– Obrigado pela força. – sorriu, recuperando-se.

– Então, Heimdall. Diga-nos.

– O Simun... Acredito que ele quer destruir Vistorius com uma “cruzada”. – Ele tomou um gole de chá.

Os olhos vermelhos do rei arregalaram-se por alguns segundos, mas logo depois, ele se lembrou da visita de Loki à “toca” de Simun. O ruivo encontrou um livro sobre cruzadas, mas o rei, apesar de saber da ousadia do feiticeiro humano, não pensou nessa possibilidade. Era uma estratégia boa e extremamente eficaz para destruir um lugar.

Loki viu um livro na toca... – disse, mais para si, do que para os outros.

– Cruzada...? – Freyr franziu o cenho, intrigado. Queria poder aprender mais sobre essas magias e técnica, pois às vezes sentia-se perdido.

– Ele colocará receptáculos de magia em pontos estratégicos da cidade e destruirá tudo de uma só vez. As fontes de energia “cruzam” entre si e causam danos irreparáveis... – explicou Heimdall, com ar pesaroso em sua voz.

O rei da luz pôs a xícara sobre a mesa e suspirou sentindo uma profunda tristeza em sua alma.

– Como... Vocês perceberam isso pela cidade? – Zeenon recuperou-se e assumiu uma posição concentrada.

– Esses dias, nós ficamos de olho nele, acho que você já imaginava isso. De dia à noite. Ele esteve em quatro pontos da cidade, pontos estratégicos, sempre carregando seu livro de magia. Agora à tarde, percebemos uma grande quantidade de energia nos arredores do castelo.

– Fomos lá pela manhã... Não sentimos absolutamente nada. – disse o guardião das sombras, coçou o queixo.

– Ele começou a operação no castelo só agora à tarde, se forem lá, com certeza irão sentir. Vim agora da cidade.

– Então... Simun... Não pensa no mal que isso pode... – o guardião loiro baixou a cabeça, entristecido.

Estranhas vibrações começaram a surgir na aura do garoto. Era maldade demais, não conseguia entender aquela destruição em massa. Pôs-se a refletir.

– Freyr... – Zeenon balançou a cabeça negativamente, consternado – Ele não se importa com as pessoas da cidade... Agora... Qual a finalidade dele? Não há por que ele querer destruir a capital do seu reino!

– Talvez... Por vingança? Ele não tem mais nada a perder mesmo... – comentou o rei da luz.

Heimdall olhou o horizonte da grande janela da sala, seus pensamentos longe dali.

– Ele sabe o quanto eu prezo as pessoas daquela cidade, pode também querer mostrar o quanto é poderoso para nós e os outros reis que o abandonaram... Há possibilidades...

– Vou continuar com meus planos, se tudo der certo, irei pará-lo de vez. Eu e os garotos fomos ao quartel hoje, estava totalmente vazio... Agora eu entendo, um reino destruído não precisará de mais soldados...

– Somente no castelo os soldados foram mantidos, e uma minoria das ruas. – o guardião da luz voltou-se aos dois. Estava mais calmo e pretendia ajudar o seu irmão. – Posso saber o que planeja...? Sinto que está ansioso e sei que é bastante inteligente para tal.

– Obrigada irmão, mas eu ainda não pensei em tudo... Só preciso que continue de guarda, e qualquer informação nova, avise-me.

Ainda não estava preparado para contar tudo ao seu irmão, apesar de ter todo plano em mente. Entretanto, sabia que Heimdall não acreditaria em sua resposta, tinha “sexto sentido” em captar o que lhe rodeava.

– Sei que o que diz não é verdade, mas vou fingir que acredito... – sorriu e agarrou a mão de seu irmão. – Freyr...

O jovem loiro, que estava imerso em sua aura, despertou ao ouvir o seu nome. Olhou os dois guardiões, os quais observavam sua concentração, curiosos. Balançou a cabeça de um lado a outro, tentado entender os olhares dos seus companheiros.

– Sim... O que houve?

– Onde estava? – disse Zeenon, em um tom divertido.

– Minha aura ditava algumas coisas para mim... Sobre essa situação. – pôs as duas mãos no peito, assim podia sentir mais o seu poder.

– O que ela disse? – Heimdall interessava-se pela aura de Freyr.

– Deve-se ter cautela, mas ela confia no enorme poder de vocês e que... Devem unir suas forças. Quer dizer, suas auras já estão em perfeita harmonia, entretanto é sempre bom estarem juntos em batalhas. – encarou o rosto dos dois guardiões.

– Tudo bem...

Inspirado pelas palavras do menino, Zeenon pegou a mão do seu irmão e apertou-a com força. Em harmonia, os reis podiam sentir toda a força um do outro, com apenas um toque.

– Estaremos sempre juntos de agora em diante.

Heimdall deixou um sorriso luminoso correr pelos seus lábios, sua felicidade irradiava-se pelo ambiente, aqueles momentos não poderiam ser melhores. Ter o amor de Zeenon de volta era sua maior alegria.

– Sim, Zeenon. Sempre.

Freyr sentiu um impulso forte em sua aura e, percebeu que ela havia ficado mais intensa. A relação dos dois guardiões afetava diretamente o seu poder. O sentimento entre eles crescia em uma velocidade impressionante.

– Tenho de ir. Preciso ver como está a situação no meu reino agora... –levantou e preparou-se para partir, sem cerimônias.

– Ah sim, mais informações, avise-nos. – Zeenon fez o mesmo, seguido de Freyr. – No último dia do festival de inverno já estará tudo pronto, poderei agir.

– É bom ver os dois cooperando. – comentou o garoto, sorridente.

O guardião loiro observou os dois irmãos, sentindo-se feliz pela união deles e poder ver aquilo de perto, sentir tudo refletir em sua aura.

– Sim, meu jovem. Essa felicidade está dominando minha aura. – o rei da luz retribuiu o sorriso, um pouco acanhado.

– Estou sentindo você cada vez mais, Heimdall. É verdade.

O guardião das trevas pegou levemente a cabeça do seu irmão, com uma das mãos, e beijou-a delicadamente.

Acompanharam o rei da luz até a sua saída, cumprimentaram-se e logo ele já estava a caminho do Endymion.

A situação apenas piorava na cidade de Vistorius. Simun já organizava seus planos e estava próximo massacre. O rei e, também feiticeiro humano, não tinha piedade dos seus súditos e, aquele plano parecia mais uma birra do que vingança. Zeenon estava atento, pronto, faria aquilo pelo povo e por seu irmão. Achava estranho, pois estava protegendo humanos, aqueles que o levaram à ruína. O nobre rei acreditava que seu plano não poderia ser mais poderoso, era uma jogada que Simun não teria como escapar. Saber da cruzada não o amedrontava, pelo contrário, apenas o deixava mais confiante para enfrentar o rei de Ezra. Sua aura vibrava de tamanha confiança. E, ele estava certo, antes não tivera tempo de agir, não tinha como atacá-lo apenas com os rumores de ameaças.

Durante o jantar, o rei permanecia calado. Pensava nas estruturas do castelo e como Andy e seus dragões poderiam parar seus soldados, assim, ele pegaria Simun de jeito. Precisava da sua astúcia, pois Simun, apesar de ser um mero humano, já conseguira afetar o Heimdall com sua magia “Hakai”. As sombras cairiam sobre o semblante do humano que teimou mexer com seres elementares.

Freyr foi o primeiro a perceber a quietude do rei, ele era sempre tão comunicativo.

– Zeenon, há algum problema? – indagou.

Como se acordasse de repente de um sono leve, Zeenon balançou a cabeça, piscando os seus belos olhos vermelhos.

– Nada... Eu só estava meditando um pouco.

– Papai está concentrado. – Mark sorriu, presumindo os pensamentos do pai.

– Pensando na batalha... – os dragões, celeste e das sombras, conheciam esta expressão do rei.

– Vocês adivinham bem os meus pensamentos, não é? Assemelha-se àquelas feiticeiras que leem mentes. – disse Zeenon, divertindo-se com as adivinhações dos rapazes.

– É meio evidente, não? – Mark sorriu e tomou um gole de vinho.

Os rapazes riram juntos, falavam, animados, sobre tudo que estava para acontecer. Freyr ficou um pouco curioso para saber se poderia participar, mas sentia receio em perguntar ao rei se poderia, pelo menos, assistir tudo. Afinal, já tinha magia e era um ser imortal, não existiria perigo algum.

– Zeenon, eu poderei ver? – Perguntou Freyr.

– Hm... – Zeenon coçou o queixo, ainda não tinha pensado algo para o garoto. – Acredito que seja bom você ficar próximo de lá, caso haja feridos, mas teremos cuidado com isso.

– Sério?! – o rosto do jovem iluminou-se de tamanha alegria.

– Sim... Sim... Mas não pense que ficará lá por dentro do castelo... É melhor que fique pelos arredores. Você ainda não está muito preparado.

O rei acariciou os cabelos loiros do jovem, e percebeu a alegria dele ao ter a sua aprovação.

– Certo! Amanhã quero treinar alguns encantamentos, você pode me ajudar, Zeenon?

– Claro que sim. Faremos uma reunião com Loki e os meninos, fique conosco.

– Tudo bem, eu ficarei com vocês. – Freyr já estava animado, faria o melhor que pudesse para ajudar.

Depois de se deliciarem com a ceia das feiticeiras, os rapazes reuniram-se na sala de estar do castelo, a fim de conversarem com Andy e Loki. Os companheiros chegaram exalando segurança por seus poros, prontos para servirem ao seu mestre. Andy passou toda a tarde preparando-se para ajudar o rei, o rapaz aprendeu muitas coisas sobre a arma que precisaria usar, Loki era um ótimo professor. O feiticeiro ruivo ficara impressionado com a facilidade com que Andy aprendia e assimilava as informações que recebia, o rapaz tinha um aspecto rude, mas era o completo oposto disso.

Com um bom vinho tinto sobre a mesa, e sentados em círculo numa saleta reservado do castelo, iluminada pela lua, os feiticeiros passaram a noite inteira planejando detalhe por detalhe o que iriam fazer. Freyr, como estava em um plano secundário, apenas escutava seus companheiros discutirem os planos e dava suas opiniões assim que podia. Ficava feliz em ver seu rei ativo e cheio de energia, ele comandava a reunião e dava seu veredicto em todos os detalhes. Mark e Link estavam felizes em suas novas posições, já que atacar o quartel seria inútil sem soldados. Depois de acertado todos os pormenores, o rei se levantou, espreguiçando-se.

– Então, tudo combinado para depois de amanhã? – Sorriu, observando os rapazes.

– Sim, senhor! – Responderam uníssono.

Loki se levantou, apoiando-se sobre o ombro do seu companheiro, Andy.

– Vamos, Andy?

O rapaz rapidamente pôs-se de pé.

– Vamos, sim... Estou um pouco cansado. – Andy flexionou os seus membros. Realmente estava cansado depois da tarde de treinamentos.

Mark e Link se entreolharam e abriram um sorriso debochado, pronto para fazerem lançarem suas ironias. Sabiam que Loki sempre levava tudo a sério, e esse era o melhor tom da brincadeira. Uma coisa que adoravam fazer era brincar com Loki, e agora acharam mais uma vítima, Andy.

– Loki, o que você fez assim com o Andy? – Link segurava-se para não rir mais.

– Sei que você é rígido, mas pega mais leve com o rapaz, hein. – disse Mark, continuando a brincadeira.

Loki já estava de costas, pronto para sair da saleta. Quando ouviu as brincadeiras dos meninos, virou-se observando os dragões com um olhar efervescente. Suas esferas douradas brilhavam.

– Comigo, vocês não têm vez. – apertou os olhos, encarando-os.

Zeenon sorriu e decidiu interferir, antes que aquilo acabasse em uma batalha de gigantes.

– Garotos deixem os dois em paz, ok? – Aproximou-se de Loki, pôs uma mão em seu ombro, disse – Amanhã, vocês dois dormem aqui, vou pedir que separem o aposento.

– Sim, Zeenon. – Concordou, fazendo um sinal com a cabeça. Ele segurou a mão de Andy e, continuou – Tenham uma boa noite, até amanhã.

– Boa noite, pessoal. – Andy apressou-se a sair da sala, levando Loki consigo.

A lua já estava alta no céu, aproximava-se do perigeu, época em que o astro está mais próximo e, assim, irradia bastante de sua energia cósmica para a Terra. Era perfeito para uma cruzada, perfeita para aumentar os níveis de magia, principalmente dos guardiões. O plano de Simun parecia “perfeito”. Enroscado em um robe felpudo, Freyr foi até a sacada do aposento do seu companheiro e admirou o céu; sentiu que sua aura estava ficando mais forte aos poucos, crescia naturalmente. Zeenon encostou-se na porta, e também olhou para cima, observando a beleza da grande lua.

– Ela é ótima para aumentar o poder da aura... – Comentou Zeenon.

– A lua? – Indagou, virando-se para o rei.

O rei aproximou-se do jovem e o abraçou por trás, apertando-o em seus braços quentes. O seu roupão negro, entreaberto, fez com que Freyr automaticamente encostasse a cabeça no seu peito.

– Sim... A energia que ela transmite para cá, mexe com nossas auras, e qualquer ritual de magia que queiram fazer, aumenta o poder. – beijou os fios dourados do garoto, com leveza.

– É uma sensação tão boa sentir uma força aqui dentro do meu corpo...

O jovem fechou os olhos, sentindo aquela força estranha agindo sobre o seu corpo. Aquilo lhe dava mais vivacidade, deixava-o mais tranquilo.

– Também acho... Mas a sua aura tem algo mais especial.

O rei intrigava-se com a aura desigual de Freyr. Era algo que nunca visto entre as criaturas elementares. Quando era mais novo, imaginava que sua aura seria como a de Freyr, algo que lhe daria poder e que também o aconselharia, mas decepcionou-se quando recebeu os seus poderes. Entretanto, teve sorte em ter os seus feiticeiros tão prestativos ao seu lado.

– Amor... – A voz de Freyr estava abafada pelo roupão negro do rei. – Eu espero que tudo isso acabe logo, mas... Sem mortes e alardes.

Se pudesse, resolveria os impasses apenas com palavras, acordos. Mas, Freyr, sabia que não era bem assim que funcionava.

– Freyr... Não adianta. Simun que cavou sua própria cova. – olhou o garoto, firme. – Desde o início, com certeza ele sabia que suas jogadas eram perigosas. Deixar Heimdall enfraquecido, tentar dominar os seres de luz, era inútil. Nós, seres elementares estamos acima de humanos, em questão de poder e força. – Zeenon foi contundente.

– Não consigo me conformar com isso... Porém, eu respeitarei você.

Ele se afastou de Zeenon alguns centímetros, fitando-o, decidido.

O rei não mudaria de posição, sabia que aquele maldito homem merecia e Freyr estava um pouco assustado com a ideia de “morte”. Entretanto, Zeenon já estava acostumado com aquele tipo de situação, não teria dó.

– Simun é medíocre. Não tenho e nunca terei piedade de humanos como ele. – Seus olhos vermelhos estavam frios, assim com o tom de sua voz.

– Eu sei, mas até mesmo o pior dos homens merece um pouco de compaixão. – Disse o garoto loiro, em um tom mais alto que o normal, esperançoso.

– Ele não tem piedade das pessoas da sua cidade.

O rei arqueou as sobrancelhas, ainda em um tom sério. Freyr baixou a cabeça e não soube mais o que dizer. Tinha consciência que Zeenon não mudaria de ideia, e não havia mais como contra argumentar com aquelas últimas palavras do rei. Ele apenas se afastou, indo para a cama, deu boa noite ao seu companheiro e foi se deitar. Zeenon continuou acordado durante boa parte da noite. Não pensou em alternativas, fincou-se em sua decisão. Simun queria dizimar uma cidade inteira apenas por vingança e não pensava em mais ninguém. Era um homem frio e esdrúxulo.

Não merecia nem uma gota de pena da sua parte.

Pela manhã, Freyr acordou indisposto, como se não tivesse dormido o suficiente. Estava preocupado com o dia seguinte e tudo o que aconteceria na cidade. Seria um grande abalo no reino. Zeenon dormia tranquilamente ao seu lado, espojado na cama. O garoto percebeu que ele estava completamente despido, como gostava de dormir. Os cabelos negros desciam por seu tórax nu, o corpo parcialmente descoberto. Era uma cena extremamente deliciosa de se ver, mas o guardião dourado ainda estava um pouco triste com a noite anterior. Freyr alisou seu rosto, pensou nos olhos vermelhos frios da noite passada, tinha que se acostumar com aquele jeito do rei. Abaixou-se lentamente e beijou-lhe a face. Sentindo a intensidade da aura do menino, o guardião começou a despertar e viu Freyr encostado nas almofadas da cama, observando seu semblante com ternura. Movimentando-se rápido, jogou-se sobre ele, o loiro olhou-o assustado, sem entender por que Zeenon fez aquilo tão repentinamente.

– Ontem você sequer me deu um beijo de boa noite. – devolveu um olhar penetrante ao jovem.

– Desculpe-me... Eu... Estava um pouco cansado. – desviou o olhar, não gostava de mentir, raras vezes fazia isso.

– Eu sei que você ficou abalado com o que eu disse ontem. – Zeenon beijou-o de leve. – Perdoe-me, Freyr, eu sou assim.

– Entendo... É que... – Disse Freyr, quase sussurrando.

O garoto agarrou a cintura do rei, deixou seu corpo ainda mais próximo dele.

– Você fica assustado, não é?

– Acho que sim... Não gosto desse jeito.

Zeenon sabia que o garoto era cheio de candura em alguns aspectos, mas precisava despertá-lo.

– Quando você era humano, Simun não hesitaria em te sequestrar ou matar para obter o meu poder. Ele é assim, meu amor. Pare de se preocupar com isso. – acariciou lentamente o rosto do namorado.

Freyr apertou os olhos ligeiramente. Começou a soluçar, como se fosse chorar a qualquer momento, mas a única coisa que consegui fazer foi jogar-se nos braços do rei e agarrá-lo com força. O rei respondeu o abraço, envolvendo o garoto em seus braços quentes, beijava o pescoço dele com delicadeza, sabia que desistiria daquela ideia alguma hora. Acomodando-se nas almofadas, Zeenon deixou que Freyr deitasse sobre o seu peitoral, onde ele se sentia protegido.

– Eu prometo que não tocarei mais nesse assunto. – Sussurrou.

– Tudo bem, isso tudo morre aqui. Não quero que você fique ocupando sua mente com aquele desgraçado... – suspirou, aliviado com a decisão do companheiro.

Sem muita pressa, Freyr levantou a cabeça e fitou o rei, pensava em algum jeito de agradecê-lo por ter despertado sua consciência, tinha certeza que sua convivência com ele lhe traria muito mais aprendizado sobre o mundo. Começou a agachar-se lentamente e encostou os lábios nos de Zeenon e beijou-o suavemente. Gostava da ideia de iniciar as investidas, mas ainda era inexperiente.

Sem intimidações, o guardião sombrio trouxe-o mais para perto e começou a deslizar suas mãos pelo corpo do garoto, Freyr adorava os toques sagazes do seu companheiro e Zeenon sabia muito bem disso. A cada instante, os dois deixavam o beijo mais ardente, o garoto também aprendeu a acariciar seu parceiro enquanto beijavam-se, fazia aquilo como se não estivesse se controlando. Os lábios ágeis e suaves do loiro deslizaram pela pele alva e macia do rei, alcançando o seu pescoço, passava por cada ponto que encontrava ali. Zeenon ergueu sua cabeça, dando mais espaço para o jovem explorar aquela região, gostava quando ele investia daquela forma, mas no momento não poderia avançar muito. Freyr subiu novamente, beijou-o por mais alguns instantes e mordiscou o lábio inferior do rei, olhando-o de forma atraente. Assim que terminou, voltou a deitar-se onde estava, aconchegando-se nos braços do seu companheiro.

– Continue assim, garoto. – disse o guardião, satisfeito.

– Se quiser mais, pode me pedir. – sorriu e aspirou o perfume que sentia no pescoço de Zeenon, ele tinha um cheiro maravilhoso, natural ao seu corpo.

– Não me provoque... – Zeenon sorriu maliciosamente.

O rei começou a fazer cócegas em todo o corpo de Freyr, o garoto riu entusiasmado com a brincadeira do seu parceiro. Conseguiu acabar a tensão de antes. Depois de alguns instantes, conseguiu contê-lo. Estava vermelho de tanto rir.

– Precisamos fazer muitas coisas hoje... Se quiser namorar um pouco, só mais tarde, tudo bem? – Piscou para o garoto, sorrindo.

– Sim, sim... Tudo bem. – concordou, sorridente.

Era um dia antes do desfecho e, precisavam de muita concentração. Era final do festival de inverno e, as batalhas começam a chegar ao fim. Ou desejam ser assim.


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