The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais do que especial! Por isso, as quase 5000 palavras (acho que é o maior capítulo que já fiz... )



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Aos poucos o céu avermelhado do Submundo, transformou-se em um violeta escuro e violento: era o começo da noite na terra dos feiticeiros. Zeenon, Freyr e os dragões gastaram a tarde com passeios pelo grande castelo Yamisin e agora preparavam-se para a festa no templo. Os feiticeiros sabiam muito bem como organizar uma festa, certamente, teriam uma noite agitada.

O rei já estava quase pronto, usava uma de suas peças favoritas, confeccionadas pelos seus próprios feiticeiros. Era um casaco negro de tecido pesado, que fechava até o seu pescoço, ornado de botões de metal e ombreiras prateadas com correntes que desciam por seus braços. Vestiu rapidamente sua calça e calçou as botas negras, como de costume.

Quando chegou ao banheiro, a fim de perfuma-se, encontrou Freyr em frente à bancada, olhando-se no espelho, enquanto penteava os cabelos delicadamente. Uma trança lateral surgia em seus longos fios dourados.

A fim de dar-lhe um pequeno susto, o rei espreitou até ele e cheirou o seu pescoço. O plano deu certo. Freyr saltou rapidamente, ao perceber a chegada repentina do rei. Sempre gostava de lhe pregar peças.

– Que susto! Você parece um gato arisco.

– Como você está bonito... Amei seu cabelo assim.... – pegou parte da trança, esta terminava na cintura do garoto;

– Acho que estou pronto. – terminou de amarrar seu simples sobretudo branco de botões prateados.

Elegante, Freyr virou-se para o namorado e juntou as duas mãos para frente. Alguns fios soltos do seu cabelo percorriam os ombros, o colar de rubi destacava-se em sua roupa e, seu semblante iluminava-se de um belo sorriso. Porém, Zeenon sentiu falta de algo mais em seu visual.

– Não... Falta algo...

Andou até o quarto de vestiário e em uma de suas gavetas, um adorno de orelha cravejado de diamantes brilhava intensamente... Tinha o formato pontudo da asa de um dragão.

Voltou ao banheiro e entregou-o a Freyr.

– Acho que vai ficar bonito em sua orelha pequena...

O jovem pegou o objeto, cuidadoso, e analisou-o. Era totalmente cravado de pequenos diamantes incolores, nunca tinha visto peça tão bonita. Ele pôs com cuidado sobre sua orelha e, depois observou-se no espelho.

– Como é lindo...

Zeenon pegou um do frascos seus perfumes e borrifou um pouco no pescoço. Finalmente, pegou a mão de Freyr, pronto para partir.

– Agora sim... Vamos?

Desceram para o grande pátio do Yamisin, onde os garotos dragões já estavam sentados nos bancos da fonte, esperando-os. Mark, quando viu o lindo acessório que Freyr usava, levantou-se e foi ao seu encontro, estava encantado com o adorno que Freyr usava na orelha.

– Que joia linda! É tão brilhante! – Aproximou-se mais do jovem, para ver o objeto de perto.

– Verdade... Foi o Zeenon que me deu para usar.

– É seu... Pode ficar. – disse, acariciando os fios dourados do jovem.

– Onde você conseguiu pai?

Link também se levantou e aproximou-se do grupo.

– Comprei faz algum tempo, não me lembro onde... Acho que foi em uma viagem. – coçou o queixo, tentava se lembrar o local onde comprara o objeto.

– Já estão prontos?

Elegantes, Loki e Andy chegaram vestidos de fraque preto de veludo, prontos para a comemoração. Assim, que avistou o feiticeiro, o guardião sombrio sorriu para ele, levantando uma das sobrancelhas.

– Tudo certo, mestre. Fiz o combinado.

– Okay, podemos partir então...

– Eu e Andy vamos antes, para anunciar a sua chegada.

Loki segurou o braço do seu companheiro e, eles desapareceram em sombras. Zeenon e os meninos foram para os jardins do castelo e lá, transformaram-se.

Freyr sempre ficava impressionado com a beleza dos três, escalou até a cabeça do grande Dragão da Meia-noite e segurou-se em seus chifres. Os dragões levantaram voo e mergulharam nos céus violeta do Submundo. Atento, o jovem guardião pôde contemplar toda a beleza das florestas altas e das grandes montanhas enevoadas de Inshtarheim.

Em um amplo espaço aberto, no meio de uma floresta, Freyr avistou vários feiticeiros com longas capas dançando em volta de uma grande fogueira azul. Estavam na Square Iron. Eles rodopiavam, pulavam e batiam palmas, totalmente harmoniosos e animados, enquanto alguns outros os assistiam. No local havia o grande templo retangular, o qual Zeenon citou. O espaço era rodeado por árvores vermelhas iluminadas por diversas cores, recordou-se das comemorações de fim de ano do reino.

O grupo pousou ainda dentro da floresta, próximo ao campo; uma bela trilha de arbustos iluminados os esperava. Os rapazes a seguiram e, quando chegaram ao templo, os feiticeiros vieram ao encontro dele e dançaram em volta do grupo. Depois de alguns passos e aplausos, os alegres dançarinos se afastaram e voltaram para frente da fogueira, posicionando-se eretos. Duas feiticeiras emergiram do fogo azul, com seus cabelos de um ciano flamejante e aproximaram-se à frente de Zeenon e Link, que havia se posicionado ao lado do seu pai. As duas pararam e curvaram-se em respeito. Assim que se levantaram, em suas mãos, apareceram coroas negras, ornadas de diamantes escarlates. A bela feiticeira que segurava a coroa maior aproximou-se de Zeenon e, com cuidado, pôs a peça sobre sua cabeça e afastou-se lentamente. A outra, a qual portava a coroa menor, fez o mesmo gesto, pondo a coroa em Link. Freyr observava a cena, encantado com todo o respeito que os seres das trevas demonstravam ter pelo seu amado rei, eram disciplinados e amorosos.

A chama azul aos poucos desapareceu e revelou o grande pátio aberto que era o templo. Ao Fundo, um pouco coberto por cortinas, a cabeça de um enorme dragão negro portador de chifres, destacava-se no pátio iluminado, e na sua enorme bocarra, havia a passagem para uma saleta, a qual estava encoberta por cortinas. Zeenon olhou para Freyr, que estava boquiaberto observando o grande pátio. O rei envolveu seu braço nos ombros do jovem.

– Gostou? Essa escultura do meu Dragão foi construída recentemente.

– É tão linda... – desviou o olhar para Zeenon e analisou a coroa de diamantes, ela brilhava sobre os cabelos negros do rei. – Sua coroa... Também é muito bonita.

– Faz tempo que eu não uso. Faz tempo que não estou tão perto do meu mundo.

A mãos do rei pousaram levemente sobre a coroa. Fechou os olhos, sentia-se feliz, agora voltou para ficar.

– Pai, essa coroa se ajusta perfeitamente em você. – Mark se aproximou dos dois, contente.

– Ela foi feita para ele! Assim como a minha foi feita para mim.

Link piscou para o dragão celeste, gabando-se da sua coroa.

– Parece que há algo para vocês dois também.

Sorridente, Zeenon observou Loki chegar com uma pequena caixa de madeira nas mãos.

– Os companheiros da realeza também devem ser prestigiados.

Estampando um belo sorriso no rosto, Loki abriu a caixa e revelou as duas insígnias douradas que estavam dentro da caixa. Zeenon pegou uma das insígnias e pregou na roupa de Freyr. Sem saber reagir a tamanha honra, apenas sorriu e observou, admirado, o pequeno cordão formado por cinco símbolos dourados, os quais não conseguiu identificar. O rei pegou a outra insígnia e pôs na roupa de Mark, alegre, o jovem dragão disse:

– Ah! Faz tempo que não uso a minha! – aproximou-se de Freyr e indicou os símbolos. – São os 5 lemas primordiais do Submundo. Magia, representado pelo fogo; Força, com a cabeça de dragão; astúcia, pelo corvo; ferocidade, por duas presas de tigre e união pelas duas espadas cruzadas. São lindos, não é?

– Verdade... – disse, vislumbrado

Delicado, o jovem ajeitou a insígnia na roupa e olhou encantado para o seu amado rei. Sentia-se acolhido pelas criaturas das trevas, nunca pensou que seria tão bem recebido.

Mark e Freyr dirigiram-se aos seus companheiros, e acomodaram-se nos braços deles. Em seguida, eles foram para o grande salão aberto que era o templo e lá, seus lugares já estavam reservados, na larga mesa que se estendia por quase todo o comprimento do templo, recheada de iguarias. Freyr permanecia atento ao fundo do local, tentava fixar seu olhar no grande trono de Zeenon, mas as cortinas que o cobriam atrapalhavam sua visão.

Zeenon despertou o jovem distraído soprando em seu rosto. Assustado, Freyr se recompôs. Baixou seus olhos, arrependido pela desatenção.

– Desculpe, amor. Você estava me chamou?

– Não... Só queria te trazer de voltar para cá.

O rapaz desviou o olhar novamente para o trono. Estava curioso para ver o que tinha ali. Zeenon percebeu a curiosidade do garoto, então pegou sua mão e pôs a frente dele.

– Você quer ver meu trono?

– Ér... Parece ser bem bonito. – murmurou.

– Então vamos lá!

E, assim, puxou a mão do rapaz, arrastando-o para as escadas de mármore que levavam ao seu trono. Eles subiram os degraus firmes e atravessaram o salão até chegarem às cortinas que encobriam o trono. Freyr deu um passo à frente e inclinou-se, tentando visualizar mais do local. Apenas via a grande cabeça do dragão, acima. Vendo a hesitação do jovem, Zeenon agarrou a cintura do garoto e levou-o para dentro das cortinas.

O lugar era iluminado por castiçais e velas roxas por todos os lados, parecia um altar para veneração de alguma entidade. Acima, moldados na parede, os 5 símbolos primordiais do Submundo. O tapete estirado cor de ametista levava ao trono totalmente prata, de assento violeta escuro. O guardião sombrio seguiu até o seu trono e pôs, cuidadosamente, a coroa negra na pequena mesinha, em cima de uma almofada. Freyr ficou parado à frente da saleta, ainda observava os detalhes do local.

– Freyr! Venha aqui. – com uma das mãos, fez um sinal chamando o garoto.

Obediente, o loiro seguiu para o trono e analisou-o mais de perto. Era totalmente esculpido e belo. Brilhava intensamente ao receber a luz fraca das velas. As mãos do rei, alcançaram os fios dourados de Freyr. Acariciava-o, contente por tê-lo ali, em seu mundo. Tão próximo de tudo que mais amava.

– Sente-se aí.

O menino assustou-se com o pedido do rei, apesar de ser tentador. Acanhado, respondeu:

– Não... É seu trono, eu não devo...

– Vá, sente-se. É uma ordem. – sorriu para ele.

Mesmo tímido, Freyr virou e sentou-se no assento. Sentiu a maciez do veludo e, em instantes sentia-se confortável. Porém, aos poucos sentiu emanar uma grande quantidade de energia daquele trono, parecia sentir todo o poder de Inshtarheim ali. Virou a cabeça para um lado e outro, tentava entender de onde vinha tamanhas emanações. Estava pouco atordoado com a enorme quantidade de poder que sentia. Zeenon, ao perceber a perturbação do jovem. Perguntou-o:

– Algum problema, meu amor?

– Tem uma enorme quantidade de poder aqui.... O que é? – fitou o namorado, sério.

– Você também sente? – franziu o cenho, estranhando. – Aqui... Esse lugar... É como se fosse o ponto onde se concentra todo o nosso poder. Por isso o templo foi construído aqui. Você está sentindo crescer aos poucos, não é?

– Sim...Incrível!

Passaram mais alguns instantes sentindo toda a energia do Submundo, até que Freyr sentiu falta da movimentação do Templo. Levantou-se e pediu,

– Vamos voltar? A festa parece boa...

– Tudo bem... Vamos.

Antes que pudessem sair da saleta, Loki apareceu na fresta da cortina, parecia procurar alguém. Quando avistou Zeenon e Freyr perto do trono, recuou.

– Ah... Vim ver quem estava aqui. Desculpe, Senhor...

Sem cerimônias, Zeenon protestou,

– Não há problemas, Loki. Venha...

O rei fez um sinal para que o seu fiel servo entrasse no local, já sabia o que ele procurava. O feiticeiro ruivo alcançou-os e encarou o rei com suas esferas douradas.

– Podemos conversar por alguns instantes, não demorarei muito. –voz estava na mesma suavidade de sempre, só que um pouco mais eloquente.

– Tudo bem. – Assentiu com a cabeça.

– Estou indo para lá. Vemo-nos daqui a pouco, então. – disse o menino, já se dirigindo a fresta na entrada.

Como já sabia do que se tratava, Freyr resolveu dar privacidade aos dois amigos. Seguiu para o salão do templo, deixando-os a sós. Estava curioso, mas respeitaria.

Logo que Freyr saiu, Loki concentrou-se em seu mestre, determinado.

– Acho que já sabe o que eu quero falar...

Zeenon olhou-o com um sorriso torto, já denunciava que conhecia suas intenções, mas queria ouvir o seu amigo.

– Eu tenho uma hipótese, mas quero ouvir de você.

Sorriram juntos, como se lessem os pensamentos um do outro.

– Permitiria o Andy ficar aqui comigo no Submundo, para eu treiná-lo e fazer dele um feiticeiro?

Decidido, Loki encarou o seu mestre e amigo. Queria ficar com seu novo parceiro e tinha certeza que Zeenon o compreenderia, mas não gostaria de fazer aquilo à toa, gostava de tudo em seus devidos eixos.

– Por que não? Acho que Andy seria um bom companheiro para você, Loki. – ele pousou uma das mãos no ombro do parceiro – Parece ser um rapaz leal e esforçado. Mas... Tem uma condição.

Franziu o cenho, como se desafiasse o amigo feiticeiro.

– Qual seria? – Sua voz delatava certo estranhamento.

– Ele deve nos ajudar em questões aqui no Submundo, eu voltarei a ficar ativo. E, se ele te machucar, de alguma forma, eu juro que o matarei. – sorriu, contente por seu amigo.

Zeenon pretendia voltar ao Submundo aos poucos, e precisaria de muita ajuda, tinha Loki, mas aproveitaria os conhecimentos militares de Andy para trabalhar em Inshtarheim. Se o rapaz ficaria por ali, não poderia apenas ser treinado. Entrar na prática e trabalhar no Submundo, ajudaria-o bastante a conhecer o novo ambiente. Era um acordo bom para os dois lados.

– Ah, Zeenon... Isso eu mesmo farei. Obrigada, amigo. – Loki estendeu a mão para o nobre rei, que a agarrou forte, sorrindo.

Ficava feliz por ter um amigo tão compreensivo e leal como Zeenon. Anos juntos, cada um acompanhando a jornada do outro, algumas desavenças, mas nada abalava aquela grande amizade.

– E então... Encontrou alguma coisa?

– Nada... – balançou a cabeça, negativamente – Se ele estiver a planejar algo mais, não utiliza a toca da floresta.

O guardião coçou o queixo, pensativo. As tocas geralmente eram o local sagrado dos feiticeiros humanos.

– Vasculhou os livros, poções? – indagou.

– Sim, o único livro que me chamou atenção foi um exemplar antigo sobre cruzadas, nada demais.

A palavra “cruzadas” despertou a atenção do rei. Era um método perigoso de associar magias e aumentar a potencialidade de destruição.

– Cruzadas?

– Não trouxe o livro, mas se quiser... – Loki sempre estava aberto a qualquer missão do seu mestre.

– Não, não precisa. – levantou uma das mãos, seguro da decisão – Ele já mostrou o quanto pode ser esperto, estamos de guarda.

Assim, o rei jogou um dos braços sobre os ombros de Loki e disse,

– Vamos? Quero festejar um pouco.

O ruivo retribuiu o gesto e, juntos, partiram para o templo. Depois de tamanhas tensões, precisavam de um pouco de festa para recarregarem as energias.

Fascinado, Freyr observava o grande salão do templo, via por todos os lados do local, símbolos estranhos e representações de batalhas e feras cravados na parede, era um verdadeiro templo de adoração. À frente, a grande fogueira novamente ardendo em chamas azuis, os feiticeiros voltaram a dançar em volta dela, mas, agora, uma animada banda tocava próxima à floresta vermelha. Aquele som agitado entrou em sua mente, encantando-o de imediato. Correu até lá e observou-os mais de perto. Mark, Link e Andy também assistiam aos espetáculos, igualmente encantados pela música. De repente, o jovem sentiu uma mão quente apertar a sua, então sentiu o beijo carinhoso do rei em suas bochechas.

– Está gostando?

– Sim, os seus feiticeiros são tão animados! – contagiou-se pela alegria.

Após todos aqueles acontecimentos, Zeenon sentia-se feliz por Freyr estar confortável ali, finalmente seu amado estava inserido naquele mundo. O lugar que tanto amava.. Mesmo deixando-o por um tempo, agora, estava de volta, junto às suas estimadas criaturas. O menino sentia-se cada vez mais integrado. Podia, realmente, chamar todos de “companheiros”.

Contente, o rei passou a mão pela cintura do jovem loiro e propôs:

– Então... que tal dançarmos um pouco também?

– Não... Eu não sei dançar... Nem um pouco. – Dançar não era o forte de Freyr. Nunca participou de bailes e festas, não era nobre.

– Não precisa, deixe-me te guiar. – puxou-o para o centro do local e começou a sua dança.

O jovem, agora, apenas viu o céu violeta do Submundo rodopiar sobre a sua cabeça, a trança se desfez e os cabelos dourados esvoaçaram no ar. Não ficou tonto, apenas sentiu como se fizesse parte daquele céu violeta cheio de pontos brilhantes rodopiantes e a sensação era maravilhosa. Depois, viu apenas alguns vultos, e previu que seriam feiticeiros decididos a acompanha-los na dança. Comemoravam a volta do seu mestre, a união entre os opostos, a força de seu mundo.

O amor, a paz, os laços afetivos.

A noite seguiu, linda e regada de felicidade no Submundo. Durante a farta ceia, Freyr pode conhecer um pouco mais sobre as magias, as aventuras e das travessuras dos feiticeiros. Apesar da agressividade e do espírito impulsivo, eles eram um grupo, unido e afetivo, na verdade, uma família. Zeenon deveria se orgulhar deles. Comeram, beberam, dançaram e riram até cansar, divertiram-se na noite sem preocupar-se com o que fariam depois.

Freyr sentou-se nos degraus do templo, observando a chama azul apagar-se lentamente, quando viu Zeenon vir em sua direção. O rei sentou-se ao lado e passou o braço por seus ombros.

– Divertiu-se bastante, Freyr? – Os olhos vermelhos brilharam como fogo, de felicidade.

– Claro! A energia daqui é incrível! – encostou sua cabeça no ombro do seu companheiro.

Link e Mark chegaram-se à dupla e juntaram-se a eles, aparentavam estar bastante cansados.

– Ai, ai. Como eu amo tudo isso aqui. – Mark suspirou, declarando seu amor por aquele lugar.

– Eu também, meu garoto. – O rei sorriu para ele, que retribuiu com o mesmo gesto.

Os companheiros Loki e Andy também apareceram, um sorriso estridente aparecia no rosto do ex-soldado. Uma recepção nunca foi tão calorosa. Link se levantou rapidamente e espreguiçou-se, tinha comemorado bastante com os outros e agora queria voltar para casa e descansar. O grupo se despediu de todos. Logo, já voavam pelos céus do Submundo, rumo ao Yamisin.

Era um sentimento tão agradável, a felicidade por toda receptividade no Submundo. Em nenhum momento da noite, Freyr se lembrou das suas aflições e tristezas. Aquele mundo era maravilhoso em todos os sentidos.

Assim que pôs os pés no quarto do seu amado rei, espreguiçou-se e suspirou, cheio de energia. Não estava cansado, mesmo depois de toda aquela celebração. Zeenon entrou logo depois dele e abraçou o jovem loiro por trás, beijando seu pescoço de modo suave. Dominado por aquele calor, Freyr aconchegou-se em seus braços, a aura do amado ardia como fogo, mas era isso que lhe passava muito conforto.

– Agora eu entendo bastante seu orgulho e amor pelos feiticeiros. – sussurrou.

– São minha família. Estou muito feliz que agora você faz parte dela. – estalou um beijo nas bochechas rosadas do menino.

– Uma família.... – O jovem se desprendeu do rei e foi até a cama, tirou seus sapatos, estirou-se sobre ela, totalmente relaxado. – É tão bom ouvir isso...

– Pois... Conversei com o Loki... Voltarei a ativa aqui. Estou há um bom tempo um pouco afastado do Submundo. Então, andaremos muito, você vai poder conhecer os outros componentes desta família e as nossas províncias... – também foi até a cama e acomodou-se na beira.

– Suas feras?

Sentou-se na cama em posição de lótus, curioso.

– Sim... Mas... Não pense que são mansos como encontramos hoje. Quando você se acostumar mais a nossa dinâmica, vou levar-te ao Vale dos dragões.

– V-Vale dos dragões? – inclinou-se para frente, e agarrou o casaco negro do rei.

O sonho de conhecer mais dragões não estava tão longe se realizar.

– Sim... Eles são um pouco mais complicados. Só eu consigo lidar direito com eles.

Rápido, o rei tirou suas botas e também sentou-se na cama, de frente para Freyr.

– Ah sim... Então devo conhecer os outros primeiro, não é? Mas... Os dragões... Queria vê-los logo... São meu fascínio. – Os olhos do garoto brilharam.

– Eu sei. Até hoje me lembro da sua reação quando viu meu Midnight.

A primeira vez que eles se encontraram, na gruta. Zeenon lembrava-se perfeitamente desse dia. Os belos olhos azuis do garoto brilharam de fascínio ao ver Midnight, o dragão da meia-noite.

– Midnight? – O jovem franziu o cenho, curioso.

– Sim... O nome dele era Midnight, Dragão da meia-noite. Foi difícil domá-lo, era a única criatura que não me aceitava. – brincou entre as dobras do lençol, lembrava-se da luta que travou com o dragão para possuí-lo.

A a fera era forte, mas não resistiu aos seus ataques rápidos.

– Como assim, amor? Ele não te aceitava?

– Sim... Todas as criaturas já me reverenciavam, e me ajudavam no controle das trevas. Apenas Midnight manteve-se distante de todos por minha causa. Não aceitava ter um rei que o controlasse, achava que eu não seria forte o bastante para controlar minhas criaturas. Fui adquirindo experiência, até o dia que me achei preparado para tentar domá-lo.

– Você lutou contra ele? – Freyr encostou-se mais no rei e pôs a cabeça em seu ombro.

– Sim... E foi bastante difícil. Primeiro, fizemos uma aposta. Se eu vencesse, ele seria selado em meu corpo. Se eu perdesse, eu nunca mais tentaria controla-lo e o deixaria em paz.

– Então... Você venceu e...

– Ele reconheceu minha força. Saiu bastante machucado da batalha, mas suas feridas logo se regeneraram e ele cumpriu nossa aposta. Hoje, vivemos bem aqui dentro. Sua alma está presa a mim.

– Isso que significa selar? Prender a alma do dragão em você? – Disse ele, atraído pelo assunto.

Sempre se interessava muito pelas magias obscuras, seus olhos cintilavam de tamanho prazer ao ouvir sobre aquele assunto. Agora, já com seu poder, teria muito mais liberdade para aprender sobre tudo aquilo.

–O encantamento apenas o desperta dentro de mim, então, você vê o grande dragão a sua frente. – sorriu para o jovem loiro.

Tudo era fascinante aos olhos de Freyr, mas havia algo que o intrigava.

– Amor... Se ele está dentro de você... Por que eu não o sinto? – Olhou o rei, seriamente, tentando entender por que sua aura não detectava o dragão em Zeenon.

– Apenas a essência dele está aqui, que se misturou à minha aura. Depois do dragão selado, fiquei mais forte, pois seus poderes e sua alma estão adormecidos em minha aura, assim meu encantamento o desperta e ele aparece.

– Ah... Entendi. Quero aprender feitiços, mas não sei como descobri-los. – refletiu, distanciando-se do assunto.

– Freyr... – segurou o rosto do garoto com ambas as mãos. – Procure formular os seus, de acordo com os atributos da sua magia. Atributos são os elementos usados para manipular os feitiços... Sentimentos, restauração, amor... É isso não é?

– Sim... – concordou com um gesto afirmativo.

– Concentre-se em sua fonte de poder, a sua aura, e tente manipulá-la com os encantamentos. Mas... Não agora, vamos treinar isso depois. Ok?

Ele pretendia treinar o jovem assim que tudo aquilo terminasse, moraria no Submundo junto a Freyr e seus companheiros e ajudaria o garoto a se transformar em um grande guardião.

– Tudo bem, meu mestre. –jogou-se sobre o rei, contornando os braços pelo seu pescoço.

Beijou-o, em toda a sua delicadeza.

Aos poucos Freyr encostou seu corpo em Zeenon, e quando percebeu, seus corpos já estavam bem próximos um no outro. Ainda um pouco desajeitado, o loiro comandava o beijo e estranhou o rei não ter o agarrado, logo que aproximou-se dele. Sentou-se nas pernas de Zeenon e parou de beijá-lo de repente, sentia a ausência das mãos do guardião pegar e apertar o seu corpo na mesma hora no momento do beijo. Zeenon sempre fazia aquilo, mas o rei não reagiu.

– Por que parou? Estava bom. – Sussurrou.

– Você não... – hesitou por um instante, olhando para baixo. – Não... Fez o que sempre faz.

– O que?

Já sabia do que o jovem sentia falta, mas mesmo assim quis questioná-lo.

– Não assumiu o controle... – finalmente conseguiu levantar o olhar, viu que seu parceiro sorria, um pouco satisfeito.

– Eu queria que você tomasse a iniciativa. Quer dizer, você tomou, mas não prosseguiu. Não tenha medo. Pode vir até mim. – Pôs sua mão na cintura do garoto, mas não o puxou para si.

Os olhos azuis do meninos ardiam em desejo, porém precisava de coragem para ir em frente. Ainda aprendia sobre tudo aquilo, não sabia como comandar direito. Mas, tentaria, na prática poderia aprender muito mais. Aproximou-se lentamente do rei, estava pronto para beijá-lo novamente.

De repente, foram surpreendidos pela voz abafada de Loki vinda da porta do quarto. Freyr rapidamente afastou-se do rei e encolheu-se na cama.

– Zeenon, desculpe-me atrapalhá-lo, posso falar-lhe um instante?

– Sim, Loki. Pode entrar. – disse o rei, calmamente.

Sem se incomodar com a interrupção, Zeenon se levantou e abriu a porta para o seu fiel feiticeiro.

– Só queria perguntar a que horas será nosso treinamento amanhã.

– Não precisa ser tão cedo, pode ser à tarde no campo Romany. Quero ver se amanhã irei ao centro junto ao Freyr. Ele tem que conhecer um pouco mais daqui. – olhou carinhosamente para o jovem loiro.

– Ele adorará... Então, tenham uma boa noite. – Loki preparou-se para sair, Andy já o esperava para dormir.

– Você também, Loki. – piscou para o ruivo, exibindo um sorriso brincalhão. Pensava que o feiticeiro teria uma prazerosa noite junto a seu parceiro.

Loki inclinou-se para o seu mestre, entendendo o recado e, em um ar decepcionado na voz, sussurrou:

– Ele está cansado, Zeenon. Dormiu hoje à tarde, mas a festa o cansou. – Ele se afastou, preparando-se para sair, continuou – Talvez amanhã.

Zeenon deu de ombros e sorriu para o feiticeiro. Fechou a porta e voltou-se o menino. Surpreendeu-se ao ver que Freyr tinha tirado o sobretudo branco e, agora estava apenas de calças. Os cabelos dourados escorriam pelo seu peitoral, os olhos brilhavam, ainda desejosos. Zeenon deu um passo à frente, e o corpo esquentou-se – não queria acreditar que intenção do menino era a que ele pensava... Afinal, sempre apresentava-se tão inocente.

– Freyr... – murmurou.

– Sim, amor? – inclinou a cabeça, sem entender a hesitação do namorado.

– O que há?

– Estou esperando você. – cruzou os braços e forçou um bico, fingindo estar chateado.

Zeenon sorriu e, sem mais cerimônia, partiu para cama. Sentou-se em posição de lótus, à frente do menino. Não moveria um dedo até que ele tomasse a iniciativa novamente, pensava que seria um pouco mais difícil para o garoto, já que Loki os atrapalhou, mas resistiria.

Entretanto, para a surpresa, Freyr jogou-se em seu pescoço e o beijou com um ardor, que Zeenon jamais viu nele. O jovem guardião parecia ter aprendido as manias e, agarrava os cabelos negros do outro entre os dedos, como quisesse prendê-lo em suas mãos. O rei, já esgotado, agarrou-o entre os braços permitindo que o companheiro pudesse desabotoar o casaco negro, enquanto ainda o beijava. Logo, o peitoral desenhado dele estava à mostra.

Pararam de beijar-se por alguns instantes, queriam respirar um tanto. Freyr escorreu as mãos pelo tórax do outro. Sentia o calor que vinha dele, a respiração ofegante, também calorosa, em seu ouvido. Estava pronto para receber tudo aquilo, de forma ainda mais intensa. Em contraste por todo aquele fervor, percebeu algo frio em sua pele – era língua audaz do rei que percorria sua curvatura do pescoço e, agora, alcançava as bochechas. Seus olhos se encontraram e, ao ver o escarlate saltitar das íris do guardião, repetiu o gesto. Entendeu que era um desejo dele.

Zeenon levantou o pescoço, aproveitando a carícia do menino. Antes que pudesse reagir, Freyr o cobriu de beijos na mesma região. Sorriu, satisfeito com a abertura dele. Mostrava que também estava desejoso por sexo, não parecia ter medo algum de uma experiência que jamais teve. Assim que o jovem terminou seus movimentos e levantou a cabeça, o rei sussurrou,

– Você está muito atrevido, hoje... – deslizou a mão para o botão da calça dele, pronto para despi-lo.

Freyr riu-se, satisfeito.

– Acha que eu aprendi a ser assim com quem? – apertou os olhos, desafiando-o.

As mãos habilidosas do rei desajeitaram a calça do loiro, ao mesmo tempo em que jogou-o na cama. Pôs de joelho, cercando o corpo de Freyr entre suas pernas.

– Ah, é? – sorriu de lado, como se aceitasse o desafio. – Então hoje vou te ensinar outras coisas que você ainda não sabe.

E, então, desabotoou a sua calça preta e lançou-se sobre garoto, que o recebeu entre beijos. Naquela noite, Freyr aprendeu e, – teve sensações que jamais pensaria um dia sentir de modo tão intenso. As mãos de Zeenon eram rápidas e, sem precisar de comandos, o menino o acompanhava, sem mais intimidações. Eram um só: os suor de seus corpos, o entrelaçar de suas pernas, os cheiros impregnavam-se.

O rei durante algum tempo esteve sozinho e, no seu passado, mesmo que tivesse se deitado com outros rapazes, a sensação de trazer Freyr para aquele recinto era superior. Dominá-lo em seus braços, penetrá-lo com todo o prazer que podia, ouvir a voz doce do menino pedir por mais e sentir as unhas dele encravar-se em suas costas, enquanto gemia de prazer. Era como se fosse sua primeira vez.

Terminaram, e ainda não conseguiam desprender-se um do outro. Permaneceram deitados – Zeenon sobre Freyr, silenciosos – não sabiam o que dizer.

As batidas ritmadas, uníssonas de seus corações falavam por eles.


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Notas finais do capítulo

Estou ansiosa para saber o que acharam do final!! Comentem! :D



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