The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!

**Vejam a imagem no final! hehehe



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Parados sobre o pátio interior localizado bem no coração do castelo, os jovens dragões, junto a Freyr observavam, admirados, pela claraboia, uma bela dança de pássaros multicoloridos no céu de tom avermelhado fraco. Aquele pátio interno era pouco espaçoso, mas possuía caminhos para todos os âmbitos do Yamisin.

Apenas ouvia-se o som dos pássaros e da respiração lenta do rapazes.

Após alguns instantes, Mark rompeu o silêncio.

– Então para onde vamos primeiro?

Ele olhou para Link, que logo se virou para respondê-lo.

– Bom... Que tal começarmos pelos salões daqui de baixo e depois subirmos para os andares das torres? – sugeriu.

– Por mim tudo bem... – deu de ombros – E você, Freyr?

Mark dirigiu-se a Freyr, mas o garoto ainda parecia admirar o céu.

Como flashes, as cenas do desprezo de Jude, das suas agressões, o sorriso sem piedade passavam pela mente de Freyr rapidamente. O garoto estava preso em pensamentos que agrediam seus frágeis sentimentos. Sentia-se imensamente feliz por ter o amado rei de volta e por receber aquele inesperado poder, porém algo o incomodava no fundo. Ainda estava ferido por ter descoberto que era filho de seu tio, homem que jamais conheceu. Ter sofrido durante tanto tempo por causa de uma mágoa do pai de criação... Sem ao menos ter culpa. Foi uma vítima durante anos. Vítima dos erros de sua mãe e do pai biológico. Ele abriu a boca para dizer algo, que estava enrolado na garganta, mas apenas sentiu algumas lágrimas caírem do seu rosto.

– Freyr! – Falou o dragão celeste, em um tom mais alto. – Onde você estava?

O garoto virou-se rapidamente para Mark, piscando os olhos para limpar as lágrimas. Com suavidade, respondeu:

– Desculpe-me, Mark... Eu... – enxugou às pressas as lágrimas.

– Freyr você está chorando... O que foi?

Preocupado, Link pousou a mão no ombro de do jovem.

– Nada, vamos continuar o passeio... – a voz trêmula denunciava a tristeza

Andou a passos rápidos a frente dos garotos, mas sentiu seu braço ser puxado levemente por alguém.

– Nós já sabemos, não precisa chorar... Você ficará bem conosco.

Mark rapidamente percebeu o que passava na mente de Freyr, aquilo o perturbaria durante muito tempo.

– Desculpem-me... – balançou a cabeça para os lados, prestes a chorar – Eu acho que... Não vou poder conhecer o castelo agora.

As duas mãos dele cobriram o rosto, desabou em lágrimas.

E, assim, os dragões caíram em compaixão pelo jovem. Entreolharam-se, sem saber muito bem como prosseguir. Saber da triste história deixava-os com o coração apiedado. Link aproximou-se do jovem guardião e passou o braço por seus ombros. Cuidadoso, disse:

– Você... Quer descansar um pouco?

– Q-Quero... – respondeu, com dificuldade.

Sussurros começaram a ditar algumas palavras em sua mente.... “Medite... Expanda a aura, Freyr”. Ele não entedia muito bem o que era aquela voz, mas a seguia, confiava.

– Preciso ficar sozinho um pouco. – disse, recuperando-se.

– Mark, avise a meu pai que eu levarei o Freyr para os aposentos reais, ok?

O dragão das sombras segurou Freyr pelo braço, a fim de levá-lo para a torre central, onde ficava o quarto de Zeenon.

– Tudo bem, estou indo.

Obediente, o dragão celeste voltou o caminho, seguia as emanações da aura do pai.

– Vamos...O quarto dele não fica muito longe, só precisamos subir algumas escadas.

Link puxou o jovem levemente pelo braço, Freyr o seguiu de cabeça abaixada, sentia-se pesado. Não queria reagir. Talvez, um momento sozinho, deixasse sua alma um pouco mais calma. Atravessaram o pátio, após poucos passos pelo corredor, logo à esquerda encontraram a passagem para uma escadaria em espiral.

O dragão parou e observou a escuridão da escada. Soltou o braço de Freyr lentamente, com receio de deixar o rapaz sozinho, diante daquela situação.

– O quarto do meu pai fica lá em cima. Se seguir aqui, chegará no corredor e no final fica quarto dele. Quer que eu vá com você?

– Acho que posso encontrar sozinho... Obrigado, Link. – jogou um sorriso fraco para o dragão das sombras.

Olhando para todos os lados, sem esconder certa timidez, ele começou a subir a escadaria de pedra. Era um caminho estreito e escuro, com algumas tochas apagadas na parede. A escada era em espiral e, depois de algumas curvas, avistou uma luminosidade avermelhada. Assim que chegou ao topo, Freyr deparou-se frente a um corredor longo, com grandes janelas ogivais e, no final, havia uma porta negra de duas abas, onde deveria ser o quarto do rei. Seguiu vagarosamente pelo corredor, observando as criaturas humanas de chifres esculpidas nas paredes, entre as janelas, eram espetaculares e, ao mesmo tempo, assustadoras.

Esgueirou-se até a porta e abriu-a com recato.

Assim que visualizou o quarto por completo, foi-lhe apresentado um majestoso aposento de rei. Era um quarto totalmente cinza, de pedra, iluminado por uma grande janela de vitral colorido em formato oval no centro, era sua única fonte de iluminação. A cama era muito parecida com a do outro quarto no Darkvallum, encontrava-se no centro e tinha um dossel que sustentava tecidos vermelhos escarlate, da mesma cor dos lençóis, estava instalada logo abaixo da única janela do quarto. Freyr observou o lado leste, um grande divã vermelho ocupava metade da lateral, acompanhado de uma mesinha baixa negra e uma pequena estante com alguns livros e peças. No oeste, havia um espelho de bordas prateada, e uma passagem em arco que levava ao toalete. Impressionou-se pela organização do quarto, estava perfeitamente bem arrumado.

Andou até a cama, e sentou-se no colchão macio. Suspirou lentamente. O jovem baixou a cabeça e entrelaçou as mãos, concentrando-se na aura. Ela poderia ajudar a curar aquela ferida em seu coração. Aos poucos sentiu o poder fluir para fora do corpo, rodeava-o, como se o abraçasse. Continuou a sua meditação, sentia-se como se não mais estivesse no mundo material, transportava-se para algo etéreo, divino.

Enquanto subia a escadaria para o quarto, Zeenon sentiu algumas emanações de uma poderosa aura vinda de lá. Podia sentir todas as emoções de Freyr fluírem pelo local. Ele andou a passos rápidos e chegou aos ao aposento. Assim que abriu a porta, viu o belo garoto loiro rodeado por um halo dourado, de olhos fechados e as mãos entrelaçadas. A aura se expandia cada vez mais, defendia o rapazinho de qualquer energia negativa que tentava lhe atormentar. Aos poucos o halo desapareceu e, ainda de olhos fechados, o guardião dourado respirou fundo.

Quando abriu os olhos, finalmente percebeu a presença de Zeenon, sentia o corpo mais leve.

– Amor... Nem vi você aí... Não precisava subir.

Zeenon andou até a cama e sentou-se ao lado do namorado. Escorreu as mãos suaves pelo pescoço do rapaz, e retirou alguns fios dourados do local, dando algum espaço para seus lábios acariciarem levemente a pele macia dele.

Freyr estremeceu ao sentir a carícia do companheiro. Zeenon sabia que precisava de apoio e, dali em diante, seria uma fortaleza. Tentou deixá-lo ainda mais confortável.

– Estou aqui e nenhum mal vai te perturbar. – murmurou.

– Zeenon... – encarou os olhos vermelhos dele, viu ali a força que o sustentaria ainda mais naquela situação em que estava.

Freyr moveu-se, rápido, e enroscou os braços no pescoço do rei, afundando o rosto no ombro dele. Zeenon retribuiu, segurou o dorso de Freyr e, assim que ele levantou a cabeça para encará-lo novamente, surpreendeu-o com um beijo. Lentamente, o rei sombrio deslizou as mãos para a cintura do garoto e puxou-o para perto de si, mantê-lo ali em seus braços era tudo que deveria fazer no momento. O garoto podia sentir o toque leve e audaz da língua do companheiro na sua, adorava senti-lo mais próximo do seu corpo e, sempre deixava ele assumir o controle.

Depois de alguns instantes mergulhados no beijo, Zeenon terminou-o com um selinho, ainda segurava a cintura de Freyr, como se não quisesse deixá-lo sair dali. O jovem encarou-o, seus olhos voltaram a ter o brilho de antes.

– Tudo isso é muito ruim de aceitar... Eu entendo sua tristeza – acariciou o rosto do menino.

– Depois que eu conseguir absorver tudo, eu quero conversar com eles... Quero saber por que não me falaram antes. Descobri tudo muito de repente...

– Verdade, foi um susto e tanto... – tirou os sapatos e acomodou-se na cama – O que você estava fazendo com a aura no momento que eu cheguei?

– Ela me ajudava a manter a calma e meu equilíbrio emocional... Minha aura sussurra para mim. Dá-me conselhos. – disse, vislumbrando.

Freyr pôs a mão no peito, sentia a força da aura. Estava feliz em receber aquele poder, e ainda como uma força que o confortava.

– A minha não faz isso... É apenas a fonte de poder...

– Não sei por que ela faz isso... Talvez seja um espírito, uma alma que se comunica comigo. Pode ser que um dia eu descubra, com a ajuda dela... – sorriu para o outro e prosseguiu – Amor, preciso tomar um banho... E minhas roupas...

– Não se preocupe, sempre quando venho para o Submundo, o Claudius e as gêmeas tratam de arrumar a minha estada aqui. – disse, interrompendo-o.

De repente, Freyr percebeu que Claudius sumiu logo após cumprimentar o rei. Agora, sabia o que ele faria. Levantaram-se e, o jovem guardião segurou a mão de seu rei, sentiu-se puxado por ele. Atravessaram o quarto, seguindo em direção ao toalete. Era um belo e grande compartimento, totalmente de pedra. Havia uma janela pequena perto da bancada onde estava a pia, nesta tinha alguns perfumes e vasos com flores vermelhas que davam mais vida ao lugar. O jovem foi até a bancada e começou a apreciar a beleza e o cheiro das flores.

Virou-se para o rei e, admirado, disse:

– Você gosta muito de rosas vermelhas, não é?

– Sim, são minhas prediletas... Gosto de tê-las em todos os ambientes do castelo. Acho que dão sorte. – sorriu e começou a se despir.

Freyr olhou para a parede do lado da bancada, onde encontrou uma porta. Ele espiou e avistou as roupas todas separadas e arrumadas no quarto, tanto dele quanto de Zeenon. Espantou-se com a eficiência dos criados. Ao lado da porta, viu alguns roupões e toalhas negras dobradas em uma bancada de pedra.

Somente de calças, Zeenon já preparava o banho. O rapazinho começou a tirar suas roupas sem muita pressa, não tinha mais receio de ficar nu na frente do guardião, já estavam muito íntimos. Amarrou os cabelos dourados, demorou um pouco para conseguir prendê-los, agora eram muito longos, daria trabalho para cuidar. Entrou na espaçosa banheira e encostou-se no namorado. A água estava deliciosamente perfumada e quente.

Como uma criança bobinha, Freyr brincava com a água, fazia ondas, movimentando as mãos para um lado e para o outro, pensava no modo como Loki e Andy estavam tão próximos. Não sabia muito bem, mas podia ver o que eles sentiam por dentro, era algum tipo de desejo reprimido. Quando eles chegaram à floresta, sentiu um elo entre os dois, estava curioso.

– Amor... – voltou-se para o companheiro – Não sei se você percebeu... Mas Loki e Andy estão... Cada vez mais próximos, consigo ver uma ligação entre eles e...

– Você consegue perceber os sentimentos dos outros? – fez uma expressão interrogativa.

– Sim... Sinto ligações entre os dois... De desejo, sentimento reprimido. Deve ser uma das habilidades da minha aura.

Virou-se completamente e pôs as duas mãos sobre o peito nu do rei, encarando-o. Percebeu que Zeenon olhava-o com certa dúvida em sua expressão, o cenho franzido, os olhos apertados. Porém, o guardião sabia que mais tarde poderia conversar melhor sobre o poder do garoto, então resolveu sanar a dúvida dele.

– Digamos que... Ainda hoje eu saberei melhor sobre isso... – piscou e soltou um largo sorriso.

– Como assim? – permanecia intrigado sobre o assunto.

Empinou-se para frente, deixando os rostos bastante próximos.

– Loki disse-me que quer conversar hoje mais tarde, talvez à noite. Se eles estiverem com alguma relação, é certo que eu saberei. Loki confia em mim.

Freyr relaxou o corpo e sentou no colo do rei, agarrando-se em seu corpo.

– Vocês são bem amigos... Não é? – disse, cordialmente.

– Loki é meu companheiro desde que me tornei rei. Sempre foi interessado em magia, por isso tornou-se esse grande feiticeiro que é hoje.

– Foi você que o transformou?

– Sim... Ele era filho de um bruxo humano e já estudava sobre os seres das trevas. Quando houve a grande movimentação entres os seres de luz e trevas, na época em que me tornei rei, ele me procurou para saber se era digno de se tornar meu servo.

– Digno? – franziu o cenho.

– Se ele possuía habilidades suficientes para tornar-se um ser das trevas. Como eu ainda estava em fase de aprendizado com os meus feiticeiros, pedi para que eles o testassem sobre os atributos e magias dos nossos seres. Loki passou em tudo e, então, foi transformado. Por isso, é tão dedicado hoje. Com o passar dos anos, ele evoluiu bastante e tornou-se meu confidente.

– Ele parece ser muito centrado em suas funções, organizado.

– Sim, claro. E essa é uma das razões por eu ter gostado dessa proximidade dele com o Andy. Loki quase nunca se entrega a alguém.

– Andy não é ruim, Zeenon. Posso ver que ele tem bons sentimentos. – o garoto acariciou as mechas escuras do namorado, pensava em como conseguia, aos poucos, conquistar a sua aura.

– Depois vamos conversar um pouco sobre essa aura.

Freyr piscou os belos olhos azuis, como uma confirmação. E logo depois, inundou o parceiro de selinhos.

Depois de prontos, os dois desceram a longa escadaria de volta para o térreo do Yamisin. Foram para a sala de estar que ficava no corredor bem à frente da escada da torre.

Agraciados por uma brisa fresca, a bela vista da floresta de pinheiros e as montanhas da província gelada ao fundo, Mark e Link tomavam um refresco e comiam algumas guloseimas, tranquilos, na varanda da sala. Ao adentrar o local, Freyr reparou nas janelas laterais com cortinas de veludo roxo, viu os pinheiros erguerem-se ao redor do castelo. Alguns feiticeiros, com suas longas capas vermelhas, passaram detrás dos portões negros. Aquele lugar era mais tranquilo do que pensava. Eles atravessaram o salão e alcançaram os jovens. Mark logo exclamou:

– Sabia que Zeenon traria você de volta em instantes! – pôs a taça de aço sobre a mesa.

Papi sabe como consolar alguém. – jogou um sorriso malicioso para Mark, o qual respondeu da mesma forma.

– Vocês.... – o rei balançou a cabeça para os lados, e afastou uma das cadeiras para se sentar.

Sem entender absolutamente nada do que falavam os três, Freyr afastou educadamente um dos assentos e acomodou-se à mesa. Como não estava com muita fome, apenas serviu-se de refresco e ficou a escutar a conversa.

– Pai, então está decidido...

– Sim, sim. Você dois no quartel com os soldados e Eu, Loki e Andy no castelo.

– Queria ir para o castelo... Vai ser mais legal. – o dragão das sombras torceu a boca, chateado

– Não, no quartel terá mais pessoas, o susto será enorme. – Mark sorriu, pensava nos soldados assustados que viu antes.

– Por que vão atacar o quartel também? – Perguntou o garoto, curioso.

– É a base. Onde estão todos os soldados, precisamos destituí-los. Nem todos estavam lá no castelo do Heimdall. – Disse Mark, cruzando os braços.

– Jimmy... O que será que aconteceu com ele?

Pensou alguns instantes em Jimmy, há tempos não o encontrava. Eram tantas preocupações diante os últimos acontecimentos, que seu irmão briguento e antipático nem passou por sua mente. Afinal, os dois nunca tinham muito contato, Freyr não tinha muito apreço a ele. Talvez já soubesse que não eram completamente irmãos. Não tinha como saber o paradeiro dele, já que nenhum dos rapazes o conhecia, talvez o Andy. Ele poderia estar morto ou a salvo, em Vistorius.

– Como ele é, Freyr? – Mark curvou-se para Freyr, a fim de aproximar-se mais do garoto.

– Meio loiro, tem olhos castanhos caramelo. É alto, orgulhoso, mas uma característica que o distingue bem é sua pinta perto do olho esquerdo. – Pôs a mão no rosto indicando o local, onde ficava a marca de nascença do seu irmão Jimmy.

– Vi os soldados, porém não me lembro de ter visto um assim... – o dragão celeste apertou os olhos, lembrava-se das faces dos soldados.

– É incerto, então... – já pensava no pior.. Jimmy deveria estar morto. – Eu não gosto muito dele, sempre me maltratava, como meu pai... – Os olhos de Freyr esmoreceram de repente.

– Freyr... – o rei pôs o dedo no queixo do garoto, levantando-o. – O que eu lhe disse?

Não muito animado, o guardião dourado encarou Zeenon e fez um gesto afirmativo com a cabeça. Para tentar tirar o clima ruim da conversa, Link chamou o pai, acalorado.

– Pai, nosso informante Teikio passou aqui agorinha e disse que terá uma grande comemoração hoje no Templo! – abriu um largo sorriso.

– Adoro as festas daqui... São tão animadas! – Mark também mostrou-se bastante acalorado.

– Vocês estão me deixando ansioso.

Freyr finalmente conseguiu sorrir para os dragões. Sem prestar muita atenção na conversa, Zeenon olhava para os lados, procurando Loki e Andy. O dragão celeste observou-o, curioso, e logo percebeu o que ele procurava. O seu sorriso curvou-se, de lado, ironicamente.

– Pai, se procura o Loki, pode desistir. Está com o cachorrinho dele.

– Cachorro? – o guardião sombrio soltou um riso estridente, parecia concordar com a afirmação do jovem dragão.

– Só falta a coleira!

Link concordou com o companheiro, conhecia muito bem o jeito autoritário de Loki.

– Eles estão bem próximos, mas... Parece um cachorrinho? – Indagou Freyr.

– Loki consegue deixar qualquer um nas mãos dele. Andy é a próxima vítima – disse o rei.

Zeenon conteve o riso, a afirmação não deixava de ser verdadeira.

Enquanto os outros se divertiam na varanda da sala de estar, Loki e Andy circundavam o castelo, indo para os fundos, onde ficava a casa do feiticeiro. Durante o caminho, os dois permaneciam calados, apenas trocavam olhares por alguns instantes, mas logo desviavam. Estavam reprimindo os desejos, mas sabiam que alguma hora não iriam mais sustentar.

Assim que chegaram à frente da casa, Loki rompeu o silêncio.

– Bom, Andy, aqui é onde você vai ficar...

– Tudo bem... – Disse Andy, levantando os olhos para o prédio.

O rapaz olhava para cima, curioso, observando as grandes torres do Yamisin atrás do edifício. Voltou-se para o prédio de pedra à sua frente, com pequena porta negra e duas janelas simetricamente alinhadas no plano térreo e mais duas, no primeiro andar.

Loki convidou-o a entrar e os dois seguiram para dentro da morada. Tudo era muito delicado, decorado em cinza claro. Os móveis elegantes, sem muitas extravagâncias. O jovem entrou com discrição, visualizando toda a sala de estar. O sofá de dois lugares, uma poltrona negra e a mesinha de centro, davam um charme ao local. As cortinas das janelas da frente, junto aos quadros todos organizados na sala, completavam o encanto do ambiente. Admirado, Andy elogiou:

– Sua casa realmente é linda...

– Obrigado. Já que você já explorou a sala de estar pelo olhar... Vou te mostrar os outros locais, tudo bem? – Loki começou a atravessar a sala.

– Certo, vamos. – Andy o acompanhou, rápido.

O feiticeiro mostrou a cozinha e o pequeno quarto onde guardava os livros, uma sala acompanhava a outra. Logo no canto da sala de estar, quase em frente a porta da sala da cozinha, havia uma larga escada espiral, seguindo para o primeiro andar do prédio. Loki segurou o corrimão, pôs um dos pés no primeiro degrau e encarou o rapaz.

– Lá em cima fica meu quarto e a meu laboratório de poções, quer ir lá agora ou voltamos ao castelo?

– É... Só uma pergunta... – Andy coçava o pescoço, um pouco confuso. – Onde vou dormir?

O ruivo deixou um sorriso torto de lado correr pelos lábios, não pensava que Andy fosse tão inocente. Desceu o degrau, dirigindo-se ao rapaz. Ele parou à sua frente e correu as mãos pelo tórax, pousando os braços nos ombros do rapaz. Andy encarava aqueles olhos dourados brilhantes, desejoso.

Loki sorriu novamente e, com uma voz grave e suave, disse:

– Andy... Nesta casa só tem um quarto. – pôs o dedo indicador na boca do rapaz. – Apenas o meu.

– Então você quer dizer... – hesitava, intimidado pelo feiticeiro.

– Isso mesmo... Ou... – deslizou o dedo pelos lábios do outro e chegou ao pescoço – Quer que eu bote uma coleirinha em você e durma lá fora no chão?

– Você não é tão mal assim.... – Andy, um pouco menos embaraçado, passou o braço pela cintura de Loki e puxou-o fortemente para si.

– Duvida?

Os olhos do feiticeiro brilharam como fogo e, como de brincadeira, começou a expandir a sua aura, liberando as sombras, que enrolaram todo o corpo de Andy.

O jovem sentiu-se esmagado por aquelas “cordas” negras, apertavam seu corpo com força. Loki divertia-se ao ver dificuldade do rapaz em se soltar e depois de muito rir, tirou as sombras do corpo dele. Ele pôs o dedo indicador na ponta do nariz de Andy.

– Sentiu agora como eu me sinto quando você me aperta daquele jeito? –empurrou a cabeça de Andy para trás com o dedo.

– Ok, ok, vou moderar. – Andy corou levemente, mas se recompôs.

– Venha, vamos subir. – Ele fez um gesto com a mão, chamava o rapaz a acompanha-lo.

Eles seguiram pela escada, até chegarem ao primeiro andar. A pequena sala, antes do corredor, tinha uma lareira de pedra, com uma grande poltrona e uma mesinha à sua frente. Provavelmente, ali deveria ser o lugar onde Loki descansava. Atravessaram a sala para a porta no final do corredor e, Loki a abriu.

– Aqui onde eu pratico minha magia e também planejo... Vou te treinar nesta sala.

– É...Esquisito. – Franziu o cenho, observando o ambiente fantasmagórico.

Andy prestava atenção nas estantes recheada de receptáculos de magia e livros com capas negras. Quando percebeu a mesa no centro com diversos potes cheios de líquidos estranhos, perguntou:

– O que são esses líquidos aí?

– São poções. Algumas são nocivas a humanos, outras não. Muitas deles eu e o Zeenon que fizemos.

– Ah... É estranho. Pra que serve? – Ele franziu o cenho, curioso.

– Bom... Antes fazíamos para lutar contra os seres de luz e, às vezes, atingir humanos. Mas, como as guerras cessaram, hoje... Eu faço apenas para melhorar alguns atributos, como velocidade, poder de expansão da aura, energia, essas coisas... – deu de ombros.

Ficava satisfeito por Zeenon acabar com as guerras, mas, por outro lado, gostava de produzir poções junto a seu mestre.

– Deve ser interessante. – pegou um dos potes, observando o liquido roxo balançar dentro.

– Então... Vamos ao meu quarto? – Ele foi até a porta e abriu-a.

– Claro, vamos. –

Colocou o pote sobre à mesa novamente e seguiu o companheiro até o quarto.

– Bom, espero que lhe agrade. – Loki sorriu, e já na porta do quarto, lentamente a abriu e entrou.

Andy parou em frente à porta e analisou o aposento. Assemelhava-se a sala de estar, tinha tons de cinza claros, um ambiente elegante. O que diferenciava era a cama no centro do aposento e o grande lustre no teto. Entrou no quarto, um pouco tímido. Ao perceber que Andy não estava muito confortável por ali, Loki sentou na cama, e chamou-o.

– Vem Andy, eu não vou te morder agora. – deu uma palmadinha no colchão

– Tudo bem.

O rapaz fechou a porta, atrás de si. Mais confortável, andou até a cama e sentou ao lado de Loki.

– Andy... – O feiticeiro olhou para baixo, batia os dedos no colchão. – Você tem certeza que quer entrar no castelo, conosco?

Voltou os olhos preocupados para o rapaz.

– Claro que sim. Preciso ajudar vocês, da melhor maneira que eu puder.

– E se alguém tentar fazer algo contra você? Eu não poderei ficar ao seu lado o tempo inteiro. – diferente do seu tom normal, parecia inseguro; os olhos baixados, a voz um pouco fraca.

Estranhava o próprio comportamento.

– Não precisa se preocupar. Eu ficarei bem, você pode me vigiar...

Andy pousou as mãos grandes sobre o rosto do feiticeiro, a fim de acalmá-lo.

– E se for tarde demais? – balbuciou o ruivo.

– Desconfia de si mesmo, Loki? Das suas capacidades? – deslizou a mão para o ombro de Loki e apertou-o com força.

O feiticeiro admirou-se pelas palavras do rapaz, “como posso ter perdido a autoconfiança desta maneira?” Perguntava-se. Andy confundia seus sentimentos, a ponto de fazer aquele orgulhoso homem sentir-se inseguro de si mesmo. Loki gostava de sua ousadia, da maneira como ele o afetava, aquilo era inédito.

– Ok, ok. Ficará tudo bem, então. – deixou os músculos relaxarem. – Temos que nos preocupar também com o povo, que estará passeando pelos arredores do castelo, eles não podem perceber a movimentação por lá.

– Sei... É só não causar muito tumulto lá dentro.

– Mas, se eles virem você...

– Sei como controlar aqueles homens. Inventarei alguma desculpa... Se eu falar do Submundo... – a imaginação começou a fervilhar.

Já animado, ele começou a imaginar milhares de coisas para falar sobre o Inshtarheim, inventaria milhares de histórias mirabolantes sobre o local.

– Não, não fale sobre minha terra – o ruivo fez um gesto negativo com a cabeça.

– Por que não? – indagou.

– Só vai aumentar os boatos negativos sobre nós.

– Mas... Se eu falar a verdade, ninguém vai acreditar!

Andy soltou um sorriso largo. Se falasse tudo o que viu sobre as criaturas as trevas, ninguém acreditaria no que realmente aconteceu, para os humanos era totalmente improvável.

– Engraçadinho...

Loki sorriu, sem esconder o deboche. Não gostava dos boatos sobre o Submundo, só aumentava seu desprezo por humanos.

– Tudo bem... – levantou-se e encarou o rapaz. – Pedi ao Claudius que separasse umas roupas para você, estão no banheiro. E, pode se servir na cozinha.

– Estou um pouco cansado e faminto também... – Ergueu-se da cama e agarrou a mão do feiticeiro – Já vai começar?

– Sim, não podemos novamente nos atrasar.

Loki recostou-se no rapaz, beijando-o de leve.

– Boa sorte. – sussurrou Andy, pronto para retribuir o beijo.

O rapaz envolveu-o entre os braços, beijava-o vorazmente. Não queria que ele saísse no momento, mas não podia realizar seus desejos no momento.

– Não preciso de sorte. Tenho tudo nas mãos.

Deu um tampa de leve no rosto do outro e, antes que ele pudesse responder, sumiu, em sombras. Andy sabia que poderia confiar nele, dali em diante. Agora, precisava descansar e preparar-se para os dias agitados que estavam por vir.


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Notas finais do capítulo

Saindo um pouco do contexto ( novamente...) apresento uma imagem de como imagino um personagem... Bom, esse da imagem é o Sousuke (totoso♥) de Free.... Entretanto... Quando o vi em Free, encaixou-se perfeitamente com a imagem do Andy que eu já imaginava... Porte atlético, sarado, alto.
Deixem de lado apenas os olhos azuis do Sou-chan e ponham olhos negros. É o Andy, para mim.

Não consigo achar de jeito algum uma imagem para representar o Loki. Está dificil!



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