The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Acomodado ao lado da cama, o garoto loiro ainda tentava compreender o que se passava ali. Sentia uma sensação estranha em no peito. Parecia que, uma energia rodeava o ambiente e, não sabia explicar de onde ela vinha... Apenas o incomodava, de alguma forma. Talvez, fosse apenas imaginação da sua mente. Extremamente fatigado, a cabeça dói, de tantos acontecimentos em um único dia: descobrir que não era filho legítimo do homem que o maltratou a vida inteira, saber de um ataque ao reino de luz e ainda... Ver o homem que tanto amava e acolhia ali, desmaiado... Quase sem vida. Era um grande impacto. O corpo frágil não aguentava tanta dor. Queria o amado de volta, acariciando-o suas mechas loiras e beijando o seu pescoço, como sempre fazia. Permanecia no quarto, próximo a cama... Não queria sair dali até que ele acordasse.

Link estava no grande salão principal do castelo, encostado em um dos vitrais do aposento. Sentia-se só sem o pai e seu companheiro, queria fazer algo para ter Zeenon novamente, mas não sabia o que fazer. Só poderia ficar ali no castelo e protegê-lo, era a fortaleza do seu pai. Porém, sabia que Loki e os companheiros do Submundo vingariam o ataque e fariam um ótimo trabalho. Eram eficientes e, organizados, trariam a solução para todo o problema.

O dragão celeste agora voava em direção ao castelo Endymion, os feiticeiros o acompanhava por terra, montados em feras. Feliz, como o rei dos céus, Andy seguia montado no dorso do dragão, sentia o vento bater forte em seu rosto e se pudesse faria de tudo para não sair dali, porém tinha que se concentrar na batalha. Olhou para a floresta, tentando localizar os soldados de Simun, seus ex-companheiros. Não se arrependia de ter devolvido a traição ao antigo mestre... Pelo contrário, estava contente ali, junto aos feiticeiros. Talvez, até poderia ter um futuro ao lado deles. Vasculhava, animado, todos os cantos da floresta, até que um ponto luminoso e suas grandes “ramificações” apareceram no horizonte e ele percebeu que ali era o castelo Endymion. E, como Loki previu, havia milhares de soldados por lá. Sentiu a velocidade do voo aumentar, era a hora do ataque.

Mark voou rápido, ansioso para a chegada ao castelo. Era sua primeira chance de ajudar em uma batalha por seu pai. Pensava um pouco em Link, mas sabia o quanto o garoto era forte e protegeria o castelo. As gêmeas e os guardas estavam com ele e, agora, precisava de concentração. Assim que chegou perto, diminui um pouco o voo, até que, já na área do castelo, viu os soldados correrem para o observar. Tinha a estratégia em mente e saberia que em instantes eles se dispersariam, dando espaço para seus companheiros, agirem.

Ainda no ar, inclinou-se com cabeça voltada para baixo; os soldados olhavam assustados para cima. Alguns tremiam, outros apontavam suas grandes armas e alguns poucos soldados, preparavam os canhões. Andy lentamente se agachou, os chifres do dragão o protegeria. Os feiticeiros se espreitavam na floresta, ao lado das ramificações das vilas, esperando os soldados correrem.

De repente, Mark começou a acelerar, como fosse cair de cabeça no chão, partia para cima dos soldados. Seguindo as orientações do capitães, eles começaram a atirar usando as armas de fogo e as balas de canhões. Impossível. As escamas do dragão eram resistentes e um tiro não o atingiria. Sem se preocupar, o dragão avançava cada vez mais para o chão. Poderoso, inabalável.

Como de brincadeira, o dragão celeste passou de raspão pela cabeça dos soldados e deu a volta para os céus. Nenhum ataque o humano o superou. As balas das armas não o atravessaram, os tiros dos canhões não o atingiram. Andy ria-se, quando estavam perto do chão, viu a face dos soldados. O medo escancarado em seus olhos... Sabiam que não tinham a mínima chance. Paralisados, muitos soldados olhavam para cima, vendo o dragão pairar pelos céus, como de vigília. Quando voltaram a si, correram desesperados para as vilas e, sem saída, acabaram na floresta, mas foram surpreendidos por vultos negros, cercando-os por todos os lados.

Com o grupo de defesa, Loki emergiu da floresta e andava, despreocupado, pela caminho até o ao pátio do Endymion. Como combinado, correram resgatando os poucos soldados que restavam e, facilmente tomaram a frente do castelo.

Loki avistou Simun, na fachada. Vestia-se adequadamente para seu triunfo: pomposo traje real vermelho, ornado de condecorações e ombreiras douradas. Olhava para cima, espantado, o dragão ainda rondava o castelo.

O feiticeiro ruivo tinha certeza do sucesso dos seus planos, o olhar de Simun confirmava isso.Ele não esperava ver aquilo.

– Por que se impressiona Simun? – sorriu, malicioso.

O homem virou-se devagar, os olhos castanhos arregalados. Criaturas das trevas não deveriam se envolver naquela situação.

Quase gaguejando, disse:

– C-Criaturas das trevas? Mas...

– Somos um agora, Simun. – Encarou o homem com firmeza, queria matá-lo apenas com seu olhar.

– Vocês são inimigos! – Simun levantou a voz, surpreso. – Saiam daqui!

Fez uma gesto desesperado com as mãos. Estava tudo indo como planejava, menos a presença de Heimdall, para a negociação do poderes, mas o encontraria, a qualquer custo. Porém, no momento, tinha mais um impasse... Aquele que cogitava ser impossível de acontecer. Para ele, trevas e luz eram inimigos ferrenhos, nunca se falavam. O exército não estava preparado para enfrentar tais criaturas. Como os seres de luz eram mansos, tinham mais facilidade na derrota... Passaria por eles sem problemas.

– Companheiros, podem tomar o castelo. – Loki gritou, ordenando seus companheiros feiticeiros.

Desesperado, Simun gritou palavras de ordem para a sua tropa, mas estes já se encontravam sob os domínios dos seres das trevas. Eram amordaçados, amarrados uns aos outros, alguns tinham o rosto inchado de tantas agressões. Quando queriam, as criaturas das trevas eram cruéis. Muito cruéis.

Sumindo em sombras, Loki apareceu detrás de Simun e, passou o braço por seu pescoço, cochichou em no ouvido:

– Precisamos ter uma conversa, Vossa Majestade. – os dois viraram vultos pretos, Loki queria estar sozinho com seu inimigo.

O dragão Celeste pousou no grande pátio. Andy desceu do dorso do dragão, surpreendendo os soldados que estavam amarrados e amontoados, sob a vigilância de um pequeno grupo de feiticeiros. Gritaram palavras ofensivas para o rapaz, mas o ex-soldado apenas sentia pena deles. Eram pobres homens manipulados por Simun. Não sabia o que aconteceria a eles, porém tinha certeza que não era um bom destino. Mas, não se importava mais.

Os feiticeiros já começavam a se organizar em volta do castelo, Mark finalmente pôde voltar à sua forma humana, contente em ver que contornaram a situação. Observou o perímetro do pátio, procurando onde deveriam estar os seres de luz, precisava libertá-los logo. Deveriam estar lá dentro, em algum salão do castelo... Pensou qual deveria ser a situação destes. Decidiu, então, perguntar a um dos soldados. Olhou um rapaz loiro acorrentado, os olhos amendoados arregalados.

Levantando sua voz, asperamente, indagou:

– Onde vocês esconderam as criaturas do Senhor Heimdall?

Medroso, o soldado observou os olhos negros do dragão. Queria fugir dali. O sonho de se tornar um soldado do exército virava um pesadelo.

– Estão desacordadas no salão principal do castelo. – disse o soldado, amedrontado.

Mark virou-se para Andy, este observava o grupo de soldados amarrados. O rapaz de cabelos prateados estava decidido a ir salvar as criaturas de Heimdall.

– Eu irei até lá soltá-los, fique aqui com os feiticeiros.

– Não, Mark, eu irei. Pois, se houver algum problema por aqui você pode controlar a situação.

Na verdade, Andy estava interessado em saber para onde Loki levou Simun, essa era uma chance de explorar o castelo.

– Você não conhece o Endymion por dentro... – disse Mark, cauteloso.

– Eu dou um jeito. – encolheu os ombros.

E, antes que Mark pudesse rebater, seguiu para o castelo. Passou pela fachada e, enquanto atravessava o corredor abobado, completamente branco de entrada, Andy passava rápido, mas olhava curioso cada detalhe do espaço. As longas esculturas de guerreiros entre janelas irradiando a luz da lua deixavam o ambiente com um ar brando.

À frente viu uma grande porta e, nas extremidades, notou os dois corredores. Espreitou perto da porta, tentando ouvir algo, mas não obteve sucesso. Ficou indeciso sobre qual correndo entraria, porém, o esquerdo dava para outros corredores, e o direito parecia ter um grande salão no final. Correu para o corredor direito, até que chegou a sala principal. Andy logo fixou seu olhar no belo lustre no teto, os cristais balançavam levemente, quando baixou os olhos para o espaçoso salão branco, assustou-se com uma grande gaiola azul brilhante.

A estranha engenhoca parecia flutuar, cheia de seres de luz trancados e amontoados dentro naquela “jaula” assustadora. Simun era cruel, mas não pensou que chegasse a tanto. Aproximou-se e, pensou em como eles deslocaram tantas criaturas em tão pouco tempo, aquela não parecia uma gaiola comum. A única coisa que poderia cogitar, era magia... Andy a analisou mais de perto, as grades não pareciam de ferro ou aço. Era algo mágico, estava certo de que era algum feitiço ardiloso de Simun. Sentiu-se aliviado por saber que nem todos estavam ali, pois viajavam para muitos lugares, mas uma boa parte deles estava dentro daquela gaiola.

Ciente de sua missão, Andy rapidamente pegou a arma que recebeu de Loki e mirou no cadeado que selava as correntes. Não sabia muito bem como ela funcionava, o feiticeiro lhe explicou rapidamente e não deu muito detalhes, mas não custava tentar. Com cuidado, disparou a primeira vez, e não surtiu efeito. Atirou novamente, produziu apenas um raspão no cadeado. Efetuou outro disparo, novamente sem efeitos. Já impaciente, atirou desenfreadamente até que, quando percebeu, o cadeado estava ao chão totalmente espatifado, a gaiola sumiu completamente.

O rapaz permanecia horrorizado, como Simun poderia ser tão maldoso daquela maneira? Não conseguia acreditar que foi fiel àquele canalha durante tanto tempo. Espreitando até onde os seres de Luz estavam, percebeu que algumas criaturas já começavam acordar um pouco tontas. Sentiu-se aliviado.

Um ser moreno e de olhos verdes levantou, choroso. Revoltado, ele perguntou:

– O que vocês fizeram ao Senhor Heimdall? Onde ele está?! – disse, cheio de dificuldade na fala.

– Eu não fiz nada. Vim aqui com os seres das trevas. Estamos tomando o castelo para vocês. O Senhor Heimdall está junto ao Zeenon... Eles estão... – hesitou por um instante, mas continuou – Er... Desacordados...

– Como assim? – indagou, olhos encharcados de lágrimas – Os dois guardiões? Desacordados... Não pode ser...

– Não sabemos o porquê o senhor Zeenon também foi afetado dessa maneira, mas com isso, vocês receberam o apoio dos feiticeiros e feras. – explicou, percebendo o quanto aquilo era importante.

– Nosso mestre... Nós o desrespeitamos... Agora...

O rapazinho, miúdo, baixou a cabeça. Arrependido, parecia desculpar-se por algo. Outros seres se juntaram a ele, aos poucos acordavam do susto. Todos tinham feições cansadas, as cabeças baixas, o corpo mole, ainda zonzos.

– Como assim o desrespeitaram? – franziu o cenho.

– O Mestre Heimdall selou nossa área com seu feitiço “Hikari” e mandou que ficássemos aqui, em segurança. Mas... Avisaram-nos que havia companheiros nossos chegando de viagem de outro reino e vinham pela floresta, sem proteção. Pelo medo de ataques, ultrapassamos as ordens do Senhor Heimdall e mandamos um pequeno grupo para buscá-los... Foi aí que começaram as ofensivas, como eram muitos soldados, achamos que a maioria deveria ir lá e enfrentá-los para ajudar nossos irmãos. Foi então que um feiticeiro humano apareceu com um grande receptáculo de magia nas mãos e ativou-a contra nós. Os outros que estavam aqui foram dar suporte e... – Ele chorava e gesticulava com tristeza.

Andy olhou o pequeno grupo de pé... Piedoso da situação.

– Eu entendo vocês... Só queriam se proteger. O Senhor Heimdall está na casa do Zeenon, Loki disse que as auras dos guardiões estão muito fracas... Heimdall está com cabelos negros... – disse, lembrando-se do espanto de Loki ao ver os guardiões.

Outra criatura, agora uma mulher, de cabelos curtos azul turquesa, apareceu entrecortando o grupo. Acalentou o companheiro que chorava.

– Em sua forma humana? A proporção desse ataque foi terrível... Abalou totalmente a aura do nosso mestre, ela é a fonte de seu poder. – ela abraçou o amigo – Acalme-se Turky, ele ficará bem.

– É melhor vocês ficarem aqui, ajudar a proteger o castelo e seus irmãos que ainda estão fracos. Quem é o segundo em comando? – vasculhou o grupo, procurando alguém que tomasse a frente.

– Sou eu, Shigurd. – homem com longas vestes brancas e cabelos da mesma cor surgiu por entre as criaturas – Sinto-me responsável por isso, eu que dei ordens para saírem. Temos que tomar o controle da situação, dar o melhor de si. À medida que recuperarmos nossa força, mais energia será captada pelo senhor Heimdall e sua aura se fortalecerá mais.

– Queria saber se acontecerá o mesmo com o Zeenon... – Disse Andy, preocupado com os sentimentos de Loki.

– O Senhor Zeenon, eu não sei, mas nosso mestre ficará bem diante da nossa união e recuperação. Não se preocupe, Zeenon é valente e forte, também ficará bem.

Shigurd chamou seus companheiros que estavam mais lúcidos a acompanhá-lo até o pátio externo do castelo. Alguns outros ficaram para amparar as criaturas que ainda estavam debilitadas.

Ainda curioso, Andy saiu à procura de algum lugar onde pudesse encontrar Loki. Não tinha a mínima ideia por onde percorria, apenas deslocava-se nos corredores do Endymion. Andou, andou, mas em nenhum lugar via sinal do feiticeiro das trevas e do humano. Se tivesse uma aura, poderia sentir as vibrações... Desistiu e resolveu esperar a chegada dos dois.

Se é que Simun voltaria.

No alto da torre do castelo, em um pequeno porão cheio de quadros de paisagens coloridas e estantes recheadas de poções brandas, Loki estava frente a frente ao seu inimigo. Queria mata-lo, trucidá-lo, arrancar cada fio de cabelo do corpo do homem. Poderia fazer isso, mas... Acreditava que ainda não era o momento. Simun encontrava-se encostado em uma cadeira de madeira encarando o outro com seus olhos castanhos. Tinha truques, feitiços ofensivos, porém não sabia se funcionaria com um ser das trevas.

Loki fixou o olhar dourado no rosto áspero do rei de Ezra.

– Seus planos poderiam causar um estrago em Ezra. Sabia? – indagou, ameaçador.

– Não me importo com o reino e o povo. Tenho interesses maiores. – rebateu, convencido.

O feiticeiro riu, era ridículo um homem ser tão prepotente a ponto de acreditar que poderia derrotar criaturas elementares. Inclinou-se para ele e expandiu a aura. Pretendia amarrá-lo em suas sombras, mas ainda não era o momento, porém tinha que estar preparado para um possível ataque do homem.

– E usaria um plano ridículo de roubar os poderes dos Guardiões? Onde você queria chegar? Diga-me. – os olhos brilhavam como faíscas.

– Plano Ridículo?! – aumentou o tom de voz, alterado – Nunca um feiticeiro humano chegou onde eu estou agora! Não tiveram a audácia de pesquisar sobre os guardiões e descobrir melhor suas fraquezas e brechas.

– E você acha que eles fariam isso? Sabendo do perigo? – indagou o feiticeiro.

Levantou, encarou Loki fixamente, o rosto pingava de suor. O rosto avermelhava-se de tamanho ódio, porém conseguiu responder,

– Todos! Todos querem os poderes dos guardiões, mas são uns covardes, medrosos de enfrentarem essas criaturas que são vulneráveis a humanos.

O ruivo endireitou o corpo e sentiu certo fervor ao perceber o desprezo na voz de Simun. As criaturas de luz não eram suas companheiras, porém eles ajudavam o reino de Ezra, e não mereciam aquele tipo de tratamento. Além disso, lembrava-se dos tempos de guerras contra eles; arrependia-se, como seu mestre.

– Feiticeiros das trevas não são vulneráveis a humanos, esqueceu? – disse Loki, levantando as duas sobrancelhas.

– O Zeenon... Depois que não consegui pegar o garotinho loiro, desisti. Não sei como derrotá-lo. Sua aura é mais resistente. Por isso, ataquei aqui pensando que ele não iria se importar. – levantou-se, ficando frente a frente com Loki – Afinal de contas, o que fazem aqui? São inimigos totalmente desligados um do outro!

Loki se afastou do rei e encostou-se a uma mesa vazia no meio do porão. Sabia que essa era a maior preocupação dele no momento, aquela ação, há alguns anos atrás seria impossível. Simun tinha razão em estar espantado.

– Você estava meio desinformado... Ainda bem. Não somos mais inimigos, apesar de algumas divergências entre as criaturas dos guardiões. – pensou em falar sobre o parentesco entre Zeenon e Heimdall, mas achou melhor deixar esse assunto de fora.

– Nunca, Nunca! – Simun começou a esbravejar como um lunático – São auras divergentes, que se chocam! Luz e Trevas! Não tem como!

Sem comoção, o feiticeiro observava-o espumar de raiva, o homem era um obcecado pelas magias dos guardiões. Simun andava de um lado a outro, tentando entender a situação. Parecia perdido. Tinha muitas dúvidas e decidiu sanar uma das principais.

Parou e encarou Loki, as veias no pescoço pareciam que atravessariam a pele.

– Por que o Heimdall não está aqui? Cadê ele?!

– Sob a guarda do meu mestre, em segurança. – sabia muito bem como guardar informações, não mencionaria a situação dos guardiões.

– Ele deve estar debilitado... Estou aqui e vou tomar esse castelo.

Ainda parecia delirar sobre os poderes, mesmo sem formar um plano para contornar a situação

– O que você pretendia fazer com as criaturas quando elas se recuperassem? – indagou, curioso com a esperança do homem.

– Recuperar? – soltou um riso estridente. – Tenho o “Elixir”, a poção do Zeenon que diminui a energia da aura dessas criaturas. Só precisava dominá-las.

Elixir... Dos tempos antigos, no início das batalhas, havia uma antiga poção do Zeenon, que, talvez poderia diminuir o poder da aura dos seres de luz. Loki ajudou a concebê-la e sabia que ela nunca fora usada. Zeenon desistiu e, acreditava que foi por um momento de compaixão no passado. Sem teste, não sabiam como ela agia, porém Loki tinha certeza que ela sequer afetaria a aura daquelas criaturas. Ele meneou a cabeça e sorriu, um pouco apiedados das pesquisas deploráveis de Simun.

– Essa poção... O Senhor Zeenon nunca a usou. Só que eu sei que ela não afeta a aura das criaturas do Heimdall... Desista, Simun. Está acabado. Você não vai conseguir ir a lugar algum.

Simun apertou os lábios, os olhos vermelhos, cheios de sangue e, principalmente, ódio. Sem pensar no perigo, rapidamente se atirou sobre Loki, desembainhando a espada, tentou golpeá-lo. O habilidoso feiticeiro fez as sombras dominá-lo com agilidade, sem chances da espadas alcança-lo. As sombras se esgueiravam no corpo de Simun, e ele caiu ao chão, enquanto gritava em agonia. Esperneava e sacudia-se tentando livrar-se das “cordas” negras que o envolviam. Loki olhava-o, sem um fio de piedade, andou até a besta no chão e pisou em sua coluna, fazendo-o gritar de dor. Queria tanto despejar todo seu ódio sobre aquele homem.

Em uma das janelas da torre, Loki pode ver os gêmeos Spectruns vigiando os arredores do castelo. Fechou os olhos e emanou algumas vibrações na sua aura, como sinais para os feiticeiros virem para a torre, eles entenderiam o recado. Em instantes, ouviu passos rápidos de botas pesadas subindo às escadas que davam acesso à torre, depois, foram as batidas na porta. Loki abriu a porta rápido, deixando os gêmeos entrarem no local.

– Spectrun’s, cuidem dessa criança aqui por algum tempo, eu voltarei.

– Era esse que queria nos roubar

Matheo encarou Simun amordaçado e aproximou-se do homem, chutou-o com força.

– Tenham moderação, ok?

Não sabia muito bem o que deveria fazer a Simun, mas o manteria ali até poder contatar o seu mestre – Também não sabia quando. Loki já se preparava para sair, quando Alberón parou-o. Viu, no olhar do loiro, o quanto estava triste. O olhar dele, sempre cheio de vivacidade, estava sem brilho. Já tinha consciência do que que se tratava.

– Sei que vocês também estão tristes por causa do Senhor Zeenon, mas ele ficará bem, Alberón. Tenho certeza disso.

– Nossa união... É importante para a aura dele, não é?

– Sim, estejam unidos e cooperem com os seres de luz.

Alberón sinalizou com a cabeça, assertivo.

– Não sei se sabe, mas pelo menos dois feiticeiros levaram a alma de alguns soldados...

O feiticeiro sabia que não era bom roubar almas, mas agora era um mal necessário.

– Não é bonito de ver isso, porém... Pelo menos nos ajudaram.

– Pegamos a maioria, mas alguns fugiram, não sei como... – baixou a cabeça, um pouco frustrado.

– Não se preocupem. Já está de bom tamanho. Estou indo, cuidado com esse daí...

Deixou o homem sob a vigilância dos gêmeos e partiu para a escada da torre. Enquanto descia, Loki viu a silhueta de Andy espiando a passagem para o porão, parecia indeciso se subia ou não. O jovem assustou-se quando viu Loki emergir da escuridão e recuou.

– Você é bastante bisbilhoteiro, não? – disse Loki, cruzando os braços.

– Rodeei o castelo e encontrei esse lugar... Pensei em subir, mas... – olhou para a escuridão da torre e franziu o cenho.

– Tem medo de escuro? – levantou as sobrancelhas, intimidador.

Soltou um sorriso estridente, divertindo-se com a expressão furiosa de Andy.

– É um trauma de infância. Não tenho culpa! – esbravejou.

– Como você se tornou soldado, medroso assim?!

Ainda rindo do rapaz, Loki sinalizou para que ele o acompanhasse para o pátio, onde veria a situação das criaturas. Talvez, trocando algumas ideias entre eles, saberia como trazer os guardiões de volta.

Seguiram pelos corredores do térreo do castelo e, rápidos, chegaram ao pátio externo do Endymion. Ao vislumbrar a cena do lugar, o ruivo surpreendeu-se – aquilo jamais foi presenciado. Os seres de trevas e luz tentavam socializar, cooperavam para proteger o castelo. Shigurd conversava com alguns feiticeiros, parecia um diálogo brando. Grupos se formaram e conversavam pelo pátio, pareciam procurar soluções para o último problema que parecia persistir. Se os guardiões tivesse acordado, já teriam vindo ao castelo... Era preocupante. Alguns ficaram de fora, indiferentes à situação, mas todos estavam ali pelo bem do castelo e das criaturas de luz. Apesar de tudo, o feiticeiro parou, feliz, observando a cena. Andy olhou-o e percebeu que um sorriso tímido surgia nos lábios dele.

Mark chegou-se perto dos dois, exibindo um sorriso largo, disse:

– Estou gostando de ver, estão juntos, unidos!

– Verdade. Acho que os mestres gostariam de ver esta cena

Sentia um enorme contentamento invadir, Loki realmente estava feliz.

– Eu acho que a situação está amena. Onde está Simun? – indagou Mark.

Loki virou-se para o dragão, encarando-o.

– Deixei sob os cuidados dos gêmeos Spectrun’s. Não sei o que acontecerá com ele e esses soldados ainda, quero deixar esta tarefa para o Senhor Zeenon.

– Mas... Tínhamos que resolver logo, eles.. – disse, baixou o tom de voz gradativamente.

Lembrava-se de Zeenon e Heimdall sobre a cama.

– Ele vai acordar logo, eu sei disso. – o feiticeiro estava confiante, algo lhe dizia que tudo sairia bem.

O fio de esperança em nenhum momento deixava o feiticeiro, Mark deveria se agarrar naquilo também. A união entre as criaturas, a recuperação dos súditos de Heimdall, tudo poderia ser benéfico para os dois – mais energia seria captada pelos guardiões, devido à ligação deles às suas criaturas. Eram um só organismo.

– Importaria se eu voltasse para casa agora? Preciso ver como está o Link... Eu volto.

Sentia um grande anseio, aperto no peito. Mark sabia o quanto seu companheiro era sensível, precisava saber como ele estava, o mais rápido possível. Foi difícil deixa-lo desamparado, mas era necessário.

– Vá... Não precisa voltar. Eu, Andy e Shigurd cuidaremos de tudo aqui.

– Eu? – Andy franziu o cenho, intrigado.

–Você tem que ficar sob minha vigilância. – Ele arqueou as sobrancelhas, desconfiado.

O ex-soldado deu um passo à frente, visivelmente furioso. O rosto avermelhava-se e, os olhos arregalados, criavam veias. Não aceitava tamanha desconfiança, depois de toda a ajuda.

– Já fiz tantas coisas a seu favor e ainda não confia em mim? – indagou, aumentando o tom de voz.

– E se for tentado a ajudar esses miseráveis? – cruzou os braços, sem se importar com o jeito do rapaz.

Mark olhava-os, procurando alguma forma de quebrar a tensão, um olhava para o outro como cão e gato prestes a começar uma briga: Loki totalmente com seu ar superior, como um gato; Andy soltava faíscas pelos olhos, assim como um cão raivoso. Afastou-se, pé ante pé, antes que estourasse a briga.

– Bom, então... Eu estou indo. Espero que fique tudo bem por aqui. Até mais...

Ainda no pátio, o jovem transformou-se em dragão e voou pelos céus daquela fria madrugada para o Darkvallum. A viagem era rápida, em menos de quinze minutos estaria no castelo. Porém, a mente estava tão ocupada, que o caminho parecia nunca terminar. Pensava no ataque, nos guardiões, nas criaturas... Tentava acreditar piamente no que Loki imaginava, porém tinha medo. Queria seu pai de volta, o Heimdall para chamar de tio e curtir, junto aos companheiros, a família. Tentou enfiar em sua cabeça que chegaria ao castelo e ouviria alguma boa notícia... Que a aura deles estava a melhorar...

Link, quando o viu chegar no jardim, correu ao seu encontro e o cobriu de beijos, feliz por ter o companheiro de volta para ampará-lo.

Tentando acalmar o parceiro, Mark o conteve, dizendo:

– Espera, espera, estou bem. A situação lá já se acalmou.

– Que bom! Estou me sentindo um inútil aqui, sem fazer nada.

Link abaixou a cabeça, desanimado com sua baixa atuação na batalha. O outro o abraçou, beijando-lhe a face.

– Não poderíamos deixar o Freyr sozinho e o castelo precisava de proteção.

– Eu sei... Não apareceu nada aqui e o Freyr chorou a noite inteira e agora está dormindo. Tive que insistir para ele sair dos pés da cama.

– E o nosso pai e o Heimdall? Como... – não quis terminar a frase, talvez já soubesse a resposta.

– A mesma coisa. Não mudou nada. – aconchegou-se nos braços de Mark e continuou – Eu estava à sua espera. Vamos para o quarto?

– Tudo bem, vamos.

Abraçados, atravessaram o jardim do castelo. Seguiram para o quarto Banharam-se e deitaram na cama, esperando o sono impossível bater à sua porta.


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Notas finais do capítulo

Enfim, estou postando um atrás do outro... Capítulo 20 chegará logo!



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