The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! =)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/609401/chapter/19

Freyr agora estava ajoelhado ao lado da cama do seu amado e, observava aquela cena cheio de lágrimas nos olhos. Permanecia inerte, totalmente sem reação: Com toda certeza, era o pior dia de toda a sua vida. Mark tentava consolar o companheiro que desabava em lágrimas, encostado em um dos pilares do dossel da cama, mas a dor era tão grande que acabou escapando pelo olhos do dragão celeste. As quadrigêmeas, paradas no canto do quarto, observavam tudo atônitas, sem entender o que realmente acontecia. Olhavam-se umas às outras, esperando uma resposta para a cena. Lentamente, Freyr encostou a cabeça na beira da cama e soluçou; soluçou pedindo para que tudo fosse apenas um sonho ruim.

O frio lá fora tornava-se prelúdio de um episódio desesperador.

Loki e Andy chegaram rápido ao castelo. O feiticeiro estranhou a ausência das quadrigêmeas que sempre o recebiam na entrada, animadas. Entrou no hall de entrada e o castelo estava silencioso, estranhamente quieto.

Enquanto subiam as escadas, Andy observava tudo fascinado, achava todo aquele castelo muito estranho, mas totalmente encantador de um ar sombrio. Loki checou a sala de música e os corredores; não havia ninguém. Então, decidiu ir ao quarto do seu mestre, entrou no corredor a oeste da grande sala da torre e parou em frente à porta do quarto. Andy encostou-se na parede do corredor, esperando o feiticeiro dizer algo. Encostando o ouvido na porta, o ruivo ouviu alguns soluços abafados.

Resolveu entrar sem bater.

A cena que presenciou no quarto, o fez derramar lágrimas – algo que não fazia há anos.

Sobre a cama violeta, Zeenon e Heimdall estavam de olhos fechados, as mãos entrelaçadas –aparentemente desmaiados. Ambos permaneciam em suas formas humanas, o rosto pálido, como mármore branco. E aura... Praticamente apagada.

Olhou para um lado, viu Freyr ajoelhado e chorando, Mark e Link também choravam, mas em pé, próximos a cama. Para onde direcionava o olhar, via tristeza... Melancolia. O que aconteceu ali? Perguntava-se a todo instante.

Andy espiou o quarto por cima do ombro de Loki e recuou sem entender absolutamente nada. Resolveu voltar ao seu lugar e esperar o que ocorreria depois.

Sem saber como reagir, o feiticeiro tentou pensar em algo, mas sem sucesso. Cerrou os olhos e, passou os dedos pelo rosto, enxugando as lágrimas. Suspirou e, em um esforço que só ele conseguiria manter, levantou a cabeça.

– Simun desferiu um ataque sobre as criaturas de luz, provavelmente, invadirá o castelo. Vimos desacordas e amontoadas na floresta... – tentou organizar os pensamentos, mas era difícil – Não sabemos muito bem o que ele irá fazer.

Passou seu olhar esmorecido ao Mestre e, perguntou-se o porquê ele estava ali – Frágil, desmaiado, quase... Morto.

– O Senhor Zeenon... Eu não entendo. Quase não sinto a aura dos dois. Muito.. Muito... Fraca. – chegou-se mais perto da cama.

– Loki o que pode ter acontecido? Por quê? – esforçando-se para falar, Freyr levantou a cabeça.

O rosto avermelhado do menino revelava o sofrimento. Tinha chorado muito e quase não conseguiria forças para levantar dali.

– Apesar de poderosa, a aura do Senhor Heimdall é muito delicada em relação as suas criaturas. Lembro-me que certa vez o Mestre Zeenon atacou parte dos seus súditos e ele ficou fraco, apenas alguns dias depois Heimdall se recuperou totalmente. Com certeza está acontecendo o mesmo com o ataque de Simun. Ele conseguiu reunir boa parte das criaturas e desferiu o ataque. Como... Não sabemos.

– São muitas perguntas... – refletiu Mark.

Todos concordavam com a reflexão do dragão, sobre Zeenon, como Simun conseguiu as criaturas, por que tão rápido... Teriam que responder tudo aquilo, rápido.

– Essa magia era tão poderosa assim, Loki? – perguntou Andy, intrometendo-se na conversa.

– Se ele a desenvolveu em meses... Sim. Ela pode ficar poderosa, ainda mais que veio de um humano, uma das fraquezas das criaturas.

Link se desatou dos braços do companheiro, estava revoltado com a situação e, precisava externar isso.

– Mas como um humano medíocre consegue fazer isso? Não é possível! E o Meu pai? – Disse, os olhos ainda marejados de lágrimas.

O jovem dragão não conseguia acreditar que seu pai e tio estavam naquele estado, sempre eram tão fortes, inabaláveis. Não queria mais ver aquela cena.

–A Hakai é poderosa, como já estudaram magia, devem conhecer. Heimdall eu entendo, mas... Eu realmente não sei o porquê o Senhor Zeenon foi afetado. Simplesmente não entendo. – respondeu Loki, ainda cheio de dúvidas pairando em sua mente.

Algo muito estranho acontecia ali e era seu dever tomar as rédeas para defender a todos. Porém ainda tentava entender a situação do mestre. Somente Heimdall seria atingindo por aquele ataque, por suas criaturas atingidas, só a aura dele deveria ficar enfraquecida, mas Zeenon estava ali, junto, no mesmo estado.

O feiticeiro fechou os olhos e respirou fundo, sentiu os músculos rígidos contraírem-se e, recuperado, trouxe firmeza a sua voz. Dirigiu-se a Andy, e disse:

– Precisamos ir até ao Endymion. Porém, antes eu buscarei reforços em Inshtarheim. –recobrou sua confiança em instantes.

Consciente, Loki já planejava uma ofensiva, faria de tudo para conseguir algum apoio no Submundo, ameaçaria, se possível. Sem Zeenon, Tinha que tomar a frente, era obrigação como segundo em comando. Mark, que ouvia tudo agarrado ao companheiro, sentiu uma fúria invadir o seu corpo. Precisava ajuda-los naquela batalha, pelo rei que o ajudou e acolheu durante tantos anos.

– Eu também irei. – decidido, queria vingar-se por seu pai de consideração.

Ele se movimentou tentando se afastar de Link, mas o dragão das sombras agarrou suas vestes, impedindo-o de sair.

– Se você for, eu vou também! – Disse em uma voz chorosa.

– Alguém tem que proteger o castelo, Link. – afirmou o ruivo, firme.

Os olhos dourados de Loki voltaram ao brilho fervoroso de antes, agora precisava de sangue frio.

– Você protegerá o castelo junto aos feiticeiros da guarda e as nossas meninas. – Ele agarrou o rosto do jovem dragão e continuou – Link, você é forte, assim como o seu pai. Orgulhe-o.

Convencido, Link baixou a cabeça e balançou-a, entendendo o recado. Como um desejo de sorte,levantou a cabeça subitamente e contraiu seus lábios contra os de Mark, soltando as vestes do companheiro – Ele precisava ir e vingar-se daqueles que tentavam afetar a sua família.

Dirigindo-se às criadas da casa, o feiticeiro ordenou,

– Articulem-se nos arredores do castelo.

– Sim, senhor! – responderam, uníssonas.

Em um movimento orquestrados, as belas feiticeiras soltaram os longos cabelos castanhos e uniram as mãos. E elas sumiram, em sombras.

Os três rapazes saíram, rumo a Inshtarheim, buscar reforços. Sentindo-se sozinho, Link caminhou até Freyr e sentou-se à beira da cama. Segurou as mãos dos gêmeos.

Loki, Andy e Mark seguiram para o Submundo. O ruivo tomou a frente, um pouco ressentido por ter que agir como o próprio guardião das trevas, achava-se indigno daquilo. Mas, naquela situação de emergência apenas tinha que levantar-se e seguir em frente, mesmo que uma dor lacerante o desmanchasse por dentro. Assim que chegaram ao Yamisin, Loki sabia que os feiticeiros não aceitariam a presença de Andy ali, então precisava de algo para convencê-los, mas, como era bastante astuto, já havia pensado naquilo. Não o levaria à “cabana”, pois sabia que era perigoso para o rapaz, tinha que mantê-lo em segurança.

– Andy é melhor você esperar aqui, junto a Ying. – disse ao rapaz, que assentiu, balançando a cabeça.

Lançou um olhar à bela pantera-negra e disse,

– Cuide dele até eu voltar. Está do nosso lado.

Ying lançou um olhar desconfiado para o homem ao lado, encarou os seus olhos negros. Parecia fazer pouco caso do rapaz, não queria defende-lo, porém tinha que cumprir a ordem. Logo o empurrou levemente, usando sua cabeça enorme.

O ex-soldado teve medo ao sentir o toque dos pelos lustrosos da pantera em sua pele. Sem entender muito bem o que acontecia, perguntou:

– O que ela quer?

– Está te chamando para entrar no castelo. Vá com ela e fique lá dentro, não saia por hipótese alguma. Eu e Mark voltaremos com reforços. – Loki ainda falava com firmeza, disfarçando a dor que sentia.

– Tudo bem. – deu de ombros e seguiu Ying até o castelo.

Admirado pela força do feiticeiro, Andy surpreendeu-se ao perceber que estava errado sobre as criaturas sombrias. Podia ver nos olhos de Loki todo o sofrimento que ele sentia ao ver o seu mestre desmaiado, sem saber se voltaria à vida ou não. Ele estava ali, forte e decidido a lutar.

– Mark, pode transformar-se em dragão? Vamos à cabana. Acredito que nossos feiticeiros mais bem treinados vão fazer o melhor serviço.

O feiticeiro agora andava rápido em direção à floresta a frente do castelo.

– Sim, Loki. Mas o que você tem em mente? – Mark o acompanhava a passos largos.

– Espere chegarmos lá, eu explicarei tudo.

O grande dragão apareceu nos jardins do Yamisin, preparando-se para a viagem. Era armado com grandes asas distendidas, a cabeça achatada equipada de chifres projetados para frente e o volumoso corpo encoberto de escamas brilhantes. Agachou, posicionava-se para o voo. Loki rapidamente pulou para o dorso do dragão e logo eles cortavam o céu avermelhado de Inshtarheim. Passaram pelas grandes vilas dos clãs de feiticeiros, subiram a colina do refúgio dos monstros, até que no alto desta chegaram à grande cabana. Estendendo-se por todo o perímetro do pico da colina, a cabana fora construída de madeira negra e, sobre o telhado, viam-se várias plantas rasteiras formando uma cobertura verde.

Alguns feiticeiros de longas capas cinzas que chegavam ao local, viraram-se quando o estrondo fez tremer o chão. O Dragão celeste, mais conhecido como a “Luz do Submundo” por causa do brilho prateado das suas escamas, pousou a frente do maior ponto de encontro dos feiticeiros. Na clamada Cabana, eles interagiam como irmãos, compartilhavam feitiços e poções, disputavam entre si ou apenas conversavam sobre variados assuntos do submundo. Quando viram Loki descer das costas da grande criatura, correram para dentro da cabana, a fim de chamarem os seus companheiros.

Mark voltou a sua forma humana e acompanhou Loki, que já estava a caminho do local. Antes mesmo de chegarem à porta, foram surpreendidos por diversos feiticeiros que saíam ansiosos para receber um dos mestres do Submundo, Loki. O feiticeiro de cabelos de fogo não era somente reverenciado por ser o servo mais próximo do Guardião das trevas, mas pelo enorme poder que tinha e suas engenhosas magias de manipulação e infiltração. Era um feiticeiro experiente, apesar de ter se transformado em um ser das trevas na mesma época em que Zeenon assumiu o poder. Antes disso, outras criaturas já existiam e vagavam pelo mundo, mas sem líderes formados. O ruivo fora transformado pelo próprio rei.

Para acalmar o fervor dos feiticeiros, Sirius, um belo feiticeiro de longos cabelos vermelhos, o terceiro mestre no Submundo, falou:

– Por favor, pessoal, organizem-se na cabana, parece que o Senhor Loki quer conversar conosco.

Obedientes, os feiticeiros retornaram à cabana, acomodando-se nos bancos das mesas de madeira. Loki e Mark entraram no local, indo até o bar, à frente de todas as mesas. Mark acomodou-se sobre a bancada; Loki esperou todos os feiticeiros se acalmarem e prestarem atenção nele.

Quando o local ficou em total silêncio e todos se voltaram para frente, o segundo mestre finalmente pode começar:

– A notícia que darei a vocês não será muito boa, mas peço que fiquem calmos.

Eles se entreolharam, curiosos para saber o que estava acontecendo.

– O Senhor Heimdall foi atacado por um poderoso feiticeiro humano e aconteceu o mesmo quando foi a “Invocação das Sombras”. Ele está desmaiado e sua magia totalmente debilitada, está em sua forma humana. E...

A fala do feiticeiro foi interrompida por alguns chiados e risos, dividiam-se entre o horror e a zombaria. Apesar de quase estabelecido o equilíbrio, alguns tanto em Inshtar quando no Reino de Luz, não aceitavam muito bem a harmonia.

Chateado, Loki vociferou:

– Alguns de vocês riem, mas esquecem que Heimdall é irmão legítimo do Senhor Zeenon. Merece ser respeitado. – arquejou, recuperando a calma – Ainda não terminei. O nosso Mestre, por algum motivo que eu não consegui identificar, também foi afetado. Está desmaiado e... –

Abaixou a cabeça, quis diminuir o tom de voz, mas tinha que continuar,

– Eu quase não sinto sua aura.

Os feiticeiros olhavam uns para os outros, sem entender a situação. O grande rei estava enfraquecido e, isso parecia um sinônimo que algo ruim estava por vir. Como podia, um homem tão poderoso como Zeenon também ser afetado por um ataque humano... Não era possível. Agoniados começaram a falar todos ao mesmo tempo, e a algazarra instalou-se na cabana. Alguns estavam revoltados, outros não acreditavam no que ouviram.

Loki suspirou, sabia que a notícia deixariam os feiticeiros agitados, porém, preservou a calma e continuou,

– Vou precisar da ajuda de vocês. – disse, em um tom mais alto – Todos aqui sabem que o Senhor Zeenon já estabeleceu o equilíbrio com Heimdall e que faziam parcerias, mesmo com a desaprovação de alguns. Tenho certeza que Simun tomará o castelo e vamos agir por lá.

Sirius escutava Loki com muita atenção, em pé, encostado em uma das paredes laterais da cabana. Lentamente, levantou a cabeça e, em um andar majestoso, andou até Loki e perguntou:

– O que vamos ganhar ajudando o Rei da Luz? Nosso único interesse é ajudar o Senhor Zeenon. –os olhos vermelhos, como seus cabelos, fervilhavam;

Loki, ciente das antipatias dos seres do submundo com os seres de luz, já havia preparado uma proposta. Forjou seu ar manipulador de sempre:

– Tenho certeza que milhares de soldados já invadem Endymion. – inclinou-se para frente e continuou – Se acabarmos com eles, unidos, vamos nos fortalecer. Nosso mestre precisa de boas vibrações, a aura dele se fortalecerá, tenho certeza disso! Vamos, uma vez, não vai doer – ele jogou a última frase de modo incisivo, quase ameaçador.

Olhavam uns aos outros, sem saber como reagir a proposta. Queriam o mestre de volta, mas ajudar seres de luz era como ferir o orgulho que tanto preservavam. Porém, sabiam que precisavam derrubar este sentimento, pelo bem do homem que os liderava.

Duas feiticeiras de cabelos ondulados negros se levantaram, e disseram, juntas,

– Nós vamos!

Excitados, os outros seguiram as companheiras e também se levantaram, confirmando sua cooperação. Todos estavam de pé, animados.

O olhar dourado do feiticeiro voltou-se para Mark, brilhavam como diamantes. Conseguiu algo nunca antes visto; feiticeiros do submundo ajudando seres de luz.

– Preciso de um grupo de ataque, que ficará com o Mark e outro grupo de defesa do castelo. Vamos distrair os soldados e tentar levá-los para fora e atacá-los, enquanto os outros entram no castelo e ficam de guarda.

Mark desceu da bancada, enquanto os feiticeiros se organizavam, aproximou-se de Loki.

– E o Simun? Quem vai enfrentá-lo?

– Enquanto você e Andy vão para o ataque, eu irei para o castelo enfrentá-lo.

– Mas, Loki, nós não sabemos a real situação... É tudo muito hipotético e se, quando chegarmos lá, ser tudo diferente do que planejamos? – Preocupado, o dragão celeste tentava entender o que Loki pretendia com aqueles planos.

O outro pôs a mão no ombro do dragão, sabia muito bem o que estava a fazer.

– Mark, ele também quer território. Por que não invadiria o Endymion? É ilógico não pensar nisso.

– Verdade... – afirmou, sinalizando com a cabeça – todos nós daremos um jeito.

– Os feiticeiro são poderosos... Temos aproximadamente quarenta aqui, porém a julgar pelos que vejo... – varreu o olhar pela cabana, os grupos já se organizavam – Os que estão aqui têm grandes habilidades de batalha.

Poucos instantes depois, os dois grupos já estavam formados. Loki retomou sua posição de líder e gritou:

– Estão prontos?!

– Sim Senhor! – responderam em alto e bom som.

– Vamos até o Yamisin. Abrirei o portal lá. Sairemos na floresta do norte, onde fica o Endymion. Vamos. – Ele fez um sinal convidando-os para irem até o castelo.

Montados em suas feras, dispositivos, ou dragões de pequeno porte, os feiticeiros seguiram para o Yamisin, sob o comando de Loki. Estavam animados, cheios de energia.

Os jardins do Yamisin, de repente, foram invadidos por vários feiticeiros, usando longas capas, montados em animais híbridos. Vinham como feras, como se fossem atacar o castelo. As fisionomias, apesar de um pouco frias, eram bonitas. Os cabelos de cores diferentes, tons de azul, violeta, verde, diferenciavam-se dos castanhos, negros e loiros que Andy estava acostumado a ver no mundo humano, e complementavam ainda mais a beleza daqueles feiticeiros; Os olhos fulgurosos, brilhantes, guardavam o perigo. Alguns exibiam espadas, arcos, machados. Armas perigosas que deveriam ser mágicas.

Andy, observava tudo pela grande janela da sala principal. Sentiu-se amedrontado quando viu aquele bando entrando nos jardins, tinha certeza que eles não gostariam de saber que um mero humano estava dentro do castelo, sob a proteção de Loki. Ele ficou a observar Loki e Mark darem os comandos e os feiticeiros dividirem-se em grupos. Atento nos grupos de “bárbaros”, Andy nem percebeu que Loki agora estava do seu lado, as mãos frias em no ombros robustos.

– Vamos, Andy? – sentiu a voz suave próxima ao pescoço, sentiu calafrios.

Virando-se para o feiticeiro, Andy não fez muita questão em esconder a aflição.

– Tem certeza? – franziu o cenho, visivelmente preocupado – Acho que eles não vão gostar muito de mim...

– Você é meu protegido, esqueceu? – soltou um sorriso cansado, mas seus olhos ainda revelavam sua tristeza.

Novamente, o ex-soldado percebeu o sofrimento do ruivo. Queria falar algo para ele, mas não era muito bom em palavras e tinha medo da reação. Porém, ao encarar os olhos firmes dele, conseguiu alcançar seus sentimentos e, ganhou coragem.

– Você não está sozinho... Tem seus companheiros! – apontou para a janela, no jardim, os feiticeiros já se preparavam.

– Eu sei... – olhou para a janela, viu as criaturas no jardim – Mas... Estar assim no comando. É estranho, não é meu lugar. Queria-o aqui.

Deixou-se levar e jogou seus sentimentos. Ele parou de repente e observou Andy.

– Claro! – sem medo, pôs as duas mãos sobre os ombros do feiticeiro – Só que, no momento, você tem que liderar! Honre a posição do seu mestre!

As palavras de Andy atingiram-no como um forte clarão. Ele estava correto, tinha que honrar e seguir, mesmo que doesse. Olhou o rapaz, recuperado, e o orgulho de feiticeiro bateu à sua porta.

– Por que eu estou falando isso para você... Não entendo mais nada.

Andy sorriu, sabia que alguma hora ele recuaria. Era normal, afinal conversava com um humano. Porém, soube exatamente como responde-lo.

– Acho que você só precisava de alguém para se abrir... Já que seu amigo não está aqui.

Ao ver as lágrimas de Loki, quando foram ao quarto de Zeenon, compreendeu que eles tinham uma conexão forte; Muito mais do que mestre e servo.

– Como você...?! – assustou-se, aquilo era muito ousado da parte dele.

– Eu percebi, Loki. Você chorou quando viu o Senhor Zeenon daquele jeito. Vocês são amigos...– fixou os olhos nas esferas douradas de Loki, tentando mostrar-lhe que o entendia, queria ajudá-lo.

O feiticeiro suspirou, sentindo certa indignação pelas deduções de Andy, mas algo dentro de si, denunciava o alívio por alguém ter conseguido perscrutar seus sentimentos. Desviou o olhar para a janela, fingindo não gostar da conversa.

– Estou bem. Não preciso de compaixão, vamos deixar de conversa e ir logo.

Virou-se e saiu pisando duro em direção à porta.

Andy sorriu, gostando do jeito arrogante do outro. Com certeza, tudo que ele queria era que alguém o entendesse e lhe confortasse naquele momento. O ex-soldado correu, seguindo Loki, perguntou:

– O que vamos fazer agora?

Loki parou de repente, virou-se para Andy.

– Você e Mark junto a um dos grupos de feiticeiros vão distrair os soldados e leva-los para a floresta e lá, vão atacar. Eu irei para o castelo com o outro grupo, pegar o Simun.

– E você acha que eles vão me aceitar? – fez uma expressão incrédula, nunca os feiticeiros aceitariam lutar com um humano.

– Vão. – disse, certo de que iriam concordar.

Agarrou a mão de Andy e arrastou-o para fora.

Assim que pisaram os pés na fachada do castelo, os feiticeiros viraram-se, e sentiram que o rapaz ao lado de Loki não emanava uma aura. Então, era humano. O ódio subiu nas entranhas deles. Já pensando na morte, Andy tentou recuar, mas o outro apertou sua mão com força, impedindo-o de sair.

– Você vai ver como eles vão te aceitar... – sussurrou para Andy, malicioso.

Lentamente, o feiticeiro soltou a mão do ex-soldado. Olhou os feiticeiros, sabia que seus companheiro adorariam ouvir o que tinha a dizer.

– Estão vendo esse homem aqui? – aumentou o tom de voz e apontou o rapaz – Traiu a sua própria raça, revelando segredos sobre o seu Rei. Veio para o nosso lado, apesar de ser um humano.

A furiosa aura dos feiticeiros começou a amenizar, Andy olhava-os, ainda apreensivo, estava com medo de não ser aceito e morrer ali mesmo apenas com os penetrantes olhos dos feiticeiros. Mas, para a sua surpresa, eles sorriram e, dentre um dos grupos, surgiu uma voz,

– Já estávamos pensando em uma maneira de te matar aqui.

Soltaram uma risada estridente depois que viram os olhos assustados de Andy, encarando-os.

Andy suspirou aliviado quando viu os olhos dos feiticeiros, antes furiosos, olharem-no de forma divertida.

– Obrigado, achei que ia morrer aqui.

– Eu disse que você era meu protegido. Agora vá e junte-se a Mark. – apontou para o dragão celeste que estava conversando com alguns feiticeiros.

Obedecendo as ordens, ele correu e juntou-se a Mark, foi bem recebido pelos feiticeiros. Recebeu batidinhas em suas costas e o cumprimentos amigáveis.

Loki fechou os olhos, sentia-se preparado para ir, seu coração doía por dentro, mas dessa dor, ele extrairia suas forças. Não sabia o que fazer para trazer o mestre de volta, porém tinha que lutar. Era um dever a cumprir. Sabia que alguma hora ele voltaria, sentia isso. Desceu da fachada e juntou-se aos outros. Juntou as mãos; os feiticeiros se afastaram.

O portal seria aberto.

De repente, viu-se um grande círculo vermelho brilhante estender-se pelo jardim. Todos pisaram no portal, prontos para a caçada.

Os soldados não imaginavam o que estava por vir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar postar até o capítulo 20 no final dessa semana. Não sei se na próxima estarei disponível :/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Golden Rose - A Rosa Dourada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.