The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

* Palavras em itálico... Importantes!
** Bom, a imagem de hoje não é a parte principal do capítulo, na verdade queria encontrar alguma arte que representasse Mark e Link... E achei essa maravilhosa! (Link da fonte vinculado à img) ;)

Boa leitura! :3



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Zeenon, Freyr e os jovens dragões passaram a tarde se divertindo com batalhas e conversando nos salões daquele grande castelo. Link e Mark adoravam ter Freyr em casa, a presença dele sempre deixava o ambiente mais agradável, e o garoto também apreciava a companhia deles. Sempre brincalhões faziam-no rir, seja por alguma gracinha ou por alguma teimosia de Link inevitavelmente repreendida por Mark. Os dois brigavam mais do que namoravam, mas um não conseguia viver sem o outro.

Depois de um jantar farto, com iguarias que Freyr jamais havia experimentado, os meninos saíram para um passeio noturno pelo Submundo, enquanto Zeenon e Freyr ficaram na Biblioteca aventurando-se em novos livros. O garoto adorava aquele lugar, quando olhava para cima, chegava a ficar atordoado ao vislumbrar a quantidade de livros que havia ali. Realmente, era um paraíso literário.

Os livros sobre feitiços eram um bom passatempo para Freyr, entretanto o sono começou a chegar. O jovem bocejou, cansado daquele dia decisivo. Estava melhor depois de tanto carinho que recebeu, porém, um peso abatia o seu corpo. Ao perceber que Freyr estava sonolento, Zeenon levantou-se da poltrona acolchoada vermelha e andou em direção ao garoto, que estava parado perto da pequena mesa de madeira negra, empilhando os livros que ‘beliscava’. O rei abraçou-o por trás e, beijou o seu rosto carinhosamente.

– Vamos nos preparar para dormir, não?

– Sim, mas... Onde vou dormir? – indagou, olhando-o de lado.

O rei sorriu, previu que ele perguntaria aquilo.

– Se incomoda de dormir no meu quarto?

– Er... – continuou – Acho que...

– Não pense nada demais... – Imaginando os pensamentos do companheiro, sorriu novamente e continuou – Só quero tê-lo em meus braços para te ajudar a ter um sono bom.

Apertou-o ainda mais, arrancando um sorriso do garoto.

– Então tudo bem... – Deu de ombros, mais confortável com a situação.

Saíram da grande biblioteca e partiram para o quarto. Antes do jantar já tinham se banhado, então apenas foram para o compartimento de roupas a fim de se prepararem para deitar. Novamente, Zeenon foi até a estante no fundo do quarto e procurar uma roupa de dormir adequada para o frio. Achou um pijama cinza, de algodão. Era composto por um casaco de tecido fofo, denso, bom para o frio. E, a calça era justa, também de um tecido espesso.

Enquanto, o rei pegava as roupas, o jovem observou todo o perímetro do quarto, admirado com a organização do aposento. As duas paredes, na parte leste e oeste tinham embutidas cabinas de roupas. Eram vestimentas tecidos finos, alguns possuíam desenhos bordados, e as cores eram predominantemente pretas e roxas. Somente no fundo, havia uma pequena estante, e um armário com gavetas e, do lado, uma porta, a qual Freyr nunca tinha percebido. Curioso, o jovem perguntou:

– Zeenon, para onde aquela porta ali leva? – Ele apontou a porta no fundo do quarto.

– É um quarto para joias. – disse, tirando uma calça preta da cabine de roupas de dormir.

Ele andou até Freyr e entregou-lhe as vestimentas.

O jovem analisou a textura das peças do pijama. Era tudo tão macio, sentiu vontade de ficar o tempo todo acariciando o tecido. Zeenon começou a se despir, e o garoto acompanhou seus movimentos, com os olhinhos atentos. Primeiro, o rei tirou a blusa vermelha de manga longa, depois descalçou as botas e começou a tirar as calças. Quando percebeu que Zeenon não vestia roupas de baixo, Freyr virou o rosto, sem saber como reagir. Porém, não conseguiu resistir e, de soslaio, observou as pernas torneadas, e as nádegas lisas do companheiro, e não sabia se o seu rosto enrubesceu de timidez ou desejo. Talvez, fossem as duas coisas, ao mesmo tempo.

Antes de se vestir, o rei virou o rosto para Freyr e viu que ele o observava, mesmo um pouco acanhado. Entre ele e seus agregados, não tinham vergonha do corpo. Ficavam nus uns na frente dos outros, sem qualquer constrangimento. Porém, Freyr foi criado em uma sociedade onde a nudez era embaraçosa; Zeenon esqueceu-se completamente disso.

– Incomoda-se, Freyr?

– Desculpa, eu... – agarrou as roupas em suas mãos, visivelmente nervoso.

– Eu que tenho de pedir desculpas, sei que...

– Não tem problema. – disse, interrompendo o rei.

Freyr conseguiu virar completamente o rosto.

– Está em seu castelo e... É bonito. – olhou-o de cima a baixo, admirado.

– Tudo bem... – pôs-se de frente para o garoto. – tenho costume de dormir sem roupas, mas hoje acho melhor não.

Sem mais vergonha, o garoto olhou-o novamente de cima a baixo, agora vislumbrando-o por inteiro. Não imaginava que se acostumaria tão rápido em vê-lo daquele jeito.

Zeenon vestiu a calça preta que tirou da cabine, e cruzou os braços, esperando o garoto – ele ainda segurava as roupas entre as mãos.

– Vamos?

– Ah, sim... – disse, direcionando o olhar para o pijama.

O jovem despiu-se e colocou o pijama rapidamente, sentiu como se estivesse mais rechonchudo com as dobras que o casaco cinza formava.

Os dois voltaram ao quarto, Zeenon deitou na cama, enroscou-se nos cobertores e espreguiçou como um gato preguiçoso. Freyr sentou-se timidamente ao seu lado e perguntou:

– E o Andy? O que ele falou?

O rei ajeitou-se sobre as almofadas e, abrindo um sorriso brincalhão,

– Deita aqui no meu peito que vou te contar tudo.

Por um instante, teve dúvida se Freyr realmente iria, mas o jovem apenas sorriu, entrou nas cobertas e deitou-se sobre Zeenon, respirando o perfume de pêssego da pele do rei.

– Está bom assim? – deitou o queixo no peito do companheiro e piscou os olhos azuis.

Zeenon passou a mão nos cabelos loiros dele, sorrindo, feliz por ele estar à vontade ali.

– Então... Você pode falar agora?

– Ok... Simun é um feiticeiro e quer os meus poderes e os do Heimdall, usaria você contra mim, e tentar com ataques extorquir os do meu irmão. Tem projetos que Andy diz que não conhece, investigava minhas poções e feitiços, enfim... Quer se igualar aos guardiões.

Freyr impressionou-se com a objetividade da explicação do rei e levantou a cabeça, rápido e indagou:

– Mas, como Loki não descobriu?

– Geralmente, feiticeiros humanos têm esconderijos e com certeza não é no castelo dele, que é um lugar público. Os feiticeiros e seus rituais também são, geralmente, mais ativos à noite e o tempo que Loki consegue estabilizar a aura não é ilimitado como o meu. Por dia há certos limites e me preocupei mais que ele ficasse de dia, à noite para ele é perigoso ficar entre humanos.

– Perigoso, para o Loki? – Freyr achou estranho, Zeenon sempre dizia que Loki era muito esperto.

– É perigoso para as minhas criaturas andarem à noite no mundo humano; Os feiticeiros humanos só agem durante esse horário e alguns deles, possuem dispositivos para encontrar criaturas das trevas. Antes dos meus comandos, vários deles perambulavam pelo mundo humano de noite, assustando as pessoas.

– Ah... Entendi... E assim, Simun poderia descobri-lo... – deitou a cabeça novamente.

O rei contou o resto da história, sobre Heimdall, suas criaturas e “o grande projeto”, que ele estava intrigado para descobrir. Quieto, o garoto ouviu tudo, prestando bastante atenção à cada palavra, e quando finalmente Zeenon terminou sua explicação, perguntou:

– E... Agora o que vocês vão fazer?

– Vamos nos reunir amanhã. Mas já planejo algumas coisas aqui. Quero cuidar do Heimdall e acabar de vez com esse homem.

Curioso com a resposta do rei, Freyr indagou:

– E quais as possibilidades?

– Prender o Simun... Ou melhor...Matá-lo. – a sua voz soou tão tranquila que nem parecia algo estrondoso.

Freyr arregalou os olhos ao ouvir a última sentença de Zeenon. Aquela decisão era extrema, e o tom dele revelava que ainda conservava certo sangue-frio.

– T-Tem certeza...? Ér... – murmurou.

– Por que não? A ambição dele pode causar sérias consequências e ainda quer prejudicar o meu irmão. É um humano insolente.

– Você também já fez coisas erradas. E foi perdoado. – Disse, sentando-se sobre o torso do rei, Apoiou as mãos em seu tórax, e olhou-o, sério.

Zeenon sentou-se na cama, ficando à altura do garoto. Segurou o rosto do companheiro com ambas as mãos e fixou o olhar no azul límpido dos olhos dele,

– Se algo não for feito logo, haverá guerra. Não sabemos quais são os próximos passos dele, porém, boa coisa não é. Várias pessoas da sua cidade morrerão, prevejo muita destruição. Simun não se preocupa com o povo, só com ele e seu poder. Você quer mesmo ver tudo isso?

Sem conseguir encontrar argumentos, o garoto abaixou as pálpebras, constrangido.

– Não quero... Mas... Não há mais alternativas? – indagou, em um tom mais ameno.

– A meu ver, não. – soltou a cabeça do namorado e afagou seus cabelos presumindo que ele havia se convencido.

– E como você vai fazer isso?

– Amanhã, depois de me reunir com Heimdall, irei ao Submundo. Vou discutir com Loki algumas ideias, quando estiver tudo pronto, vou agir. Não vai demorar.

– Ok...– concordou.

Os braços de Zeenon envolveram Freyr e este sentiu um beijo quente entre os lábios, entregou-se, convencido de que não poderia pará-lo. Não gostou das alternativas apontadas, porém estava ciente da experiência dele e não podia fazer mais nada além de acompanhar seus passos. Logo, o guardião deitou-o na cama, ainda entre beijos.

Zeenon abraçou-o apertado, contente em ter alguém ao seu lado.

– Agora durma, você precisa descansar.

O rei ajeitou-se ao lado de Freyr, sussurrou em sua orelha um delicioso “boa noite”. O garoto respondeu com um beijinho leve na bochecha e, em seguida, aninhou-se mais em seus braços, fechou os olhos e segundos depois já estava em sono profundo.

A manhã estava fria quando Freyr conseguiu abrir os olhos, depois de uma noite de sono longa. Dormiu bastante, mas sua mente precisava de descanso. Sentia algo pesar em seu corpo e, quando percebeu, viu que os negros cabelos de Zeenon estavam em suas costas. Virou o rosto para o lado e viu o lindo semblante do rei dormindo tranquilamente, porém o tórax robusto repousava em cima de Freyr.

Com dificuldades, o garoto tentou se movimentar para sair da cama, mas foi em vão. Estava atado a um dos braços do rei, que o envolvia pela cintura. Então, cuidadosamente, Freyr roçou os dedos de seus pés na sola dos de Zeenon, tentando lhe fazer cócegas. Era quase impossível ele não sentir.

O rei moveu-se lentamente para o lado oposto e, então Freyr pode suspirar, aliviado; o corpo de Zeenon era pesado como ferro. Caminhou para banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho acima da bancada e percebeu que apresentava uma aparência renovada; sua vida entrava em uma nova fase, não sabia o que aconteceria dali em diante. Só tinha uma única certeza... Não queria ser um empecilho. Queria de algum modo ajudar Zeenon em seus planos, mas como o rei gostava sempre de deixá-lo sob suas “asas”, pressionaria a ficar no castelo, em segurança.

Freyr saiu do banheiro e sentou-se na cama, arrumou o lado onde havia dormido e depois ficou a observar Zeenon dormir tranquilamente. Lembrou-se da história que ouviu no dia anterior, nunca pensou que um dia veria Zeenon chorar. Apesar de estar se recuperando, resquícios da dor ainda persistiam no coração do rei. “Aos poucos eu vou te curar…”.

Levantou-se e atravessou o quarto. Abriu lentamente a porta da varanda, deixando a luz fraca invadir o aposento. Apesar de nublado, o dia estava com uma beleza incomum. Freyr observou o jardim, tentando apreciar a beleza das rosas negras, mas a tempestade de neve à noite as encobrira totalmente. Ofuscou a beleza das flores.

Voltando ao quarto, ele observou o pequeno relógio na mesinha de cabeceira da cama, eram exatamente seis horas da manhã, provavelmente, estaria a caminho do trabalho. Trabalhava apenas um turno, mas o esforço equivalia a dois. Pela manhã era a hora da arrumação dos produtos e a movimentação dos clientes era bem maior; carregava caixas pesadas para todos os lados da loja, além de aguentar a violência de Jude. Só não trabalhava à tarde porque seu pai geralmente saía para beber, menos nas épocas de festas, onde o movimento era maior. Freyr estava um pouco aliviado por se livrar daquilo. Tinha uma família problemática, que mal se importava com ele. Era um triste, mas sentia-se livre.

Com um pouco de receio, ele se esgueirou até a porta e saiu do quarto, talvez os dragões já estivessem acordados. Logo quando saiu, deu de cara com Mark que passava pela porta bocejando, os cabelos prateados desalinhados, estava sonolento.

Ao ver Freyr aparentemente bem-disposto, o dragão celeste despertou e, sorrindo, disse:

– Bom dia, Freyr! Parece que dormiu bem.

– Bom dia Mark, eu dormi bem mesmo... E você? – Respondeu, meio desajeitado, ainda não tinha muita intimidade com Mark.

– Ah... – fez uma expressão enfezada – Tirando o fato de que o Link tem a mania de dormir em cima de mim... Dormi bem, sim...

Freyr sorriu, o mal era de família.

– Mark, a que horas o Zeenon costuma acordar?

– Hum... Geralmente ele acorda às oito... Ou oito e meia...

– Nossa, tarde assim? – Como foi acostumado desde pequeno a acordar cedo, sempre achava tarde alguém acordar após as seis e meia.

– É... Tem dias que ele acorda às onze... Mas acho que é só quando ele passa a noite acordado, a mesma coisa acontece com o Link. – espreguiçou-se, bocejando – Que tal descermos agora? Estou com um pouco de fome...

Antes que Freyr pudesse responder, o dragão celeste segurou-o pelo antebraço, puxando para o caminho que levava à escadaria do castelo. Os dois desceram as escadas e contornaram o vão. Seguiram por um corredor iluminado por grandes vidraças coloridas, produzindo um belo efeito sobre as paredes vermelhas. No final deste corredor, uma porta escancarada exalava um cheiro doce de café fresco.

Quando chegaram à cozinha, quatro criadas de cabelos castanhos pareciam dançar para lá e para cá, em movimentos sinuosos, produzindo bolos e outros pratos para o café da manhã.

Aspirando o delicioso cheiro de café fresco, Mark elogiou:

– Hum... Que cheirinho gostoso! Eu quero!

As moças viraram automaticamente e responderam, harmoniosas:

– Bom dia, senhores.

Quando Freyr viu a face delas, espantou-se; Eram quadrigêmeas, sorridentes, quase angelicais. Tinham olhos caramelados e o rosto afunilado.

Mark sentou-se à mesa que ficava no centro da cozinha, convidou Freyr a acompanhá-lo. Logo um bule de café estava sobre a mesa, junto a duas xícaras prateadas, e, magicamente, o bule movimentou-se sozinho, servindo os dois jovens.

Freyr olhava curioso o movimento do bule pondo café em sua xícara. Ao perceber o estranhamento do jovem, Mark tratou de explicar:

– Quando elas estão muito apressadas, fazem essas coisas só com um estalar de dedos. É sempre bom ter feiticeiros como criados. Chamam-se Siffy, Brumma Frigg e Hell.

– Elas são feiticeiras? Pensei que não faziam esses tipos de serviços...

– Sim, são. Os serviços são feitos bem mais rápido, elas usam magia de manipulação e alguns temperos de Inshtarheim que dão um toque especial à comida.

– Ah, sim... – Agora Freyr entendia o porquê das refeições no castelo serem tão boas.

Uma das gêmeas se aproximou de Mark com dois pratos na mão.

– Os senhores desejam comer algo?

– Hum... É melhor esperamos os outros descerem, não? – Disse Freyr, pegando sua xícara.

– É só um petisco antes do café... Vamos... Eu quero.

– Então tudo bem.

Rapidamente, a criada pôs os pratos sobre a mesa.

– É bolo de amora, espero que gostem.

Os dois responderam “Obrigado”, cada um pegando o seu prato.

– Zeenon, certa vez me disse que esse era o preferido dele...

– É, ele pede que elas façam pelo menos uma vez por semana. – petiscou o bolo, deliciando-se.

Freyr experimentou e entendeu a preferência de Zeenon, realmente era maravilhoso. Havia caldas de amora dentro do bolo, além de pequenos pedaços da fruta. O jovem observou Mark por um instante e ficou intrigado para saber de onde veio aquele garoto de cabelos prateados, tão alegre e extrovertido. Não sabia muito sobre ele, apenas que era o companheiro inseparável de Link. Sem saber muito bem como começar, apenas perguntou,

– Mark, como você chegou aqui?

O dragão celeste terminou de devorar o seu bolo e encarou Freyr com os olhos negros misteriosos.

– Na verdade... Zeenon que me trouxe para cá. – Ele fez uma pausa e tomou o resto do café para limpar a garganta. – Eu morava em uma vila humilde, perto do reino de Ezra. Levávamos uma vida simples e pacata por lá... Até que... Há quinze anos, o pai de Simun, o antigo rei de Ezra, resolveu atacar a vila para tomar o território. Eu perdi tudo – abaixou a cabeça e o tom de voz – casa, família, amigos... Tudo. Eu tentei resistir aos soldados para proteger os corpos dos meus pais e os restos da minha casa. Lutava contra eles, mesmo sem armas. Acho que era o único sobrevivente da invasão. Quando eu estava prestes a morrer pelas mãos de um grupo de soldados, eu vi uma sombra aparecer à minha frente.

Mark apoiou os dois cotovelos na mesa e olhou Freyr atentamente.

– Zenon estava ali e, só falou alguns encantamentos, uma névoa negra cercou os homens e eles caíram por terra. O Senhor Zeenon estendeu a mão para mim, dizendo que ia me tirar dali. Eu não senti nenhum medo dele, apenas peguei a sua mão e o segui até o castelo. Quando chegamos aqui, ele me acolheu, as meninas curaram minhas feridas e depois disse que queria me treinar, pois havia visto um “espírito de guerreiro” em mim. – Ele sorriu, lembrando-se da época em que chegou ao castelo. – Eu aceitei e, por dois anos, fui treinado para receber um dragão, durante esse tempo, nós criamos bons laços de afeto. Quando recebi o dragão celeste, meus antigos cabelos castanhos desbotaram para o prateado, da mesma cor das escamas do dragão. Já o Link...

Mark inclinou a cabeça, em uma expressão apaixonada, seus olhos brilhavam só de pensar em Link. Freyr percebeu que agora escutaria um pouquinho sobre o amor dos dragões.

– Quando eu cheguei aqui, ele não gostou muito de mim... Implicava, brigava, tinha ciúmes por eu passar um bom tempo com o pai dele. Pouco tempo depois de eu receber o dragão, acho que ele percebeu que implicância era paixão... Ele se confessou para mim. Eu, que já conservava certo sentimento por ele, também fiz o mesmo. Nós acabamos dormindo juntos e Zeenon nos flagrou na manhã seguinte... Já que temos a mesma idade, o mesmo tipo de magia, ele me deixou ser parceiro do Link. – terminou com um sorriso largo.

O garoto loiro não pensava que aquele dragão tão sorridente tivesse uma história tão sofrida, realmente tinha "espirito de guerreiro".

– Com essa guerra quero me vingar do pai daquele inútil do Simun, tal pai, tal filho. Zeenon me deu esse poder. Eu tenho muito a agradecer, ele é meu mestre. Eu o amo e amo seu filho. Eles são minha família agora. Zeenon, apesar de frio e às vezes arrogante, tem um grande coração. Você tem muita sorte, Freyr. – Ele encarou o jovem loiro, feliz por saber que Zeenon agora tinha alguém para ser seu parceiro.

“Ele tem um grande coração...” As palavras ecoavam em sua mente e Freyr se lembrava de todas as histórias que ouvira sobre Zeenon, ele era totalmente o contrário da criatura monstruosa que a sociedade acreditava ser. Histórias se caçadas de almas à noite e que ele arrancava a pele das pessoas para confeccionar vestimentas não passavam de falácias para crianças se comportarem. Depois de alguns instantes navegando em pensamentos, Freyr foi despertado por Mark:

– Freyr! – aumentou o tom de voz e estalou os dedos.

De repente, Link apareceu por trás do dragão celeste, e envolveu seus braços no pescoço dele, beijou-lhe a face e disse “Bom dia, meu amor”. Ainda abraçado ao seu companheiro, Link olhou para Freyr e lembrou-se do aviso que seu pai pedira para passar

– Bom Dia, Freyr, meu pai está lá em cima te procurando.

– Bom dia, Link. Tudo bem, já estou indo. – perpassou os olhos pela cozinha e percebeu que as criadas já haviam saído, ia agradecê-las pela boa comida.

Andando rápido até o quarto, Freyr agora sentia uma sensação estranha, como se estivesse pressentindo algo. Sentia um aperto em seu peito, alguma força completamente estranha tentava dizer-lhe algo. A imagem de Zeenon e Heimdall em suas formas humanas surgiu repentinamente em seus pensamentos.

Parou, em estado de transe.

Estavam aparentemente tristes e ofegavam como se estivessem exaustos. Segundos depois, voltou a sua consciência. “O que poderia acontecer...”, perguntou a si mesmo. Será que pressentia algo?

Preparou-se psicologicamente para não demonstrar aflição ao seu companheiro. Fechou os olhos e respirou fundo. O jovem entrou no quarto, e viu Zeenon vestindo um robe preto de seda. Correu até o rei e abraçou-o. Abrindo um sorriso radiante, disse:

– Bom dia, amor. – pendurou-se no pescoço dele e beijou seus lábios.

Surpreso com o gesto do seu parceiro, Zeenon envolveu seus braços na cintura de Freyr estava satisfeito com aquele jeito acalorado.

– É muito bom começar o dia assim. – Encostando sua boca na orelha do garoto, mordeu-o de leve e sussurrou – Quero essa recepção todos os dias, é uma ordem.

– Ok, Senhor. Eu o obedecerei. – sorria, tentando esconder sua angustia por aquela imagem “porque tanto me aflige...” Se Zeenon percebesse que estava preocupado, com certeza insistiria até ele falar.

– Espero que tenha dormido confortavelmente... Eu tenho certa mania de dominar a cama inteira.

Soltava-o vagarosamente, parecia não querer desgrudá-lo do seu corpo.

– Quando acordei você estava quase em cima de mim, mas eu consegui sair bem.

– Desculpe-me, não tem como controlar... – Zeenon passou a mão em seus cabelos e, pegando um punhado dos seus fios negros, disse – Preciso pentear isso aqui, está muito desarrumado.

– Ah Zeenon, deixe-me pentear! Por favor. – Disse, tentando animar-se.

– Ok, no banheiro há uma escova de cabelo prateada.

Freyr correu até o banheiro e logo no balcão viu a escova com empunhadura prateada. Quando voltou ao quarto, o rei havia sentado na cama e jogado os cabelos totalmente para trás, facilitando o trabalho. Sentou-se atrás dele. Vagarosamente, tateou os cabelos escuros de Zeenon, sentindo sua maciez dos fios. Eram muito bem cuidados. Ele encostou os fios em suas narinas, deliciava-se com o cheiro, era doce.

– Que cheiro bom... – Então começou a penteá-los, escorregando a escova prateada por entre os fios.

Lembrava-se novamente da imagem...

Zeenon gostava das carícias do garoto, ele era sempre tão delicado. Mas agora precisava tratar de vários assuntos importantes, não poderia perder o foco.

– Freyr, depois do café da manhã, vamos resolver as coisas com seu pai.Eu te acompanharei... Tudo bem? – observou-o de soslaio, um pouco inquieto.

– Sim... Mas é melhor que eu fale com ele sozinho...

– É melhor mesmo. – Sabia que se estivesse presente na conversa, talvez o pai de Freyr apontasse ideias distorcidas e tentaria impedir o jovem de se libertar. – À tarde, vamos escolher suas vestimentas e à noite me reunirei com Heimdall e logo depois com Loki.

– Está pronto. – Freyr jogou os cabelos do rei para os ombros, estavam agora todos alinhados e desembaraçados.

Zeenon alisou-os levemente, sentindo que estavam totalmente macios e alinhados.

– Obrigado, ficou muito bem penteado – virou-se para o garoto e alisando o seu queixo disse – Enquanto treinar você, será meu criado particular. – sorriu, e trouxe o rosto de Freyr para mais perto do seu, beijando-lhe a face.

Sentia uma sensação boa por saber que faria parte daquele mundo, queria poder ficar cada vez mais próximo de Zeenon.

– Não me importo em satisfazer suas vontades, serei o melhor criado que você poderia ter. – respondeu, convencido.

– Ah sim, veremos. Acha que é fácil me satisfazer... – franziu o cenho e apertou os olhos, malicioso.

Zeenon conferiu o relógio, estava perto das sete e meia, hoje eles não podiam perder tempo.

– É melhor nos aprontarmos logo, quero resolver tudo isso o mais rápido possível.

– Tudo bem, eu vou sentir como se tivesse tirado um peso das minhas costas.

Levantaram-se e, antes das oito, estavam prontos para o café da manhã. Acompanhados dos dragões, tomaram uma deliciosa refeição matinal. Zeenon ficou feliz por ter seu bolo favorito no café, dava-lhe ainda mais ânimo.

Apesar de não esquecer a imagem dos gêmeos, Freyr agora preocupava-se sobre a conversa que teria junto a seu pai.

Tudo em que conseguiu pensar foi naquela desculpa, mas estava quase ciente que ele aceitaria sem alardes. Afastando-se da sua família, ele sentia um pouco de remorso, tentaria perdoá-los... Assim como aconselhou Heimdall. Sua mãe, por nunca ter se importado com o filho e seu pai por sempre maltratá-lo sem motivos. Sabia que seria difícil, mas se esforçaria ao máximo para conseguir.

Terminado o café, Zeenon chamou-o para irem à Vistorius. Andando pela floresta, indo em direção à cidade, Zeenon e Freyr caminhavam silenciosos, as mãos entrelaçadas. O rei percebia que seu companheiro estava inquieto: olhava para todos os lados, a mão suava e não abriu a boca um instante sequer.

Aquele assunto era tão pessoal, que era difícil de comentar. Um pouco desajeitado, disse:

– Fique calmo... Dará tudo certo.

– Eu espero que sim. Eu estava com tanta certeza ontem... Hoje estou meio inseguro. Tenho que encará-lo. De qualquer maneira.

– Você é forte. Dá-me orgulho. – Ele sorriu, tentando lhe passar confiança.

O garoto retribuiu o sorriso, contente com o apoio do rei. Se não fosse por ele e Heimdall...

– Eu te amo, Zeenon. Obrigada por ficar ao meu lado. Só você para me fazer feliz em um momento como esse.... – aconchegou-se nos braços do rei, o corpo quente dele lhe acalmava.

– Estarei do teu lado, amando-te, vivendo nosso amor intensamente, por toda a eternidade dos meus dias.

Freyr o abraçou, agradecido por receber tanto amor. Ganhava mais coragem.

– Estamos perto da cidade, vou estabilizar minha aura.

Fechou os olhos e concentrou-se para encolher as vibrações da aura, absorvendo-a. Assim que abriu os olhos, um intenso brilho esverdeado emergiu. Ao longe, já ouviam os sons da cidade.


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