The Golden Rose - A Rosa Dourada escrita por Dandy Brandão


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Estou ansiosa para o próximo capítulo! :) Já comecei a edição!



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Freyr estava em casa feliz por estar sozinho. Seu pai tinha saído para beber – e nunca sabia que horas voltaria – e sua mãe fora para casa da irmã, com certeza, fugindo da fera. Jimmy, como sempre, estava no quartel.

Ele aproveitou para ficar mais à vontade. Brincou despreocupadamente com o cachorro, correndo pela casa, deitou no sofá e se espreguiçou, preparou seu próprio jantar e depois espalhou os livros pelo chão da sala e pôs-se a ler sob a luz da lareira, enrolado em um cobertor. Coisas que se ele fizesse com alguém em casa, provavelmente, levaria uma surra ou ouviria reclamações durante toda a noite.

Lendo sobre bruxos e magias, Freyr estava fascinado com aquele mundo obscuro. Ele teve que implorar para Zeenon emprestar-lhe o livro, mas depois descobriu que era só piscar os olhinhos que o rei cedia o pedido. Leu alguns encantamentos, analisou alguns rituais de feiticeiros até que acabou dormindo sobre os livros, como de costume.

O jovem dormia tranquilamente no chão da sala, quando acordou assustado com um estrondo vindo dos fundos da sua casa. Ele levantou e correu, apavorado, até o quintal. As mãos trêmulas seguram a maçaneta da porta, e com dificuldade, abriu:

– Quem estiver aí! Apareça!

A neve atrapalhava sua visão, que ficava cada vez mais turva com os cristais e o vento soprando seus cabelos no rosto. O jovem apenas viu alguns vultos passarem rapidamente e desaparecem. Novamente ouviu-se um estrondo mais barulhento do que antes, Freyr gritou assustado, entrou e fechou a porta. Encostou o ouvido na madeira seca da porta, para acompanhar o invasor. Ele ouvia passos lentos se aproximando cada vez mais da casa, pareciam botas; o som ficava mais pesado quando tocavam a neve espessa, junto com barulho de chaves que deveriam estar penduradas. O rubi vermelho começou a brilhar, ele a segurou com toda a força. Provavelmente o invasor preparava-se para um ataque. De repente, o som das botas sobre a neve parar, e alguns instantes depois, os passos tomaram outro ritmo, agora mais rápidos e diminuíam gradativamente até desaparecem.

O jovem deixou-se cair ao chão, aliviado, ainda agarrado a sua pedrinha. Tinha escapado do perigo graças àquela coisinha poderosa.

Começou a andar, trocando as pernas, diretamente para a sala. Olhava para todos os lados. Ainda estava com medo, mas sabia que era só manter a pedrinha ali, consigo, que sempre estaria bem.

Após ter se recuperado do susto, ele arrumou a sala e deixou a casa exatamente como estava. Se encontrassem a casa naquele estado, provavelmente ouviria gritos até ficar surdo. Depois se trancou no quarto e deitou na cama para tentar dormir e esquecer o que houve.

No primeiro raiar de sol do dia seguinte, Freyr já estava de pé. Jude chegou e ele nem tinha percebido, mas agora sentia o terrível cheiro de bebida impregnado na casa. Mary logo chegaria para reclamar do marido de ressaca; precisava preparar os ouvidos e a mente. O jovem banhou-se e se preparou para trabalhar.

Mais tranquilo, o jovem foi ao quintal ver o que o meliante tinha derrubado. Quando abriu a porta, suspirou de alívio; o indivíduo derrubara apenas uma caixa com ferramentas e alguns baldes vazios, nenhuma cesta com legumes e frutas. Freyr arrumou tudo rapidamente, a neve tinha abaixado, mas ainda dava para ver as pegadas do meliante, eram grandes e como o jovem suspeitou, ele calçava botas.

Perto da cerca que separava a casa da rua, Freyr avistou um objeto prata, pequeno e brilhante, perto do local ainda havia pegadas da pessoa misteriosa, aquele objeto deveria ter sido deixado para trás. Ele caminhou até o troço brilhante e pegou-o, examinado. Era um punhal prateado, tinha o cabo ornamentado com desenhos aleatórios e no meio deles via-se um brasão, o mesmo usado nas fardas dos oficiais do reino. Agora era certo, Simun estava planejando algo contra ele. Com todo cuidado, a peça pontuda foi enrolada no casaco do garoto e ele correu para o quarto. Trancou a porta para que Mary – que chegou de fininho – não visse o objeto. Um pano velho serviu de manta para enrolar o punhal, Freyr a guardou em uma velha caixinha perdida no quarto. Vestindo outro casaco com bolsos, Freyr envolveu a caixinha dentro do bolso interno para depois levá-lo a Zeenon.

Seu pai acordou totalmente mal-humorado, o jovem teve medo até de lhe dirigir a palavra. O homem não quis nem comer, apenas tomou o amargo café da esposa e chamou Freyr para o trabalho. Apressando-se, ele devorou um pedaço de pão e, obediente, seguiu para o trabalho.

As ruas já estavam movimentadas, o comércio abria cedo em Vistorius. Era uma cidade bela e pacífica, de médio porte, mas tinha um bom centro comercial. Pessoas de todos os lugares vinham vender e trocar produtos, e aconteciam vários eventos culturais. Entretanto, o que mais intrigava os visitantes era o fato de que dois guardiões poderosos e seus respectivos territórios ficavam por aquelas redondezas. Muitas pessoas paravam no meio das estradas para observarem os castelos de Zeenon e Heimdall de longe.

Naquela manhã, na loja do seu pai, as vendas estavam baixíssimas, apesar do grande movimento das ruas. Jude, chateado com o movimento fraco, estava com uma expressão horrível no rosto. O ajudante da loja, Nelly, tentava animá-lo com algumas piadas estúpidas, mas nada adiantava.

Freyr estava sentado na frente da loja folheando um jornal velho que encontrou na rua, quando viu um homem nada estranho vindo em sua direção. Todos olhavam para ele e fuxicavam uns com os outros. Não o olhavam com medo, mas admirados, por ele ter uma aparência bela, seus cabelos negros presos, jogados pelo peitoral e olhos verde-esmeralda. Usava um grande sobretudo negro, ornamentado com botões dourados, parecia um nobre. Zeenon andava despreocupadamente pelas ruas de Vistorius, mas tinha que fazer um bom esforço para estabilizar sua aura e não ser reconhecido. Aproximando-se de Freyr, percebeu que o garoto estava branco como papel, assustado ao ver o rei ali.

– Bom dia, rapaz.

Rapidamente, o garoto levantou.

– O-o que faz aqui?... E os seus olhos... – perguntou, curioso.

Freyr observou os olhos verdes do belo rei. Conseguiu reconhecê-lo apenas com sua pele e porte. Mas aquele olhar o deixava diferente.

– Acompanhe-me que te direi o porquê estou aqui e meus olhos estarem diferentes.

– Mas eu... – Ele olhou para a loja onde seu pai observava os dois, interessado. – Agora eu estou trabalhando...

– Aquele homem que está nos observando é o seu pai?

– Sim... É...

– Quer que eu peça a ele para você me acompanhar só por alguns instantes? É rápido.

Deu um passo, preparando-se para ir, quando Freyr teve um sobressalto e o segurou pelo braço.

– Não precisa... Eu irei.

Voltou-se para loja e andou até seu pai, apreensivo. Olhava a todo momento para Zeenon, que permanecia em pé, distraído a observar a multidão de pessoas no centro da cidade.

Jude estava interessado em saber quem era o nobre homem parado na porta da loja e, logo que Freyr se aproximou, perguntou:

– Quem é aquele homem ali? É algum burguês que você conheceu na biblioteca? – Disse, em um tom áspero.

– É um amigo meu, pai. Ér... – Ele fez uma breve pausa para se recompor – Ele quer falar algo importante comigo, é rápido. Eu posso ir?

– Não tem nada pra você fazer mesmo... Vai... – Ele deu de ombros e fez um gesto para o jovem ir.

Andando rápido, o jovem dirigiu-se a Zeenon, convidando-o para ir até uma praça próxima à esquina. No caminho, o nobre rei olhava tudo com curiosidade, poucas vezes tinha visitado aquela cidade, mas nunca pisou naquele bairro.

Intrigado, Freyr perguntou:

– Zeenon, pode me explicar?

– Espere chegarmos até a tal praça, explicarei tudo lá.

– Achei que você não podia sair assim...

– Se eu quisesse, morava aqui. Mas, não gosto de me misturar com certos humanos. – Ele sorriu sarcasticamente para o jovem que retribuiu de modo tímido.

Ao chegarem à praça, os dois sentaram-se nos bancos perto de um enorme chafariz.

Louco para matar sua curiosidade, Freyr perguntou:

– Como você me achou?

– Só seguir de onde vinha a energia da pedrinha.

– E seus olhos?

– Estou fazendo um bom esforço para ocultar minha aura... – Zeenon falava baixo, com receio de alguém ouvir a conversa dos dois. – Posso absorver minha própria aura, mantendo-a estável. Assim, nenhum feiticeiro poderá senti-la. Estou agora em minha forma humana.

– Mas... Só vejo diferença nos olhos... As pessoas te reconheceriam, não?

Freyr estava intrigado, pensava que Zeenon era bem conhecido pelo povo, e que mesmo com os olhos diferentes, seria repudiado.

– Não apareço em público, Freyr. Poucos sabem quem eu sou. Popularmente sou apenas conhecido como – Ele fez um sinal de abre as aspas, sorrindo – “o devorador de almas com olhos vermelhos”. E se alguém já me viu antes, agora, eu posso ser apenas um homem que se parece com o rei da escuridão. Ainda mais que meus cabelos estão amarrados.

– Sua forma humana é linda... – olhou o rei com ternura, sentindo enorme vontade de beijá-lo, mas se conteve.

– Obrigado... – sorriu amigavelmente. – Freyr... Eu sei que poderia falar isso com você à tarde, mas... Eu estava agoniado. Ontem à noite eu senti uma vibração estranha e forte em minha aura, acredito que tenha sido um sinal da sua pedra...

– Eu ia falar isso com você... E te mostrar uma coisa também. – suas mãos suavam, de tamanho nervoso, deveria mostrar aquilo a Zeenon, mas sabia que ele ficaria furioso.

Freyr tirou a caixinha onde estava o punhal e entregou Zeenon, dizendo:

– É melhor irmos a outro lugar...

– O que é isso, Freyr? – Ele abriu a caixa e começou a tatear o objeto, curioso, tentando descobrir o que era. Até que quando sentiu que era algo afiado e com um pequeno cabo, deduziu:

– É um punhal. Onde encontrou isso?

– Ontem à noite quando eu estava dormindo, ouvi um baque no quintal e acordei assustado, fui até os fundos da minha casa e vi alguns vultos... – fez uma breve pausa para respirar e continuou – Alguém se aproximava lentamente da minha casa, quando eu ouvi um segundo baque, entrei assustado e os passos foram ficando cada vez mais fortes. Mas... Aí minha pedrinha começou a brilhar então a pessoa fugiu...

Zeenon ouviu tudo atento, sentindo um fulgor subir em seu corpo, mas tinha que se controlar para manter a aura estável.

– Hoje pela manhã, vi os passos dele na neve e, perto da cerca por onde ele fugiu, encontrei isso aí... Olhe o cabo. Apenas o cabo.

Zeenon tirou com cuidado o pano, revelando o cabo do objeto ornamentado, quando percebeu o brasão no meio dos desenhos, grunhiu com força apertando o objeto. Simun realmente queria morrer.

Ao ver a reação do seu amado rei, Freyr rapidamente segurou suas mãos, tentando acalmá-lo.

– Espere Zeenon, não quero que faça nada imprudente...

O rei guardou rapidamente o objeto na caixa, contendo-se.

– Ou ele planeja matar ou sequestrar você. Quero hoje mesmo o escudeiro de Simun falando tudo o que sabe. – Zeenon grunhia baixinho.

– Tem um homem... – Freyr tentava se lembrar do rapaz forte que um dia viu em seu bairro – Ele era grande e forte, tinha insígnias na roupa. Veio fazer vistoria no bairro. Vi alguém falar baixinho que ele era o “cão do rei”, chamava-se Andy.

– Acho que Heimdall o conheceria... Ele está do nosso lado.

– Heimdall está ajudando? – Disse Freyr, surpreso.

– Sim, está. Contei o plano... E ele quis se intrometer. Se for esse Andy mesmo, Loki certamente descobrirá.

Freyr olhou-o afavelmente e deu um toque leve na mão do rei, este retribuiu com um sorriso.

– Boa sorte.

– Acho melhor eu ir embora... Seu pai parece um homem irado. – Disse Zeenon, amigavelmente.

– E como é! – afirmou.

– Vou te acompanhar até a loja e de lá vou embora, ok?

Zeenon se levantou e estendeu a mão para ajudar Freyr. O jovem aceitou e os dois seguiram juntos rumo ao comércio.

As ruas continuavam cheias, as pessoas transitavam de um lado a outro, observando curiosamente, o nobre homem que chamava atenção. Belo, gracioso e, principalmente, sedutor, ele despertava mais a atenção das moças que fuxicavam umas com as outras sobre ele. Ao ver os olhares fulminantes das mulheres, Freyr sentiu uma pitada de ciúmes subir, mas confortava-se ao perceber que seu namorado não tinha olhos para outra pessoa.

Uma vez que chegaram à loja, foram surpreendidos com as portas do estabelecimentos fechadas. Ciente do jeito imaturo do seu pai, Freyr logo percebeu o que aconteceu.

– Tenho certeza que meu pai se aborreceu com o movimento fraco. Típico dele. – balançou a cabeça negativamente.

– Ele te deixou aqui, mesmo sabendo que voltaria? – Disse o rei, um pouco amargurado com o pai do seu amado.

– Ele nunca foi de se importar comigo... – deu um sorriso torto de lado, mas logo teve idealizou algo para os dois – Que tal passearmos um pouco pela cidade?

– Tem certeza? E se seu pai por acaso nos encontrar... Não quero trazer mais problemas para você.

– Não! – passou o braço pelo de Zeenon, puxando para si. – Quais problemas? Ele me deixou aqui, então não tem nada para reclamar.

Freyr guiou seu amado rei pelas belas e movimentadas ruas de pedra de Vistorius, mostrando tudo que achava de mais bonito na cidade. Sabia que ele não gostava muito de ficar entre humanos, mas já que aceitou o passeio, tinha que aproveitar o máximo. Mostrou o pequeno museu dos reis, a fachada do teatro, os jardins da cidade... Quando passaram pelo castelo de Simun, bem no centro de Vistorius, Zeenon o encarou por alguns instantes lembrando-se do dia em que “brincou” com rei, assustando todos. Sorriu para si mesmo, ao se recordar dos rostos assustados dos soldados.

– O que houve?

– Nada, só olhei para esse castelo e me lembrei do pavor dos soldados naquele dia.

– Coitados... Você deu um baita susto neles! – Freyr riu baixinho.

– Eu acho que ele não conhece os poderes dos guardiões... Por isso tenta nos desafiar. Pode não parecer, mas... Heimdall é muito poderoso. Mas ele não gosta de usar contra os humanos...

– Um dia quero ver vocês lutando juntos... –

Empurrou-o de leve, piscando os olhos. Seria fantástico ver os dois juntos em uma batalha. Zeenon olhou para baixo, sentindo uma leve vertigem... Não gostava de falar sobre batalhas envolvendo Heimdall.

– Acho que não é muito necessário. Em uma batalha, nós sempre agimos sozinhos... – murmurou.

Uma bela praça arborizada com árvores silvestres se ergueu no fim de uma pequena rua residencial, Freyr já estava um pouco cansado das andanças pela cidade, pediu a Zeenon que parassem por lá, somente alguns instantes. Assim que adentraram na praça, Freyr deixou-se cair em um dos bancos de madeira, como se livrasse de um peso. Estava animado pela companhia de seu namorado, mas precisava conter a alegria. Observando o lugar, o rei sentia-se feliz por poder passear – nem que fosse por uma manhã apenas – tranquilamente com Freyr, mesmo que aquele mundo humano não lhe fosse agradável. Sentou-se ao lado do jovem, o qual ficou curioso ao ver que ele não aparentava estar fatigado.

– Você não parece nem um pouco cansado...

– Andar não me gasta muitas energias... – sorriu.

– Estou gostando tanto de passear com você... ­– piscou seus brilhantes olhos – Sei que está se esforçando para ficar aqui, não é?

Freyr encostou a cabeça no ombro do rei, com Zeenon ao seu lado, não se sentia sozinho no meio daquela multidão nas ruas.

– Consigo controlar bem minha aura e.. Eu estou com você, não me importo em caminhar por aqui.

Entreolharam-se durante alguns instantes, como se hesitasse um beijo; estavam em público, não poderiam expressar seus desejos. Quando, então, Zeenon viu um sombra passar pelas árvores da praça. Conhecia muito bem aquele tipo de movimento. Ele olhou para os lados procurando se havia alguém por perto e desestabilizou a aura por alguns instantes. Loki apareceu por entre as árvores, atravessando a praça em passos suaves..

Observando o estranho vindo, Freyr indagou:

– Zeenon, sabe quem é aquele homem?

– É o Loki.

– O seu servo? – arregalou os seus olhos azuis, surpreso.

Loki aproximou-se e cumprimentou-os:

– Sinto que está fazendo um bom esforço, mestre, assim como eu. – Ele desviou o olhar rapidamente para Freyr e sorriu, cumprimentando-o.

– Sim, Loki. Às vezes é preciso. – Zeenon levantou, e pousou a mão no ombro de Freyr – Acho que nem preciso apresentar, pois você já ouviu falar muito dele... Este é o Freyr Siegfried.

– Ah, sim o tão famoso Freyr, é um prazer conhecê-lo. – Loki curvou-se em sinal de respeito.

O olhar confuso do garoto, dividia-se entre a face alegre do seu namorado e o servo dele, que parecia conhece-lo há muito tempo. Estranho ser chamado de “famoso” e sentiu muita vontade de perguntar o porquê, mas presumiu que Zeenon mencionasse seu nome a Loki várias vezes, já que os dois pareciam ser próximos um do outro.

– Eu descobri quem é o homem... Chama-se Andy, é o homem mais fiel do rei e seu “cão de caça”.

Uma forte fonte de poder vinha de Freyr e, por alguns instantes, Loki tentou adivinhar o que poderia ser... Porém, logo identificou aquelas vibrações. Era o rubi vermelho.

– Ele está com o rubi? Está bem protegido, então...

Zeenon lembrou-se que não mencionara o rubi para Loki.

– Esqueci de te dizer, Loki...

– Assim como ele protege quem o possui, ele também tem fluxos de energia para si mesmo. E mesmo que Simun tenha bruxos humanos ao seu lado, não terá como machucar o Freyr.

– Quer dizer que eles poderiam interferir? – perguntou o garoto.

– Feiticeiros humanos não sabem mexer nas magias dos Guardiões. Não conseguem reverter ou modificar magias dos Guardiões e seus respectivos seres. E também nenhum feiticeiro teria coragem de ajudar Simun nessa empreitada louca. Sabem o quão perigoso é. – Disse o rei, com certeza em suas palavras.

– Acredito que esses dias ele tem planos para o Heimdall.

Loki estava com um olhar distante, a encarar as árvores... Pensava nas conversas que ouviu no castelo.

– Vou avisá-lo... As criaturas dele precisam de mais proteção. Ele mesmo interrogará esse homem “Andy”. Tente descobrir quando agirão contra o rei da luz e leve esse Andy até o meu castelo amanhã.

– Assim o farei. – concordou.

Para Freyr, Zeenon não parecia ter motivos para se preocupar tanto com o com o guardião da luz, afinal, era um homem poderoso, e disse antes, que agiam sozinhos em batalhas... Agora, ele queria ajudá-lo a todo custo. “Por que tanta preocupação”? pensava, encolhido no banco da praça.

– Vou ir para o Castelo de Simun, agora.

Acenaram para o belo feiticeiro, que desapareceu em sombras pelas árvores da praça.

Ainda incomodado com seus pensamentos, Freyr balançava furiosamente sua perna e roía suas unhas. Sentindo a aflição do garoto, Zeenon sentou-se ao seu lado, observando aqueles movimentos contínuos. O jovem continuava imerso em pensamentos, queria tentar decifrar aquilo, sem perguntar ao namorado. Qual seria a ligação entre os dois guardiões? Por que pareciam tão próximos? Sua curiosidade o deixava ainda mais agoniado

Impaciente, Zeenon se levantou e agachou-se diante dele.

– Não há perigo algum... Não se preocupe.

Freyr teve um estalo e observou Zeenon, assustado.

– Não estou preocupado... Não é nada.

Fingiu um sorriso torto e olhou para o lado tentando não encontrar os olhos questionadores do rei.

– Freyr, eu conheço esse seu jeito. Diga-me, o que te aflige? – levantou-se e cruzou os braços, esperando a resposta.

As duas pernas franzinas dobraram-se sobre o assento do banco e ele, baixando lentamente seus ternos olhos, agarrou os joelhos... Em uma tentativa desesperada de esconder suas conclusões. Não queria acreditar que sentia ciúmes, mas a única conclusão lógica que poderia ter. Sentiu certo medo, que nem ele entendia o porquê, queria sair dali, ficar sozinho... Ou enterrar o rosto no chão da praça.

– O que houve? Falei algo que te incomodou? – preocupado, Zeenon sentou-se novamente no banco.

– Desculpa...Eu estava...

– Pensando? – indagou.

Ainda envergonhado. Freyr balbuciou.

– Sim... É que..!

Levantou a cabeça rapidamente e olhou para o rei, tentando encontrar nos seus olhos verdes a resposta para aqueles doidos pensamentos.

– Toda a sua preocupação com o Heimdall... É estranho! – disse, em um tom embargado, quase, choroso.

– Freyr... Que bobagem. – balançou a cabeça para os lados... sem acreditar que ouvia aquilo.

– Mas... – chateou-se e subiu o tom de voz, encarando-o com firmeza – Por que se preocupa tanto com ele?

O verde-esmeralda do guardião transmutaram-se para a coloração vermelha que sempre trazia. Estavam brilhantes, mas de tamanha surpresa. Freyr sempre era tão compreensivo... Não entendia o porquê daquelas estranhas palavras.

Com toda firmeza em sua voz, permitiu-se responder:

– Por todas as lágrimas que já o fiz derramar. Por todos os seres de luz que já machuquei. Ele nunca, jamais, foi meu inimigo.

O jovem olhou novamente para o chão e se encolheu, sentindo-se extremamente envergonhado por seus pensamentos tolos... Infantis. Quis correr dali, mas precisava pedir desculpas por suas palavras tão bobas.. Depois de alguns instantes calados, Freyr quis quebrar o silêncio,

– Perdoe-me, Zeenon... Eu não... – Disse, com lágrimas em seus olhos.

– Não se preocupe, sei que deve estranhar mesmo... – Zeenon acariciou o rosto do jovem, que estava coberto de lágrimas. – Você não precisa chorar, Só peço que não desconfie de mim novamente...

– Sim! Claro!

Assentiu com a cabeça, obediente, sentindo um enorme remorso por dentro. Tinha ali um rei maravilhoso e desconfiou dele... Era infame. Agarrou o braço de Zeenon, abraçando-o de lado.

– Tudo bem, então... Você quer ir para o castelo? Estou cansado desse ambiente. – disse, levantando-se junto ao garoto.

– Tem certeza? Você não tem um plano a seguir?

–Esqueceu da sua recompensa? – piscou, sorrindo de lado.

O garoto logo lembrou-se do que o rei lhe prometeu anteriormente, antes pensara que foi uma mera brincadeira. Partiram para a floresta, e de lá foram para o castelo... Navegando nos céu azul do reino. O ciúme precipitado de Freyr desapareceu ao se entregar aos doces beijos do rei, dentro daquele pomposo aposento real, embaixo dos lençóis de um violeta quente, cheio de sensações que ele nunca experimentara. Não beijaram-se como de costume – preliminares calmas e algumas carícias ardilosas perto do fim. Mas, seus lábios pareciam nunca quererem um desfecho e, até mesmo o garoto, seguindo os caminhos de seu companheiro, pôs-se a afaga-lo ainda meio perdido, porém, consciente de ele também desejava aquilo.

Somente à noite, os dois se separaram Freyr seguiu seu caminho para casa e Zeenon, sem esquecer de seus recados, partiu diretamente para o Endymion.


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