Paixões gregas - Um amor como vingança(Degustação) escrita por moni


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tive um dia super corrido hoje, por isso nem pude responder os comentários, só estou postando aqui porque tinha uns capitulos prontos, amanhã ponho tudo em ordem e prometo mais um capitulo do bônus de Hells e quem sabe se sobrar tempo em alguma outra fic.



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Pov – Melissa

Eu sei que ele me magoou, sei como fui tratada, mas o que ele sabe de mim? Nada, Leon não tem ideia de quem eu sou, das coisas ruins que me aconteceram, para ele sou apenas a filha de Quiron Kalimontes o homem que destruiu sua família, que matou seu pai de tristeza, separou seu irmão. Meu pai não teve qualquer compaixão, arrancou quatro crianças de sua casa, sua terra e os mandou para o desconhecido, entregues a própria sorte.

Eu sei que ele nunca vai me olhar com amor, não poderia e aceito, a verdade é que em poucos dias ele me deu muito mais que me pai numa vida toda, um quarto, atenção, ele gritou, mas também me beijou e foi perfeito, me deixou no meio do oceano, era um momento especial, mas o que ele sabia disso?

Vou embora, cedo ou tarde ele vai me mandar embora porque nunca seria boa o bastante para o executivo importante e rico que ele se tornou, mesmo que não fosse filha de quem sou eu nunca serviria para ele, mas estou aqui agora, ele se desculpou e sei que para uma mulher comum isso não seria o bastante, mas que se dane, é para mim.

Não devia ter me apaixonado, mas Ariana tem razão, não se escolhe essas coisas, quando partir levo comigo memorias de momentos incríveis, da mais pura felicidade.

Leon não é o príncipe encantado, não veio me salvar do dragão, que importância tem isso? Príncipes não existem, não para alguém como eu. O que recebi da vida deixa claro que só posso me contentar com o que tenho agora.

Meu coração explode perto dele, meu corpo responde, eu o amo, quero esses momentos, preciso deles como preciso de ar e simplesmente perdoo, não é a torta de chocolate, é seu cuidado em pedir que ela fosse feita. Quem algum dia pensou em mim assim?

Nunca. Ninguém, se ele está apenas me seduzindo ou se isso é alguma espécie de carinho eu não sei, só sei sobre os meus sentimentos e vou me entregar a eles.

Vamos para o jardim de mãos dadas, simplesmente adoro meus dedos entrelaçados aos dele, faz parecer que somos um casal, me sento ao seu lado, aquele era meu lugar favorito até ser ali que pela primeira vez ele gritou comigo, me lembrou quem eu era e porque estou aqui.

─Me desculpe Lissa, por ter gritado com você aqui, por ter feito o que fiz hoje no mar, eu não podia, sinto muito, está certa, eu fui cruel.

─Já desculpei. – Ele parece mesmo triste, arrependido, se ele nunca acredita eu jamais duvido.

─Mas está triste, seu sorriso está triste, seus olhos estão, me perdoa?

─Nasci numa ilha e não sei nadar. – Não olho para ele, não sei se ele vai acreditar, mas quero que saiba porque aquilo me machucou. – E não é numa ilha qualquer, é aqui, nesse paraíso, cresci olhando o mar, sonhando em um dia estar lá dentro, sentir a agua me envolver, as vezes quando ia a praia eu não passava da areia, tinha medo. – Não queria chorar, mas meu coração se aperta com as lembranças e as lágrimas escorrem. – Quando entrei na água, era um pouco como sonho, então... – Não consigo mais continuar.

Leon se aproxima, me abraça e só quero mesmo sentir que ele está aqui. Me deixo abraçar, me encosto em seu peito e queria só ficar ali.

─Me deixa consertar isso, por favor, volta comigo lá amanhã? – Olho para ele.

─Entrar no mar? De novo? – Não sei se quero sentir aquilo de novo, aquele momento de pânico e solidão quando achei por um segundo que ele me deixaria ali sendo engolida pelo mar.

─Vou cuidar de você, nada no mundo vai me fazer soltá-la.

─Leon...

─Eu sei que não mereço, mas confia em mim mais uma vez.

─Eu vou. – Aceito e ele sorri, não tem ideia de como isso transforma seu semblante, o deixa jovem e muito mais bonito.

─Ótimo, então vamos passar a manhã na praia, tomar café lá, eu, você e aquele seu biquíni tentador. – Acabo sorrindo com a ideia de usa-lo de novo.

─Vai ficar a manhã toda comigo? – Aquilo parecia bom.

─Sim, e a tarde começa suas aulas de natação.

─O que?

─Contratei uma professora particular para te ensinar a nadar, ela virá todas as tardes, porque suas manhãs são agitadas, culinária, jardinagem. – Ele me beija, parece que quer me fazer sorrir, e consegue.

─Vou aprender a nadar aqui? Na sua piscina?

─Sim. A menos que não queira, aí é só dizer.

─Quero, claro que eu quero. – Porque ele faz essas coisas? Meu coração se enche de mais amor, as lagrimas escorrem e agora são de felicidade.

─Não chora! – Só me encosto nele, ele me traz para mais perto, uma mão acariciando minhas costas. Me lembra os momentos antes de entrarmos no mar, do corpo dele sobre o meu, de seus lábios me percorrendo.

─E se não conseguir aprender?

─Claro que consegue. Vai ser fácil.

─Obrigada.

─Não faz isso. Não me agradece, por favor, eu não mereço. – Também não mereço as coisas boas que ele faz, mas não reclamo.

─Acha que vou levar jeito para aulas de natação? Pode ser que fique com muito medo, e acabe dando vexame.

─Por isso contratei uma pessoa especializada, se não eu mesmo ensinava.

─E quando ia arrumar tempo? Só fica trabalhando.

─A noite. – Ele comenta. – Acha que trabalho demais?

─Desculpe, não queria palpitar em nada.

─Meus irmãos acham, dizem que sou muito controlador, que nunca tiro férias. – Que diferença do meu pai, a vida dele são eternas férias. Não digo isso a Leon, ele pode achar que só estou querendo agrada-lo falando mal do meu próprio pai.

─Acho que vive num lugar lindo, uns dias em casa para descansar não seria ruim.

Ele fica pensativo, me acomoda em seus braços, é bom só ficar ali, depois dos últimos acontecimentos é estranho que não queira me despedir.

─Me perdoou mesmo? – Ele me pergunta depois de alguns minutos em silencio.

─Sim. Não quero mais ficar pensando nisso.

─Não consigo esquecer o que eu fiz.

Não posso resolver aquilo, talvez com o tempo ele apenas esqueça, não é grande coisa perto do que já me aconteceu.

─Você fica bem quando não está com terno, quer dizer de terno também fica, mas parece muito sério, e estamos numa ilha então sem terno combina mais.

─E eu acho que devia adotar o biquíni como roupa do dia a dia. – Acabo rindo, penso em Samara, era assim que ela passava os dias, não gosto de me lembrar dela, da sua voz enjoada e seus gritos constantes, quem será que está cozinhando para eles? Limpando e servindo? Queria nunca ter que descobrir.

─Se beijar você vai ficar brava? – Ele me pergunta e me viro para olhar para ele.

─Já me beijou há pouco e não fiquei brava.

─Aquilo não foi realmente um beijo. – Ele me toca o rosto, faz sempre isso de um jeito delicado, gosto muito. Leon toma meus lábios, me beija como mais cedo na praia, um beijo urgente que leva a outros e parecemos apenas um casal namorando, são os melhores momentos do dia.

Nem vejo o tempo passar, mas é tarde e sei que não podemos ficar ali para sempre. Se soubesse como dizer eu diria, mas não sei. Quero pertencer a ele, mas não consigo mostrar isso.

─Temos que ir dormir, amanhã vamos cedo para praia.

─De biquíni? – Tento e ele ri, me ajuda a ficar de pé.

─Se não for de biquíni eu vou de terno. – Ele me ameaça e rimos os dois, então ele me dá a mão, caminhamos em direção ao quarto e acho que só queria que ele me beijasse até que eu não pensasse em mais nada e então ficássemos juntos. Mas Leon cumpre mais uma vez sua palavra, me deseja boa noite, me da um beijo leve e depois me deixa ali, na porta do quarto sem olhar para trás.

Os sonhos são confusos, hora estou com ele, feliz nadando, hora estou me afogando enquanto meu pai ri de mim, fico feliz quando o dia amanhece e me livro dos sonhos. Tomo banho, visto mais uma vez um biquíni, esse é ainda mais sensual, mas Thaís não deixou muito espaço para o mistério, coloco a saída de praia e os chinelos, depois tomo coragem de ir ao encontro dele. Ouvir o helicóptero me preocupa, será que ele desistiu e está indo para Atenas? Apresso o passo.

Leon estava na beira da escada com Ariana, o assunto deve ser trabalho.

─Os homens já chegaram senhor, estão no portão com tudo que pediu, só aguardando minhas ordens.

─Ótimo, quando eu sair você cuida disso e vou estar com o celular, me avise quando acabar. – Me aproximo, ele sorri, não está de terno e fico feliz. – Está linda! Bom dia.

─Bom dia, ouvi o helicóptero, vai sair?

─Não, eles vieram fazer uma entrega.

─Ah! Bom dia Ariana, sabia que vou fazer aulas de natação?

─Ouvi dizer. Será muito bom, Cristus já estava querendo vestir uma blusa vermelha e fazer plantão na beira da piscina. – Rimos as duas, adoro como todos eles são cuidadosos comigo.

─Vamos Lissa, depois fica insuportável de tão quente. – Aceno para Ariana e saio com Leon me segurando a mão. Quando me aproximo da praia fico surpresa, estava tudo diferente, tinha uma mesa, cadeiras, espreguiçadeiras, guarda-sol e um café da manhã completo.

─Leon, como fez isso?

─Não fiz nada, foi o Cristus e a Mira, sob as ordens da Ariana. Tudo para te agradar é claro!

─Está com ciúme? – Brinco da sua cara amarrada quando puxa a cadeira para que eu pudesse me acomodar.

─Confesso que já começo a me perguntar para quem eles trabalham afinal. – Ele sorri, não é realmente sério, mas me diverte pensar que sim. – Agora quero que coma. Acho que deve ter tudo que gosta. Sempre tem tudo que gosta.

─Está com ciúme. E nada de café. – Digo quando ele se aproxima da xicara. – Está muito quente e o suco é mais saudável. – Com uma sobrancelha erguida ele solta a xicara e pega o copo.

─Sim senhora. Suco então. Não se mata de comer que vamos para água.

─Acha que eu como muito?

─Acho, e adoro isso, odeio quem vive de regime comendo alface.

─Que bom, sobre ir para a água...

─Prometeu. – Noto claramente sua preocupação, ele quer muito fazer isso, junto coragem.

─Eu vou. Prometi e vou cumprir.

─Diferente de mim. – Leon se abate mais uma vez, quem sabe depois de um tempinho na água comigo aquilo não passe?

Depois do café ficamos um pouco no sol, tiro a saída de praia para me deitar na espreguiçadeira, Leon sorri.

─O que foi?

─Talvez eu pague um curso de moda para Thaís, ela tem olhar clinico. – Faço uma careta e ele ri. – Eu sei foi péssima, muito a cara do meu irmão Ulisses.

─De qual deles é mais próximo? – Pergunto quando ele se deita na espreguiçadeira ao meu lado.

─Difícil, somos todos próximos, quando um tem problemas os outros logo se juntam para ajudar, mas minha relação é um pouco diferente com cada um deles. Acho que num momento de necessidade eu ligaria para o Heitor, ele é mais sério, tem sempre a cabeça no lugar. Ulisses é o cara com quem se senta para tomar uma cerveja e rir um pouco, quem sabe uma aventura como escalar uma geleira por exemplo. Nick é o mais novo, nos deixou com dois anos e só o tivemos de volta adolescente, ele é como um irmão caçula, não sei, um pouco meu filho, mas a gente sabe pouco dele. Nick é fechado.

─Ter irmãos deve ser bom, eu... – desisto, não adianta contar nada mesmo, ele simplesmente não acredita. Leon percebe que desisto da conversa e respeita.

Ficamos um pouco no sol, observando o mar tranquilo e aquilo parece um sonho, nunca aconteceu comigo, nunca tive um momento de paz apreciando o mar, sem medo, pressa, ninguém vai gritar comigo me dando ordens, ninguém vai me ameaçar nos próximos minutos, somos só nós dois ali, relaxando sob o sol.

─Pronta para o mar? – Olho para ele, é tão bonito, tem um sorriso leve no rosto.

─Acredita em mim? Que eu não sei mesmo nadar?

─Sim. Não vou soltar você. – Tem tanta firmeza naquele olhar que só posso ficar de pé e acompanha-lo.

A agua está perfeita, Leon gentil e preocupado, vamos seguindo aos poucos e quando me dou conta estamos no fundo, onde não encontro mais o chão, Leon me segura, gosto de estar em seus braços, do modo intenso com que ele me olha.

─Tudo bem? – Ele me pergunta e apenas afirmo. – O melhor desse lugar é que não tem ondas.

─Adoro aqui, quando acha que vou estar pronta para vir sozinha?

─Não pode. – Ele responde sério. – Me prometa.

─Prometer o que? – Me assusta seu olhar preocupado.

─Lissa tem que me prometer que não virá sozinha até que eu diga que pode. Não posso estar em Atenas preocupado se resolveu entrar no mar e... Prometa.

─Eu não viria sem ter certeza.

─Não foi só você que teve medo está bem? Eu também tive, quando afundou... Prometa.

─Prometo, não venho sem você até que me diga que posso vir. – Ele me beija, um beijo longo, intenso, cheio de sinais que não entendo, mas faz parecer que se importa.

─Sabe que não vou solta-la?

─Sei. – Depois desse pequeno ataque protetor eu tinha certeza.

─Então vamos tentar uma coisa.

─O que?

─Boiar, se deitar e deixar a agua te levar. Vou ficar te segurando e não vai afundar, é só confiar.

Eu confio, me deixo guiar por ele, faço o que me pede e a sensação é incrível, estar nos braços dele no mar é incrível e não consigo parar de sorrir, trocamos beijos, caricias, rimos, brincamos, me esqueço do tempo.

─Acho que chega! – Ele diz tranquilo. - Olha esses seus dedos, quantos anos tem. Cem? – Brinca beijando minha mão enrugada.

─Deve estar mesmo cansado.

─De você? Nunca. – Meu coração acelera, nunca? Acho que meus olhos brilham, ele percebe qualquer coisa e me beija.

Quando chegamos a areia ele liga para casa, troca algumas palavras e só então voltamos.

Vamos caminhando de volta de mãos dadas, sinto as pernas cansadas, foi uma manhã especial que me deixou com um sorriso que parece congelado em meu rosto.

Quando entro sinto o perfume da comida misturado a cheiro de tinta.

─Está sentindo cheiro de tinta?

─Não. – Ele responde rápido, aceito, talvez seja bobagem minha. Ariana nos aguarda com o almoço servido. O clima de paz e riso continua durante a refeição, Leon está especialmente gentil, me confunde um pouco ser o centro das atenções, eu sempre fiquei meio esquecida num canto, mas com ele parece que tido gira em torno de mim.

─Nossa essa comida estava ótima, amo peixe.

─Mandei preparar um almoço bem leve, já que ainda tem aula de natação, sua professora ligou, chega em uma hora. – Ariana comunica.

─Então vou aproveitar e trabalhar um pouco, em uns dias tenho que me encontrar com meus irmãos e tem muita coisa que precisa estar pronta.

─Vai viajar?

─Dois dias, vou para Boston, Nick fica chorando que precisa estudar, achei que era melhor irmos até ele, é o último semestre, dois meses e estará livre.

─Para onde ele vai depois?

─Queríamos que fosse viajar um pouco, mas ele só pensa em trabalhar, então vai assumir seu lugar em Nova York.

─Sabe quando vai ser essa sua viagem?

─No meio da próxima semana talvez, não tenho escolha, preciso mesmo me afastar.

─Entendo.

─Agora eu sei que tem seus compromissos e eu preciso trabalhar um pouco, nos vemos no jantar. – Ele fica de pé, me beija, depois apenas segue para seu escritório.

Me arrumo para aula de natação, a professora é simpática, me trata com um respeito estranho, sempre me ponho um nível abaixo de qualquer trabalhador, mas a mulher me trata como se eu fosse sua chefe, claro que não deixo que dure muito. Não sou meu pai, não gosto de todas aquelas reverencias que ele exige de quem o serve.

Prefiro o modo Leon, alguém capaz de simplesmente dividir a mesa com os funcionários, rir com eles.

Depois da aula vou para o quarto, depois de o banho mais longo que já tomei na vida, me deito um pouco, minha mente vai direto para Leon, como digo a ele? E se disser? Se acontecer e simplesmente depois ele me mandar de volta para meu pai?

Não quero pensar nisso, quero pela primeira vez na vida viver uma história. Me visto quando anoitece, escovo os cabelos encarando o espelho. Meu rosto está corado como nunca esteve antes, foi um dia especial, tento sorrir, vingança, a palavra fica martelando meu inconsciente, talvez eu seja mesmo só isso, mas quando estamos juntos não é isso que parece.

Leon me espera na sala, abandonou o terno e adoro que aos poucos ele fica mais leve.

─Está corada, o sol te fez bem.

O jantar é tranquilo, ele me conta mais sobre seu trabalho, adoro ouvir, lembramos um pouco a manhã na praia.

─Agora quero saber da aula, como foi?

─Ela disse que aprendo rápido, duas semanas e vou estar nadando.

─Eu disse, teve medo?

─Não, acho que a manhã na praia ajudou, eu estava muito confiante.

─Quando estiver nadando bem vamos velejar.

─Sério? – Gosto dos planos que ele faz as vezes, como se eu não estivesse prestes a partir.- Deve ser bem emocionante.

─Seu pai tinha um iate fantástico, nunca velejou? – Ele pergunta, mais uma história que não vai acreditar.

─Não. Você tinha razão sobre o Cristus, ele comeu toda a torta.

─A torta de chocolate as vezes parece bem especial para você, porque? – Tantas lembranças me vem a mente, coisas que ele nunca vai entender.

─Nada demais.

─Amanhã vou cedo para Atenas, surgiu um imprevisto.

─Sem café de novo.

─Infelizmente. Mas hoje a noite ainda não acabou e depois do jantar tem uma surpresa.

─Outra? Eu já acabei. – Fico curiosa, ansiosa, esse dia cada vez melhor e se tivesse coragem não terminaria com um boa noite na porta do quarto.

─Nesse caso, podemos ir.

Ficamos de pé, ele me conduz pela mão até uma porta fechada ao lado da biblioteca, é uma sala pessoal se bem me lembro, um lugar para relaxar, nem sei direito. Olho para ele sem entender.

─Está aqui? Achei que era um lugar. ─Leon me beija de leve, afirma, faz um movimento para eu abrir. – Gosto mais de ganhar lugares do que coisas. Adorei a praia.

─Então acho que acertei. Entre.

Nada podia ter me preparado para aquilo, não tenho nenhuma reação a não ser dar um passo para dentro surpresa. Um cavalete, telas, encostadas em uma parede vazia, prateleiras com todos os tipos de tintas, todas as cores dando vida ao ambiente. Um sofá de canto, uma mesa de trabalho, iluminação, aquilo não podia ser verdade, pendurado em um cabide um avental que me arranca um sorriso largo. As lagrimas embaçavam um pouco a visão e impediam as palavras.

─É um lugar afinal, um ateliê para trabalhar no seu sonho.

─Leon... Quando...Como...

─Tudo hoje enquanto estávamos na praia.

─Isso é incrível! – Sem pensar eu corro para seus braços, beijo Leon, ele parece quase tão feliz quanto eu. – Obrigada, nunca pensei que um dia estaria num lugar assim. É perfeito, mas eu nem sei pintar.

─Já falamos sobre isso, aqui tem um notebook para pesquisar, e livros de arte para se inspirar.

Preciso serrar os lábios para não dizer que o amo, ele me puxa para nos sentarmos, ficamos folheando os livros de arte. Porque gastar tanto tempo, dinheiro e esforço com alguém que ele pretende dispensar em breve? Nunca vou saber o que se passa com ele.

─Isso não apaga o que eu fiz, isso é só para trazer seu sorriso de volta. Eu sei que fui cruel.

─Para de dizer que é cruel.

─Foi você quem disse. – Ele me lembra, fecho livro que tenho na mão, olho para ele.

─Você não é uma pessoa cruel, aquela atitude foi, mas isso não define você. Tem um mundo de outras coisas que provam o contrário. Como esse lugar por exemplo, Homens ricos como você resolvem isso com diamantes, mas foi sensível o bastante para saber que não me faria nada feliz. – Meu pai era esse tipo de homem, ele sempre consertava as coisas com suas mulheres dando joias a elas.

─Afrodite. Linda e sedutora. – Agora ele me beija. –Gosto quando sorri, faz valer a pena.

─Obrigada.

─Agora é melhor irmos dormir, sei que vai passar o dia trancada aqui.

Afirmo, era isso mesmo que faria, quem sabe não descobria algum talento?

Subimos de mãos dadas, não quero que acabe com um beijo de boa noite, não quero que acabe nunca.

─Boa noite Lissa. – Ele me beija, as mãos em minha cintura. – Durma bem Afrodite. – Ele começava a se afastar, eu tinha que fazer algo, precisava ser corajosa.

─Eu não quero que vá. – Seus olhos se grudam nos meus, ele tenta compreender o que disse, talvez não acredite. – Disse que eu tinha que dizer, mas não sei como fazer isso.

─Lissa... – Ele se aproxima novamente, sinto meu coração saltar frenético. – Talvez não seja o que quer, talvez seja apenas... Gratidão e não foi por isso que eu...

─Eu sei Leon. – Estou nervosa, mas decidida, nada vai me tirar o sonho de viver esse momento. – Eu queria antes de tudo isso, apenas não sabia como mostrar. – Fico com a boca seca, minha respiração acelera um pouco. Passo a língua nos lábios em busca de umedece-los.

─Isso é bem provocador. – Leon diz agora colando seu corpo ao meu, os lábios próximos, os olhos escuros.

─É? – Ele afirma. – Isso é bom? – Quero que ele me deseje, que não me diga não.

─Depende. – Sua mão vem para minha nuca e meu corpo todo responde em um arrepio. - Está procurando encrenca?

Junto toda coragem que tenho, toda a certeza que garotas tolas e românticas juntam para se convencerem e uso para responder o homem diante de mim.

─Estou procurando você.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu sei acabou na melhor parte, mas domingo tem mais.
Logo os irmãos vão aparecer e o pai dela também, ainda teremos muitos acontecimentos.