Cinco meses haviam se passado desde que ele foi embora. Pela primeira vez, hoje eu não havia chorado ao me lembrar dele. Na verdade, hoje me lembrei de como erámos juntos e apenas senti um aperto em meu peito, mas não chorei. Ele me deixou mais forte. A gente nunca percebe a força que tem até acontecer algo. E quando esse algo acontece, plim, surge aquela força absurda. E a gente se surpreende com as reações, pensamentos e sensações.

O que sobrou? Sobrou amor acumulado. Nos primeiros dias, meus amigos e meus pais ficaram desesperados, pois eu estava completamente entregue ao desprezo. Eu só conseguia pensar nele e como ele havia sido um idiota. Caramba, se não ia ficar, por que pediu para entrar? Apenas pra causar estrago? Ele foi a única e a última pessoa que me entreguei sem medo, e mesmo assim não fui o suficiente.

Eu não tenho mais noticias dele. Havia bloqueado das redes sociais e excluido tudo relacionado a ele. Apenas guardava aquele papel idiota que ele deixou quando se foi, simplesmente para olhar todos os dias e cada vez mais sentir raiva dele.

"Eu gostaria que você voltasse para mim e ficassemos juntos, assim eu não precisaria te escrever novamente. Eu espero que você saiba que penso em você sempre e ainda mais quando cai á noite, por que não sei onde você está.

Quer dizer, eu sei onde você está, infelizmente longe de mim. Eu não irei ouvir mais sua voz e isso é ruim, pois ela é meu som favorito. Eu nunca vou esquecer o seu riso contagiante. Era sempre um destaque de qualquer noite.

Sentirei sua falta. Me Perdoa, mas é melhor assim.

Te Amo Para Sempre!"

Releio a carta e amasso-a em minha mão. Depois de tantas voltas ameaçadas de idas, eu finalmente resolvi ir por completa. Porque mais difícil que o coração partido, só mesmo ter que reconstruir ele em todas as voltas. É hora de seguir em frente e deixar ele ir.

— Angel, está...

Sophie para de falar quando me vê parada estatica em frente a janela do quarto com o papel amassado nas mãos.

— O que? - Pergunto jogando o mesmo no chão.

— Está na hora de você ir para o colégio. - Responde saindo vagarosamente do meu quarto. 

Caminho até a porta do quarto e pego minha bolsa empendurada na mesma. Caminho pelo corredor até a sala e pego as chaves do carro sobre a mesa de centro e saiu de casa. Muita coisa havia mudado desde esses meses. Eu havia retornado para os cabelos pretos, completado 18 anos, tirado minha carteira de habilitação e ganhado uma Range Rover de presente de aniversário. Destravo o alarme do carro e adentro o mesmo. Coloco a chave na ignição e dou partida, acelerando em direção a casa de Rosie, para pegá-la. 

POV CAMERON DALLAS

Nova York, era uma cidade maravilhosa e eu estava aos poucos me adaptando com tudo. No colégio, eu já tinha varios amigos e estava participando do time de Beisebol. Paro para pensar e me toco, já se passaram cinco meses que não vejo meus amigos de Londres, sem ser por fotos. Mas o mais importante e mais doloroso. Fazia cinco meses que eu não á via, não á tocava, não ouvia sua voz, não sentia seu cheiro, não a beijava, nem sequer tinha noticias suas.

Não arriscava ligar ou mandar mensagem. Ela ignoraria, pois sei que está com raiva. Talvez seja melhor assim, se torna mais fácil nos esquecermos. 

— Ei Cameron, vamos! - Nash grita descendo as escadas que dão acesso ao metrô. Desperto dos pensamentos, sorrio e o sigo. Nash, era um dos amigos que havia conhecido aqui. Ele é uma pessoa maravilhosa.

— Tem certeza que esse metrô vai nos levar até lá, não é? - Resmungo inseguro. Ele assente e corre para dentro.

***

— Chegamos! - Nash ergue os braços ao chegarmos. Estavamos em uma festa organizada pelo time de Beisebol.

— Até que fim. - Suspiro. — Vou beber algo! - Ele assente e eu me afasto indo até a mesa de bebidas. Olho em volta. Vodca, Tequila, Uisque, Absolut...

— Você é novo aqui? - Uma voz feminina soa ao meu lado. Ergo o olhar em sua direção e observo uma garota de pele branca, cabelos castanhos e olhos da mesma cor. — Aconselho a Vodca! - Diz pegando um copo descartavél e despejando Vodca no mesmo. — Prove! - Oferece-me.

— Obrigado! - Digo bebericando do liquido. — E não... Não sou novo aqui. Jogo no time. - Explico.

— Como nunca te vi?

— Talvez nunca tenha observado. 

— Falha minha! - Diz com um sorriso galanteador. Retribuo. — Bethany Mota. - Apresenta-se.

— Cameron Dallas!

POV ANGEL LOUIS

— Como alguns já ouviram o comentário por ai... - A diretora anuncia na sala. — Nosso professor de educação fisica precisou ser afastado por tempo indetermidado. - Todos gritam. — Calma! - Ela pede. — Porém, temos sorte que hoje mesmo um professor veio ser entrevistado e a partir de hoje ele será o novo professor de vocês...

— Espero que seja gato! - Rosie sussurra. Eu e Phoebe rimos.

— Pode entrar. - A porta da sala se abre e eu arregalo os olhos assim que vejo Cody passar. — Turma, conheçam o Sr. Cody Simpson! - Ele sorri timidamente e olha ao redor. Seus olhos parecem me encontrar, pois ele também arregala os olhos e engole em seco.

— Esse não é...

— O motorista de meus avós? Sim, é. - Interrompo Phoebe. — Puta Merda! - Ofego e molho os lábios. Ele está ainda mais bonito do que antes.

*** 

A aula inteira foi uma tortura. Eu não sabia como agir e acho que ele também não. O sinal toca anunciando o fim do massacre e todos se levantam pegando suas coisas e saindo da sala. Faço como todos e me junto aos meus amigos na esperança de sair logo dali.

— Angel... - Sua voz rouca me chama. Paro imediatamente e meus amigos também. — Podemos conversar?

Luke, Pedro, Nick, Phoebe, Rosie, Carter e Jeremy entendem a mensagem e saem rapidamente da sala, me deixando sozinha. Cody se aproxima vagarosamente e fecha a porta. Olho-o nervosamente e ele retribui.

— Não sabia que estudava aqui, eu juro! - Olho-o por baixo e sorrio o tranquilizando.

— Não sabia que tinha terminado a faculdade e que estava na cidade. - Devolvo e ele coça a cabeça, encabulado.

— Não vou mentir para você. - Franzo a testa, — Eu vim por sua causa. Queria te reencontrar, mas não sabia como aparecer de surpresa. - Explica, — E sobre trabalhar aqui, é porque realmente preciso para pagar minhas contas. - Sorri.

— Está morando em Londres?

— Sim. Cheguei ontem.

— Deveria ter ligado.

— Eu sei. É que da ultima vez você não me retornou. - Diz e no mesmo instante me lembro da ocasião. — Não se preocupe, seus avós me contaram que você passou por muita coisa durante esses ultimos tempos. - Sorri.

— Realmente.

— E estou aqui para te ajudar no que for preciso. - Olho para sua boca e é como se a minha tivesse sede pela dele. — Você não sabe o quanto senti sua falta. - Resmunga me olhando penetrantemente. Mordo os lábios.

— Sei sim. - Sorrio e levo minha mão até sua nuca, puxando para um beijo. Seus lábios grudam nos meus e nossas linguas se tocam, intensificando ainda mais. Suas mãos apertam minha cintura e eu arfo entre o beijo. Quando falei de seguir em frente. não pensava nisso, mas talvez seja a hora.

POV CAMERON DALLAS

— Então você veio de Londres. - Bethany diz, sentada ao meu lado. Assinto e molho os lábios. 

— Gosta de Londres?

— Nunca fui.

— Posso te levar um dia.

— E por que faria isso? - Sorri. Retribuo e me aproximo dela vagarosamente. Ela me olha timidamente, levo a mão até seu queixo e ergo sua boca na direção da minha, selando nossos lábios em um beijo calmo e intenso.

Talvez seja a hora de seguir em frente!